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GEOLÓGICO REGIONAL

5.2. PRINCIPAIS FORMAÇÕES QUATERNÁRIAS DA REGIÃO E SEU ENQUADRAMENTO ESTRATIGRÁFICO

5.2.1.1. A formação fluvial F

A formação fluvial F1 estende-se ao longo de pouco mais de 6 km, entre a elevação do Outeiro Pelado, a norte, onde a base dos depósitos assenta lateralmente em afloramentos do complexo hetangiano-reciano que representam a extremidade meridional do diapiro de Monte

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21T Como se viu, esta área integra-se aliás numa ampla bacia de subsidência, que a norte se prolonga até às proximidades da Serra da Boa Viagem, apresentando-se essencialmente colmatada por depósitos terciários (MANUPPELLA, ZBYSZEWSKI e VEIGA FERREIRA, 1978).

Real, e as imediações do nó rodoviário da EN1 com a EN109, a sul, aí encostando praticamente a depósitos paleogénicos e cretácicos que localmente delimitam o bordo do diapiro de Leiria (vd. Folha A do Anexo Cartográfico). No seu conjunto estes depósitos fluviais dispõem-se numa mancha quase contínua cuja configuração sugere um crescente não muito pronunciado, com as extremidades meridional e setentrional afiladas e evidenciando entre as povoações de Ponte da Pedra e Chãos, sensivelmente a meio da sua extensão, uma largura máxima de 1,5 km. É exactamente nesta última zona que a formação fluvial se apresenta marcadamente sec- cionada pelo encaixe do vale da ribeira dos Milagres, que se desenvolve de forma perpendicular ao vale do rio Lis, com uma orientação E-W. Imediatamente a norte, junto da povoação de Regueira de Pontes, a formação F1 surge igualmente cortada pela ribeira do Pinheiro, embora de uma forma menos incisiva, enquanto a sul a ribeira do Pinto se limita a recortá-la parcial- mente entre a povoação de Gândara dos Olivais e o Aérodromo, nas imediações do Areeiro da Quinta da Carvalha.

Em termos topográficos esta formação desenvolve-se assim numa plataforma amplamente recortada pelo encaixe da rede de drenagem actual, apresentando o seu topo cotas bastante variadas, com valores que oscilam na zona meridional entre 65m e 72m, enquanto na parte setentrional se situam entre os 50 e os 58 m de altitude absoluta (EST.2). A espessura dos seus depósitos, por seu turno, varia entre os 10 e os 20 m, dependendo em boa parte da amplitude da erosão no topo dos respectivos depósitos e da posição do local de observação em relação ao canal principal do rio no momento da sua formação. Esta última variável contribuiu também certamente para as diferentes altitudes observadas para a base da formação no Areeiro da J.A.E., oscilando lateralmente entre os 58 e os 62 m, enquanto cerca de 2 km para jusante, no Areeiro da Quinta da Carvalha, o contacto da base da formação F1 com os depósitos miocénicos do substracto foi identificado a uma cota de 40 m (EST.3).

O estudo desta formação foi bastante facilitado pela circunstância de nela se encontrarem implantados diversos areeiros que ao esventrá-la permitiram uma observação cuidada da sua estrutura sedimentar. Logo de início foi assim possível assinalar no seu interior a presença de duas unidades sedimentares, designadas por Q2a e Q2b, de acordo com a identificação original atribuída aos terraços fluviais da região pela Carta Geológica de Portugal na escala de 1/25000 (CUNHA-RIBEIRO, 1992-1993). Posteriormente, a continuada laboração das explorações de areia e a abertura da variante da Gândara dos Olivais da EN109, viabilizando a realização de novas observações, permitiram precisar as primeiras leituras interpretativas (TEXIER e CUNHA-RIBEIRO, 1991-1992). Individualizaram-se desta forma no interior da formação flu- vial F1 três unidades sedimentares sobrepostas, agora denominadas como F1a, F1b e F1c, de acordo com a nova nomenclatura adoptada para a identificação dos depósitos fluviais da bacia hidrográfica do rio Lis (EST.4).

A presença da unidade sedimentar F1a foi apenas assinalada no Areeiro da Quinta da Car- valha, a nordeste da povoação de Gândara dos Olivais, tendo sido possível observar o seu topo

num corte com 2,5m de espessura.

Tratava-se do testemunho de um depósito constituído por seixos, areões e areias dispostos segundo uma estratificação horizontal, formando leitos com uma espessura de cerca de 10 cm. Na sua parte superior assistia-se à definição progressiva de delgados leitos de areias limonosas e argilosas, de cor cinzenta, contendo localmente numerosos vestígios de carvão vegetal. Por último, surgia por cima um nível de argilas orgânicas, com uma coloração cinzenta escura e uma espessura média de 15 cm. No conjunto predominavam os seixos de quartzito com um boleamento bastante variado, enquanto entre as areias e os quartzos eram mais frequentes, apresentando um boleamento e pátina bastante diverso.

Lateralmente a unidade sedimentar F1a foi completamente erodida pelo encaixe do rio Lis que precedeu o desenvolvimento da unidade sedimentar F1b. Esta, pelo contrário, encontra-se amplamente preservada, constituindo o grosso da sedimentação que ao longo da margem direita do Lis define a formação fluvial F1, correspondendo à colmatação de amplos canais que o leito do rio outrora escavou, quer encaixando-se no substrato miocénico, quer na unidade sedimentar F1a.

A análise da estratigrafia da unidade sedimentar F1b, profusamente documentada em diver- sos cortes de outros tantos areeiros, permitiu observar uma sequência sedimentar onde se indi- vidualizaram cinco conjuntos.

Na base surge-nos o primeiro conjunto, com uma espessura que oscila entre 2,5 m e 5 m e evidencia uma textura grosseira em que pontificam os seixos e as areias. O contacto com o subUs

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tracto é mesmo delimitado por uma cascalheira com grandes seixos, embora de dimensões bas- tante variáveis, e uma matriz arenosa, dando gradualmente lugar a níveis de seixos mais pequUeU nos, dispostos em leitos lateralmente desenvolvidos de acordo com uma estratificação entrecru- zada de pequeno raio de curvatura, amiúde sublinhada por fenómenos de ferruginização.

A transição para o segundo conjunto ocorre de forma gradual, evidenciando este uma espes- sura entre 3 e 5 m, uma textura essencialmente arenosa e cor bege. Em termos estratigráficos o novo conjunto caracteriza-se por uma série de sequências sobrepostas com cerca de 1/2 m de espessura, destacando-se na base um leito sub-horizontal de seixos e areões integrados numa matriz arenosa, a que se sobrepõem areias grosseiras e pequenos seixos dispostos segundo uma estratificação entrecruzada com curvaturas pouco pronunciadas e um desenvolvimento lateral compreendido também em média entre os 10 e os 15 m.

Segue-se um terceiro conjunto sedimentar com 3 a 6 m de espessura, realizando-se a pas- sagem entre os dois de maneira progressiva. Predominam agora os sedimentos arenosos, fre- quentemente algo grosseiros, os quais se dispõem segundo uma estratificação horizontal ou sub-horizontal bastante fina e em muitos casos deformada por figuras de carga. Na sua base surgem ainda estruturas plissadas.

Sem descontinuidade significativa passa-se para o quarto conjunto, que apresentando uma espessura entre 4 e 6 m se caracteriza pela textura mais grosseira dos seus constituintes. Os

seixos e areias aí presentes organizam-se inicialmente em sequências com alguns centímetros de espessura, espraiando-se lateralmente por 10 a 15 m e recortando-se umas às outras segundo angulações pouco pronunciadas, para em seguida darem lugar ao aparecimento de leitos dispostos em estratificação entrecruzada relativamente estreita. Note-se, porém, que ao con- trário dos dois conjuntos iniciais se observa aqui uma deriva granulométrica negativa, dado que à medida que nos aproximamos do topo os seixos rolados tornam-se mais frequentes e aumentam a sua dimensão.

A parte superior da unidade sedimentar F1b encontra-se representada por um último con- junto com cerca de 1 m de espessura e que apenas foi observado no Areeiro da J.A.E., nas ime- diações da povoação de Sesmaria. Trata-se de um depósito constituído por limos e areias finas argilosas, estratificadas horizontalmente, para o qual se transita a partir do conjunto sedimentar anterior de forma relativamente brusca.

No seu todo estes diferentes conjuntos evidenciam uma composição petrográfica similar à registada em F1a, já que os seixos rolados são na sua esmagadora maioria em quartzito, apre- sentando graus de boleamento variáveis, enquanto entre as areias prevalece o quartzo, embora o boleamento, o lustro e a patina sejam igualmente diversificados.

A formação fluvial F1 é, finalmente, complementada pela unidade sedimentar F1c, que se sobrepõe às duas anteriores, ainda que a sua presença tenha igualmente apenas sido identificada no Areeiro da J.A.E., onde pontualmente se encontra preservada.

Trata-se de um depósito com cerca de 1m de espessura, que se desenvolve sobre o topo da unidade sedimentar F1b, da qual se encontra separada por uma superfície de erosão bem mar- cada, ainda que algo irregular, devido nomeadamente à presença de pequenas figuras de carga. Em termos sedimentares é essencialmente constituída por pequenos seixos de quartzo, frequen- temente alterados, e por areias, ambos integrados numa matriz areno-argilosa. A sua organiza ção estratigráfica é difícil de identificar, dada a incidência de fenómenos pedológicos posterio- res, embora se vislumbre a pontual estratificação sub-horizontal de alguns leitos de seixos.

Localmente esta última unidade sedimentar apresenta-se coberta por duas gerações de colu- viões, respectivamente designadas por C1 e C2.

Do ponto de vista pedológico a formação fluvial F1 surge afectada por um importante solo vermelho lessivado com uma espessura de cerca de 6 m, nele sendo possível identificar três horizontes diferentes (TEXIER e CUNHA-RIBEIRO, 1991-1992). O primeiro corresponde à base de um horizonte B2tg, com pouco mais de 2 m de espessura e manchas de coloração ver- melha e cinzenta ou cinzenta clara. No topo da unidade sedimentar F1b a textura fina dos respectivos sedimentos explica a circunstância deste horizonte se apresentar localmente muito mais hidromorfizado. Segue-se um horizonte B3 com 2 a 3 m de espessura, estruturado em ban- das mais ou menos argilosas de coloração amarelada ou castanha clara. Por último surge um horizonte C, cinzento claro, que afecta a base da formação fluvial e em particular a parte infe- rior da unidade sedimentar F1b e a unidade sedimentar F1a.

5.2.1.2. A formação fluvial F2

Esta formação encontra-se representada por uma série de plataformas que se estendem desde Sesmaria, a sul, até à povoação de Regueira de Pontes, a norte, separadas entre si pelas principais ribeiras que localmente confluem para o rio Lis ao longo da sua margem direita (vd. Folha 1 do Anexo Cartográfico).

No que se refere à altimetria, as várias plataformas que a compõem evidenciam uma ligeira variação de sul para norte, com o seu topo a cotas de 45 m na sua parte meridional, para atingir valores de cerca de 35 m na respectiva zona setentrional, inclinação essa próxima da do actual perfil do leito do rio nas zonas adjacentes. No seu conjunto correspondem a uma ampla área imediatamente subjacente à da formação fluvial F1, cuja extensão é acompanhada de perto, dela se diferenciando topograficamente de forma clara, muito embora o rebordo entre ambas raramente se exprima pronunciadamente. A espessura desta formação fluvial foi, porém, determinada a partir das observações efectuadas numa sondagem para pesquisa de água, implantada nas proximidades de Gândara dos Olivais, tendo sido calculada em cerca de 14 m.

As circunstâncias em que se procedeu à aferição deste último dado resultaram do facto de a formação fluvial F2 se espraiar por uma ampla superfície agricultada, onde se encontram tam- bém implantados alguns dos núcleos populacionais mais importantes da região. Consequente- mente, a própria observação do desenvolvimento estratigráfico dos seus sedimentos viu-se restringida aos dados oriundos da sondagem já referida e à análise de alguns cortes que sec- cionaram a sua parte superior.

Ainda assim foi possível estabelecer a existência na base da formação de um espesso nível de seixos rolados envoltos numa matriz areno-argilosa de cor castanha, assente no substrato miocénico, a que localmente se sobrepunha um outro de argilas arenosas de cor amarelada. Complementarmente, nos pequenos cortes observados, identificou-se a parte superior de uma cascalheira com uma matriz areno-argilosa, seguindo-se-lhe uma camada de limos arenosos, pouco argilosos, onde se vislumbrava o aparecimento de leitos sub-horizontais de seixos rolados e areões.

Em termos pedológicos identificou-se aí uma sucessão de quatro horizontes (TEXIER e CUNHA-RIBEIRO, 1991-1992). A um horizonte Ap, com cerca de 20 a 40 cm de espessura e decorrente das actividades agrícolas localmente desenvolvidas, sucedia um horizonte (B), com uma espessura de 25 a 30 cm e uma estrutura flóculada, apresentando uma coloração castanho- amarelada. Seguia-se um horizonte A’2 com 20 a 30 cm, uma estrutura massiva e cor amarelo- clara, evidenciando manchas avermelhadas cada vez mais numerosas à medida que se aproximava da respectiva base. Por último, surgia um horizonte B’t, visível numa espessura de cerca de 40 cm, com uma estrutura poliédrica grosseira onde se observavam revestimentos argilosos avermelhados nas faces estruturais dos principais agregados e em torno dos seixos rolados aí presentes.

5.2.1.3. A formação fluvial F3

A uma cota inferior à das duas formações anteriores e imediatamente sobranceira à actual planície aluvial, esta formação corresponde a uma plataforma que se desenvolve por 7 km ao longo da margem direita do Lis, entre o Arrabalde da Ponte, imediatamente a norte da cidade de Leiria, e as imediações do Outeiro Pelado, a jusante (vd. Folha A do Anexo Cartográfico).

Apesar de a altitude absoluta do seu topo variar significativamente entre perto dos 40 m, a sul, e cerca de 20 m a Norte, a inclinação geral desta formação corresponde também de perto ao perfil longitudinal do actual leito do rio. Do ponto de vista topográfico a sua individualização da planície aluvial adjacente encontra-se relativamente bem marcada, sendo por vezes mesmo sublinhada por um pronunciado rebordo. Já a sua delimitação da plataforma da formação flu- vial F2 que lhe está sobranceira se revela menos evidente, circunstância essa agravada pelo fac- to de na sua parte meridional o contacto entre ambas se efectuar ao longo da zona mais densUaU mente povoada pelo aglomerado populacional que se tem desenvolvido ao longo da EN 109.

Embora na zona imediatamente a sul de Regueira de Pontes esta formação tenha sido esventrada por extensos areeiros, não foi possível observar aí qualquer corte significativo para caracterizar a sua estrutura sedimentar e definir a respectiva espessura. Quando prospectámos a região a generalidade das explorações havia já sido abandonadas e os seus cortes mais expressivos encontravam-se destruídos por sucessivos derrubes. Em todo o caso, a dimensão de muitos dos areeiros indiciava uma espessura pouco superior a 10 m para esta formação.

Quanto à organização estratigráfica da formação fluvial F3, a análise efectuada restringiu-se quase por completo aos elementos coligidos em dois pequenos cortes nela localizados, ambos correspondentes à parte superior da formação, seccionada em cerca de 4 m (CUNHA-RIBEI- RO, 1992-1993). Basicamente identificou-se a presença de uma camada de areias de cor branca, intercalada por leitos discontínuos de areão e seixo miúdo que sublinham a sua estratificação horizontal ou ligeiramente oblíqua, por vezes afectada por pequenas figuras de carga. Pontualmente, em profundidade, observou-se a presença de um nível de seixos com matriz arenosa. Já nos locais onde o topo da formação não estava erodido, assinalou-se o desen- volvimento de uma coluvião pouco espessa (0,5 m) com uma constituição areno-argilosa.

Globalmente predominavam nesta formação os seixos de quartzito e de quartzo, enquanto as areias, raramente finas, eram na sua maioria quartzosas.

No que se refere à pedogénese registou-se apenas a existência de um solo lessivado Bt3 definido por delgadas camadas de argila de coloração avermelhada, enquanto o depósito coluvionar superficial se encontra afectado por um solo ocre podzólico.

5.2.1.4. A formação fluvial F4

rios, esta formação encontra-se amplamente desenvolvida por toda a bacia hidrográfica.

No vale do Lis ela aparece cerca de 2 km a montante da povoação de Cortes, apresentando contudo um desenvolvimento limitado até à passagem do rio por Leiria, altura em que ele atravessa sinuosamente o diapiro aí localizado. Para jusante as aluviões espraiam-se por uma planície significativamente mais ampla, atingindo nalguns pontos cerca de 1,5 km de largura. Estreitam-se de novo ligeiramente a montante de Monte Real, quando inicia o atravessamento do respectivo diapiro, para em seguida se tornar a alargar, alcançando a sua maior extensão antes da passagem do cordão dunar litoral.

No rio Lena as aluviões do fundo do vale surgem também cerca de pouco mais de 2 km a montante de Porto de Mós, apresentando até à sua confluência com o Lis características generi- camente similares às observadas no vale deste rio a montante de Leiria. A sua presença é ainda assinalada nos vales dos principais afluentes do Lena, caso das ribeiras da Calvaria e da VáUrU zea, ou nas ribeiras da Caranguejeira, dos Milagres e da Carreira que confluem para a margem direita do rio Lis, assim como nas ribeiras do Fagundo e Amor, tributárias da margem esquerda. A planície formada à superfície por estas aluviões apresenta naturalmente uma inclinação que segue de perto a do actual perfil longitudinal do leito do rio. Porém, a altitude de perto de 90 m que regista a montante de Cortes, quando confrontada com a cota de cerca de 25 m que é atingida junto a Leiria, revela uma inclinação bastante mais pronunciada do que a que se observa para jusante, onde a planície aluvial alcança uma altitude de 5m junto de Monte Real, apenas alguns quilómetros antes da sua foz. No vale do Lena a situação é idêntica, assinalando- se uma altitude de cerca de 125 m a montante de Porto de Mós, para passar para valores próximos dos 70 m nas imediações da Batalha.

Paralelamente, esta formação F4 evidencia um claro aumento da sua espessura ao longo do vale, de montante para jusante, como se verifica a partir da observação dos dados recolhidos em diversas sondagens aí implantadas. Enquanto junto de Leiria e para montante a espessura destas aluviões se situa por volta dos 10 m, nas imediações de Monte Real essa mesma espessura ul- trapassa os 20 m (TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968; MANUPPELLA, ZBYSZEWSKI e VEIGA FERREIRA, 1978).

No que se refere à sua organização estratigráfica, a caracterização desta formação fluvial baseou-se igualmente nas informações recolhidas em várias sondagens relativamente antigas, tanto mais que para jusante de Leiria os trabalhos de regularização do leito do rio efectuados no âmbito do projecto de irrigação do vale tenham obliteraram parcialmente a parte superior dos depósitos. Contudo, verifica-se ao longo de todo o vale a existência na base das aluviões de depósitos de cascalheira integrados numa matriz arenosa, os quais evidenciam uma espessura média de cerca de 4,5 m, por vezes com oscilações locais significativas (ZBYSZEWSKI, 1965a; TEIXEIRA e ZBYSZEWSKI, 1968; MANUPPELLA, ZBYSZEWSKI e VEIGA FERREIRA, 1978). Sobrepõe-se-lhes quase sempre depósitos com uma textura claramente mais fina, argilosos, argilo-limonosos e até turfosos, colmatados frequentemente por níveis mais

grosseiros, provavelmente depositados no decorrer das obras de regularização do vale e do leito do rio. Registe-se ainda que, próximo da foz, as aluviões apresentam na quase totalidade da sua espessura intercalações flúvio-marinhas significativas, características de uma sedimentação estuarina. Estas indicações corroboram aliás as informações provenientes de documentação histórica diversa que apontam para a existência na zona vestibular do rio Lis, na Idade Média, de uma ampla zona alagadiça, de características pantanosas, designada por UlmarT22T.