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A fileira dos ancestrais

No documento Ordens Da Ajuda - Bert Hellinger (páginas 62-64)

HELLINGER para o grupo Não sabemos quando aconteceu algo de importante. Gostaria de demonstrar como procurar em que geração aconteceu o fato decisivo. Faz-se uma fileira de ancestrais, coloca-se os ancestrais um atrás do outro e os deixamos assim. De repente vê-se onde aconteceu algo de importante. Pode ser que seja algo que aconteceu há muitas gerações anteriores ou algo que está próximo. Este é um exercício importante, também no sentido dos movimentos da alma. Nós vamos da constelação familiar estreita, que tem em vista apenas a família atual e a de origem, para algo mais amplo, para um campo mais amplo.

Hellinger toma novamente a representante da menina e coloca atrás dela a fileira das ancestrais femininas: a mãe, a avó, a bisavó e assim por diante. Cada uma delas representa uma geração inteira, portanto, a geração da menina, a geração da mãe e assim por diante.

A bisavó começa a cambalear, segura-se firmemente algumas vezes na avó que está à sua frente e olha para o chão. A quinta ancestral olha também para o chão. A sexta ancestral cambaleia fortemente, curva um pouco os joelhos e encosta-se na ancestral que está atrás dela. Hellinger deixa então que as três primeiras gerações se sentem.

HELLINGER para o grupo Na geração da bisavó existe algo especial e nas duas gerações anteriores também.

Hellinger pede à mesma mulher que havia representado a morte para deitar-se de costas no chão, em frente à bisavó. A sexta ancestral cai em cima da ancestral que está à sua frente e a empurra para a frente.

A bisavó, a quinta e a sexta ancestral se afastam da morta. Hellinger posiciona a representante da menina de modo que ela possa ver todas.

HELLINGER para a representante da menina Agora olhe para elas.

A mãe e a avó também viram-se para a morta. A sexta ancestral treme e suspira. A bisavó, a quinta e a sexta ancestral se afastam cada vez mais da morta. A sétima ancestral as segura. A morta afasta-se das gerações anteriores a ela e se dirige às gerações posteriores. A mãe coloca o braço ao redor da filha.

REPRESENTANTE DA MENINA Bem. Estou aliviada. HELLINGER Exato.

para o grupo Portanto, não tem nada a ver com ela. Não tem nada a ver com a família atual dela. Tem a ver

com gerações anteriores. Isso continua atuando. Pudemos ver a intensidade aqui.

para a participante Sabendo disso, você pode ajudar melhor essa criança. Ela acena com a cabeça.

para o grupo Já fiz isso muitas vezes em meus cursos, colocar a fileira dos ancestrais. É um método

inacreditavelmente eficaz. Também quando se tem a ver com esquizofrenia, pode-se ver que o acontecimento decisivo está bem atrás. Existem acontecimentos em uma família que atuam através de muitas gerações. Esse acontecimento é sempre uma morte. Os outros acontecimentos não atuam dessa forma. Uma morte atua através de várias gerações, então colocamos a vítima junto. De repente a energia se concentra ali onde a vítima está deitada, e aqueles que assumiram esse destino ficam livres.

Com este método não é necessário saber de muitas coisas. Sentimos onde está a energia e podemos provocar uma descarga dessa energia.

PARTICIPANTE DO GRUPO Você colocaria, no caso de mulheres, sempre a fileira das ancestrais femininas e, no caso de homens, a fileira dos ancestrais masculinos?

HELLINGER Essa é uma boa pergunta. No caso de meninas ou mulheres, pego mulheres para a fila dos ancestrais e no caso de meninos ou homens pego os homens para a fileira dos ancestrais. É uma imagem mais clara, embora não saibamos, neste caso aqui, quem eram os culpados, se eram as mulheres ou os homens.

A seriedade

PARTICIPANTE Trata-se de uma mulher de 53 anos de idade. Ela tem um tumor na mama. HELLINGER O que ela quer de você?

PARTICIPANTE Ela procura cura, em primeiro lugar, sem a intervenção da medicina tradicional.

HELLINGER Qual é realmente a pergunta — agora entre nós. Qual é a pergunta que você faz a si mesma e que eu me faço?

PARTICIPANTE Trata-se de vida... HELLINGER Qual é a pergunta?

PARTICIPANTE Se eu posso fazer algo por ela.

HELLINGER Qual é a pergunta importante que se deve fazer a ela? Eu vou dizer a você. Ela quer a cura? Essa é a pergunta. Então, qual é a sua impressão?

PARTICIPANTE Ela diz que sim.

HELLINGER Dizer qualquer um diz. Qual é a sua impressão?

PARTICIPANTE Minha impressão é de que a doença tem uma função para ela, que, por alguma razão, ela é importante para ela.

HELLINGER A pergunta que você tem que fazer é a seguinte: ela quer a cura? Ela quer algo de você para a cura? Ou ela usa você para não olhar para aquilo que ela realmente quer?

PARTICIPANTE A segunda.

HELLINGER Exato. Agora estamos no assunto e na seriedade. Vamos verificar isso.

Hellinger escolhe uma representante para a cliente e a posiciona. A cliente estica a cabeça um pouco para a frente e respira profundamente.

HELLINGER para a participante Quando olhamos para ela, vemos que ela está zangada. Ela está zangada com alguém. Você sabe com quem ela está zangada?

HELLINGER Não, isso vai bem mais fundo. Qual a impressão que ela dá? Qual é a idade dela? PARTICIPANTE Ela é uma mulher bem idosa.

HELLINGER Olhe para a fisionomia dela. PARTICIPANTE É a fisionomia de uma criança.

HELLINGER A sensação que ela expressa é de quantos anos? PARTICIPANTE Quatro.

HELLINGER Uma mulher nunca ficaria nessa posição em frente ao seu marido. Vou posicionar a mãe, por cautela. Isso nunca faz mal.

Hellinger escolhe uma representante para a mãe e a posiciona em frente à cliente.

A cliente olha para o chão. A mãe dá um passo à frente. A cliente sacode a cabeça. Levanta lentamente a cabeça e olha para a mãe. A mãe estende as mãos em sua direção. A cliente sacode a cabeça, de leve.

HELLINGER para o participante Você viu o movimento dela em seu rosto? PARTICIPANTE Sim.

HELLINGER Você sabe o que isso significa? Isso significa um não para a cura. É vingança. Ela morre por vingança. É muito frequente em relação ao câncer. Coloque-se atrás da mãe.

A cliente levanta a mão direita bem lentamente e a estende em direção à mãe. A mãe dá ainda um passo, de mãos abertas, em direção a ela. A cliente sacode levemente a cabeça. A mãe suspira e deixa cair os braços. A cliente também deixa cair a sua mão direita novamente. Ela segura a mão esquerda em frente ao abdômen. Depois de um certo tempo, a mãe dá mais um passo em sua direção. O terapeuta segue a mãe e dá também um passo.

Então a mãe estende a mão direita em direção à filha. Também ela estende a mão em direção à mãe até que esta a toca de leve. A mãe pega a mão da cliente e lhe estende também a outra mão. Mãe e filha pegam-se pelos braços e olham amorosamente uma para a outra.

HELLINGER para o grupo Posso interromper agora. Nós podemos ver que o movimento continua. HELLINGER para a representante da cliente Algo mudou quando o terapeuta se colocou atrás da mãe? CLIENTE Ficou melhor. Algo abrandou.

HELLINGER para o participante O lugar certo para o terapeuta é atrás da mãe, não atrás da cliente, isso seria terrível. Fortaleceu a mãe e com isso a confiança da cliente em você. Talvez você consiga fazer algo ainda. Está bem assim?

PARTICIPANTE Sim.

HELLINGER para o grupo Agora só precisamos imaginar o que vai ser diferente, quando a cliente vier de novo para ele. Será uma situação totalmente nova, porque ele viveu uma transformação.

para o participante Agora você tem respeito pela mãe. Com isso não existe por parte da cliente mais

nenhuma transferência para você. Você também não precisa mais se preocupar com ela, no sentido de: ―Ah, pobrezinha, o que faço agora com você?‖ Senão você estará na contratransferência. Aqui você se coloca atrás da mãe, está bem tranquilo e à sua frente ocorre algo. Você fica feliz secretamente.

Essas são as grandes sensações de felicidade do ajudante, quando vê que algo ocorre como por si só, e que ele pode se recolher. Depois ela está claramente separada dele. Não existe mais nenhuma relação. Ambos estão livres. Você, e ela também. Esta é a vantagem neste tipo de procedimento.

Supervisão para um casal que conduz, juntos, cursos de Constelações Familiares

No documento Ordens Da Ajuda - Bert Hellinger (páginas 62-64)