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A Revolução de 1930, mudança política e econômica e o nascimento da elite dirigente no município de Pereiro.

CAPÍTULO I O MUNICÍPIO, A CLASSE DOMINANTE, MUDANÇAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS FUNDADORAS DA ELITE DIRIGENTE

17 Cf fotos que representam a cidade antiga e o poderio econômico dos potentados fazendeiros e donos de escravos em Anexos nº 2.

1.2. A Revolução de 1930, mudança política e econômica e o nascimento da elite dirigente no município de Pereiro.

A Primeira República terminou em 1930, “ocasião em que a economia cafeeira nacional caiu vítima da depressão mundial e a crise institucional da elite política dirigente atingiu seu clímax”. (LEWIN, 1993. p, 6)20. A Revolução de 1930, o declínio

20 Entretanto, segundo esta autora, apesar da Revolução de 1930, a política oligárquica, sob muitos

aspectos, sobreviveu à era das oligarquias e continuou a ser uma força significativa, inclusive no plano nacional. Também argumenta que, mais recentemente, a urbanização, a industrialização e a imposição do regime militar restringiram a política oligárquica ao plano local. Sua tese é que “Longe de terem sido extirpadas, portanto, as raízes da oligarquia permaneceram implantadas até mesmo nos anos 1980. Em muitas localidades rurais onde a capitalização maciça da agricultura e a expulsão dos moradores ou colonos, característica do Brasil desde a década de 1960, não ameaçou estruturas agrárias mais antigas, os

da agropecuária e da indústria local desestruturou o domínio político da classe dirigente e o arranjo oligárquico em Pereiro, possibilitando, portanto, que a família nuclear, que no passado teve menor peso político, a família Nogueira de Queiroz, ascendesse ao poder. Outro fator que influenciou na derrocada da classe dominante no município é a menor importância e perda econômica das fazendas. Em seguida, por volta das décadas de 1940 e 50, houve o declínio da agricultura, indústria de transformação e extrativista, dando o golpe final na classe dominante.

Observando o declínio econômico, a perda de prestígio social e, respectivamente, perda de status político, a partir de então, aquelas famílias pertencentes à classe dominante buscam outros recursos de prestígio social e político. Investem nos estudos dos filhos, enviando-os para estudar nas capitais, muitos deles se formando em diversificadas áreas profissionais de nível superior: Direito, Medicina, Farmácia, Agronomia, Letras, etc. Os mesmos exercem cargos públicos importantes no município e capitais brasileiras, enquanto outros retornam a Pereiro para exercer a profissão e ingressar na política. Importante registrar que, determinadas famílias chegaram a formar, com nível superior, quase todos os filhos e filhas. É por intermédio do prestígio social da profissão e de recursos políticos que surge a elite dirigente que vai dominar a política local. Nesse momento, duas famílias dominam a política no município de Pereiro: Nogueira de Queiroz e Diógenes. A primeira com menor importância política e econômica no passado, mas ascenderá politicamente por meio do prestígio social da profissão, se tornando a família mais influente no município, com seus chefes políticos ora dominando, ora disputando o poder político local. Seus principais chefes políticos foram: Humberto Nogueira de Queiroz e Francisco Nogueira de Queiroz, ambos foram intendentes e prefeito no município de Pereiro. A segunda, família Diógenes, formada por colonizadores da região do Jaguaribe, agropecuaristas e donos de Casa-grande de escravos e de engenho, muitos de seus membros foram oficiais da Guarda Nacional, exerceu grande influência econômica e política no período colonial e imperial, quando compunham a classe dominante da região e do Pereiro. Com menor influência do que no passado, entretanto, economicamente mais forte do que a família Nogueira de Queiroz, pois ainda é detentora de fazendas de gado, propriedades da terra, e prestígio social. Seus chefes políticos no passado foram muitos. No período

arranjos políticos historicamente associados àquelas estruturas frequentemente resistiram. A extensão da sobrevivência da política oligárquica a nível municipal é ainda uma questão em aberto”. (p. 6-7).

republicano destacaram-se Francisco Diógenes Nogueira, prefeito de Jaguaribe e deputado estadual em várias legislaturas; Raimundo Benício Nogueira Diógenes e Antônio Mardônio Diógenes, ambos foram prefeitos de Pereiro.

A partir de 1936, pode-se demarcar a constituição de uma elite dirigente no município de Pereiro, que veio substituir a classe dominante. Sua ascensão é baseada no prestígio social adquirido pela profissão de nível superior. Com menor autonomia política e econômica, utiliza outros recursos para disputar ou dirigir o poder no município. Essa elite dirige o município por meio da troca de influência e apoio do Intendente ou governo do estado e deputados, também fazendo uso da máquina pública, no caso a Prefeitura e dos recursos públicos para controlar a vida política. Essa elite tem duas fortes características: é pragmática e mais negociadora dos conflitos. Ela negocia o poder em determinados momentos e os recursos entre os aliados, às vezes, com o adversário e/ou descontente, dessa forma amenizando os conflitos nas disputas pelo comando do poder político. Não significa o fim do conflito político, mas ele é amenizado, racionalizado.

A conclusão que fazemos é que a classe dominante ao perder o seu poder de domínio recorreu a outras fontes de recursos para controlar ou fazer parte do poder, vai buscar na formação acadêmica a profissionalização dos seus descendentes, os quais posteriormente se tornarão os representantes da elite dirigente. O que ocorreu foi a passagem de uma classe dominante para elite dirigente. Essa nova elite dirigente tem seus chefes políticos descendentes de famílias tradicionais, entretanto, possibilitando a ascensão política de integrantes de famílias menos importante social e econômica no passado. Nesse contexto os recursos fundamentais da ascensão ao poder são a formação universitária, o prestígio social da profissão, recursos econômicos e o vínculo com chefes políticos de famílias do município, assim também abrindo espaços para ascensão de novas lideranças políticas.

1.3. Humberto Nogueira de Queiroz, suas características pessoais e administrativas

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