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2 DEFININDO AS TRILHAS DO CAMINHO

6.1 Evidenciando a realidade

6.1.1 Os interlocutores

Participar de uma pesquisa nem sempre é fácil, pois o sujeito pesquisado pode não se sentir a vontade e ter dificuldade para agir com naturalidade. Mesmo assim, tanto as diretoras como as coordenadoras pedagógicas e os professores regentes de ambas as escolas objeto da pesquisa foram receptivos, acessíveis e colaborativos.

A princípio, foram vinte e três professores e as duas coordenadoras pedagógicas que se dispuseram a participar, contudo, após a aplicação do primeiro questionário, alguns professores da UE 01 optaram por não mais participar e com a aplicação dos demais questionários, outros professores desistiram por terem encerrado seus contratos temporários.

Com o desenvolvimento das observações, senti a necessidade de integrar ao grupo de sujeitos pesquisados as duas diretoras e, na UE 02, a professora da Sala de Recursos se propôs a participar. Desse modo, ficou assim o quadro dos interlocutores da pesquisa:

Quadro 4 – Interlocutores da pesquisa

UE 01 Formação Tempo de serviço na SE

Professor

PR 01 Letras Português/Inglês 23 anos

PR 02 Pedagogia 15 anos

PR 03 Pedagogia 18 anos

PR 04 Pedagogia 19 anos

PR 05 História 15 anos

PR 06 Artes Plásticas 15 anos

PR 07 Pedagogia Contrato Temporário

PR 08 Pedagogia Contrato Temporário

PR 09 Não respondeu 1 ano

PR 10 Pedagogia 11 anos

Coordenadora Formação Tempo de serviço na SE

CP 01 Pedagogia 2 anos na função de Coordenadora 15 anos

Pedagógica

Diretora Formação Tempo de serviço na SE

DR 01 Matemática e Filosofia 24 anos

06 anos no cargo

UE 02 Formação Tempo de serviço na SE

Professor

PR 01 Pedagogia 01 ano

PR 02 Pedagogia 02 anos

PR 03 Pedagogia Contrato Temporário

PR 04 Pedagogia 17 anos

PR 05 Filosofia 11 anos

PR 06 Pedagogia 05 anos

PR 07 Pedagogia Contrato Temporário

PR 08 Pedagogia 01 ano

PR 09 Pedagogia 05 anos

PR 10 Pedagogia 20 anos

PR 11 Pedagogia 14 anos

PSR Letras 29 anos

Coordenadora Formação Tempo de serviço na SE

CP 02 Estudos Sociais – História e

Geografia

25 anos 15 anos na função de Coordenadora Pedagógica

Diretora Formação Tempo de serviço na SE

DR 02 Pedagogia 18 anos

03 anos no cargo Fonte: Elaborado pela autora. Pesquisa de mestrado, 2015.

Desse modo, os interlocutores da pesquisa foram vinte e dois professores regentes e uma professora da sala de recursos dos anos iniciais da educação básica, duas coordenadoras pedagógicas e duas diretoras das duas unidades de ensino. A escolha destes interlocutores se deu em função dos objetivos da pesquisa.

É importante esclarecer que apesar de, em muitas escolas, os professores que assumem a função de coordenador pedagógico serem os que “sobram”1, não foi o caso das

interlocutoras CP 01 e CP 02, ambas optaram por assumir a função e foram referendadas pelo grupo de professores. E as diretoras passaram pelo processo de eleição, no qual toda a comunidade escolar participou votando, inclusive os estudantes acima de 12 anos.

Outro critério importante para a participação na pesquisa foi o da disponibilidade e do interesse no projeto. Assim sendo, todos eles assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A) sobre os objetivos científicos da pesquisa e da segurança de terem suas identidades mantidas em sigilo.

1Expressão utilizada para designar os professores que excedem ao número de turmas da escola e deveriam ser

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Antes de iniciar a pesquisa, apresentei nas duas UE's a proposta de pesquisa aos gestores e às coordenadoras e solicitei um espaço/tempo da coordenação pedagógica coletiva para a apresentação do projeto e para convidar os professores a participarem. Realizei as apresentações nas duas escolas no momento da coordenação coletiva em ambos os turnos para todos que tiveram interesse. Só depois, iniciei o trabalho de campo.

Com essa experiência, vi que adentrar territórios alheios nem sempre é uma tarefa fácil e no decorrer das observações pude perceber que a minha presença em ambas as escolas trazia certa mudança na dinâmica dos professores. Percebi, também, que eles, de certa forma, sentiam-se desconfortáveis em ter que responder aos questionários na minha presença. Por este motivo, passei a não esperar que eles respondessem no momento da entrega, deixando-os com as coordenadoras e recebendo-os na semana seguinte. No entanto, muitos professores só se lembravam de responder o questionário na semana seguinte quando me viam na escola. Respondiam às pressas e me entregavam.

Como pesquisadora, procurei encontrar os diferentes sentidos que levavam os participantes a tomarem algumas posturas, afinal quem pode garantir sempre o que acontecerá no ambiente de pesquisa? Coloquei-me em um movimento de constante observação, reflexão, construção e reconstrução do processo de formação como pesquisadora e busquei meios de fortalecer o processo comunicativo entre mim e os interlocutores. Busquei analisar as ações e reações de cada um deles para alcançar a compreensão de suas atuações no ambiente escolar.

Diante desse fato, descobri que para me constituir pesquisadora, eu deveria me destituir de quaisquer formas de melindres e de orgulho, pois, considerando os desafios que se impunham, compreendi com clareza que “na pesquisa qualitativa [...], o grupo não é uma soma de indivíduos, mas um espaço de reflexão coletiva” (GONZÁLEZ REY, 2005, p. 86), no qual transparece as individualidades e se constitui a coletividade. Logo, eu estaria lidando com um universo singular.

Assim, tomei ciência de que nesse processo investigativo, são as situações vivenciadas que vão propiciando a tessitura da pesquisa e vão revelando aos poucos, as concepções que se interrelacionam e são externalizadas por meio das falas e das atitudes dos sujeitos pesquisados. Compreendi que o papel de cada um nesse processo, inclusive o meu, se constrói por muitas idas, vindas e muitos olhares cuidadosos a respeito do que se deseja descobrir.