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2.3 SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO

2.3.2 FORNECEDOR

O Fornecedor, é a outra parte que ocupa um dos pólos da Relação de Consumo, abastecendo o mercado com produtos ou prestação de serviços.

No Código de Proteção e Defesa do Consumidor, o conceito de Fornecedor se encontra regulado pelo artigo 3º, que assim dispõe:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeiro, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes

das relações de caráter trabalhista79.

Ressalta-se que, em uma análise ao artigo mencionado se observa que o código incluiu no conceito de Fornecedor todos aqueles agentes que fornecem bens e serviços em caráter habitual ao mercado, desta forma,

78BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos, p.83.

Fornecedor passou a ser o gênero de todos os agentes que atuam neste pólo da Relação de Consumo.

A respeito da ligação da figura do empresário com o Fornecedor, esclarece Marcelo Kokke Gomes80:

O fornecedor é um gênero de empresário, atuando como o direcionador da organização intrínseca da empresa a fim de que esta se destine a gerar produtos e serviços para o mercado, visando sua utilização final. Assim, pode-se ter, por exemplo, uma empresa de pesquisa nuclear sem que sua pessoa jurídica, ou física, direcionadora seja um fornecedor, mas, se a empresa vier a produzir energia elétrica para a população local, o seu empreendedor se tornará também fornecedor.

Várias são então as espécies de atividades desenvolvidas pelo Fornecedor.

Assim, o fabricante será aquele que realiza uma transformação material no bem, a montagem, a criação e a transformação são as fases da atividade de fabricação. O produtor, liga-se à atividade extrativista ou agropecuária, ao passo que o construtor, liga-se à atividade imobiliária, na área de edificação. Importador é aquele que insere no mercado interno de um Estado, de forma lícita, produtos fabricados ou em circulação no mercado externo. O comerciante é o Fornecedor imediato do produto, é o intermediário entre a produção e o consumo, auferindo lucro nesta intermediação. A atividade de distribuição, é um tipo de comercialização. E por fim, temos a prestação de serviços, que consiste em uma atividade remunerada objetivando determinado resultado.

No tocante a natureza do Fornecedor, esta pode ser privada ou pública, nacional ou estrangeira, não havendo no direito do Consumidor brasileiro distinção entre eles, uma vez que todos estarão submetidos às mesmas exigências.

Eis, novamente o ensinamento do doutrinador Marcelo Kokke Gomes81 acima mencionado ao informar que:

Os Fornecedores podem mesmo não possuir personalidade jurídica, atuando como, por exemplo, sociedades de fato, o que não exclui qualquer dever perante os Consumidores.

Conforme anteriormente analisado, Fornecedor é considerado o gênero da várias espécies de agentes que atuam no mercado de trabalho, os Fornecedores podem ser das seguintes modalidades: Fornecedor real, Fornecedor aparente e Fornecedor presumido, que serão analisados separadamente a seguir.

Segue o posicionamento de Marcelo Kokke Gomes82 ao comentar sobre a figura do Fornecedor real:

O Fornecedor real é toda que física ou jurídica que participa da realização e criação do produto acabado ou de parte componente do mesmo, inclusive a matéria-prima, ou seja, é o fornecedor final assim como o fornecedor intermediário.

Já o Fornecedor aparente é aquele que assume a figura do Fornecedor perante o Consumidor, apesar de não o ser realmente. Na verdade, ele assume a figura de Fornecedor real a partir de meios publicitários, por oposição de marca ou sinal característico, por se apresentar como garante da qualidade do produto ou do serviço.

E por fim, temos ainda o Fornecedor presumido que é aquele que embora não participe da criação, montagem, construção ou fabricação do produto, assume uma figura intermediária entre o Fornecedor real e o Consumidor. Ademais, merece esclarecer que podem ainda ser Fornecedores presumidos o importador e o comerciante.

No tocante aos entes despersonalizados mencionado pelo

81GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor, p. 148. 82GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor, p.148.

código como Fornecedor, frisa-se que estes entes em regime de exceção podem confrontar-se com o exercício da prática consumista, embora com as reservas e restrições que venham a ser impostas.

Cumpre ainda esclarecer a definição compreendida pelo § 1º do artigo 3º, referente a palavra produto. Esta deve ser entendida como sendo um bem, ou o fruto da produção elaborado por alguém e colocado ao comércio para satisfazer as necessidades humanas.

Já no que diz respeito a palavra serviço mencionada no § 2º do mesmo artigo 3º, esta se refere a uma atividade fornecida aos Consumidores, geralmente com o intuito lucrativo, tendo, como regra uma remuneração econômica como contraprestação.

Um dos pontos que divergem na doutrina é com relação a profissionalidade de quem presta o serviço para ser considerado Fornecedor.

Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal Pai Moraes83, encaram a

questão do requisito da profissionalidade como sendo essencial, afirmando que o espírito teleológico do CDC é igualar os desiguais, motivo pelo qual é tentado pela Lei Protetiva igualar o Consumidor ao Fornecedor profissional, pois eles, na relação de direito material, são naturalmente desiguais, exatamente por causa do elemento profissionalidade, que contém idéias de prevalência de conhecimentos técnicos, costume em realizar determinada atividade, reiteração, organização tendente à obtenção de um resultado finalístico lucrativo, etc....

Embora possa ter essa divergência doutrinaria, certo é que, o código não excluiu a profissionalidade do prestador de serviço para ser considerado Fornecedor, apenas se limitou ao mencionar que serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração.

83BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos, p. 91.

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