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3. Classificação das Ferramentas de Gestão do Conhecimento

3.3. Tipos de Ferramentas de Gestão do Conhecimento

3.3.8. Ferramentas de Apoio à Inovação

Essa categoria enquadra ferramentas de Gestão do Conhecimento que apoiam a geração de novos conhecimentos, contribuindo assim para a inovação tecnológica. Segundo AMIDON (2000, p.2), boa parte das iniciativas de Gestão do Conhecimento envolve o compartilhamento de melhores práticas, ou seja, de algo que já é conhecido. De acordo com a autora, a inovação diz mais respeito à criatividade organizacional do que ao gerenciamento do existente.

“Inovação é a criação, evolução, intercâmbio e aplicação de novas idéias em produtos e serviços visando o sucesso da empresa, a vitalidade da economia de um país ou o avanço da sociedade.”

A autora reconhece que o conhecimento, e não a tecnologia ou a capacidade de financiamento, constitui a essência da inovação. Coerentes com essa abordagem, as ferramentas de apoio a inovação buscam assim organizar o conhecimento explícito existente para criar um ambiente virtual que estimule a geração de insights e a proliferação de idéias. AMIDON (2000, p.7) argumenta que o poder da inovação está na fronteira entre o capital humano e o capital estrutural. Resumidamente, poderíamos dizer que o objetivo das ferramentas de apoio à inovação é colocar as pessoas em contato com o conhecimento explícito armazenado em patentes, melhores práticas e modelos conceituais, permitindo também a troca de conhecimento tácito e estimulando a geração de idéias e insights. É importante ressaltar que a inovação não é consequência da quantidade de idéias, mas sim da implementação das boas idéias em produtos e serviços. Um recurso usualmente oferecido pelas ferramentas de apoio à inovação é a funcionalidade de simulação, que permite a concepção de novos produtos através de abordagens de tentativa e erro. A experimentação e a capacidade de aprender tanto com os acertos quanto com os erros são características que propiciam a inovação.

Conforme destaca AMIDON (2000, p.2), é mais comum encontrar esse tipo de ferramentas em empresas do setor industrial, onde existe uma área estruturada de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Os conceitos utilizados nas ferramentas de apoio à inovação são conceitos familiares para empresas que possuem uma área de engenharia de produtos. Segundo a opinião da autora, o setor de serviços, apesar de ser o setor de mais rápido crescimento na economia, ainda não possui um sistema de inovação tão bem estruturado quanto o do setor industrial, onde as parcerias entre empresas, universidades e institutos de pesquisa são mais frequentes.

De maneira semelhante aos sistemas de groupware, as ferramentas de apoio à inovação procuram estimular a atividade das comunidades de prática, que são redes informais de pessoas que compartilham idéias e desenvolvem conhecimentos pois têm

objetivos e interesses comuns. No entanto, ao contrário do groupware, as ferramentas de apoio à inovação possuem uma base de conhecimento tecnológico que serve de referencial para orientar o debate de idéias. Mais do que estimular a criatividade pessoal, as ferramentas de apoio à inovação pretendem estimular a criatividade das comunidades de prática, permitindo que várias pessoas colaborem para a lapidação de idéias brutas. O resultado dessa inovação será percebido na forma de novas patentes e de novos produtos.

O resumo da classificação da categoria de acordo com os parâmetros da tipologia é o seguinte:

- Funcionalidade Essencial: Ferramentas de Apoio a Inovação

- Processo de Conhecimento: Geração, codificação e transferência de conhecimento - Tipo de Conhecimento: Explícito e tácito

- Área de Origem dos Conceitos: Engenharia de Produtos

3.3.8.1. Tech Optimizer (Invention Machine)

Sediada em Boston, Massachussets, a Invention Machine é a empresa responsável pela ferramenta de apoio à inovação Tech Optimizer. A empresa possui filiais na França, Alemanha, Itália, Japão, Suécia e Reino Unido. Entre os principais usuários da ferramenta estão a Boeing, Electrolux, Ford, General Motors, Glaxo Wellcome, Mitsubshi, Motorolla, Sharp, Shell, Toyota, Xerox e outras empresas. O Tech Optimizer é uma ferramenta que ajuda engenheiros e cientistas a definir corretamente problemas de engenharia, a criar novos conceitos e a gerenciar o conhecimento tecnológico. Segundo a INVENTION MACHINE (2000, p.1), os principais benefícios do Tech Optimizer são os seguintes:

- Permitir que as empresas desenvolvam processos e produtos inovativos;

- Aumentar a produtividade através do desenvolvimento de novos conceitos de engenharia;

- Reduzir despesas através da incorporação da análise de custo no desenho conceitual dos produtos;

- Ajudar engenheiros a analisar competitivamente os produtos de acordo com as tendências da indústria.

Uma vez que uma necessidade de mercado ou de manufatura é identificada, o Tech Optimizer ajuda o engenheiro a modelar o problema de uma maneira genérica. Como a ferramenta possui um amplo banco de dados de problemas clássicos de engenharia, são apresentadas diversas alternativas para solucionar o problema. A INVENTION MACHINE (2000, p.1) promete que o Tech Optimizer irá revolucionar o projeto conceitual de produtos da mesma maneira que as ferramentas de CAD/CAM (Computer Aided Design e Manufactury – Projeto e Manufatura Assistidos por Computador) revolucionaram a fabricação. Segundo a INVENTION MACHINE (2000, p.2), os módulos que compõem o Tech Optimizer são os seguintes:

- Product Analysis: analisa funcionalmente os componentes do produto, avaliando as

interações entre eles e propondo maneiras de agregar valor ao sistema. Esse módulo auxilia o engenheiro a identificar os requisitos funcionais do sistema e a gerar as definições corretas do problema.

- Process Analysis: analisa a sequência de operações técnicas do sistema de

manufatura, examina cada passo do processo e quantifica o seu efeito na operação. Esse módulo incorpora a análise de valor, a análise de custo e a análise de funcionalidade.

- Effects: permite que o usuário acesse uma base de dados com 4.400 efeitos

científicos com animação visual, permitindo que o usuário selecione o efeito que se aplica ao requisito funcional desejado. O banco de dados contém descrições, vantagens, limitações, fórmulas e referências para cada efeito. Um exemplo de um efeito científico seria o efeito de se aumentar a pressão, mantendo constante a temperatura. As funcionalidades de controle e conexão desse módulo permitem a criação de novos conceitos através da combinação de um ou mais efeitos para se conseguir os objetivos especificados no projeto.

- Principles: é utilizado para resolver contradições técnico-científicas que envolvem equilíbrio de variáveis. Esse princípios foram extraídos a partir da análise de 2.5 milhões de patentes de diferentes áreas da engenharia.

- Prediction: esse módulo de prognóstico resolve problemas técnicos através da interação entre objetos. O módulo auxilia também na identificação de tendências tecnológicas através da análise de patentes industriais.

- Internet Assistant with Patent Analyser: esse módulo conduz busca de

informações técnicas na Web e no U.S. Patent Office Database (banco de dados norte-americano de patentes). Com esse módulo, a empresa pode analisar em que área o seu concorrente está registrando mais patentes.

- Features Transfer: permite o usuário transferir características de um projeto para outro, favorecendo o compartilhamento e a reutilização de idéias.

Pode-se concluir que o Tech Optimizer trata-se realmente de uma ferramenta de vanguarda que oferece ganhos de produtividade no projeto de produtos, reduzindo custos e disponibilizando mais rapidamente o produto no mercado. Infelizmente, não foram encontrados exemplos de empresas brasileiras que estejam utilizando essa potente ferramenta de apoio à inovação tecnológica.

3.3.9. Quadro Resumo da Tipologia de Ferramentas