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2. Análise dos padrões de backscatter

2.1. Fundo de natureza sedimentar

2.1.1. Padrão textural de backscatter Sa

O padrão Sa caracteriza-se por apresentar um backscatter fraco e homogéneo, sem estruturas morfo-sedimentares evidentes (Fig. V.5). Por vezes são observadas ligeiras variações na intensidade no backscatter, mas na maioria das ocorrências, o padrão afigura-se monótono. Em termos de distribuição espacial, relativamente às sonografias analisadas, este é o padrão de

backscatter que maior área ocupa, sendo observado no Mar da Ericeira, Vale Submarino da

Ericeira e Monoclinal da Lourinhã. No universo das amostras estudadas coincidentes com a ocorrência do padrão Sa, a análise granulométrica realizada por Balsinha (em prep.) indica tratar-se de uma areia média a fina (2-4 phi) no Monoclinal da Lourinhã, Vale Submarino da Ericeira e metade sul do Mar da Ericeira, enquanto que na metade norte deste mesmo sector da plataforma continental média, a granulometria varia entre 4 e 6.5 phi, i.e., uma areia fina siltosa a um silte arenoso.

Fig. V. 5 – Padrão backscatter Sa. Notar a grande monotonia no registo, sem qualquer variação de tonalidade. Ver

localização na Fig. V.20.

2.1.2. Padrão textural de backscatter Sb

O padrão Sb (Fig. V.6) apresenta, regra geral, um backscatter fraco, de tonalidade cinza clara, mas ligeiramente mais escura que o padrão Sa. Outra característica deste padrão é o facto de exibir, com frequência, variações de intensidade do sinal, apresentando áreas fechadas de limites difusos, provavelmente, resultado de da existência de sedimentos de granulometria diferente. Por vezes o padrão da “bolsada” assemelha-se ao padrão Sa, enquanto que em outras ocasiões, a tonalidade é um pouco mais escura do que a do próprio padrão Sb.

Embora não sendo exclusivo, o padrão de backscatter Sb está muitas vezes associado a corredores sedimentares que entrecortam afloramentos rochosos ou estão encastoados nas bordaduras destes. Neste caso, as manchas são de tonalidade mais escura que o próprio padrão e resultam de um enriquecimento localizado em fracções mais grosseiras, principalmente de componente biogénica.

Fig. V. 6 – Padrão backscatter Sb. Notar que, comparativamente com o padrão Sa, a tonalidade é ligeiramente mais

escura. Na sonografia observa-se um domínio de sedimentos mais grosseiros, de backscatter de média intensidade (padrão Sb), comparativamente com sedimentos definidos pelas pequenas manchas de padrão Sa, cujo backscatter é de fraca intensidade. Ver localização na Fig. V.20.

2.1.3. Padrão textural de backscatter Sc

O padrão Sc caracteriza-se por apresentar sonografias de textura uniforme com elevada intensidade de backscatter (Fig. V.7), revelando domínios sedimentares de granulometria grosseira

a muito grosseira. Sempre que foi possível confrontar estes padrões com as amostras de sedimentos estudadas por Balsinha (em prep.), o sedimento correspondeu invariavelmente a uma areia cascalhenta, por vezes passando a cascalho arenoso (0 e -3 phi). Embora se registem pequenos corpos e manchas encastradas nas depressões das rochas, o padrão Sc ocorre predominantemente na plataforma média e interna, a norte do paralelo da Ponta da Lamparoeira. Este é o sector que Dias et al. (1981b) caracterizaram como sendo uma boa mancha para explorar inertes.

Do ponto de vista das características morfo-sedimentares, este padrão de backscatter estabelece, no sector da plataforma média e interna a norte do paralelo da Ponta da Lamparoeira, campos de

wave-ripples simétricas, de crista direita, com um comprimento de onda médio de 4.7 m e cerca de

50 cm de altura, dispostas segundo as direcções NNE-SSW a NE-SW (azimute médio 037), conforme se pode observar na Fig. V.7. Noutros locais onde o padrão se observa, não obstante a direcção se manter razoavelmente constante, o comprimento de onda das ripples baixa para cerca de metade.

Fig. V. 7 – Sonografia onde se observa, a leste, um depósito sedimentar constituído por areias grosseiras que

tipificam o padrão backscatter Sc. Fruto da interacção da agitação marítima, estas areias desenvolveram um campo de

wave-ripples de crista direita cujo alinhamento se encontra perpendicular à direcção da ondulação dominante vinda de

noroeste. A oeste observa-se o flanco ocidental da Bacia da Lourinhã, o qual é formado por bancadas de rochas do padrão textural de backscatter Rb (ver descrição do padrão adiante), com uma espessura aparente de 47 m, com orientação segundo NW-SE (azimute 136) e inclinação para sudoeste. A preencher a depressão causada por S0 encontram-se sedimentos idênticos aos do depósito sedimentar a leste. Estas bancadas parecem estar afectadas por intenso diaclasamento orientado segundo NE-SW ortogonal à direcção da estratificação. Ver localização na Fig. V.20.

2.1.4. Padrão textural de backscatter Sd

O padrão Sd caracteriza-se pela presença de fortes contrastes texturais de backscatter, exibindo formas irregulares, coexistentes com fundos onde ocorrem padrões do tipo Sa e/ou Sb (Fig. V.8). À semelhança do padrão Sb, este padrão também ocorre associado a zonas de afloramento rochoso, principalmente entre as batimétricas dos -100 / -150 m, funcionando quase sempre como zona de transição entre o afloramento rochoso e o padrão Sb ou Sa. Balsinha (em prep.) identificou uma forte componente bioclástica na constituição da fracção areia dos sedimentos que caracterizam Sd.

Fig. V. 8 – Sonografia onde se observam corpos sedimentares de granulometria grosseira a muito grosseira,

possivelmente heterométrica (textura rugosa), sem estruturas morfo-sedimentares (backscatter de tonalidade escura do tipo Sc) coexistindo com domínios sedimentares de granulometria mais fina (backscatter de tonalidade clara do tipo Sa). Ver localização na Fig. V.20.

2.1.5. Padrão textural de backscatter Se

O padrão Se apresenta estruturas morfo-sedimentares alongadas do tipo sand-ribbon, de comprimento decamétrico a hectométrico, terminação em bisel e orientação geral segundo NNE- SSW (Fig. V. 9). Estas estruturas apresentam uma elevada intensidade de backscatter (tipo Sc), desenvolvendo-se sobre terrenos onde o padrão de backscatter envolvente varia entre os tipos Sa e

Sb. As estruturas mais bem definidas ocorrem nos flancos do Pico Focinho, em torno dos -160 m

de profundidade. Registos de ocorrência também no Mar da Ericeira, entre os -80 m e os -125 m.

Fig. V. 9 – Padrão backscatter Se. Nesta sonografia observam-se estruturas morfo-sedimentares alongadas do tipo

sand-ribbons, com um comprimento superior a 480 m e orientação predominante NNE-SSW (azimute médio 019).

Estas estruturas são constituídas por sedimentos grosseiros, de forte componente bioclástica, a qual em termos de fácies acústica resulta no forte contraste de backscatter porquanto o fundo é constituído por areias finas. Ver localização na Fig. V.20.