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Capítulo I – Prática Pedagógica em Contexto Pré-Escolar

1.4. Intervenção com a Comunidade Educativa

1.4.1. Festa de São Martinho

A intervenção com a comunidade educativa consistiu na organização e participação da festa de São Martinho direcionada aos professores, educadores, alunos do 1º e 2º anos de escolaridade e à diretora da instituição. Esta organização fez-se em cooperação com o grupo de docentes, destacados no Plano Anual de Atividades da Escola como responsáveis pela

organização desta festividade. Segundo o ME (1997), ao existir uma colaboração entre os vários elementos da comunidade, ao haver uma troca de ideias e saberes é uma mais valia, na medida em que possibilita que as situações de aprendizagens sejam mais ricas e diversificadas.

Como tal, a organização desta festividade envolveu um conjunto de procedimentos que passaram desde o planeamento das atividades, à divulgação, ensaios e apresentação.

Em reunião com os docentes, foi-nos proposto, a mim e à minha colega Cláudia Gonçalves, a preparação de algumas atividades que antecedessem o tradicional magusto, sendo elas a apresentação da Lenda de São Martinho no refeitório da cantina e a organização de uma exposição de construções com castanhas no hall de entrada do edifício principal da escola. Neste sentido, e sempre em concordância com os mesmos, planeamos uma apresentação da Lenda de São Martinho com recurso ao teatro de sombras chinesas e uma exploração de uma canção alusiva ao dia de São Martinho.

De forma a envolver as famílias nesta festividade foi-lhes pedido que fizessem juntamente com as crianças construções de trabalhos com castanhas, para comporem uma exposição com todos os trabalhos realizados, que seria aberta ao público no dia da festa. Considerámos pertinente criar esta iniciativa juntamente com as famílias, uma vez que a “família e a instituição de educação pré-escolar são dois contextos sociais que contribuem para a educação da mesma criança” (ME, 1997, p.43). De um modo geral, a adesão das famílias a esta iniciativa foi muito grande, resultando numa exposição com uma multiplicidade de construções (Figura 41).

A organização das atividades exigiu um trabalho prévio, caracterizado pela colaboração, que consistiu na elaboração do cenário, das sombras chinesas, bem como da gravação áudio da peça. Atendendo que a minha colega, juntamente com a equipa pedagógica da sua sala, estavam a desenvolver um projeto relacionado com a linguagem, considerou-se pertinente

integrar duas crianças da sua sala, que se voluntariaram em participar na narração das falas das personagens da lenda. É pertinente aqui salientar que “a participação das crianças na dinâmica institucional, em que a organização do grupo se amplia num contexto social mais alargado, é também uma forma de desenvolvimento pessoal e social” (ME, 1997, p.42). Note- se, que a nossa vontade era possibilitar a participação de um maior número de crianças, no entanto, e pelo facto do tempo ser limitado não nos foi possível desenvolver essa pretensão. No que diz respeito à gravação áudio, esta foi feita com a colaboração do professor de TIC, contudo, pela falta momentânea de equipamento adequado, a qualidade de som não resultou da melhor forma, o que dificultou a compreensão de algumas palavras por parte de algumas crianças aquando da apresentação da lenda.

Termos recorrido às sombras chinesas na apresentação da lenda foi uma mais valia para nós pois possibilitou compreender a complexidade que a manipulação deste tipo de material acarreta.O facto de se tratar de uma lenda curta, mas constituída por diversos enredos dificultou a manipulação das várias sombras chinesas. Em reflexão conjunta com a minha colega e com as educadoras cooperantes, considerou-se que o ideal seria não terem sido usadas tantas figuras, o que facilitaria a manipulação das sombras chinesas, tornando, ao mesmo tempo, o momento dramático mais espontâneo e de melhor compreensão para as crianças. No entanto, aquando da exploração da peça foi possível depreender que as crianças na sua grande maioria conseguiram desvendar a moral subjacente à lenda, a importância de ajudar o próximo, O São Martinho deu metade da sua capa ao mendigo que tinha frio (Figura 42).

Após o reconto da história e de forma a proceder à exploração de uma canção alusiva à data festiva apresentámos o convidado acordeonista Francisco Rodrigues às crianças, momento este em que estas tiveram oportunidade de estabelecer pequenos diálogos com o

Figura 42. Apresentação da lenda de São Martinho.

mesmo, através da elaboração de pequenas questões, maioritariamente relacionadas com o instrumento musical que este toca. Dando seguimento à festa contámos com a colaboração do acordeonista que acompanhou a canção, à medida que todos a cantávamos. No decorrer deste momento, foi percetível o grande interesse e participação de todas as crianças e adultos na realização dos gestos (Figura 43).

De seguida, deu-se o convívio com os idosos convidados ao qual se juntou o nosso convidado. Nele, predominaram canções de reportório cultural português que apelavam às danças de roda, sendo este um momento intergeracional onde prevaleceu a troca de vivências e a alegria. Posto isto, as crianças tiveram a oportunidade de realizarem o tão aguardado magusto e de explorarem os jogos preconizados pelos docentes responsáveis pela dinamização da festividade de São Martinho, momento este marcado por muita diversão e satisfação evidente nas expressões das crianças e alunos.

Por fim, a participação na organização desta intervenção para a comunidade educativa revelou-se uma mais-valia, na medida em que permitiu ter uma perceção dos procedimentos a que lhe estão inerentes, assim como, possibilitou conferir a importância do trabalho colaborativo na educação, caracterizado pela reflexão conjunta, pela troca de ideias e pela tomada de decisões, que segundo Roldão (s.d) é uma mais valia, pois permite alcançar com mais sucesso as aprendizagens pretendidas.

Figura 43. Exploração da canção alusiva ao São Martinho.