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Frequência com que os professores colaboram com a biblioteca escolar no âmbito dos projetos de leitura

Parte II – ESTUDO EMPÍRICO

4. Apresentação e interpretação dos dados recolhidos

4.2. Práticas de trabalho colaborativo desenvolvidas por professores e professores bibliotecários no âmbito dos

4.2.1. Frequência com que os professores colaboram com a biblioteca escolar no âmbito dos projetos de leitura

Com que frequência colaboram os professores com a biblioteca escolar no âmbito dos projetos de leitura?

A biblioteca escolar é apontada, na literatura analisada, como um espaço fundamental para a promoção da leitura porque promove muitas atividades e congrega esforços mas exige, também, o empenho e envolvimento de toda a comunidade em

torno das atividades que propõe (Osoro, 2002). Este envolvimento da comunidade em torno de objetivos comuns pode também ajudar a desenvolver trabalho colaborativo.

No sentido de percebermos se as comunidades educativas das escolas participantes neste estudo se envolvem nas atividades, promovidas pela biblioteca escolar, relacionadas com o livro e a leitura, servimo-nos de alguns dados preexistentes, recolhidos dos inquéritos realizados a uma amostra de professores das três escolas, no âmbito da autoavaliação das bibliotecas escolares. Estes professores pertencem a vários grupos disciplinares e não têm nenhuma relação direta com a biblioteca ou com o professor bibliotecário, não integrando o chamado grupo de professores colaboradores; são 46 no total (respetivamente, 12 da escola A, 15 da escola B e 21 da escola C). No entanto, considerámos que estes dados poderiam ser interessantes porque nos dão uma imagem da dinâmica do trabalho das bibliotecas e, simultaneamente, mostram em que áreas é que os professores em geral mais se articulam com a biblioteca.

Os dados recolhidos nos inquéritos de autoavaliação realizados nas três escolas não revelam grandes discrepâncias. Quando questionados sobre a frequência com que se envolvem em atividades articuladas com a biblioteca escolar, os professores inquiridos no conjunto das três escolas responderam do seguinte modo: 22 dos inquiridos, que constituem 45% desta amostra de professores, consideram que se envolvem “Quase sempre/regularmente” em atividades articuladas com a BE e 18 inquiridos, (37%) referem que se envolve “às vezes/ocasionalmente”. Apenas 5 inquiridos (10% do total da amostra) referem que se envolvem “Sempre” e 4 dos inquiridos (8%), que “Nunca” se envolvem. O facto de 82% dos inquiridos considerar que se envolve “quase sempre/regularmente” e “às vezes/ ocasionalmente” parece- nos revelar que a biblioteca escolar consegue criar dinâmicas e envolver grande parte dos professores em atividades que promove, o que também é confirmado porque apenas 8% dos inquiridos afirma que nunca se envolve. O gráfico nº 13 apresenta estes resultados.

Gráfico Nº 13 – Frequência com que os professores se envolvem em atividades articuladas com a BE

Nestes mesmos inquéritos, para a autoavaliação da biblioteca, também se perguntou aos professores com que frequência é que colaboravam com a biblioteca escolar na criação/exploração de novos ambientes digitais para desenvolver a leitura. Esta questão interessou-nos porque nos permitiu cruzar resultados com uma questão semelhante, que apresentámos aos professores colaboradores no nosso inquérito por questionário. As respostas dos professores àquela questão foram as seguintes: 15 inquiridos (37,5% do total da amostra) referiram colaborar “às vezes/ocasionalmente”; 12 inquiridos (30%) disseram “nunca” colaborar; 10 professores (25%) consideraram que colaboravam “quase sempre/regularmente”; e 3 dos inquiridos (7,5%) afirmaram colaborar “sempre”. Estes resultados demonstram que a biblioteca não está a conseguir envolver os professores na criação e exploração de novos ambientes digitais para desenvolver a leitura e os professores reconhecem-no porque 30% do total das três escolas afirma nunca colaborar enquanto que 37,5% considera que só colabora “às vezes/ocasionalmente”. Estes dados são também confirmados pelos próprios professores colaboradores que na avaliação que fizeram sobre se consideravam que na sua escola “se trabalha o livro e a leitura com recurso a ambientes digitais e ferramentas da web 2.0” se mostraram muito indecisos, sendo que 25% não revelou a sua opinião, 18% optou por não responder e 7% afirmou que discordava. Podemos dizer que as bibliotecas têm ao seu dispor uma ferramenta muito

estimulante, a Web 2.0, para as ajudar a promover o trabalho colaborativo, mas que ainda não a utilizam de modo significativo.

Gráfico Nº 14 – Frequência com que os docentes colaboram com a BE na criação/exploração de novos ambientes digitais para desenvolver a leitura

Porém, no que diz respeito à colaboração dos professores com a biblioteca escolar em eventos culturais para desenvolver a leitura/literacias, deparámo-nos com resultados muito diferentes nos mesmos inquéritos (efetuados no âmbito da autoavaliação das bibliotecas). Num total de 46 inquiridos, 17 (37%), consideram que colaboram “quase sempre/regularmente”; 16 (35%) que colaboram “às vezes/ocasionalmente”; 12 (26%) afirma que o faz “sempre”; e, apenas 1 inquirido (2%) refere que “nunca” colabora. Destes valores destacamos a percentagem dos professores que referem que colaboram sempre e o facto de só 1 professor nas três escolas referir que nunca colabora, porque consideramos que estes dados são significativos da colaboração que professores e biblioteca escolar conseguem desenvolver nesta área. Estes resultados poderão também apontar para uma conceção de biblioteca como um centro de promoção de atividades culturais, o que faz com que os professores se sintam mais estimulados para colaborar com a biblioteca neste tipo de atividades.

Gráfico Nº 15 – Frequência com que os docentes colaboram com a BE em eventos culturais para desenvolver a leitura/literacias

Uma vez que a relação entre trabalho colaborativo e as atividades propostas pelo Plano Nacional de Leitura tem também constituído um dos aspetos a indagar neste estudo, analisámos ainda as respostas que os professores deram à questão que lhes foi colocada nos inquéritos para a autoavaliação da biblioteca e que dizia respeito à frequência com que os docentes colaboram no âmbito de atividades relacionadas com o PNL. Analisando o total das respostas das três escolas verificamos que a maioria dos professores revela colaborar no âmbito destas atividades, pois apenas 6 inquiridos, que correspondem a 13% do total, afirmam que “Nunca” colaboram. Dos restantes, 37% considera que colabora “quase sempre/regularmente”, 33% “às vezes/ocasionalmente” e 17% chega mesmo a firmar que colabora “Sempre”. Se focarmos a nossa atenção nos resultados por escola encontramos algumas diferenças. A escola A é aquela onde um maior número de professores (5 docentes que correspondem a 42% dos inquiridos nesta escola) afirma que colabora “Sempre” nas atividades do âmbito do PNL. E a escola C apresenta a maior percentagem de inquiridos (4, que correspondem a 20% do total de inquiridos desta escola) que revela que “Nunca” colaboram em atividades no âmbito do PNL. No entanto, pensamos que estes resultados estão relacionados com a tipologia das escolas. A escola A é uma básica integrada que tem alunos do primeiro, segundo e terceiro ciclo. A escola C é uma secundária que tem também alunos do terceiro ciclo. Ora as atividades propostas pelo PNL dirigem-se preferencialmente ao público do ensino pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos e só muito pontualmente é que visam os alunos do ensino secundário, pelo que

o envolvimento de professores que lecionam o ensino secundário nunca é tão significativo.

Gráfico Nº 16 – Frequência com que os docentes colaboram no âmbito de atividades relacionadas com o PNL

Paralelamente, quisemos também conhecer a frequência com que o professor colabora com o professor bibliotecário no âmbito do projeto de leitura. Estes dados foram recolhidos nos inquéritos por questionário que realizámos aos professores colaboradores e dizem respeito apenas às práticas de trabalho colaborativo que se desenvolvem entre o professor bibliotecário e os professores colaboradores. Da análise realizada aos dados recolhidos nas três escolas constatamos que a frequência com que os professores colaboradores trabalham com o professor bibliotecário é variável. Os nossos inquiridos apenas revelam coesão ao não assinalarem a opção “Nunca” na frequência com que colaboram com o professor bibliotecário. O Gráfico nº 17 apresenta os resultados por escola e os totais das três escolas, o que nos permite perceber as tendências gerais e, simultaneamente, apercebermo-nos das diferenças entre escolas.

Gráfico Nº 17 – Frequência com que o docente colabora com o professor bibliotecário no âmbito do projeto de leitura

Os resultados da escola A, tal como se verificou anteriormente na análise dos dados dos inquéritos realizados aos professores em geral, no âmbito da autoavaliação da biblioteca escolar, demonstram uma maior frequência nas relações colaborativas, uma vez que a maioria dos nossos inquiridos nesta escola afirma colaborar “diariamente” (4 docentes) e/ou “uma ou duas vezes por semana” (3 docentes) com a biblioteca escolar. A escola B também revela algum equilíbrio, apesar de 2 dos inquiridos considerarem que só colaboram “uma ou duas vezes por período”. Na escola C encontramos uma frequência ligeiramente inferior, pois nenhum inquirido assinala que colabora “diariamente”; apenas 1 docente refere que colabora “uma ou duas vezes por semana” e 3 docentes referem que “raramente” colaboram. Analisando o total das respostas (apenas 27, porque um dos inquiridos não respondeu a esta questão) deparamo-nos com as seguintes percentagens: 19 % dos docentes colabora “diariamente”; 26% “uma ou duas vezes por semana”; 18% “uma ou duas vezes por mês”; 26% “uma ou duas vezes por período”; e, 11% “raramente”. Perante estes valores, poderemos afirmar que a frequência de colaboração não é elevada, mas também temos consciência que não é claro o que é que os docentes envolvidos consideraram como sendo “frequência de colaboração”.

Concluindo, não é linear a resposta à questão “Com que frequência colaboram os professores com a biblioteca escolar no âmbito dos projetos de leitura?”. Os dados

recolhidos permitem-nos obter dois tipos de resultados: por um lado, a frequência com que os professores, em geral, se envolvem em atividades do projeto de leitura; por outro lado, a frequência com que os professores colaboradores trabalham diretamente com o professor bibliotecário na preparação/desenvolvimento de atividades no âmbito do projeto de leitura. No primeiro caso, constatamos que, tendo em conta os dados preexistentes, os professores se envolvem com bastante frequência nas atividades promovidas pela biblioteca escolar, uma vez que 82% dos inquiridos revelou envolver- se “quase sempre/regularmente” e “às vezes/ocasionalmente”. Mas esse envolvimento é mais recorrente em “eventos culturais para desenvolver a leitura/literacias” do que na “na criação/exploração de novos ambientes digitais para desenvolver a leitura”. Os professores também referem que colaboram com frequência nas atividades relacionadas no âmbito do PNL, apesar de, neste item, se notarem grandes diferenças entre as escolas. Já relativamente ao segundo caso, constatamos que a frequência com que os professores colaboradores colaboram com o professor bibliotecário é variável mas, globalmente, ocorre com pouca regularidade.

4.2.2. Relações de trabalho entre o professor bibliotecário e os