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SUMÁRIO: 1.3 1 Introdução - 13 2 No serviço pubiico —13 3 Na iniciativa privada

13.1 In t r o d u ç ã o

O ca rá te r p roietivo da nova legislação assegurou à m ulher vitimizacla urti punhado de garantias Cercou-a de cuidados sem des­ cuidar da necessidade que ela tem de prover o próprio sustento. Para isso precisa continuar trabalhando, Quando do rompimento do vín­ culo familiar, jfór episódio de violência doméstica, no mais das vezes deixa a vítima de contar com o auxílio do varão que, de um modo geral, é o provedor da família. Por isso é bem-vinda a absoluta novidade trazida pela 1 eí*Maria da Penha ao assegurar a preservação do vínculo íat\oral da mulher vítima da violência dom éstica, trabalhe ela no ser­ viço público ou nà iniciativa privada É .garantida prioridade de re-

m a ç w ,à..Í,UIKimiánn.p,úblic a (arL,.9 .°, § 2 .M ) .c n ia iu iL e n çã o ^ v ín -

cijilo trabalhistajpor até seis mes.es (art. 9.°. $2.°JLe. 11). sem p fe^ ue^ tais providências se fizerem necessárias para preservar sua integrida­ de física e psíquica.

Recebendo q.,miz o pedideurte.medida protetiva de nrgênci.a_QU o ipqnérirn policial, ou ainda qualquer demanda intentada pela víti­ ma ou pelo Ministério Público, vendo_a_neçe_ssidade de afastá-la do local de trabalho para garantir sua integridade física ou psíquica, ele impõe a m anutenção da relação em pregatíciá. Sequer é necessário qúè o pedido seja formulado Basta que o magistrado autorize o afastamento da vítima de sua residência e determine seu ahrigamento em cásá de passagem Às claras qtte, para não ser descoberta pelo agressor, não poderá continuar trabalhando, pois com isso é fácil o agressor desco­ brir seu paradeiro, basta segui-la na saída do serviço

13 2 No S E R V I Ç O P Ú B L I C O

Quando se tratar de funcionad a pública o acesso prioritário à remoção é assegurado pelo juiz a requerimento cia parte ou do M in i~ térip Público. A iniciativa pode ser de ofício, contanto qnp a pia nãosp optonha a vítima,. A possibilidade de ser concedido este direito não se limita ao procedím ento em que há a solicitação de medidas protetivas

Também ao receber o inquérito policial ou durante a.instrução do processo crime, pode ser assegurado o direito à rem oção, contanto que reconheça o juiz sua necessidade

Como sustenta Sérgio Ricardo de Souza através de uma interpre­ tação sistemática e valorativa do sistema jurídico, onde a garantia da dignidade da servidora se sobrepõe ao interesse da adm inistração, justifica-se a determ inação de sua rem oção independente mesmo da existência de cargo vago.1 Dai o alerta de Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto: Talvez tivesse andado m elhor o legislador, se cogitasse da possibilidade de ser d eterm inado o afastam ento da ser vidora, sendo ela colocada em disponibilidade ou à disposição de outro órgão público,2

A medida abrange todos os entes públicos das esferas federais. estaduais e municipais. Ainda assim o juízo com petente é a justiça estadual. A decisão caKeaos luizados de Violência Doméstica é Fam i­ liar contra a Mulher - IVDFM. Enquanto estes não forem criados se­ rão apreciados pelas Varas Criminais. A medida pode ser concedida nos incidentes das medidas protetivas ou durante a ação p en al O mesmo direito à rem oção pode ser assegurado na jurisdição cível, que permanece com a com petência das ações de família envolvendo vio­ lência doméstica Assim, por exemplo, em demanda de separação de corpos, cujo fundamento é violência doméstica, se a vítima pede,para se afastar do lar com um e pretende mudar de cidade, para resguardar sua inte.gridade física, é imposilivo que lhe seja assegurado o direito a ser transferida

Reconhecida a necessidade de a vítima ser afastada de seu traba­ lho, a decisão que solicita a rem oção prioritária p rnmnnirfidn-^pln

1 Sérgio Ricardo de Souza, ComaUürios ã Lei de Combate à Víofêíicm. /.:v60. 2 Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinio, Violência doméstica, 5 2

GARANTiA DO TRABALHO 9 5 r

j u i z à adm inistração pública. Descumprida a determ inação o agente público quei da administração direta, quer da indireta, responde pelo crime de desobediência..3

Nada impede que a vitima pleiteie esse beneficio em sede admi­ nistrativa, com provando os episódios de violência. Inaceito o pedi­ do, pode sei buscada a via judicial. Quando for caso de funcionária municipal ou estadual, a transferência somente é possível no âmbito territorial da correlata unidade federativa.4

13.3 N a INICIATIVA PRIVADA -

Reconhecendo o magistrado, de oficio, a requerimento da parte oiydo Ministério Público a necessidade de a vítima manter-se afas.tada do trabalho, com unica a decisão à empresa empregar! ora; que trm_a obrigação de cum prir a determinação judicial.

A com p etên cia para decidir sobre a m anutenção do vinculo empregatício à vítima de violência doméstica é do JVDFM.. Enquanto não criados, a providência cabe ao juiz criminal. No aguardo da insta­ lação dos juizados especializados, peisiste o juízo de família com com ­ petência para apreciar as demandas que têm com o causa de pedir a violência doméstica. Assim, intentada a ação, com o pedido de garan­ tia de ordem trabalhista, o juiz da Vara de Família é o com petente para a concessão da medida Sergio Pinto Martins, sustenta que a com pe­ tência deveria ser dajustiça do Irabalho, por força da previsão do inciso I do art. 114 da Constituição FederaL Se a qu estão diz respeito a o tra ­

b alh o e a o afasta m en to do trabalh o, com petente deve ser o ju iz do tra b a ­ lho p a ra d eterm in ar o afastam en to e não o c r im in a l5 Sem razão, como

se trata de litígio estranho à relação de emprego, a com petência não pode ser da justiça trabalhista

A eventual inobservância ou desconsidetação do empregador pode acarretai a imposição das penas relativas ao descum prim ento de ordem judicial, a ser postulada perante o mesmo juízo do qual em a­

3 CP, art 3 3 0 : D esobedecer a ordem legal de funcionário püblico ; j 4 Pedro Rui da Fo n to u ra Porto, A notações preliminares à Lei 11 3 4 0 /2 0 0 6 e

suas repercussões .. ,

5 Sergio Pinto M artins, M anutenção do con trato de trabalho em razão de violência dom éstica, 4

nou a determ inação.6 Também o responsável pela empresa responde r r irniniilmpni e. pois seu agir configura crim e de desobediêhcia. Na hipótese de a vítima ser demitida depois de o em pregador ter recebido a com u n icação do juiz, fica sujeito a reclam atória trabalhista com pedido de reintegração e restabelecimento do vínculo rom pido.7

A I^ei Maria da Penha não faz referência ao pagamento do salário e nem à natureza do licenciam ento. O afastamento d o.trabalhojjor

deie]niinacãoiudíciainã^^j3.c^mü^lies^.ah'ada,naX"õnsoIidacão,das.

LeTFcfõ' Trabaljio. Não há previsão de ser o empregador obrigado a “proceder ao pagamento nos termos do contrato de trabalhp Também não se encontra entre as hipóteses de que a ausência do empregado nãó é considerada falta ao serviço (CLT, arts. 131 e 4 7 4 ) Assim, cabe questionar se o afastamento determinado judicialmente é de suspen­ são ou interrupção do vínculo trabalhista. Caso sé trate de suspensão rlih-rontrato de trabalho, sofre a mulher grave conseqüência em sua situação, pois deixará de ieceber salário quando, não taras vezes, já se encontra privada do auxílio do marido ou com panheiro ag ressor8

De outro lado, não há como considerar que ocorre interrupção do contrato de trabalho, o que oneraria sobremodo o empregador que seria obrigado a pagar o salário da empregada, sem que possa contar com a respectiva contraprestação, pelo prazo de até seis meses. Aliás, terá de pagar duas vezes: Em prol da empregada afastada e em favor daquela que a substituiu.9 A tendência é considerai cmc se tiata da^ hipót ese de hcenca não rem unerada. Se n^íT/Iíra/ingação de p a g a r s a ­

lários, é p erío d o de*súspensâo dos cjeÁtos do co n tra io de tra b a lh o 10 Em

face da regra da comutatividade das prestações, som ente por expressa previsão legal ou convencional poderia ser exigida a contraprestação salarial, sem a prestação de serviços 11 C om o o leg isla d or n ão f e z distin­

6 M aria do Perpetuo Socorro W anderíey dc Castro, A Lei Maria da Penha e o con trato de trabalho, 4

7 Pedro Rui da Fo n to u ra P orto, A notações prelim inares à Lei 11 3 4 0 /2 0 0 6 e suas repercussões.

8 Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto, Violência domcstícíi. 53 9 Idem, 5*1

10 Sergio Pinto M artins, M anutenção do co n tra to de trabalho em razão de violência dom éstica, 4

11 Maria do Perpétuo S ocorro W anderíey de C astro A Lei M aria da Penha e o con trato de trabalho, 4

GARANTIA DO TRABALHO 9r7

ção, o intérprete n ão p od e qu erer v er na lei d eterm in a çã o no sentido de m an dar p a g a r s a lá rio s 12

Esta é a orientação que vem encontrando cada .vez mais.adepios. mas,..às claras, não a tende, aos .propósitos da LeiMaria.da Penha^Man- tido o vínculo laborai, mas não percebendo salário, não pode arranjar outro trabalho e nem pleitear auxílio-desemprego Assim, ou cai na econom ia inform al ou terá com prom etida a própria subsistência. Com o há previsão legal autorizando o afastamento, que decorre de determ inação judicial, a ausência não pode ser considerada falta ao trabalho ou abandono do emprego. A solução mais adequada é a sugerida por Rogério Sanches Cunha e. Ronaldo Batista Pinto: A sus­ pensão do contrato de trabalho, no qual a mulher teria mantido seu vínculo empregatício, porém não recebendo salário do empregador, mas sim do órgão previdenciário, a exemplo do que ocorre na licença gestante e na ausência do empregado por acidente cio trabalho.13

De qualquer forma, são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à sua categoria (CLT, art. 471)., Igualmente, o período de ausência não tem qualquer reflexo nem para o cálculo da proporção do período de fe­ r i a s , e nem para fins de incidência do FGTS e contribuição previden- ciária,

Cabe aten tar que determ ina a lei a p reserv ação do vínculo empregatício O objetivo d a n orm a e n ão rescin dir o con trato d e tra b a ­

lho. É m an tê-lo 15 A garantia é assegurar a vigência cio contrato duran­

te o afastamento e não depois deste p eríodo, A qu estão não e de m an ter

o vinculo de em prego depois dos seis meses, mas de o contrato cie trab alh o não p o d er ser rescin dido nos Seis m eses de afastam en to 16

12 Sergio Pinto M artins, M anutenção do con trato dc trabalho em íazão de violência dom éstica, 4

13 Rogério Sanchcs Cunha e Ronaldo Batista Pinto, Vioíêiiria doméstica, 54 14 Maria do Perpétuo Socorro W anderley de Castro, A Lei Maria da Penha e o

con trato de trab alh o.

15 Sergio Pinto M artins, M anutenção do con traio de trabalho em razão dc violência dom éstica, 4