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FEDERAÇÕES

No documento Jose Correia Goncalves.pdf (páginas 77-80)

CAPÍTULO II SANTA CATARINA NOS PRIMÓRDIOS DA INTEGRAÇÃO

2.7 FEDERAÇÕES

As organizações dos Estados70, dentro de um aspecto histórico, têm como forma inicial de organização de tipo confederado, cedendo, no decorrer do tempo, lugar às federações, portanto:

[...]. Isso aconteceu principalmente em decorrência da dificuldade de estabilizar uma unidade territorial num contexto de subunidades territoriais soberanas, ligadas por vínculos muito tênues. Assim, temos nas confederações Estados independentes, que

70 “[...] para aferir a diferença entre uma federação e uma confederação é a capacidade de atuação externa independente dos estados. (Prazeres, 2004). Assim, caso as unidades federadas inseridas num Estado tenham a capacidade de atuação externa própria, integram elas uma confederação de estados, ao passo que, se não tiverem estas prerrogativas, compõem, então, uma federação. Seguindo esta linha clássica de argumentação, é possível defender, dentro da organização federativa, que o Estado Federal é o soberano ao passo que as unidades federadas que compõem são tão-somente autônomas.” (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 164).

se unem em torno de alguns objetivos em comum para uma forma centralizada de poder, sem que percam, contudo, sua independência como entidades políticas soberanas. (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 163).

O Federalismo apresenta em sua estrutura duas maneiras de organização: uma, na qual os Estados se unem em torno de um centro de poder comum, renunciando sua soberania, e passa a ser um novo Estado federal que os reúne (ex: EUA). Outro caso é o Estado unitário, que se subdivide internamente, e que, apesar de delegar autonomia às unidades políticas internas, detém em si a soberania do território (ex: Brasil), ou seja, por meio de um governo central, responsável pela vida política do Estado. (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005). Para Rezende e Oliveira (2004, p. 23) as federações se diferem, mas: “[...]. O que elas têm em comum é uma constituição que distribui poderes conforme regras tanto de autogoverno quanto compartilhadas, em um conjunto de trâmites para implementar essa estrutura constitucional.” Em alguns casos é preciso esclarecer o que compete a cada esfera de governo, para evitar conflitos, e, se for preciso, alterar a constituição.

Segundo Soares (1998, p. 138 apud WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 164): O sistema federal pode ser definido como uma forma de organização do Estado nacional caracterizada pela dupla autonomia territorial do poder político, ou seja, na qual se distinguem duas esferas autônomas de poder: uma central, que constitui o governo federal, e outra descentralizada, que constitui os governos membros, sendo que ambas têm poderes únicos e concorrentes para governar sobre o mesmo território e as mesmas pessoas.

O Modelo Federal pode se adaptar à nova ordem econômica, a qual é resultante da globalização (em termos de poder e difusão) e da agilidade das informações, sendo extensiva a todas as nações; por conseguinte, o federalismo tem condições, em função dos valores sociais subjacentes, de conciliar a competitividade econômica com a coesão social. (REZENDE; OLIVEIRA, 2004).

Dentre os países federais, destacam-se boa parte dos mesmos pela extensão territorial, portanto, enquadram-se nesta situação: “[...] Rússia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Austrália, e Índia. [...].” (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 165-166). Todavia, segundo Sarfati (2005, p. 186): “[...], o Federalismo prega a criação de novos Estados pela integração dos já existentes, geralmente com base regional e, em última instância, a formação de um Estado mundial.” (SARFATI, 2005, p. 186).

Devido à influência da globalização em termos de transformação social, política e especialmente econômica, vem à tona assuntos referentes ao desempenho econômico no plano

local e regional e, numa dimensão maior, no nacional e internacional, dos estados e municípios, de forma que: “[...]. E é exatamente a autonomia das unidades subnacionais um marco para o revigoramento da estrutura político-territorial dos países, sejam eles unitários, sejam federados.” (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 185). Sendo que para a federação: “[...], a reformulação de seus conceitos e regras passa a ser vital para os estados e municípios, pois podem ou não dificultar seus desempenhos econômicos. [...].” (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 5). Dentro deste contexto, nota-se a importância das unidades subnacionais deterem mais autonomia para desenvolverem mecanismos que proporcionem melhores formas de desempenhos econômicos; isso serve tanto para os países unitários quanto para os federados. Contudo, destaca-se que:

O mérito mais claro do federalismo está no campo das relações e distribuição do poder, mais do que em uma eventual eficácia econômico-administrativa. Isso porque ele é o meio de organização territorial mais apropriado para garantir, via democracia, estabilidade e legitimidade política aos governos de Estados nacionais cujas sociedades são marcadas por grande heterogeneidade de base territorial, cultural, lingüística, étnica ou religiosa. Em um país muito extenso territorialmente e/ou com grande diversidade étnico-linguística, a forma federada de divisão do poder acomoda as tensões, reconhece e protege as diferenças e promove objetivos de convivência comum. (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 163).

O federalismo no processo de integração do Mercosul pode ser caracterizado pela importância de harmonizar soluções que venham contribuir para a redução das desigualdades sociais e dos níveis de pobreza. Todavia, é preciso constituir instrumentos capazes de proporcionar tanto ao sistema federal quanto aos governos subnacionais/locais meios de cooperação entre ambos, no intuito de assegurar financiamento de políticas sociais, educacional, de saúde etc. (REZENDE; OLIVEIRA, 2004). Haja visto que os governos locais (municipais) e os estaduais (províncias) estão mais próximos de grande parte dos problemas existentes, tendo condições de verificar as melhores soluções a serem implementadas em parceria com o governo central. No caso do Estado de Santa Catarina que é dividido por Polos Econômicos, adverte-se que o Governo do Estado e também os prefeitos municipais tem dificuldades em oferecer condições favoráveis para a população, mesmo estando próximo dos problemas nas mais diversas áreas como: segurança, saúde, saneamento básico, emprego, educação, moradia, etc., todavia se faz necessário ter o apoio incondicional do Governo Federal, para através de investimentos públicos minimizar ou até mesmo resolver os problemas mais preeminentes que afligem a população.

No documento Jose Correia Goncalves.pdf (páginas 77-80)