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Parte II – ESTUDO EMPÍRICO

3. Procedimentos metodológicos

3.1 Métodos de recolha de dados

3.1.1. O inquérito por questionário

Entre os vários instrumentos usados para a recolha de dados, os questionários são, provavelmente, um dos mais usados.

Neste estudo aplicámos um inquérito por questionário aos professores que fazem parte das equipas coordenadoras dos projetos de leitura e/ou que colaboram diretamente com esses projetos (Anexo II), de forma a obter rapidamente uma grande quantidade de dados. Elaborámos previamente uma matriz de objetivos do questionário (Anexo I), que apresentava como finalidades gerais:

 Caracterizar a amostra;

 Caracterizar a relação da escola com a promoção da leitura;

 Conhecer as conceções dos professores acerca do trabalho colaborativo, do PNL e da biblioteca escolar;

 Conhecer as práticas dos professores no desenvolvimento de projetos de leitura;  Conhecer o tipo de colaboração que os professores desenvolvem com o professor

Tendo em conta a matriz e as questões que sustentam esta investigação, passámos à elaboração do inquérito que foi dividido em cinco partes:

I – Caracterização pessoal e profissional (questões 1.1 a 1.8); II - A Escola e a promoção da leitura (questões 2.1 e 2.2);

III - Conceções sobre o trabalho colaborativo, o Plano Nacional de Leitura e a biblioteca escolar (questões 3.1 a 3.7);

IV - Práticas no âmbito de projetos de leitura (questões 4.1 a 4.6); V - Colaboração com o professor bibliotecário (questões 5.1 a 5.5).

Na primeira parte, procurámos recolher dados que nos permitissem caracterizar os professores que colaboram nos projetos de leitura para procurar relacionar essa caracterização com as conceções e práticas desses mesmos professores.

Na segunda parte, pretendemos conhecer as opiniões dos professores colaboradores relativamente ao trabalho que se realiza na escola, no âmbito da promoção da leitura. Considerámos necessário recolher estes dados para percebermos se estes professores consideram que a sua escola possui aquilo que chamamos de “cultura de leitura”. Estes dados serão depois cruzados com outros recolhidos de inquéritos aplicados a professores, no âmbito da autoavaliação da biblioteca escolar, de modo a validar parcialmente as respostas dos professores colaboradores inquiridos no nosso estudo.

Com o terceiro grupo de questões pretendemos conhecer as conceções dos professores colaboradores em várias áreas. Relativamente ao trabalho colaborativo, procurámos recolher dados que nos permitam perceber como é que os professores colaboradores interpretam o conceito de colaboração, quais consideram ser os seus benefícios e quais são os fatores que, na sua opinião, mais dificultam e mais facilitam o desenvolvimento de trabalho colaborativo nas escolas. Com vista a cruzar posteriormente estes dados com os recolhidos no inquérito por entrevista à professora bibliotecária, sentimos necessidade de utilizar, para as quatro últimas questões, listas com um conjunto de itens, já identificados pela literatura e por outros estudos no âmbito desta temática, que são apontados como mais relevantes e que nos permitirão uma análise mais fundamentada. Julgamos que se optássemos por questões abertas iriamos obter uma diversidade de informações que poderia ser depois muito difícil de trabalhar. No entanto, estamos conscientes que a apresentação destas listagens pode condicionar à partida as respostas dos inquiridos. Apesar de termos permitido que acrescentassem à lista apresentada um outro item que considerassem importante, poucos foram os inquiridos que o fizeram.

No que diz respeito às conceções sobre o Plano Nacional de Leitura e a biblioteca escolar, pretendemos conhecer a opinião dos inquiridos e, tal como aconteceu para a primeira parte do inquérito, cruzar estes dados com outros recolhidos de inquéritos aplicados a professores, no âmbito da referida autoavaliação da biblioteca escolar.

A quarta parte do inquérito visou: conhecer o envolvimento dos professores colaboradores nos projetos de leitura e o conhecimento que têm do que lhes é inerente; caracterizar as relações de trabalho que se estabelecem com os outros parceiros envolvidos no projeto de leitura; identificar as práticas que são desenvolvidas no âmbito dos projetos de leitura. Nesta parte foram utilizadas questões de diferentes tipos, inclusivamente uma questão aberta (onde se pedia que explicassem como é que se nota a evolução das práticas de trabalho colaborativo na escola). No entanto, verificou-se que muitos dos inquiridos não responderam a esta questão.

Na última parte procurámos perceber como é que os professores e os professores bibliotecários colaboram; pedimos, ainda, que os professores classificassem algumas valências relacionadas com o papel do professor bibliotecário e que fizessem um balanço da sua experiência de trabalho e colaboração com o professor bibliotecário.

O inquérito por questionário foi constituído por perguntas fechadas ou de escolha múltipla e apenas uma questão aberta, pois considerámos que esta última nos poderia proporcionar uma maior riqueza de informação, permitindo que os inquiridos dessem a sua opinião sem se sentirem condicionados. Em termos formais, optou-se, então, por elaborar questões do tipo lista, categoria, escala e, como já dissemos, uma questão aberta.

As questões de listagem visaram a seleção de várias alíneas para obter um quadro com as categorias mais vezes selecionadas pelos inquiridos. As questões de categorização, mais simples porque exigem apenas uma resposta, foram utilizadas para recolher dados mais objetivos e direcionados. As escalas foram as mais comuns porque correspondem a processos de medição de opiniões ou atitudes, as quais pretendíamos conhecer. Uma das escalas de medição de atitudes mais utilizada é a de Likert e foi essa que adotámos.

“As escalas de Likert pedem aos inquiridos que indiquem o grau de concordância ou discordância em relação a determinada afirmação ou série de afirmações, considerando uma escala de cinco ou sete pontos. As respostas são depois pontuadas, geralmente de 1 (discordância total) a 5 (concordância total).“ (Bell, 2010:196-197)

O questionário foi previamente validado, realizando-se, em março de 2011, a aplicação de um inquérito pré-teste. O inquérito por questionário foi testado com professores que faziam parte de um grupo semelhante ao que iria ser objeto de estudo: três professores que integram uma equipa relacionada com um projeto de

leitura de uma outra escola do concelho de Oeiras. Pretendeu-se, ao testar este inquérito, descobrir os problemas que o inquérito apresentava, de modo a que os indivíduos a quem o inquérito iria ser aplicado não sentissem dificuldades em responder às questões colocadas.

Aos professores a quem foi aplicado este inquérito teste foram colocadas as seguintes questões (Bell, 2010:129):

1. Quanto tempo levou a completar o questionário? 2. As instruções eram claras?

3. Achou alguma questão pouco clara ou ambígua? Se sim, qual(ais) e porquê?

4. Opôs-se a responder a alguma questão?

5. Na sua opinião, foi omisso algum tópico importante? 6. Considerou o formato do questionário claro/atraente? 7. Tem algum comentário a fazer?

A resposta a estas questões e as sugestões para melhorar/alterar o inquérito apresentadas pelos professores permitiram depois a revisão e reformulação do questionário. No entanto, as alterações nos inquéritos prenderam-se mais com aspetos formais de elaboração das questões do que com aspetos de conteúdo.

Depois do processo estar concluído, contactámos a Comissão Nacional de Proteção de Dados para saber se, tal como está definido no Despacho nº 15847/2007, seria necessário solicitar autorização para aplicar este questionário. Foi-nos dito que neste caso não se aplica a Lei 67/98 de 26 de outubro, Lei da Proteção de Dados Pessoais, uma vez que não se recolhe qualquer dado que identifique ou torne identificável os inquiridos.

Foram, então, entregues, em abril de 2011, dez inquéritos em cada escola. Foram entregues diretamente aos professores bibliotecários que os distribuíram pelos colaboradores mais diretos. Os inquéritos foram devolvidos em maio de 2011. Da escola B só nos chegaram oito inquéritos, pelo que a amostra total se ficou pelos vinte e oito inquéritos (o que confere com a informação que consta no quadro nº 3, previamente representado).