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Gestão de Antônio Nei de Sousa* (1993-1996): desafios, pragmatismo e continuidade administrativa

CAPÍTULO IV – ASCENSÃO E DOMÍNIO POLÍTICO DOS EMPRESÁRIOS NO ESTADO DO CEARÁ: SUA REPLICAÇÃO NO MUNICÍPIO DE PEREIRO

4.3. Gestão de Antônio Nei de Sousa* (1993-1996): desafios, pragmatismo e continuidade administrativa

Antônio Nei de Sousa é filho do ex-vereador Raimundo Matias de Sousa, eleito em 1966, e de Maria Mocinha de Sousa. Iniciou suas atividades escolares no colégio Virgílio Ferreira Lima e o Ensino Fundamental no Centro Educacional Ovídeo Diógenes, ambos em Pereiro. Depois migrou para Fortaleza aos 13 anos de idade, onde cursou o Ensino Médio no Colégio Farias Brito. Em seguida fez vestibular, ingressando no curso de Direito da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Antônio Nei76, quando adolescente, esteve diretamente ligado a grupos de intervenção social em Pereiro. Participou do Grupo de Jovens da cidade, cujos integrantes lideravam as manifestações culturais do município e organizavam movimentos a fim de melhorar condições educacionais da cidade. Em 1993, com 27 anos idade, solteiro, formado em Direito, assume o Executivo Municipal de Pereiro. Entretanto, apesar de pouca idade, direciona sua administração com pragmatismo e racionalidade administrativa. Seu objetivo principal é dar continuidade aos trabalhos realizados na gestão do seu antecessor e correligionário, José Irineu de Carvalho. Sua administração foi marcada pela devastadora seca de 1993, tornando-o conhecido, conforme Peixoto (2013, p.224), como “o ´homem do arroz`, titulação que recebeu por este ter sido um dos produtos disponibilizados aos agredidos pela feroz estiagem”.

Antônio Nei segue os objetivos e dá continuidade ao modelo de gestão pública iniciado pelo antecessor, que confirma em sua entrevista de 2013, que “... o Antônio Nei foi prefeito também com o mesmo sentimento [...] Ele administrou numa linha muito semelhante a minha”. Segundo Pacelle (1996, p.09), “Construindo o futuro, foi o slogan adotado em campanha e, realmente, cumpriu. Quem chega a Pereiro sente que ali está alicerçada uma administração operosa e de obras marcantes que por si mesmas, falam”.

O crescimento do associativismo no período 1993 a 1996 foi intensivo. Quando Antônio Nei assumiu a prefeitura, havia três associações comunitárias operando e outras em processo de registro. Ao final da sua gestão, existiam 21 associações comunitárias. As associações comunitárias é a principal via de interlocução do prefeito com a sociedade civil organizada que, participando e opinando, percebe o resultado da sua

76Que “Durante o seu mandato foi escolhido entre os trinta melhores prefeitos do estado do Ceará [...]

participação por meio da realização de suas demandas. Assim “Era a eletrificação rural que chegava, o posto de saúde que chegava, a máquina agrícola, o trator que chegava à comunidade, era o abastecimento d’água que chegava” (Entrevista nº 19, 2013, p. 08), assim fortalecendo o vínculo entre a sociedade e o governo municipal.

Paralelo ao crescente associativismo local, o Projeto São José e Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável (CMDS) foram fundados no município. Enquanto as associações pressionavam o governo municipal e estadual por suas demandas, o Projeto São José se tornaria parceiro na assistência à agricultura comunitária e construção de açudes em parceria do governo do estado com o Município e comunidades local. O CMDS tornou-se o órgão de levantamento das demandas comunitárias e espaço decisório das ações do Executivo Municipal. A respeito do funcionamento do CMDS, o ex-prefeito Antônio Nei nos falou o seguinte:

Na minha gestão eu admirava porque nós formávamos um Conselho, que era um Conselho para aprovar as obras que nós pediríamos ao governo, quer dizer, a decisão não era do prefeito, a decisão não era do vereador, a decisão era desse Conselho Comunitário que envolvia as Associações Comunitárias, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Igreja Católica, a Câmara Municipal, a Prefeitura, o Ministério Público; isso nos permitiu nos fortalecer muito porque as comunidades diziam: eu vou ajudar porque eu sei que isso vai sair, vai ser realizado. Isso foi uma contribuição fundamental. (Entrevista nº 19, 2013, p. 08).

Com o PSDB no auge do poder nas instâncias federal, estadual e municipal, Antônio Nei conseguiu recursos institucionais e políticos favoráveis à realização do seu projeto de governo. Além disso, detinha grande maioria no Legislativo Municipal, pois elegera nove vereadores dentre os 11 componentes da Câmara Municipal. Também contou com o apoio do deputado estadual “Mauro Filho que pertencia ao grupo político do governo, que tinha um sentimento muito forte por Pereiro, portanto, dentro das possibilidades do governo do estado não nos faltou nada” (Entrevista nº 19, 2013, p. 04), disse o entrevistado.

Nesse percurso, aproximam as eleições gerais do Brasil. José Irineu já reconhecido pela competência administrativa e seu prestígio político com o governo

peessedebista no estado, se candidata a deputado estadual l99477. Com o apoio do

prefeito Antônio Nei e demais setores sociais do município, recebeu a maior votação no município, 4.171 votos. Enquanto Nelson Otoch candidato deputado federal, com quem fizera dobradinha política recebe 2.644 votos, os quais alcançam os primeiros lugares em votos no município. No entanto, Mauro Filho também do PSDB, que intermediava recursos e obras do estado para o município, rompe com Irineu e Antônio Nei e aproxima-se do vice-prefeito Raimundo Estevam Neto.

Além de perder a intermediação que detinha com o deputado Mauro Filho, Antônio Nei não recebe a devida atenção dos deputados federais Sérgio Machado78 e Nelson Otoch. Algo não esperado pelo prefeito. Entretanto, segundo o ex-prefeito, a falta de intermediação dos deputados não o impediu de buscar recursos em Brasília através de outros parlamentares. O prefeito recorreu a parlamentares de diversos partidos, para conseguir para a Secretaria de Educação, para a construção da Casa de Cultura e recursos para acervo de livros. Dentre os que o auxiliaram, estava o senador Beni Veras (PSDB), senador Lúcio Alcântara, o deputado federal Roberto Pessoa (PFL), deputado Federal Inácio Arruda (PC do B), o deputado Federal Firmo de Castro (PSDB) e o deputado Federal Pinheiro Landim.

Sobre a busca de recursos, Antônio Nei disse o seguinte:

Eu procurei recurso até do deputado José Jenuino, não consegui nada com ele. Na época eu era oposição, mas eu não tinha isso, eu ia a Brasília e batia na porta dos deputados e realmente pedia e conseguia. E dessa forma nós conseguimos fazer várias obras no município. (Entrevista nº 19, 2013, p. 05).

77Desde então, ocorreu o rompimento entre José Irineu e o deputado Mauro Filho, que se aproximou do

vereador e ex-vice-prefeito Raimundo Estevam Neto. Essa disputa eleitoral resultou em desdobramentos políticos posteriores que influenciaram na derrota eleitoral dos candidatos a prefeito municipal apoiado por José Irineu em Pereiro em 2004 e 2008.

78Sérgio Machado obteve o apoio do prefeito José Irineu na eleição de 1990, consegue grande votação em

Pereiro, 2.098 votos. Nelson Otoch, com o apoio do Antônio Nei, recebeu 2.644 votos nas eleições de 1994 no município. Havia, portanto, grande expectativa por parte do prefeito Antônio Nei de receber recursos desses deputados para a sua gestão. Entretanto, segundo Antônio Nei, surgiram os seguintes obstáculos: Sérgio Machado foi para o Senado e o Nelson Otoch estava iniciando sua carreira política, portanto, não contribuíram com o seu governo. Contribuíram antes e após o seu governo, significativamente, com as gestões do prefeito José Irineu. Esse fato relativo ao não atendimento de demandas do prefeito Antônio Nei pelos deputados que apoiara eleitoralmente no município configura que “O vínculo e o compromisso com o município são traduzidos pelo apoio e votos obtidos. Mas se nem todas [nenhuma ou poucas] as solicitações são atendidas por estes deputados recorre-se a outros parlamentares”. (BEZERRA, 1999, p. 30). Neste caso, busca-se, conforme Bezerra, “obedecendo a uma ordem de prioridade, todos aqueles que ´tiveram votos no município`, ´outros deputados também do estado`, e ´deputados que não tinham nada a ver`”.(IDEM). Assim fez o prefeito Antônio Nei.

Tendo o auxílio de técnicos capacitados com formação universitária, inclusive, por intermédio da adesão de setores da sociedade civil organizada, dirigiu sua gestão nas seguintes áreas de trabalho: Educação e Cultura, Urbanização, Saúde, Construção de Açudes, Eletrificação Rural, Fortalecimento do Associativismo, dentre outras realizações. Na realidade deu continuidade ao que o prefeito José Irineu, seu antecessor, havia iniciado no período de 1989 a 1992.

Com sua postura liberal, o prefeito Antônio Nei (1993-1996), segundo Eugênio Capelle, “administrou a cidade na base da participação. O cidadão teve espaço para opinar, criticar e ajudar na sua obra administrativa. Voz que se expressou nas várias entidades da sociedade civil a exigir, fiscalizar e orientar a ação administrativa” (CAPELLE, 1996, p.05). Entretanto, no primeiro ano de sua gestão, enfrentou um grande obstáculo, a seca de 1993; que segundo um ex-vereador do PDSB

A gestão do Antônio Nei foi uma sequência do que o Irineu havia iniciado. O Antônio Nei, na época era um rapaz muito novo com ideias de contribuir com o município, mas, lamentavelmente, logo no primeiro ano pegou uma seca muito grande, e você sabe o que uma seca no Nordeste significa. Mas mesmo jovem, assim com pouca idade conseguiu administrar bem com as dificuldades da época. Deu assistência à população carente e depois deu continuidade aos projetos que ele tinha para o município. Fez uma administração considerada boa aqui no município. (Entrevista nº 13, 2013, p. 03).

A seca de 1993 que atingiu todo o estado, castigou o município de Pereiro, exigindo do prefeito atenção prioritária para o atendimento aos flagelos e males advindos da seca, pois, havia urgência do atendimento em frentes de serviços e alimentação básica para saciar a fome da população mais carente atingida pela seca. A imagem e impacto da seca no município foram retratados pelo historiador Adauto Odilon da Silva:

Outra seca total, terrível e cruel, devasta todo o Nordeste, onde há escassez d’água e de forragem para manutenção dos rebanhos que já começam a definhar e morrer. 50% dos pereirenses estão sofrendo as agruras da sede e da fome. A situação é verdadeiramente dramática. O êxodo rural é uma constante, reprovável e impiedosa realidade. O flagelo que faz parte dessas chamadas “frentes de serviços” repositório

de tristes e vergonhosas reminiscências e que retratam muito bem a miséria e o abandono do povo nordestino, que está recebendo insignificante diária de 60,00 cruzeiros para seu sustento e a sobrevivência da família, sofrida e carente de uma vida mais justa e mais humana. (SILVA, s.l., s.d, p.II)

Além da situação de seca, a inflação em 1993 no Brasil era de cerca de 80% ao mês, portanto, o que o município recebia de recursos devia aplicar rapidamente, caso contrário, a inflação reduziria o que havia dos recursos. Por outro lado, a inflação era positiva no quesito contratação de serviços e pagamento do funcionalismo, porque quando o prefeito, suponhamos, concedia aumento do salário do funcionalismo, a inflação superava em pouco tempo o aumento concedido.

Para amenizar os efeitos provocados pela seca79, Antônio Nei conseguiu frentes de serviços e doação de alimentos, ou seja, criou mecanismo e enfrentou o problema. Segundo entrevistado que presenciou suas ações, “ele deu uma assistência total aos flagelados, aos atingidos pela seca, é tanto que ele ficou conhecido em Pereiro como ‘o homem do arroz’, porque ele distribuiu arroz para todo mundo”. (Entrevista nº 15, 2013, p.04). Os cuidados e atenção aos flagelados da seca, segundo Antônio Nei, salvou a vida de muitas crianças do município.

A seca é vista por nativos e vereadores do município como obstáculo à gestão municipal, no entanto, para o ex-prefeito de Pereiro, Raimundo Estevam Neto, a seca, apesar do prejuízo em produção agrícola, perda do rebanho e escassez dos recursos hídricos, politicamente não é ruim para o gestor municipal. Para ele, a seca é benéfica em atração de recursos. Vejamos, literalmente, o que disse o ex-prefeito:

79 “Nós temos comunidades que estão distante, aproximadamente, 25 quilômetros da sede do município.

E essas pessoas saíam a pé de suas comunidades, das suas casas e iam para Pereiro. Nunca tentaram saquear e nem saquearam o comércio. Mas vinham porque estavam com fome; porque eu não acredito que a pessoa ande 25 quilômetros, quer dizer, e essas pessoas não estejam com um sentido, quer dizer, e o sentido era fome, a fome. A fome do pai, da mãe, era o desespero de ver os filhos com fome, de ver os filhos acordarem sem terem nada para comer, e nós de imediatamente criamos mecanismos e juntamos o pessoal da administração, eu tomei essa decisão, todos os vereadores me apoiaram na época. Eu não tenho o que questionar do apoio deles, muito pelo contrário, eles nos ajudaram muito. Criamos mecanismos e tenho a impressão que nenhum município do estado do Ceará tomou a decisão que nós tomamos. Nós fizemos um levantamento através da Secretaria de Ação Social, identificamos as famílias pobres e carentes do município e quinzenalmente as socorria com gêneros alimentícios, notadamente com arroz, porque nós não tínhamos condições de comprar uma cesta básica, porque era um contingente de famílias e de pessoas muito grande. A cada quinze dias essas famílias recebiam uma quantidade x de arroz, e depois foram agregadas outras coisas e, de acordo com o número de famílias, a gente distribuía esses gêneros alimentícios. Você pode ter certeza do que eu estou lhe dizendo, evitou a morte de muitas pessoas em Pereiro. Eu tenho ainda hoje uma emoção muito forte porque (pausa do entrevistado) várias declarações de famílias, de familiares que disseram que aquela atitude fez com que seus filhos não morressem”. (E nº 19, 2013, p. 02-03).

A administração do Antônio Nei, que você se referiu foi uma verdadeira vergonha; ele culpa a seca, a seca não atrapalhou ninguém (o prefeito), e se você for analisar, a seca é ruim é para o povo, para os pobres, para Prefeito a seca é muito boa, vêm recursos de tudo o quanto é lado, vem feira, vem carro pipa para carregar água para o pessoal, vem várias formas de recursos para o prefeito agradar o pessoal. Então é uma mentira quando o prefeito vai culpar a seca para explicar que não fez uma boa gestão. Na verdade faltou foi gás, energia e trabalho. (Entrevista nº 16, 2013, p. 09).

Retornando à discussão a respeito do enfrentamento da seca de 1993, na área social, as famílias mais carentes foram atendidas pela Secretaria de Ação Social, que “distribuiu anualmente, entre as populações das zonas urbanas e rural, 3.239 cestas básicas”, (CAPELLE, 1996, p. 07). A política social também atendeu as pessoas portadoras de deficiência físico-mental do município; ao todo, 118 pessoas são beneficiadas com um salário mínimo pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), enquanto 31 outros processos foram encaminhados ao mesmo órgão.

No segundo ano da gestão Antônio Nei, o Programa “Hora de Plantar”, da Secretaria de Agricultura Estadual, em parceria com a Prefeitura de Pereiro, assistiu os agricultores com doação de sementes para o plantio e esclarecimentos técnicos que atendiam o homem do campo. No ano seguinte, foi criado o Plano Estratégico80 de Desenvolvimento do município de Pereiro, cujo objetivo é planejar a gestão, nortear seu governo e suas ações administrativas. Com a participação comunitária, este plano foi elaborado levando-se em conta uma metodologia técnica assessorada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (SEBRAE).

Ao analisarmos o conjunto de obras e serviços realizados e registrados pela Revista81 produzida pela Prefeitura de Pereiro em 1996, percebe-se que a Educação foi priorizada na gestão Antônio Nei. Apesar da falta de recursos federais, não havendo na época o Fundef, entretanto, por intermédio de parceria com o governo estadual e

80Neste planejamento “foi feito diagnóstico estratégico do município, análise de diagnóstico, seleção de atividades econômicas estratégicas para o desenvolvimento municipal, políticas de desenvolvimento, definição de ações por áreas de atividades econômicas estratégicas com agropecuária, agroindústria, turismo, pequenos negócios, artesanato e ações por setores estratégicos de suporte como: recursos hídricos, educação, saúde, cultura, desportos, transportes, comunicação e energia”. (CAPELLE, 1996, p. 07).

81Cujo título “Pereiro Idealizações, Ações, Realizações de Antônio Nei: Eis como se Opera uma

Administração Revolucionária”, produzida no final da sua gestão, editada por Marcos Peixoto com a Redação de Eugênio Pacelle, Gráfica Universitária, Crato, Ceará, 1996. Sua ótima organização e documentação destacam o registro das ações, realizações, obras, serviços, bem a ênfase dada à filosofia da ação que orientou o gestor, sua equipe técnica e colaboradores, faz-se necessário atentar para o aspecto de que se trata de uma revista de divulgação e marketing de gestão, que busca imprimir a perfeição ou o caráter estritamente positivo do governante, ou seja, não destaca aspectos críticos do tipo: falhas do gestor, relações e práticas políticas contraditórias, portanto, merece um olhar crítico e relacional a respeito do seu conteúdo, sem deixar de ser considerada de grande valor para nossa pesquisa.

determinação do governo municipal, diante da precária estrutura física e demanda por salas de aula, 45 escolas foram reformadas e 10 ampliadas, sendo nove na zona rural e uma na zona urbana, assim, melhorando as condições de funcionamento da educação no município.

O sistema educacional foi ampliado por meio de nucleação que, conforme a Secretária de Educação e Cultura do município da época, Luciana Helena Ferreira (2011,) “o grande avanço foi o da nucleação das escolas. No município havia um grande número de pequenas escolas, portanto, para que as mesmas funcionassem com qualidade, seria necessário fazer a nucleação”. Entretanto, seria necessário fechar pequenas escolas rurais e garantir o transporte dos educandos para escolas polo. Desde “Então deixou aquele mal-estar na comunidade quando você transfere os alunos para outra escola, mesmo sabendo que essa escola para onde ele está sendo transferido lhe dará melhores condições para estudar”. (Entrevista nº 04, 2011, p. 04).

No sentido de conscientizar os pais dos alunos e tornar úteis os espaços onde escolas foram fechadas, a Secretária de Educação e Cultura na época comentou que

...os espaços foram postos à disposição para sede e funcionamento de associações comunitárias e outras utilidades às comunidades. A nucleação foi realizada, conseguindo-se aceitação da comunidade escolar, também, conseguido importantes avanços na aprendizagem dos educandos. (IDEM).

Em seguida, priorizou-se a inclusão de alunos que estavam fora da sala de aula. E, seguidamente, foi construída a Casa de Cultura que oferece espaços para práticas culturas e funcionamento de uma biblioteca pública.

Preocupado com treinamento dos professores e funcionários, Antônio Nei conseguiu apoio fora do município82 e constrói o Centro de Treinamento e o Núcleo Profissionalizante. Na sequência, a Secretaria de Educação Municipal implantou o Programa “Agora Eu Sei”, com o objetivo de preparar os professores leigos do município para o exercício do magistério, portanto, beneficiando professores e alunos da alfabetização de adultos. O passo seguinte seria a operacionalização do Sistema de Telensino, implantado em oito localidades da zona rural.

Em parceria com a Universidade Estadual do Ceará, a Secretaria de Educação de Pereiro promoveu três capacitações pedagógicas para os professores do 2º grau. Antonio

82Os recursos para construção do Centro de Treinamento e Casa de Cultura foram conseguidos pelo

prefeito Antôno Nei com o Senador Beni Veras (PSDB), no entanto, as obras só foram concluídas na gestão seguinte, quando José Irineu retornou à Prefeitura em 1997.

Nei distribuiu, durante seus quatro anos da gestão, material escolar gratuito a todos os alunos da rede municipal e dotou 10 escolas com kits tecnológicos, sendo cada um composto por um televisor, um vídeo-cassete, fitas, suporte de televisão e antena parabólica. Além dessas ações, outras foram realizadas da seguinte forma:

... o poder público municipal financiou, na sua administração, o transporte dos universitários que cursam faculdade o município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, como também para os alunos do 2º grau que estudam em Jaguaribe, inclusive dos alunos da zona rural que estudam na sede do município, locomoções estas, feitas com recursos do município. (CAPELLE, 1996, p. 06).

Além dos serviços mencionados, a Prefeitura garantiu merenda escolar de boa qualidade. “Alimento de boa qualidade com preços real de mercado era sua exigência. Para se ter ideia, o prefeito gastou no ano de 1996, a quantia de R$ 171.050,00. Dinheiro com o qual se compraria 15 veículos zeros da linha popular”. (IDEM). Também foram mantidas as creches Pingo de Gente, na sede, e Pequeno Príncipe, no distrito de Crioulas.

No setor da Cultura, o poder público investiu e manteve, com recursos do município, a Banda de Música da Associação São José (SOBEJE). Criou o coral municipal infantil “Um Canto em Cada Canto”, constituído de 120 crianças. Criou o grupo de teatro “Arte Mania” e o grupo infantil “Pintando o Quinze”. Também deu continuidade ao trabalho de atenção ao esporte, o qual promoveu diversas modalidades

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