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A formação continuada: o ideal e o real

2 DEFININDO AS TRILHAS DO CAMINHO

6.2 O espaço e o tempo da coordenação pedagógica: as ações, espelho das concepções

6.2.1 A formação continuada: o ideal e o real

Muitas vezes mal compreendida e até desacreditada, a coordenação pedagógica na prática, tem revelado o distanciamento que ainda há entre o desejado, o esperado e o que acontece na realidade, sendo restringida a um papel meramente formal.

Um dos desafios postos ao coordenador pedagógico é o de fortalecer o diálogo a respeito dessa conquista favorecendo a revitalização desse espaço e tempo, ampliando as possibilidades do trabalho em uma perspectiva que vise ir além das questões meramente práticas, consolidando-o como espaço/tempo privilegiado para a formação continuada docente, ou seja, fortalecendo os momentos de formação continuada por dentro da escola.

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Teoricamente, a partir da leitura das respostas dos professores regentes das duas unidades de ensino, a dinâmica da coordenação pedagógica e da formação continuada se assemelham. No entanto, a partir da minha observação in lócus, observei que há uma grande diferença no que acontece entre uma escola e outra e também o distanciamento entre o que é dito e o que realmente acontece na prática.

Quando pedi que os professores e as coordenadoras expressassem em termos práticos como estão organizados os momentos da coordenação pedagógica, os interlocutores que responderam, deram respostas muito semelhantes em como está organizado o trabalho pedagógico. Vejamos algumas das respostas à Questão 1 do 1° Questionário aberto para as coordenadoras pedagógicas e a Questão 1 do 3° Questionário aberto para professores regentes:

“As coordenações acontecem nas terça, quarta e quinta feiras da semana. Sendo terça e quinta para a coordenação individual e quarta para a coordenação coletiva, onde todos se reúnem e trabalham juntos” CP 01, UE 01.

Quadro 5 – Organização do trabalho pedagógico nas UE's segundo os interlocutores

PR 01, UE 01

Terça Quarta Quinta

Coordenação individual→ o professor tem um momento para analisar a sua turma, para elaborar aula e atividades.

Coordenação coletiva→ todos os professores da escola se reúnem para discutir assuntos pedagógicos referentes à escola toda e depois é dividida por: EF séries iniciais, EF séries finais e EM.

Coordenação individual ou reciclagem dos professores através de cursos.

PR 03, UE 01

Terça Quarta Quinta

Coordenação individual ocorrendo o preparo de atividades de acordo com o nível de aprendizagem de cada grupo ou indivíduo.

Coordenação coletiva com: informes, troca de experiências, avaliação do trabalho desenvolvido dentro de determinada proposta, avaliação de possibilidades de melhorias; acompanhamento de alunos com necessidades de assistência e monitoramento constante e outros.

Curso PNAIC Matemática.

CP 02, UE 02

Terça Quarta Quinta

Atendimento individual por ano; Formação continuada;

Organização do trabalho pedagógico.

Coordenação coletiva com planejamento pedagógico; Formação continuada; Trabalho colaborativo.

Atendimento individual por ano;

Planejamento;

Acompanhamento do trabalho pedagógico.

PR 08, UE 02

Terça Quarta Quinta

Coordenação individual com organização do planejamento, produção de materiais e/ou curso de formação.

Coordenação coletiva com planejamento e/ou formação continuada.

Coordenação individual com organização do planejamento, produção de materiais e/ou curso de formação.

PR 02, UE 02

Terça Quarta Quinta

Coordenação individual.

Produção de materiais para as aulas. Planejamento coletivo. Formação. Compartilhamento de experiências. Coordenação individual. Produção de materiais, jogos.

Colagem de atividades nos cadernos, correção.

Fonte: Elaborado pela autora. Pesquisa de mestrado, 2015.

Como dito anteriormente, apesar de teoricamente, a partir das respostas dos interlocutores, haver essa semelhança na organização do trabalho pedagógico em ambas as unidades de ensino, na prática, o trabalho desenvolvido é bem diferenciado.

Analisando a dinâmica da formação por dentro da escola, eu poderia afirmar que o movimento para a sua organização e implementação é o mesmo de acordo com o pensamento de Cury (1985), ao afirmar que as instituições escolares tem a função de sistematizar o espontâneo para reelaborá-lo de forma crítica.

Sendo assim, é inerente ao trabalho de formação dos coordenadores pedagógicos essa forma de estabelecer uma organização que tenha por objetivo teorizar o espontâneo para em seguida sistematizar o teorizado, ou seja, refletir a respeito das manifestações que surgem do rico ambiente escolar para em seguida transformar em conhecimento didático-político.

Contudo é justamente nessa sistematização do trabalho de formação que surge a diferenciação dos trabalhos nas UE's, pois cada coordenadora pedagógica tem o seu próprio modo de agir, cada uma traz em si uma constituição histórica singular que a leva a pensamentos e ações diversificadas, e cada uma traz em si sua própria constituição.

Naturalmente que esse trabalho não será homogêneo também, porque cada unidade escolar possui uma dinâmica peculiar e necessidades específicas. Tais fatores são determinantes para o estabelecimento de um trabalho de igual modo singularizado.

É justamente por meio das ações que surgem a partir dessas especificidades que as concepções emergem de forma natural e serão essas concepções que irão delinear novas estratégias de ação a serem empreendidas pelas coordenadoras pedagógicas dos anos iniciais no espaço/tempo da coordenação pedagógica nas unidades escolares pesquisadas.

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Contudo, independente das singularidades das ações das coordenadoras pedagógicas nos espaços de atuação de cada uma, o que foi expresso pelos interlocutores está mais no nível ideal do que de fato acontece no espaço/tempo da coordenação pedagógica.

Conforme suas expressões há uma clara e rotineira organização dos momentos da coordenação pedagógica, inclusive de formação continuada, mas como já disse, essa organização remete-se muito mais ao que está escrito, ou prescrito na legislação sobre a organização do espaço/tempo da coordenação pedagógica do sendo o que realmente acontece.