• Nenhum resultado encontrado

Fonte: Carta de Localização e Uso e cobertura. Elaborado por Souza (2012) com mapas do MA e Ilha do Maranhão e adaptados a partir de http://maps.google.com.br/

5.1.3 Forquilha

Em com paração a Vila Cruzado e a Salinas do Sacavém , o bairro da Forquilha ( Figura 34) t am bém apresent a um a infraest rut ura urbana deficient e, em bora com m enos problem as em relação às out ras duas áreas, dada a sua proxim idade com a Av. Jerônim o de Albuquerque, que apresent a fort e concent ração de atividades com erciais de diversa nat ureza. Essas atividades favorecem um fort e fluxo de pessoas e de m oradores na área dada facilidade acesso e dos serviços de t ransport es.

Foram selecionadas nessa área 2 (duas) residências, P8 e P9, que são diferenciadas basicam ent e pela sua cobert ura, pois é possível verificar que área apresent a residências com m aior ou m enor acabam ent o, dando um a falsa ideia que não se caract eriza por apresent ar um a vulnerabilidade socioespacial e por apresent ar result ados negativos nos seus indicadores sociais. Cham a a at enção, que em bora socioeconom icam ent e apresent e m aiores qualidades urbanas em relação as áreas ant erior es, t am bém apresent a um denso padrão de const rução sim ilar ao observado na área urbana de São Luís, com casas gem inadas e utilização de m at eriais const rutivos que não favorecem a eficiência t érm ica, haj a vist a que t am bém possui casas que fazem o uso da cobert ura de fibrocim ent o. ( Figura 35)

O bairro da Forquilha apresent a t am bém problem as no asfalt am ent o de suas ruas ( Figura 35a) , m uit o em bora, isso não represent e um ganho nas suas caract erísticas de saneam ent o básico, haj a vist a, os problem as de esgot am ent o sanit ário present es no bairro ( Figura 35b) .

A infraest rut ura sanit ária deficient e desem penha um a nítida int erface com a sit uação de saúde e com as condições de vida das populações em áreas vulneráveis ou de exclusão social, nos quais as doenças infecciosas continuam sendo um a im port ant e causa de m orbidade e m ort alidade. A prevalência dessas doenças constit ui um fort e indicativo da fragilidade dos sistem as públicos de saneam ent o.

Indivíduos com sistema imunológico comprometido, por desnutrição ou pelo fato de ainda não se encontrarem totalmente desenvolvidos – caso de crianças menores de cinco anos –, além de idosos e imunodeprimidos, formam o grupo mais suscetível as doenças relacionadas a infraestrutura sanitária deficiente. Deve-se considerar que em áreas carentes a desnutrição infantil e de idosos é frequente. (RAZZOLI NI e GÜNTHER, 2008, p. 28)

A ausência ou a precariedade de condições sanit árias é um indicativo fundam ental das condições am bient ais e de higiene e saúde de um lugar e revela as reais situações de abandono, risco, vulnerabilidade ou exclusão de um a população.

Figura 34. Localização dos pont os na área de est udo da Forquilha - São Luís/ MA.

Figura 35. Classificação do Uso e Cobert ura do solo da Forquilha com os pont os de m onit oram ent o.

Nest a perspectiva, nos set ores com m aiores percent uais de dom icílios não at endidos por serviços infra est ruturais ligados às condições am bient ais e de higiene e saúde t eriam prioridade na execução de obras e serviços ligados a est es indicadores, o que não se evidencia na área, tendo em vist a as const ant es reivindicações por part e dos m oradores j unt o ao poder público para as devidas m elhorias dos serviços urbanos.

Por um lado, a precariedade dos serviços é m aior principalm ent e nos set ores de m enor adensam ent o de dom icílios devido ao fat o de est arem localizados nas áreas de expansão da cidade, por out ro lado o serviço de abast ecim ent o de água apresent a as m elhores sit uações nas áreas de ocupação m ais antiga da cidade e que est ão m ais int egradas ao int erior da m alha urbana.

Com relação a infraest rut ura urbana, o acesso ao abast ecim ent o de água

Com relação à infraest rutura urbana, o acesso ao abast ecim ent o de água indica que os dom icílios que utilizam do serviço público padecem const ant em ent e com a falt a de água. Os m oradores rest ringem o consum o pela int errupção frequent e no abastecim ent o, e racionavam o uso para desenvolver as atividades dom ést icas e para seu próprio consum o.

A presença de caixas de água com o form a de arm azenam ent o de água é com um na m aioria das residências. Esse hábit o reflet e a preocupação da população em garant ir a água nas suas atividades diárias, m as, por out ro lado, existe o risco de caixas de água que não são devidam ent e cobert as, serem focos de lavas do m osquit o vet or da dengue em deposit ar suas lavas nas m esm as, e com isso, pot encializar o aum ent o de casos da doença na área.

O esgot am ent o sanit ário é praticam ent e inexist ent e em algum as áreas da Forquilha, e, at ravés de conversas inform ais com os m oradores a m aioria dos dom icílios afirm ou não serem cont em plados com esse serviço. Com isso, o uso de alt ernativas com o a fossa seca era m uit o com um , colaborando assim para a baixa qualidade desse indicador.

Figura 35a. Ruas sem asfalt o na Forquilha.

Fonte: ht t p: / / gilbert olim ajornalist a.blogspot .com .br (acesso em m ai./ 2012)

Figura 35b. Despejo de esgot o a céu abert o na Forquilha

Fonte: ht t p: / / gilbert olim ajornalist a.blogspot .com .br (acesso em m ai./ 2012)

É im port ant e dest acar que São Luís cont a com poucas e precárias est ações de t rat am ent o de esgot o e que nos bairros localizados próxim os aos fundos de vale a falt a ou ausência de rede de esgot o é frequent e, sendo que é j ust am ent e nest es bairros que tem os os m aiores percent uais de crianças e j ovens da cidade e ist o im plica em vários problem as de saúde por cont a do acesso dest a faixa et ária aos córregos que se t ornaram verdadeiros efluent es do esgot o urbano.

A frequência na colet a dos resíduos sólidos dom ésticos é considerada regular, sendo um a part e dos dom icílios da área, conform e os m oradores, serem contem plados com esse serviço t rês vezes por sem ana.

No indicador dom icílios at endidos pela colet a de lixo, a precariedade deste serviço foi const at ada at ravés dos dados censit ários do I BGE ( 2010) , onde se verificou a ausência do serviço nas áreas m ais afast adas e sem asfalt am ent o das ruas. A dificuldade acesso do serviço de colet a de lixo nessas ruas requer ações pont uais do poder público quant o à definição de m eios diferenciados de colet a m ediant e um t rabalho coletivo ent re os m oradores dest es locais e à em presa prest adora do serviço.

A gest ão de resíduos sólidos urbanos é um a das m uit as quest ões am bient ais prem ent es do m undo cont em porâneo. Um a das faces dest e problem a são os resíduos sólidos dom iciliares. Sua especificidade é a m aneira corriqueira e const ant e com que cada indivíduo, fam ília e dom icílio cont ribuem a cada inst ant e para a produção de resíduos, rej eit os, lixo dom éstico, que de em baraço no espaço dom iciliar se t ransm ut a por vezes em t ranst orno público, crise e at é calam idade urbano- am bient al.

Os result ados dos t rês prim eiros indicadores socioespaciais ( que variaram de ruim a regular) são levados em consideração para definir com o regular a dim ensão do indicador saneam ent o am bient al, que t êm grande im port ância do pont o de vist a da vulnerabilidade considerando- se as consequências, ist o é, da poluição e cont am inação, decorrent es da exist ência ou não de t ais serviços. Dest a m aneir a, neste conj unt o de indicadores socioespaciais buscou- se m ost rar as cont radições da Forquilha, referente à dist ribuição espacial da infraest rut ura urbana. Assim , considera- se que a utilização e o cruzam ent o dos indicadores escolhidos, perm it em um a avaliação quantit ativa e qualit ativa das condições de vida da população, bem com o do grau de exclusão/ inclusão à que est á expost a.

A escolaridade é um indicador m arcante para a identificação de áreas de exclusão social. Dest a m esm a form a, a baixa escolaridade do chefe de fam ília pode indicar um a condição socioeconôm ica que, junt am ent e com out ros indicadores cont ribui para o m apeam ent o de áreas de exclusão social.

As m udanças na com posição da dem anda por m ão- de- obra repercut em , necessariam ent e, sobre a evolução dos rendim ent os m édios segundo os níveis de escolaridade. De t al m odo, que os t rabalhadores que possuem m aior nível educacional passam a auferir rendim ent os m aiores, enquant o aqueles com baixo nível educacional

recebem rendim ent os m enores e às vezes são at é excluídos do m ercado de t rabalho devido à reest ruturação e m odernização produtiva que exige m ão- de- obra cada vez m ais qualificada.

No Brasil, os alt os níveis de evasão e repet ência est ão profundam ent e vinculados à pobreza e ao padrão de desigualdade. Os t rabalhadores t êm possibilidades de ingressar no sist em a educacional, m as a possibilidade de com plet á-las est á condicionada por sua sit uação econôm ica. Carências m últiplas, que vão desde a desnut rição que im pede um rendim ent o educativo m elhor, a falt a de dinheiro para a com pra de m at erial escolar e para o t ransport e, at é o nível de superlot ação das escolas que im pede m uit as das vezes a perm anência dos t rabalhadores nas salas de aula. Tem - se um sistem a educacional profundam ente segm ent ado e apesar de t odas essas caract erísticas desfavoráveis para o t rabalhador e out ras que se podem acrescent ar, ainda concebe- se norm alm ent e a educação com o um a form a de dim inuir a desigualdade social que é m uit o int ensa em São Luís.

Para o caso da Forquilha, os indicadores educação e renda geral são opost os a realidade da Vila Cruzado e da Salinas do Sacavém , apresent ando conform e os dados censit ários de 2010 um a m elhor avaliação nessas duas dim ensões socioespaciais.

Em que pese a deficiência em out ros indicadores socioespaciais, h á que se ent ender que alguns fat ores j ustificam um a avaliação m ais positiva na educação e na renda na população resident e na Forquilha, dent re eles, sem dúvida algum a, o seu dinam ism o econôm ico favorecido pela sua proxim idade num a grande via de circulação urbana que concent ra um a grande diversidade de atividades ligadas ao com ércio e aos serviços ( superm ercados, loj as de roupas, farm ácias, academ ias de ginástica, bares, restaurant es, ent re out ros) .

No caso da educação, esse dinam ism o econôm ico at raiu para as suas proxim idades e no próprio bairro um a série de escolas t ant o da rede pública nos dois níveis do ensino (fundam ent al e m édio) além de escolas da rede privada para at ender a dem anda populacional resident e. Além das escolas de educação form al, concent ram - se nessa área out ros segm ent os educacionais ligados a cursos profissionalizant es, preparat órios para concursos profissionais e para o ingresso no ensino superior.

De um a m aneira geral, se observa que os processos de expansão urbana, periferização e periurbanização, que se desenvolvem em São Luís, são m uit o diversos, envolvendo t ant o a dispersão espacial de grupos de baixa renda ( exem plificados pela aut oconst rução e por ocupações irregulares) , quant o de grupos de m édia e alt a renda ( exem plificados pelos condom ínios fechados) . Est as dinâm icas de ocupação das áreas periféricas e periurbanas t êm fort es im plicações sociais e am bient ais. Ent re os im pact os socioespaciais dest e processo de periferização, est ão o aum ent o das j ornadas ent re o cent ro e as áreas periféricas e periurbanas, com consequent e aum ent o do t rânsit o e da poluição do ar. A expansão dest as áreas t am bém im plica na ausência de saneam ent o básico, principalm ent e rede de esgot o, e poluição de rios e córregos, além de um fort e processo de desm at am ent o e degradação am bient al.

Ent ende- se, port ant o, que essas sit uações de vulnerabilidade socioespacial acarret am a sobreposição ou cum ulatividade de problem as e riscos sociais e am bient ais, que se concent ram em det erm inadas áreas, espalhadas por t oda a São Luís. Est a sobreposição ( ou coexist ência espacial) faz com que sit uações de pobreza e vulnerabilidade social, present es em m uit as áreas periféricas e periurbanas, sej am agravados por sit uações de exposição a riscos e degradação am bient al, t ais com o, form ação de ilhas de calor, enchent es, deslizam ent os de terra, poluição, cont at o com doenças de veiculação hídrica et c. Port ant o, acredit a- se que a cat egoria vulnerabilidade socioespacial pode capt ar e t raduzir os fenôm enos de sobreposição espacial e int eração ent re os problem as sociais e am bient ais, sendo adequada para analisar o crescent e ent relaçam ent o ent re a dim ensão social e am bient al da urbanização.

Na represent ação espacial da figura 36, podendo- se analisar de form a com parat iva com o esses indicadores socioeconôm icos est ão present es na área da Forquilha.