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Geografiade organizar e conhecer a localização, a distribuição e a freqüência dos

fenômenos naturais e humanos.

Ao trabalhar com o espaço geográfico, a Geografia constata a existência de fenômenos localizados no espaço geográfico ou integrantes a ele como unidade definida. Identifica também fenômenos que, por causa da ação do homem e dos grupos sociais como organizadores/apropriadores do espaço, se espacializam, passando a fazer integrante desse mesmo espaço. Esses registros não são somente espaciais em termos de uma delimitação de ocorrência (princípio geográfico da extensão), mas representam também situações de intensidade e ritmo, que se registram e se analisam mediante procedimentos matemáticos, constituídos por gráficos, tabelas e mapas. Nos dois primeiros instrumentos, estão presentes os elementos eminentemente matemáticos de quantidade e de ritmo. No elemento “mapas”, existem também os elementos matemáticos, mas entram também os componentes espaciais (localização) e a seletividade dos fenômenos apresentados. Gráficos, tabelas e mapas constituem registros que implicam o domínio de determinadas tecnologias, e é exatamente por intermédio de sua execução que o estudioso de Geografia registra e sintetiza suas constatações, possibilitando, além da comunicação em si, igualmente um registro para sua própria análise, por meio de reflexão e da comparação dos dados registrados.

Tanto para a elaboração de documentos – mapas, tabelas e gráficos – quanto para a análise do espaço geográfico, o estudioso de Geografia deve conhecer os fundamentos da escala e principalmente saber utilizá-la de forma adequada. No caso da escala cartográfica, quem a manipula deve ter em conta que os fatos a serem representados devem comportar uma dimensão que se adapte tanto às disponibilidades funcionais de espaço para a representação, como e principalmente aos níveis da visão que se pretende obter no processo de representação. Trata-se de uma relação matemática que implica um processo de seletividade dos fatos, na medida em que, utilizar um grande número de fatos diversificados num espaço de representação reduzido também reduz a legibilidade do documento. Além do mais, essa representação escalar deve considerar o ideal do espaço de ocorrência dos fatos a serem representados.

No que diz respeito à escala geográfica, trata-se efetivamente de uma visão de mundo, escolhida pelo estudioso de Geografia, evidentemente, fundamentado nos elementos de análise que se pretende realizar. No caso da escala geográfica, embora os números de redução possam existir, o fato fundamental é a dimensão das relações que se pretende obter pela escolha seletiva dos fatos que serão visualizados ou representados.

Entre a escala geográfica e a escala cartográfica existem alguns elementos de coerência que implicam não só a precisão numérica da representação espacial mais adequada, mas também o tratamento adequado à seletividade dos fatos a serem visualizados. Essa coerência é expressa pelas ordens de grandeza, cuja escolha é fundamentada em princípios científicos, que devem ser trabalhados com os

educandos; nesse caso, não só estamos diante de uma lógica matemática como também trabalhamos com a funcionalidade dos fatos a serem trabalhados.

O segundo grupo de competências trabalha basicamente com práticas de investigação e compreensão, dando à Geografia os apetrechos adequados para a base investigatória que deve integrar o trabalho científico na disciplina. São as seguintes as competências estabelecidas para esse grupo:

• Reconhecer os fenômenos espaciais a partir da seleção, comparação e interpretação, identificando as singularidade ou generalidades de cada lugar, paisagem e território.

• Selecionar e elaborar esquemas de investigação que desenvolvam a observação dos processos de formação e transformação dos territórios, tendo em vista as relações de trabalho, a incorporação de técnicas e tecnologias e o estabelecimento de redes sociais;

• Analisar e comparar, interdisciplinarmente, as relações entre preservação e degradação da vida no planeta, tendo em vista o conhecimento de sua dinâmica e a mundialização dos fenômenos culturais, econômicos, tecnológicos e políticos que incidem sobre a natureza, nas diferentes escalas – local, regional, nacional e global.

A primeira das competências a ser buscada implica, de início, um procedimento de identificação dos fenômenos espaciais e de sua conseqüente localização. Há também uma proposta concreta de seleção qualitativa, uma vez que os fenômenos geográficos são múltiplos e de complexidades variadas, e portanto, sua escolha deve estar associada ao direcionamento dos fatos que estão sendo estudados.

Nesse contexto, entram também os procedimentos comparativos e interpretativos, que se sucedem à eleição seletiva dos fenômenos. O grupamento espacial desses fenômenos será definido por suas peculiaridades, interferindo assim diretamente na identificação do tipo de unidade espacial a que se referem, constituindo assim unidades como lugar, paisagem ou território, definidos por sua constituição e por sua característica de existência espacial. O saber identificar os fenômenos, selecioná- los e alinhá-los dentro das diferentes unidades espaciais constitui tecnologias a serem dominadas, compondo-se essas tecnologias de elementos característicos da Ciência Geográfica.

Outra unidade espacial é o território, igualmente de grande importância na estruturação do espaço geográfico apropriado/organizado pelos grupos humanos. O território mostra, por si mesmo, essa estruturação, que é passível de entendimento e explicação e, portanto, precisa ser decodificado face às manifestações visíveis. É preciso ainda ter em mente que, ao se estruturar dentro de um território, um grupo, ou uma unidade organizada, estabelece uma territorialidade, cuja delimitação implica o domínio de uma tecnologia, assim como a análise dos pressupostos e dos mecanismos dessa territorialidade constituem também um domínio de tecnologia específica da Geografia. O estabelecimento da territorialidade pressupõe a identificação dos processos de formação e transformação dos territórios, os quais vão incorporando técnicas e definindo redes, cujo mecanismo é também um elemento

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