• Nenhum resultado encontrado

TRATADO DE ASSUNÇÃO – 26/03/1991 E A CONSTITUIÇÃO DO

No documento Jose Correia Goncalves.pdf (páginas 50-54)

CAPÍTULO II SANTA CATARINA NOS PRIMÓRDIOS DA INTEGRAÇÃO

2.2 TRATADO DE ASSUNÇÃO – 26/03/1991 E A CONSTITUIÇÃO DO

O tratado para a constituição de um mercado comum entre a República da Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai, denominado “Estados Partes”, em seu Artigo 23 enfatiza que o Tratado se chamará “Tratado de Assunção”, o qual foi assinado em 26 de março de 1991, na cidade de Assunção. De acordo com Cruz (2006, p. 54-55) foi: “[...], promulgado no caso brasileiro, pelo Presidente da República, em 21 de novembro de 1991, mediante o decreto n. 350, publicado pelo Diário Oficial de 22 de novembro de 1991.”

41 No Brasil de 1964 a 1984, na Argentina dois períodos de 1966 a 1973 e de 1976 a 1983, para maiores informações consultar Magnoli (2003, p. 43-44).

Os desígnios iniciais do Tratado de Assunção concernem, num sentido amplo, de envolver de forma harmônica os Estados Partes por meios que contemplem a todos, proporcionando um ganho mútuo. Isto pode ser alcançado por meio de mecanismos que busquem a integração através do desenvolvimento econômico com justiça social, devendo dar uma atenção especial aos recursos disponíveis, com a preservação do meio ambiente, aperfeiçoando a coordenação de políticas macroeconômicas, no sentido de causar uma melhor inserção internacional para seus membros. Todavia, o Tratado de Assunção visa ampliar a integração da América Latina, através do desenvolvimento científico e tecnológico, além de preparar a economia de seus Estados Partes em termos de produtividade e qualidade dos bens e serviços, culminando em ganhos para seus habitantes.

Para Lupi (2001, p. 205): “O objetivo maior do TA42 é promover a maior inserção dos países do bloco na economia mundial, através da complementação e da abertura de suas economias. Regem este Tratado os princípios da flexibilidade, gradualidade, reciprocidade e equilíbrio dos benefícios concedidos.”

A legitimação da nomenclatura “Mercosul” está expressada no Tratado de Assunção no Capítulo I - Propósitos, Princípios e Instrumentos- Artigo 1º: “Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de 1994, em que se denominará Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).”

No entanto, por ser um acordo comercial de abrangência regional e proveniente de um acordo preexistente (ALADI), o Mercosul foi enquadrado como um Acordo de Alcance Parcial (AAP), precisando sua constituição ser notificada ao GATT, tendo a possibilidade de ser justificado por meio do artigo XXIV, do GATT, que trata das zonas de livre comércio quanto à Cláusula de Habilitação, que aceita de países menos desenvolvidos a permissão de preferências tarifárias sem reciprocidade, os quais devem adotar os critérios da ALADI, o Mercosul preferiu a Cláusula de Habilitação. (BEÇAK, 2000).

O Mercosul foi fundado com a participação de quatro países do Cone Sul citados anteriormente, podendo ser reconhecido como uma nova tentativa de integração na América Latina. Para tanto, em seu art. 1º, faz referência à livre circulação de bens serviços e fatores produtivos entre seus membros, por meio da abolição dos direitos alfandegários e advertências não-tarifárias à circulação de mercadorias; instituição de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros - Estados ou agrupamentos de Estados, a coordenação de posições em foros econômico-comerciais

regionais e internacionais; a constituição de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes – de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e comunicações e outras que se acordem, a fim de garantir condições apropriadas de concorrência entre os Estados Partes; e o compromisso dos Estados Parte de adaptaram suas legislações, nas áreas pertinentes, para promover o fortalecimento do processo de integração.

O Tratado de Assunção considerou que o Mercado Comum ficaria edificado na reciprocidade de direitos e obrigações de seus componentes (art. 2º); que assegurarão condições equitativas de comércio nas relações com terceiros países (art. 4º); os quais têm ciência das diferenças pontuais de ritmo relacionadas ao Paraguai e Uruguai, que fazem parte no Programa de Liberação Comercial (art. 6º); em matéria de impostos, taxas e outras restrições internas, os produtos procedentes da jurisdição de um Estado Parte gozarão, nos outros Estados Partes, do próprio tratamento que se aplique ao produto pátrio (art. 7º).

A transição do Tratado ocorreu a partir de sua entrada em vigor até 31 de dezembro de 1994, com vistas a promover a constituição do Mercado Comum. Os Estados Partes adotaram um Regime Geral de Origem, um Sistema de Solução de Controvérsias e Cláusulas de Salvaguarda (art. 3º). E, como instrumentos fundamentais para a consolidação do Mercado Comum neste período de transição, havia: um Programa de Liberalização Comercial (PLC), que versaria em redução tarifárias progressivas, lineares e automáticas, seguidas das supressões de exceções não tarifárias ao comércio entre os Estados Partes, para atingir em 31 de dezembro de 1994 com tarifa zero; a coordenação de políticas macroeconômicas que se cumpriria pouco a pouco e paralelamente ao PLC; uma tarifa externa comum, que estimulasse a concorrência fora dos Estados Partes; a adoção de acordos setoriais, na intenção de otimizar a produção, através de mecanismos mais adequados, voltados para resultados finais mais expressivos, em termos de qualidade e quantidade (art. 5º).

Os países membros concordaram em salvaguardar os acordos comerciais admitidos até a data de assinatura do Tratado, até mesmo os Acordos assinados no domínio da ALADI43. Quanto às transações comerciais fora do Mercado Comum, os Estados Partes passaram a coordenar suas posições na fase de transição; entre si evitariam afetar seus interesses nas comercializações, que ocorressem até 31 de dezembro de 1994, incluindo, nesse período de

43 “Os países acordaram pela preservação dos compromissos comerciais assumidos antes da assinatura do tratado, inclusive daqueles firmados no âmbito da ALADI,como as tarifas preferenciais entre Brasil-México e México-Argentina, até a data final de vigência de cada acordo. A partir de então, qualquer prorrogação ou novo acordo comercial teria de ser discutido pelo conjunto das quatro economias e não mais individualmente.” (BEÇAK, 2000, p. 61-62).

transição, os novos Acordos que fossem assinados com outros países associados à ALADI, sendo que, quando houvesse negociações com esses países deveriam fazer consultas entre si, desde que envolvessem projetos extensos de desgravação tarifária, propensos ao desenvolvimento de zonas de livre comércio; e ainda, Estados Partes receberiam automaticamente qualquer benefício, favor, franquia, imunidade ou regalia que conferissem a um produto oriundo de ou destinado a países fora da ALADI (art. 8º).

O capítulo II do Tratado de Assunção tratou da Estrutura Orgânica, ou seja, foram criados o Conselho do Mercado Comum (CMC) e do Grupo do Mercado Comum (GMC), os quais passaram a responder pela direção e cumprimento do presente Tratado e dos acordos e deliberações aceitas no quadro jurídico que o mesmo instituísse durante o tempo de transição.

O CMC é o órgão superior responsável pela condução política do Mercado Comum e suas resoluções, no sentido de garantir a realização dos objetivos e dentro do tempo determinado para a efetivação do Mercado Comum.44

GMC, órgão executivo do Mercado Comum seria coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores. O GMC teria capacidade de ação, tendo que velar pela execução do Tratado; assumir as providências mandatórias a realização das determinações adotadas pelo Conselho; definir instruções de trabalho que garantam progressos para a materialização do Mercado Comum, além de poder instituir os Subgrupos de Trabalho que forem indispensáveis para o implemento de seus desígnios.45 Para exercer suas funções, o GMC contaria com a Secretaria Administrativa sediada na cidade de Montevidéu para a guarda de documentos e comunicações de atividades do mesmo. Durante o período de transição, as decisões do Conselho do Mercado Comum e do Grupo Mercado Comum seriam aceitas por concordância e comparecimento de todos os Estados Partes. As línguas oficiais do Mercado Comum seriam o português e o espanhol e os documentos oficiais de trabalho no o idioma do país anfitrião de cada reunião.

O Capítulo III destaca, no artigo 19, que o Tratado teria a duração indefinida. Capítulo IV, com relação à adesão, em seu artigo 20, realça que o Tratado de Assunção estaria aberto á adesão. Sendo assim o Mercosul foi:

44 O Conselho será composto pelos Ministros de Relações Exteriores e os Ministros de Economia dos Estados membros, sendo que deverão se reunir no mínimo uma vez ao ano, com a presença dos Presidentes dos Estados Partes, os quais se revezarão na Presidência do Conselho através de rodízio a cada seis meses, seguindo a ordem alfabética de seus membros. Quem coordenará as reuniões do Conselho serão os Ministérios de Relações Exteriores, ficando livre, quando acharem necessário convidar outros Ministros ou autoridades de nível Ministerial, para participarem da reunião.

45 O GMC terá quatro componentes titulares e quatro componentes alternos por país, sendo do: Ministério das Relações Exteriores; Ministério da Economia seus equivalentes (áreas de indústria, comércio exterior e ou coordenação econômica); Banco Central.

Formado inicialmente pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, somando-se ao bloco em 25.06.1996, o Chile e a Bolívia, através de acordo de complementação econômica, que cria uma zona de Livre-Comércio entre eles, e o Peru, em 25.08.2003, que, ao se consolidar, se projeta com demasiado vigor na busca de um espaço amplo no cenário internacional46, [...]. (ACCIOLY, 2004, p. 22).

No Capítulo VI, Disposições Gerais, artigo 24 do Tratado expõe que estabelecer-se- ia Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul e que os Poderes Executivos dos Estados Partes conservariam seus respectivos Poderes Legislativos quanto ao desenvolvimento do Mercado Comum.

O Tratado de Assunção, sumarizado anteriormente, deixou evidente a sua preocupação em consolidar e ampliar o Mercosul, no intento de poder contribuir com desenvolvimento econômico de seus participantes, e, por estar apto a receber a adesão de demais interessados, visando aumentar o mercado regional, e, consequentemente, conquistar o reconhecimento do Mercosul como bloco. Para maiores informações ver Tratado de Assunção no ANEXO A (Tratado para a Constituição de um Mercado Comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai). Nos últimos dez anos (1999 a 2008) a Argentina ocupou na maioria das vezes o segundo e terceiro lugar como destino das exportações do Estado de Santa Catarina e o Paraguai fechou em 2008 na décima quinta colocação. No caso das importações catarinenses a Argentina como país de origem ficou nos últimos anos entre o primeiro e o terceiro lugar, o Uruguai entre o sexto e o décimo e Paraguai entre a o quinto e o décimo segundo lugar como principais países de origem das importações do Estado de Santa Catarina, fica evidente a boa relação comercial deste Estado com os países membros do Mercosul.

No documento Jose Correia Goncalves.pdf (páginas 50-54)