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3. Classificação das Ferramentas de Gestão do Conhecimento

3.1. Procedimento Metodológico

As ferramentas de Gestão do Conhecimento constituem o objeto de pesquisa desse trabalho. No entanto, antes de se partir para a análise desses softwares, foi necessário construir inicialmente um referencial teórico. Na revisão de literatura, procurou-se destacar a importância do conhecimento para o mundo dos negócios e debater a questão polêmica da conceituação do termo conhecimento. Fez parte também da revisão de literatura a caracterização da Gestão do Conhecimento como um campo interdisciplinar.

No referencial teórico, buscou-se na literatura as relações existentes entre a Gestão do Conhecimento e a Tecnologia da Informação. Além disso, foram traçadas as relações existentes entre a Gestão do Conhecimento e a Ciência da Informação, procurando comprovar que a Gestão do Conhecimento é uma temática pertinente de pesquisa dentro do campo da Ciência da Informação.

Ao longo da construção da revisão de literatura, constatou-se um forte impacto da Gestão do Conhecimento sobre alguns processos organizacionais. Na literatura analisada, percebeu-se que a implantação de Gestão do Conhecimento em uma empresa raramente implica na criação de uma nova área. A abordagem mais usual consiste em usar as técnicas da Gestão do Conhecimento para reestruturar e otimizar os processos já existentes na empresa. Dessa forma, foi necessário incluir no referencial teórico uma breve apresentação dos processos empresariais mais fortemente baseados em conhecimento. Tais processos são os mais sujeitos a se beneficiarem da implantação de uma iniciativa de Gestão do Conhecimento.

Para classificar-se as ferramentas de Gestão do Conhecimento, foi necessário analisar seu mercado. Delimitar esse mercado em crescente expansão foi uma das dificuldades encontradas nesse trabalho. Nesse ponto, foi importante conceituar

precisamente o que vem a ser uma ferramenta de Gestão do Conhecimento, para poder fazer a triagem dos softwares disponíveis. A partir da literatura analisada, dos sites de Gestão do Conhecimento selecionados por NASCIMENTO e NEVES (1999, p.45), dos sites de fornecedores de ferramentas de Gestão do Conhecimento, de bibliotecas digitais como a Brint e da relação de anunciantes de revistas especializadas (KM World, KM Magazine e DM Review), foi construída uma relação de fornecedores de softwares de Gestão do Conhecimento com vinte e sete empresas, conforme se verifica no anexo desse trabalho. É importante atentar para o detalhe de que uma mesma empresa pode fornecer mais de um software de Gestão do Conhecimento. Devido ao dinamismo da Tecnologia da Informação, essa relação de fornecedores não pretende ser definitiva. A relação serviu apenas para orientar a atividade de construção da tipologia.

Não foi feito uso de técnicas estatísticas para construir uma amostra representativa do mercado de softwares de Gestão do Conhecimento. Por se tratar de um mercado recente e ainda em formação, buscou-se realizar uma pesquisa exploratória onde foram contactados os fornecedores de ferramentas. Algumas das empresas fabricantes de softwares de Gestão do Conhecimento forneceram amplo material sobre seus produtos, contribuindo significativamente para o desenvolvimento desse trabalho. Foi possível estabelecer contato com vinte e dois fornecedores. Entre essas empresas, seis empresas chegaram a disponibilizar, sem custo nenhum, versões de demonstração de seus produtos. Por outro lado, outras empresas forneceram informações superficiais sobre os seus produtos. Ocorreu ainda uma outra postura de empresas que disponibilizaram softwares nos quais as funcionalidades de Gestão do Conhecimento ainda são incipientes, demonstrando que ainda é necessário um trabalho de adaptação de seus produtos para incorporar conceitos de Gestão do Conhecimento.

Esse contato com fornecedores de softwares de Gestão do Conhecimento foi importante para comprovar que o mercado ainda se encontra na sua fase de “adolescência”, isto é, em rápido crescimento, mas com muitas indefinições e questionamentos.

Com as informações recebidas dos fornecedores, foi possível identificar aspectos comuns entre as ferramentas de Gestão do Conhecimento. Foi possível também perceber certos padrões entre as ferramentas. Esses padrões serviram de base para a construção da tipologia das ferramentas de Gestão do Conhecimento. Nessa tipologia, as ferramentas foram classificadas de acordo com a sua funcionalidade principal. A definição dos critérios de classificação ocorreu após a análise das ferramentas. Não se especificou previamente as categorias para depois buscar ferramentas que se enquadrassem nessas. Ao contrário, somente através do contato com os fornecedores e da análise das ferramentas é que foi possível definir os critérios da tipologia. Como a revisão de literatura foi feita anteriormente ao contato com os fornecedores, foi necessário interligar os critérios da tipologia com os conceitos detalhados no referencial teórico.

Uma vez construída a tipologia, optou-se por fazer um detalhamento das características principais de cada categoria de ferramenta de Gestão do Conhecimento que compõe a tipologia. Para que esse detalhamento não ficasse apenas em um nível conceitual, ilustrou-se cada categoria com pelo menos um exemplo prático de ferramenta. Assim sendo, as ferramentas escolhidas como exemplos das categorias foram aquelas que os seus fornecedores disponibilizaram material de melhor qualidade e aquelas que melhor se enquadraram como representantes de sua categoria.

Durante a construção do referencial teórico e a análise das ferramentas, percebeu-se uma predominância tanto de autores internacionais quanto de fornecedores internacionais de ferramentas. Tal predominância levou ao questionamento da viabilidade da implantação da Gestão do Conhecimento na realidade brasileira. Com o objetivo de descobrir se é possível fazer Gestão do Conhecimento no Brasil, foram estudados dois casos concretos de empresas brasileiras (SERPRO e Andrade Gutierrez) que já obtiveram resultados com seus programas de Gestão do Conhecimento. Os casos foram estudados a partir das informações já publicadas pelas empresas. Não foram realizadas visitas técnicas nas organizações. Nesse ponto, o objetivo do trabalho é apenas ilustrar a viabilidade da Gestão do Conhecimento na realidade brasileira,

servindo assim de incentivo para outras organizações que pretendam ingressar nessa iniciativa gerencial.

Para interligar o presente trabalho com a realidade brasileira, foi importante a participação na Conferência de Gestão do Conhecimento, promovida pela filial de Belo Horizonte do SERPRO em 08 de junho de 2000. Durante o evento, o SERPRO e a Andrade Gutierrez apresentaram palestras sobre suas iniciativas nas áreas de Gestão do Conhecimento, enquanto que a Usiminas apresentou um sistema de monitoramento de informações do setor siderúrgico. O evento foi aberto ao público e contou com a participação de quase 100 pessoas de diversas empresas, demonstrando assim que o tema começa a despertar um certo interesse das organizações. O evento também serviu para ampliar os contatos com o SERPRO e a Andrade Gutierrez