• Nenhum resultado encontrado

II. A tradução da primeira parte

2.4. Os fragmentos portugueses confrontados com as cópias castelhanas

2.4.2. Fragmento 30

Ao contrário do que acontece com o fragmento 29, cuja matéria legível é mais extensa, no fragmento 30 notam-se poucas diferenças relativamente às lições que cada testemunho castelhano oferece. Por outro lado, detetam-se divergências entre o texto na língua de partida e o português, resultado de opções de tradução. Dos 112 loci analisados, A coincide com 30 por 53 vezes contra as 47 concordâncias de B e as 43 de D. No caso de D, note-se que 3 loci não puderam ser confrontados devido aos buracos no manuscrito castelhano. Apesar de estatisticamente haver maior concordância com A, são poucos os casos em que 30 concorda com A contra as lições de B e D.

30 = A ≠ B e D

Neste caso, a concordância entre 30 e A dá-se pelo emprego dos mesmos tempos verbais. Porém, é interessante notar as omissões presentes em 30, que oferece um texto mais reduzido. A opção «mando» poderá ser uma leitura errónea de «marido».

1) os enganara e a Eua porque a a escutara e consselhara e o mando e a elle porque o comera. Lançou os logo do parayso (rI, 1-4)

A. los engañara, e a Eva porque la escuchara e lo consejara al marido, e a él porque lo comiera e lo croviera. E echólos luego de paraíso

B. porque los engaño, y a Eua porque los escuchara y lo consejara al marido y a el porque lo creyera y lo comera. E echolos de parayso

D. porque los enganara e a Eua porque los ascuchara e lo conseiara al marido e a el porque lo crouiera e lo comjera e echolos [de para]yso que los enganara e a Eua porque los ascuchara e lo conseiara al marido e a el porque lo crouiera e lo comjera e echolos [de para]yso

A General Estoria em Portugal

Os casos em que D diverge de todas as outras versões colacionadas deve-se, sobretudo, ao que se pode identificar como erros de cópia, como saltos ou más leituras do antígrafo.

1) lançado do parayso. E enuyou os ambos a Ual de Ebrom, honde fora feito Adam, e aa terra onde fora formado que laurassem e uiuessem hy. E quando os lançou do parayso deu llxe humas pellicas (rI, 8-12)

A. echado de paraíso. E enviólos a amos en uno a val de Ébron, ó fuera fecho Adam, a la tierra donde fuera formado, que labrassen e visquiessen ý. E cuando los echava del paraíso dioles unas pelliças

B. echado de parayso. E enbiolos a amos en vno a Val de Ebron do fuera fecho Adam a la tierra donde fuera formado que labrasen y biujessen y. E quando los echaua del parayso dioles vnas pelliças

D. echado del parayso dioles vnas p[e]ll[ica]s

2) <...>zem que em aquelle lançamento do paraiso (rI, 20)

A. Dizen que en aquella echada del paraíso B. Dizen que en aquella echada del parayso D. dize que enn aquella echada del parayso

3) otras casas en nom em as couas

A. otras casas si non en las cuevas B. otras casas sy non en las cueuas D. otras cosas sy non en las cuevas

4) em huma gr<...> boa coua que hy acharom (rI, 41)

A. en una grand cueva e buena que fallaron ý B. vna grant cueua y buena que fallaron

Mariana Soares da Cunha Leite

D. en vna grand cueua e gran que fallaron y

5) Nom o diz Moysem nem nos <...> o achamos (rII, 50-51)

A. non lo dize Moisén nin nós non lo fallamos B. non lo dize Moysen njn nos non lo fallamos D. no lo dizen Moysen njn nos non lo fallamos

30 = A e D ≠ B

Os mesmos fenómenos de divergências detetados acima parecem repetir-se quando se estabelecem os loci onde todos os testemunhos concordam contra B.

1) porque os enganara (rI, 1-2)

A. porque los engañara B. porque los engaño D. porque los enganara

2) Ca diz em este lugar (rI, 5)

A. Ca diz en este logar B. E dize en este logar D. Ca disen en este lugar

3) do que laurassem pam (rI, 45)

A. con que labrassen por pan B. con que labrase pan D. com que labrasen pan

A General Estoria em Portugal

O único caso no fragmento 30 em que este coincide com B e D contra A é a opção pela designação «gerações» em vez de «gentes».

1) Das geeraçõoes de Adam (rII, 9)

A. De las gentes de Adam B. De las generaçiones de Adam D. de las generaçiones de Adam

Outras especificidades: opções de tradução e saltos em 30

Aqui omitiu-se o verbo «crer», que surge – embora em ordens diferentes na frase – em todas as versões castelhanas.

1) e a elle porque o comera. Lançouos logo do parayso (rI, 3-4)

A. e a él porque lo comiera e lo croviera. E echólos luego de paraíso. B. y a el porque lo creyera y lo comera. E echolos de parayso

D. a el porque lo crouiera e lo comjera e echolos <...>yso

É possível que a construção sintática «maneira e caminho» vise corrigir uma primeira redação errada de «carreira», já que este termo aparece em outros lugares na tradução. Também se deve sublinhar a inserção, para maior especificação, do termo «terreal».

2) forom em cuydado de buscar maneira e caminho de se tornar aaquelle parayso terreal (rI, 49-49)

A. fueron en cuidado de meterse a buscar la carrera e tornarse de cabo a aquel paraíso

Mariana Soares da Cunha Leite

B. fueron en cuydado de meterse a buscar la carrera y tornarse de cabo a aquel parayso

D. fueron enn cuidado de meterse a buscar la carrera e tornarse de cabo a aquel parayso

3) entrassem outra uez e comessem daquelle fruyto da aruor do bem e do mal nom de<…> Deus. E pos Deus na <…> huma espada de fogo (rI, 52-rII, 3)

A. entrassen de cabo e de la fruta de aquel árvol de saber el bien e el mal comiessen [numca después podrién morir, e esto non querié] Dios, puso él en la [entrada del paraíso un ángel con] una espada de fuego

B. entrasen de cabo y de la fruta de aquel arbol de saber el bien y el mal comjesen nunca despues podrien morir y esto non querie Dios. Puso El a la entrada del parayso vn angel con vna espada de fuego

D. entrasen de <...> e de la fruta de aquel arbol de saber el bien e el mal comiesen nunca despues podrien morir e esto non querie Dios, puso El en la entrada del parayso vn angel con vna espada de fuego

Interessante a versão do fragmento, que prefere enfatizar a palavra divina – mandar – em vez da sua ação – fazer, como ditam os testemunhos castelhanos.

4) se o Deus nom mandasse (rII, 4)

A. si Dios lo non fiziés B. sy Dios lo non fiziese D. sy Dios lo non fizies

5) diremos adiante (rII, 9)

A. diremos agora B. diremos agora D. diremos agora

A General Estoria em Portugal

6) fazer seus filhos et ueerom a esto desta guisa (rII, 13)

A. fazer sos fijos. E vinieron a la razón d’ello d’esta guisa B. fazer sus fijos y vinjeron a la rrazon dello desta guisa D. a fazer sus fijos e vinieron a la razon dello desta guisa

7) muy asperos <…> e maaos por penas montes e aug<...> (rII, 22-22)

A. muy asperos [e muy traviessos] e muy malos por peñas e montes e ag[uas] B. muy asperos [muy traujesos] y muy malos por peñas y montes y ag[uas] D. muy asperos [muy traujesos] e muy malos por peñas e montes e ag[uas]

Esta divergência é fundamental para que possamos determinar a tradução preservada nos fragmentos TT como portuguesa: aqui, o tradutor afirma perentoriamente a língua para a qual verte do castelhano: «portugues», o que é uma inovação em relação à generalidade das ocorrências de tradução de sintagmas que referissem a língua de Afonso X para galego-português. Como acima fizemos notar, em F este fenómeno nunca sucede, e mesmo nos fragmentos é único. Porém, permite-nos denominar esta como sendo a tradução portuguesa – pois o texto assim o afirma – da

General Estoria.

8) e poserom lhe nome Caym. E segundo diz Ramiro em a Declaraçom da Bibria tanto quer dizer em nosso lynguajem portugues como herdamento (rII, 34-37)

A. e pusiéronle nombre Caín. E Caín, assí como dize Ramiro en los Esponimientos de la Biblia, tanto quiere dezir en el nuestro lenguage de Castiella como heredamiento B. y pusieronle nombre Cayn y Cayn, asy como dize Rramjro en los Esponjmjentos de la Briuja, tanto quiere dezjr en el nostro lenguaje de Castilla como heredamjento D. pusieronle nombre Caym et Caym, asi como dize Ram[...] en los Esponimientos de la Blibia tanto quiere dezir en el nostro lenguagen de Castiella como heredamiento

Mariana Soares da Cunha Leite

No âmbito de uma certa latinização da língua que se verifica a partir do início do século XV440, é curioso notar que «conviene a saber» é substituído na tradução por

uma abreviatura latina, «.s.», com o significado de scilicet.

9) segundo conta o quarto capitulo do genesy: Herdey homens .s. por Deus. E naçeu a Adam e Eua de huum parto huma filha (rII, 38-40)

A. Assí como cuenta el cuarto capítulo del Génesis: - Herede omne (e conviene a saber que por Dios). E nació a Adam e a Eva con Caín d’un parto una fija

B. asi como cuenta el quarto capitulo del genesis: herede onbre, conujene a saber que por Dios. E nasçio a Adan y Eua con Cayn de vn parto vna fija

D. ansy como cuenta el quarto capitulo del genesis: herede home, conujenn a saber que <...> Dios e nasçio a Adam e Eva con Cayn de vn parto vna fija

10) posto quesse faziam a eua muyto dos filhos cada ayr aas suas tetas. E como quer que diz<…> algu<…> estereadores que Adam e Eua fezerom outros filhos (rII, 46-49)

A. peró que se fazién a Eva mucho dos fijos a ora a sus tetas. E comoquier que dizen algunas de las estorias que Adam e Eva otros fijos fizieron

B. pero que se fazjen mucho a Eua dos fijos a ora a sus tetas. E como quier que dizen algunas de las ystorias que Adam y Eua que otros fijos fizjeron

D. pero que se fazien mucho a Eva dos fijos a hora a sus tetas. Et como quier que dizen algunas de las estorias que Adam e Eva que otros fijos fizieron

A.

A General Estoria em Portugal

No documento A General Estória de Afonso X em Portugal (páginas 172-179)