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Figura 1.1 – Relacionamento Entre Crescimento Econômico, Instituições Políticas e Econômicas

INSTITUIÇÕES POLÍTICAS t ⇒  DE JURE PODER POLÍTICO t

DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS t ⇒ DE FACTO PODER POLÍTICO t

DE JURE PODER POLÍTICO t INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS t

DE FACTO PODER POLÍTICO t INSTITUIÇÕES POLÍTICAS t+1

PERFORMANCE ECONÔMICA t

INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS t

DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS t+1

Podemos observar que as instituições políticas no tempo t (presente) influenciam o

chamado de jure poder político também no tempo t, ou seja, o poder que vem com a

capacidade de alterar a legislação, mudando normas legais, e é influenciado pelos moldes

de facto que é o poder associado, não às normas legais, mas sim à capacidade de, por ter mais recursos, poder influenciar na tomada de decisões.

Esses dois tipos de poder, por sua vez, irão influenciar as instituições econômicas

no tempo t e as instituições políticas no tempo t+1 (futuro). Para finalizar a lógica do

esquema é preciso considerar que as instituições econômicas no tempo t influenciam a

performance econômica no tempo t e a distribuição de recursos no tempo t+1. Desta forma,

para sabermos como poderão ser alteradas as variáveis do sistema, é necessário conhecer

como podem ser alterados os comportamentos das instituições políticas e da distribuição de

recursos no presente.

Em outras palavras, se o poder de jure depende do comportamento das instituições

políticas e o poder de facto depende da distribuição de recursos e esses dois tipos de poder

determinarão o comportamento das instituições econômicas, influenciando a performance

econômica, fica claro que as variáveis políticas determinarão, em última análise, o

desempenho econômico diferenciado entre os paises.

Para tentar estabelecer um exemplo, podemos pensar que uma redução nos gastos

públicos poderia representar uma série de mudanças nas instituições econômicas capazes de

alterar a performance econômica atual e a distribuição de recursos no futuro.

Para essa redução nos gastos públicos ocorrer, ou seja, para que ocorra essa

modificação nas instituições econômicas, será necessário que ocorram modificações no

poder político, isto é, no poder de jure, através de alterações nas instituições políticas e/ou

alterações no poder de facto, através de modificações na distribuição de recursos.

Se, por algum motivo as modificações no poder de jure acontecerem, ou seja,

ocorrerem mudanças institucionais, como por exemplo, descreve REZENDE (2004) e

no presente ( em nosso exemplo, a redução dos gastos públicos ) e as instituições políticas

no futuro, criando, portanto, condições para sustentar um processo de crescimento ao longo

do tempo.

As mudanças institucionais abordadas pelos autores mencionados no parágrafo

anterior cobrem um vasto leque de aspectos institucionais que podem influenciar o nível

dos gastos públicos, desde as regras eleitorais, que influenciam a competição política, até o

regime vigente ( presidencialismo ou parlamentarismo ), passando pela análise dos agentes

com poder de veto ( veto players ). Vamos discutir grande parte desses fatores

institucionais quando formos analisar quais desses fatores mais influenciam o processo de

crescimento econômico.

A questão do controle dos gastos públicos tem recebido grande atenção por parte

dos analistas do caso brasileiro no momento atual, segundo alguns autores, e.g. RODRIK,

HAUSMANN e VELASCO ( 2004 ), a falta de poupança seria o principal fator limitador

do crescimento, de tal forma que, quando o financiamento externo se faz presente, a

economia cresce, quando ele cessa, a economia entra em estagnação. Seria necessário,

portanto, uma redução dos gastos públicos para diminuir esta dependência do

financiamento externo.

Resumindo, temos que nos defrontar com algumas questões relacionadas ao papel

das instituições políticas e econômicas como causa fundamental do processo de

crescimento e que seriam adicionadas, portanto, às nossas três perguntas iniciais :

A ) Seriam as variáveis institucionais causadoras do processo de

crescimento ou a ordem de causalidade poderia ser invertida, ou seja, o crescimento

B ) As variáveis institucionais seriam preponderantes na influência que

exercem sobre as demais variáveis (condições geográficas, comércio exterior,

formação de capital humano, desenvolvimento tecnológico)?

Estas questões são, do ponto de vista teórico, muito difíceis de serem respondidas. É

provável, e neste sentido tem se encaminhado a literatura recente, que as respostas possam

surgir de análises empíricas. Isto, no entanto, será objeto de discussão no capítulo3.

Para exemplificar o que dizemos, podemos mencionar SACHS (2003) que considera

que as variáveis geográficas e relacionadas à integração via comércio exterior seriam mais

importantes ou GLAESER et ali. (2004) que apresentam conclusões ainda mais reticentes

ao considerarem que os paises em desenvolvimento que mais cresceram foram aqueles

governados por regimes autoritários, portanto, com instituições políticas frágeis, mas que

através de políticas econômicas adequadas, notadamente investimentos em capital físico e

humano, lograram atingir extraordinários índices de crescimento e depois aprofundaram

suas reformas institucionais.

Em linha totalmente oposta, RODRIK (2003a,b,c), por outro lado, aponta as

instituições como mais importantes do que as condições geográficas e o próprio papel

desempenhado pelo comércio exterior, também muito citado na literatura, e chega a

considerar que para a manutenção de um processo sustentável de crescimento econômico é

fundamental que as instituições sejam bastante sólidas, ou seja, que estas não seriam

necessárias para apenas desencadear um início no processo de crescimento.

Também nesta direção, ACEMOGLU et al. (2002) coloca que, ao contrário de

diversos autores que enfatizam a importância da estabilidade das variáveis

macroeconômicas, tais como taxas de inflação baixas, déficits públicos sob controle e taxas

estabelecem limites para as elites exercerem seu poder; criam estímulos para os

investimentos privados, favorecendo os direitos de propriedade; dificultam a difusão da

corrupção e diminuem a instabilidade política.

É importante considerar que existem abordagens, como a de MORLEY (2004), que tentam mostrar uma estreita relação entre os aspectos associados ao bom funcionamento

institucional ( garantia dos direitos de propriedade ) e os ligados ao bom funcionamento

dos sistemas financeiros ( garantia de que nenhum investidor terá informações

privilegiadas ), assim como desses dois com o processo de financiamento das inovações

necessárias para o crescimento econômico.

Como também aponta FUKUYAMA (1999), ressaltando que na nova economia, por

exemplo, a confiança nas garantias dos direitos de propriedade favorece os gastos em

desenvolvimento de novas pesquisas tecnológicas e reduz os gastos com monitoramento

dos funcionários para que estes não se apropriem e até mesmo negociem os resultados

obtidos nas pesquisas. Esse monitoramento pode, inclusive, se estender aos concorrentes

e fornecedores das empresas.

Para finalizar nossas questões introdutórias é importante apresentar uma última, e

talvez, mais difícil, pergunta :

C ) que tipo de instituições (supondo, obviamente, que as mesmas são de

fundamental importância para explicar o processo de crescimento) seriam mais eficientes

para facilitar melhores níveis de performance econômica? A resposta será objeto de análise