INSTITUIÇÕES POLÍTICAS t ⇒ DE JURE PODER POLÍTICO t
DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS t ⇒ DE FACTO PODER POLÍTICO t
DE JURE PODER POLÍTICO t INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS t
DE FACTO PODER POLÍTICO t INSTITUIÇÕES POLÍTICAS t+1
PERFORMANCE ECONÔMICA t
INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS t
DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS t+1
Podemos observar que as instituições políticas no tempo t (presente) influenciam o
chamado de jure poder político também no tempo t, ou seja, o poder que vem com a
capacidade de alterar a legislação, mudando normas legais, e é influenciado pelos moldes
de facto que é o poder associado, não às normas legais, mas sim à capacidade de, por ter mais recursos, poder influenciar na tomada de decisões.
Esses dois tipos de poder, por sua vez, irão influenciar as instituições econômicas
no tempo t e as instituições políticas no tempo t+1 (futuro). Para finalizar a lógica do
esquema é preciso considerar que as instituições econômicas no tempo t influenciam a
performance econômica no tempo t e a distribuição de recursos no tempo t+1. Desta forma,
para sabermos como poderão ser alteradas as variáveis do sistema, é necessário conhecer
como podem ser alterados os comportamentos das instituições políticas e da distribuição de
recursos no presente.
Em outras palavras, se o poder de jure depende do comportamento das instituições
políticas e o poder de facto depende da distribuição de recursos e esses dois tipos de poder
determinarão o comportamento das instituições econômicas, influenciando a performance
econômica, fica claro que as variáveis políticas determinarão, em última análise, o
desempenho econômico diferenciado entre os paises.
Para tentar estabelecer um exemplo, podemos pensar que uma redução nos gastos
públicos poderia representar uma série de mudanças nas instituições econômicas capazes de
alterar a performance econômica atual e a distribuição de recursos no futuro.
Para essa redução nos gastos públicos ocorrer, ou seja, para que ocorra essa
modificação nas instituições econômicas, será necessário que ocorram modificações no
poder político, isto é, no poder de jure, através de alterações nas instituições políticas e/ou
alterações no poder de facto, através de modificações na distribuição de recursos.
Se, por algum motivo as modificações no poder de jure acontecerem, ou seja,
ocorrerem mudanças institucionais, como por exemplo, descreve REZENDE (2004) e
no presente ( em nosso exemplo, a redução dos gastos públicos ) e as instituições políticas
no futuro, criando, portanto, condições para sustentar um processo de crescimento ao longo
do tempo.
As mudanças institucionais abordadas pelos autores mencionados no parágrafo
anterior cobrem um vasto leque de aspectos institucionais que podem influenciar o nível
dos gastos públicos, desde as regras eleitorais, que influenciam a competição política, até o
regime vigente ( presidencialismo ou parlamentarismo ), passando pela análise dos agentes
com poder de veto ( veto players ). Vamos discutir grande parte desses fatores
institucionais quando formos analisar quais desses fatores mais influenciam o processo de
crescimento econômico.
A questão do controle dos gastos públicos tem recebido grande atenção por parte
dos analistas do caso brasileiro no momento atual, segundo alguns autores, e.g. RODRIK,
HAUSMANN e VELASCO ( 2004 ), a falta de poupança seria o principal fator limitador
do crescimento, de tal forma que, quando o financiamento externo se faz presente, a
economia cresce, quando ele cessa, a economia entra em estagnação. Seria necessário,
portanto, uma redução dos gastos públicos para diminuir esta dependência do
financiamento externo.
Resumindo, temos que nos defrontar com algumas questões relacionadas ao papel
das instituições políticas e econômicas como causa fundamental do processo de
crescimento e que seriam adicionadas, portanto, às nossas três perguntas iniciais :
A ) Seriam as variáveis institucionais causadoras do processo de
crescimento ou a ordem de causalidade poderia ser invertida, ou seja, o crescimento
B ) As variáveis institucionais seriam preponderantes na influência que
exercem sobre as demais variáveis (condições geográficas, comércio exterior,
formação de capital humano, desenvolvimento tecnológico)?
Estas questões são, do ponto de vista teórico, muito difíceis de serem respondidas. É
provável, e neste sentido tem se encaminhado a literatura recente, que as respostas possam
surgir de análises empíricas. Isto, no entanto, será objeto de discussão no capítulo3.
Para exemplificar o que dizemos, podemos mencionar SACHS (2003) que considera
que as variáveis geográficas e relacionadas à integração via comércio exterior seriam mais
importantes ou GLAESER et ali. (2004) que apresentam conclusões ainda mais reticentes
ao considerarem que os paises em desenvolvimento que mais cresceram foram aqueles
governados por regimes autoritários, portanto, com instituições políticas frágeis, mas que
através de políticas econômicas adequadas, notadamente investimentos em capital físico e
humano, lograram atingir extraordinários índices de crescimento e depois aprofundaram
suas reformas institucionais.
Em linha totalmente oposta, RODRIK (2003a,b,c), por outro lado, aponta as
instituições como mais importantes do que as condições geográficas e o próprio papel
desempenhado pelo comércio exterior, também muito citado na literatura, e chega a
considerar que para a manutenção de um processo sustentável de crescimento econômico é
fundamental que as instituições sejam bastante sólidas, ou seja, que estas não seriam
necessárias para apenas desencadear um início no processo de crescimento.
Também nesta direção, ACEMOGLU et al. (2002) coloca que, ao contrário de
diversos autores que enfatizam a importância da estabilidade das variáveis
macroeconômicas, tais como taxas de inflação baixas, déficits públicos sob controle e taxas
estabelecem limites para as elites exercerem seu poder; criam estímulos para os
investimentos privados, favorecendo os direitos de propriedade; dificultam a difusão da
corrupção e diminuem a instabilidade política.
É importante considerar que existem abordagens, como a de MORLEY (2004), que tentam mostrar uma estreita relação entre os aspectos associados ao bom funcionamento
institucional ( garantia dos direitos de propriedade ) e os ligados ao bom funcionamento
dos sistemas financeiros ( garantia de que nenhum investidor terá informações
privilegiadas ), assim como desses dois com o processo de financiamento das inovações
necessárias para o crescimento econômico.
Como também aponta FUKUYAMA (1999), ressaltando que na nova economia, por
exemplo, a confiança nas garantias dos direitos de propriedade favorece os gastos em
desenvolvimento de novas pesquisas tecnológicas e reduz os gastos com monitoramento
dos funcionários para que estes não se apropriem e até mesmo negociem os resultados
obtidos nas pesquisas. Esse monitoramento pode, inclusive, se estender aos concorrentes
e fornecedores das empresas.
Para finalizar nossas questões introdutórias é importante apresentar uma última, e
talvez, mais difícil, pergunta :
C ) que tipo de instituições (supondo, obviamente, que as mesmas são de
fundamental importância para explicar o processo de crescimento) seriam mais eficientes
para facilitar melhores níveis de performance econômica? A resposta será objeto de análise