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2.5 REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO

2.5.2 Formas de representação do conhecimento

O conhecimento apresenta diferenciações bem nítidas a partir da Filosofia, que surgiu como primeira manifestação sistematizada do espírito. Em termos latos, costuma-se afirmar que a Filosofia estuda o mundo, o homem e os conceitos religiosos. Trata-se, de fato, de um

conjunto sistematizado de reflexões críticas sobre o homem e sua participação no Universo: perquire as causas, última de todos os seres.

A Filosofia dominou, a princípio, toda a área do Conhecimento, pois de Aristóteles a Kant não se fez atenta separação entre os conceitos filosóficos e os da Ciência. Pode-se dizer que essa distinção conceitual pertence à Idade Moderna, porque só a partir da Renascença é que ocorreu o surto das ciências empíricas, divorciadas da Filosofia.

Bacon (1620), ao estruturar o método experimental e indutivo, através de leis coerentemente formuladas, deu nova direção à mente humana, abrindo caminho para o progresso científico e para as grandes invenções.

Descartes introduziu a dúvida metódica no ato do pensamento, a fim de que não se aceitasse nada como verdadeiro, sem conhecê-lo evidentemente como tal. Era a consagração da certeza, substituindo a busca da verdade, que marcou durante séculos o campo das especulações filosóficas. Descartes vinha, assim, dar acabamento à posição já firmada desde Galileu e Newton.

Essa concepção foi abalada, nos últimos anos, com o avanço das ciências experimentais, pondo à mostra a fragilidade do dogmatismo científico.

Assim é que o princípio da indeterminação veio impor uma revisão do conceito de lei; que já não expressa uma causação necessária, mas uma causação provável: se A ocorre, então é provável que B ocorra, dada a relação entre ambos, expressa em termos estatísticos.

Essa visão, proporcionada principalmente pelas descobertas científicas mais recentes, oriundas da observação de fenômenos como os da dinâmica dos gases, da mecânica quântica e da expansão do Universo conhecido, entre outros – continha a concepção monista de lei: não como expressão de relações absolutamente certas e invariáveis, mas como uma probabilidade de informação e um princípio de classificação.

Desse modo, com a introdução do princípio da indeterminação, a certeza passou a ser relativa – variando segundo o método - e o conhecimento como um todo se tornou uma probabilidade maior ou menor de certeza. O importante já não é certeza de que ocorra o efeito B em razão da existência da causa A, mas a probabilidade de sua ocorrência.

É claro que se essas considerações se aplicam ao campo do Conhecimento, com mais forte razão devem incidir no das Ciências Sociais, onde jamais se cogitou da certeza absoluta. E tudo isso conta no momento da construção de uma Doutrina, ou seja, de um sistema de idéias destinado a racionalizar a ação humana no que esta tem de mais problemático e em que o jogo das probabilidades é denso e complexo: o campo da convivência e transmissão de conhecimento humano (ROSCHELE; TEASLEY, 1995; NOVICK; ELIZALDE; BEAN, 2007).

Ao se examinar conhecimento teórico, importante é ver também o seu aspecto prático, isto é, o instrumento intelectual da ação, que informa e aperfeiçoa constantemente a prática, desdobrada, por sua vez, em tecnologia e Arte. Permeando este conjunto encontra-se a Realidade como elemento concreto e de existência efetiva.

A representação do conhecimento é uma das chaves dos progressos indiscutíveis que ocorreram nos níveis teóricos e metodológicos nas relações entre gestão do conhecimento e ciências da computação (BALIERO, 2008). A humanidade atravessou fases de desenvolvimento agrícola e industrial, inicia agora a era do conhecimento.

O conhecimento com possibilidade de ser controlado, compartilhado e reutilizado é um dos mais importantes ativos de uma organização. Na ciência da computação um sistema arbitrário é interpretado como um agente racional que interage com seu ambiente visando representar da melhor maneira o conhecimento do domínio ao qual se propõe. Do ponto de vista da engenharia do conhecimento este sistema interage nas bases utilizando-se de seu mecanismo de troca, input/output. A organização do nível de conhecimento de uma base de dados baseia-se nas questões que estruturam esse conhecimento, tipo: o por quê?, questão diretamente relacionada com os objetivos da base; e o quê ?, questão diretamente relacionada com o conhecimento do domínio; e como ? questão que estrutura a forma de implementação das tarefas e o uso do conhecimento (NEWEL, 1993).

A utilização de uma memória corporativa é uma importante atividade na gestão organizacional, na aquisição de conhecimento, no armazenamento de dados, na retomada de informação e para utilização de sistemas de decisões de sustentação e suporte entre outros.

Memória organizacional é a representação explícita, persistente e “desencarnada” dos conhecimentos e informações de uma organização Têm a finalidade de facilitar o acesso, o compartilhamento e a reutilização do conhecimento pelos membros da organização no

desenvolvimento de suas tarefas (GARTNERGROUP, 2001). O reconhecimento formal (documental) do conhecimento organizado é o primeiro passo na criação da memória organizacional. Manter, avaliar e sustentar o conhecimento útil são ações que mantém a competitividade das organizações. O gestor do conhecimento é o timoneiro da memória organizacional focado na missão da organização, preserva e direciona o capital intelectual. Cabe-lhe ainda, a função de tornar acessível a base de conhecimento para disseminar, compartilhar, permitir a reutilização e a socialização (BUKOWITZ; WILLIAM, 2002).

Estruturar um domínio e formalizar um grupo de tarefas elementares de qualquer aplicativo pode ser difícil, visto que a linguagem semântica pode gerar um distanciamento entre alguns métodos gerais e abstratos, e consequente ambiguidade de informação no momento de reutilização do conhecimento. As técnicas de reutilização desenvolvidas devem ser formalizadas utilizando-se uma ou mais formas de representação do conhecimento, tais como: regras, lógicas ou estruturas, e para essa formalização é necessário que o conhecimento esteja previamente armazenado e tecnologicamente disponibilizado para ser gerido de maneira eficiente (CHARNIAK; GOLDMAN, 1991).

Por meio de técnicas da engenharia e gestão do conhecimento se tem desenvolvido processo para aquisição, armazenamento e inferência de conhecimento buscam-se uma linguagem semântica eficiente na geração e transmissão desse conhecimento. Ao se representar conhecimentos por meio de técnicas computacionais, há necessidade de se adaptar o conhecimento e seu grau de complexidade a um formalismo escolhido para melhor representá-lo. Atualmente há várias perspectivas de representação, citarei três formas de modelagem do conhecimento segundo Noy e McGuinness (2001):

 a epistemologia aplicada é uma forma de representação que utiliza uma base de dados ou programa computacional;

 módulo de pergunta e resposta, resulta de dois procedimentos, o primeiro busca acrescentar um novo conhecimento a uma base dados, que resulta na modificação desta base. O segundo procedimento consiste na análise da compatibilidade deste novo conhecimento com o interesse do domínio que pode ter como resposta o aceite ou não desse novo conhecimento;

 incorporação de sistemas de linguagens computacionais, nesta forma de representação utilizam-se vários sistemas conectados para coletivamente representar os conceitos.