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GLOBALIZAÇÃO

No documento Jose Correia Goncalves.pdf (páginas 75-77)

CAPÍTULO II SANTA CATARINA NOS PRIMÓRDIOS DA INTEGRAÇÃO

2.6 GLOBALIZAÇÃO

O processo de globalização67 iniciou sua trajetória mais marcante a partir de 1980, que atingiu países e regiões, até este momento, alheios às transformações, porque eram exigidas, em muitos casos, mudanças extremamente significativas trazidas pelo fenômeno denominado globalização68, tanto dos mercados financeiros, quanto de produtos. De maneira que:

A globalização pode ser entendida como um fenômeno não totalmente novo, mas como desdobramento contemporâneo do desenvolvimento capitalista, cuja origem é remota. Condiciona, porém, diretamente e de modo progressivo, a soberania de cada Estado-Nação – particularmente no que tange à sua capacidade de dirigir com autonomia a organização interna nos planos econômico, político e social, afetando os mecanismos tradicionais de política externa. [...]. (VIGEVANI; et al, 2004, p. 10- 11).

Assim sendo, paralelamente: “[...] o avanço e consolidação dos blocos regionais e a formação de áreas de livre comércio, têm imposto crescentes limites à autonomia dos Estados nacionais e exigido reformas profundas nos sistemas de tributação dos países envolvidos [...].” (REZENDE; OLIVEIRA, 2004, p. 07). É criado, desta forma, um novo cenário para os países participantes neste processo, no intuito de poder contribuir para que os mesmos pudessem adaptar-se a essa nova realidade do capitalismo.

De acordo com Sarfati (2005, p. 318) que define a globalização como:

[...] o processo no qual as tradicionais barreiras entre os Estados caem, fruto do avanço tecnológico, que possibilita intensa troca de informações entre as pessoas no mundo. Esse fenômeno é observado, virtualmente em todos os aspectos das relações humanas, incluindo não somente a economia, como também cultura, meio ambiente, educação, imprensa etc.

67 “A globalização da economia e da sociedade está gerando o desenvolvimento de uma nova ordem mundial, baseada na expansão do capitalismo e comandada pelo crescente domínio das cooperações transnacionais. Essa mudança de rumo do mundo deve-se principalmente ao fim da guerra-fria, em que havia um estado de tensão permanente entre os Estados Unidos e a União Soviética, ao incremento da guerra comercial entre empresas e países e à formação de grandes blocos econômicos regionais.” (ACCIOLY, 2004, p. 21).

68 “A globalização, como fenômeno político, econômico e social, tem sido amplamente analisada pelos diversos ramos das ciências sociais e, portanto, dada a sua natureza internacional, é importante analisar a sua relação com as Relações Internacionais.” (SARFATI, 2005, p. 317).

No entanto, no que condiz à desenvoltura em termos de globalização, integração econômica, modificação da função do Estado e descentralização das políticas públicas, podem ser consideradas que as mesmas são consequências de arranjos necessários: “[...] de um mesmo processo, na etapa atual de desenvolvimento do capitalismo, que está condicionando a natureza das reformas nos sistemas tributários e colocando desafios que precisam ser vencidos em nome da eficiência e da competitividade.” (REZENDE; OLIVEIRA, 2004, p. 07). Dentro deste contexto, a globalização vem provocando, nas últimas décadas, a quebra de paradigmas, influenciando diretamente os países que têm interesse em participar efetivamente do comércio internacional, os quais precisam se adaptar a esta nova realidade, fazendo reformas internas, imprescindíveis para demonstrar sua capacidade competitiva.

Em decorrência da globalização, os países têm preferido desenvolver diversas estratégias de inserção e integração, mas, priorizando formas regionalizadas que venham ao encontro de seus interesses e projetos de desenvolvimento socioeconômico. Os Estados nacionais estão reduzindo seu raio de atuação ante a crescente internacionalização dos mercados, que pode ser considerada comum, tanto nos países economicamente desenvolvidos, como nos denominados emergentes; contudo, ainda tem como decorrência a participação dos níveis subnacionais, até certo ponto expressiva, no cenário internacional. (WANDERLEY; VIGEVANI. 2005).

Destarte, a globalização necessita desenvolver meios para poder controlar seus efeitos: “Nesse sentido, a integração regional cumpre a função de entender em parte a isso, mas gera ao mesmo tempo novas consequências, que, em muitos casos são sentidas pelos governos subnacionais. [...].” (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005, p. 145). Normalmente, os governos subnacionais têm dificuldade para lidar com essa situação porque os processos de tomada de decisões concentram-se no governo central, condicionando esses atores a uma atuação mais secundária.

A Globalização e as Relações Internacionais69, na atualidade, passam por um dilema, pois as relações internacionais, em suas teorias clássicas, defendiam o poder do Estado, a territorialidade e, principalmente, a soberania. A globalização vai além dos (tradicionais) comumentes reconhecimentos entre local, nacional e global e ainda no que diz respeito a

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[...] visões teóricas sobre a globalização e as Relações Internacionais [...] os hiperglobalizantes são muito positivos em relação à globalização, pregando que o processo seja eminentemente econômico. Já os céticos assumem que a globalização é um mito baseado na economia internacional, uma vez que os governos seguem sendo unidades poderosas. Finalmente, os transformacionistas, [...], afirmam que as sociedades vêm tentando se adaptar aos padrões contemporâneos da globalização, caracterizados pela interconectividade e incerteza.” (SARFATI, 2005, p. 320).

temas domésticos e internacionais, cabendo às teorias das relações internacionais criar novas formas de tratar a territorialidade, porosidade das fronteiras, organizações transnacionais e das alterações das autoridades nacionais para transnacionais, não obstante, a globalização interfere na autonomia dos Estados Nacionais em suas decisões internas. Isso pode ser interpretado com referência à soberania nacional, em que os Estados passam parte de sua soberania para outras unidades, como UE e o Mercosul. (SARFATI, 2005).

Quanto à relação da globalização com o Estado, nos dias atuais, faz-se necessário reavaliar o papel do Estado, sendo notório que o mesmo precisa se adequar a essa nova realidade. (WANDERLEY; VIGEVANI, 2005).

A globalização influencia o Estado de diversas formas, mas é preciso que as alterações que se fazem necessárias sejam bem trabalhadas, pois, ao contrário, podem resultar em implicações consideráveis nos campos econômicos, político e social. O Estado precisa mostrar capacidade para conviver com a nova realidade no comércio internacional. No que se refere aos países pertencentes ao Mercosul, verifica-se que estão acontecendo negociações na esfera internacional via bloco, demonstrando que, com o decorrer dos anos, seus Estados membros estão superando as mais diversas dificuldades, e com isso valorizando de forma considerável a representatividade e o reconhecimento dos membros do Mercosul como referência no comércio internacional. As exportações catarinenses poderiam crescer ainda mais se o governo priorizasse os acordos comerciais do Mercosul/África do Sul e Mercosul/União Européia, ampliando de forma singular o mercado para os produtos catarinenses.

No documento Jose Correia Goncalves.pdf (páginas 75-77)