• Nenhum resultado encontrado

PAÍS PIB US$ Milhões

3.5 Gestão do custo operacional escolar

Uma instituição escolar é semelhante em qualquer parte do mundo, o que muda fundamentalmente é o caráter social e filosófico da constituição organizacional e os objetivos que os anima. No caso de uma escola voltada para a educação formal, independente da sua constituição jurídica - pública ou privada, ocorrem despesas no exercício do processo operacional. Esse processo se opera, no Brasil, determinado pela legislação pertinente e pelo Ministério da Educação através dos conteúdos programáticos mínimos para cada nível de escolaridade.

As organizações escolares terão de cumprir as normas da legislação oficial à satisfação do órgão público fiscalizador e regulador, além dos pais e responsáveis pelos alunos matriculados. Para tanto, a escola é obrigada a manter uma equipe de professores e assistentes técnicos administrativos que atenda aos requisitos legais, incorrendo na realização de despesas.

A quantidade de alunos por professor é variável, seja uma escola pública ou privada. A variabilidade do número de alunos assume duas situações. A primeira diz respeito ao número de alunos por turma e professor, é uma variável interna; a segunda se refere ao número total de alunos que se matriculam nessa escola. Esta última situação comporta-se de modo independente, não havendo influência da direção da escola, trata-se de uma variável externa. Pelo exposto parece indicar que o número de alunos numa escola assume características de custo variável, e até poderia ser, desde que o número de insumos variasse de acordo com a quantidade de alunos matriculados, mas como já discutido, na escola pública o orçamento fixa as despesas.

Como se sabe, uma escola, independente do número de alunos matriculados se obriga a manter uma equipe de pessoas preparadas e especializadas para ministrar aulas e cuidar das tarefas administrativas. Um professor pode dar aula para dez, vinte ou quarenta alunos numa mesma turma, segundo a regra que a escola adote e obedecendo ao tamanho total dos alunos matriculados. Neste caso o gasto

com a remuneração do professor e auxiliares pedagógicos será o mesmo, variando apenas o gasto médio por aluno. Suponha que o gasto total mensal com mão-de- obra nesta escola seja R$ 3 mil, então a média varia de R$ 300 (para turma de 10 alunos) até R$ 75 (para turma de 40 alunos).

Levando em consideração a realidade social contemporânea, na qual é cada vez mais exigida a certificação de conclusão de etapas de educação formal dos indivíduos, em qualquer atividade econômica que se apresente, será perfeitamente cabível admitir-se como produto educacional escolar a formação da pessoa estudante, em cada nível de escolaridade: Educação Básica e Educação Superior. Assim, quando a escola de educação básica for objeto de atenção, será a conclusão satisfatória do ciclo de ensino-aprendizagem dos alunos, nesta etapa, o produto esperado; semelhante proposição para a etapa da educação básica, e, consequentemente, para o nível superior.

A denominação de produto escolar é uma necessidade que se faz perante a lógica analítica econômica, principalmente quando o sentido da análise é determinar qual o custo médio tido pela escola para preparar a pessoa segundo as normas legais e as necessidades da sociedade. Sem a identificação de um produto, não cabe discutir a formação dos custos, uma vez que custo dos insumos pressupõe a existência de um produto, seja um bem ou um serviço. Em se tratando da escola que processa a educação formal, é sua formalização cabal que importa.

QUADRO 2 – Determinação do Produto Escolar Nível de

Escolaridade

Produto

Educação Básica Número de alunos que conseguem concluir cada etapa de escolaridade: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio

Educação Superior Número de alunos que concluem os estudos e são diplomados.

FONTE: O Autor

Constitui uma prática comum adotar o número total de alunos regularmente matriculados como divisor da equação que indicará o custo médio total por aluno em cada nível de escolaridade. Este raciocínio não é de todo equivocado, mas quando

se tratar de uma análise voltada para os reais objetivos da instituição escolar, o que de fato interessa será a quantidade de pessoas/alunos aptas a desempenharem as atividades conceituais esperadas para cada nível de escolaridade, e postas à disposição da sociedade, a fim de que exerçam com habilidade as tarefas adequadas à sua formação. Por outro lado este método de considerar o total das matrículas pode mascarar para baixo o custo médio por aluno, uma vez que os alunos reprovados e repetentes incorporam-se no total das matrículas, aumentando o dividendo da fórmula matemática e, consequentemente, diminuindo o resultado.

Para ilustrar tal informação, suponhamos que numa escola com capacidade para 400 alunos regulamente matriculados nas quatro séries finais do ensino fundamental, seja esperado que 100 alunos concluam esta etapa e acessem o ensino médio. Também é esperado que 100 novos alunos ingressem na primeira série desta etapa, egressos das séries iniciais. Ocorre que dos 400 alunos, 20 foram reprovados e vão repetir o ano escolar. O total de alunos na escola que deveria ser de 400 alunos passa para 420. Digamos que essa escola tem orçamento de gastar anualmente R$ 690 mil com manutenção do processo educacional para os 400 alunos, provocando um custo médio por aluno anual de R$1.725. Como o novo número total de alunos matriculados na escola passou a ser de 420 alunos, então no ano seguinte, mantido o mesmo valor de gastos de R$ 690 mil, o novo cálculo do custo médio anual passará a ser de R$ 1.643, acusando uma redução per capita de R$ 82. Contudo, trata-se de uma redução ilusória, pois a redução é proveniente dos alunos reprovados que estão repetindo o ano escolar, fazendo com que o total de alunos seja 420 e não 400 como desejáveis. É importante ressaltar que o cálculo do custo médio total deve ser o resultado da soma dos custos fixos e dos custos variáveis e que o número de alunos e sua condição como ingressante ou repetente altera o resultado do cálculo do custo médio por aluno, real. Por essa razão o que referencia o custo médio total de modo mais estável é o número de alunos formados, ou que concluíram satisfatoriamente o nível de escolaridade em questão, até por que é para formar alunos que as escolas funcionam. A organização escolar é preparada ou instalada para executar o processo de formação de um determinado conjunto de alunos no prazo regulamentar, gerando custos operacionais e comprometendo recursos.

Ilustrativamente falando, uma organização cujo processo de produção seja adequado para elaborar o produto esperado a partir da soma dos insumos

incorporados, e que eficientemente a capacidade plena seja de colocar à disponibilidade da sociedade 100 unidades produzidas. Se por algum motivo é obtido somente 90 unidades, significa dizer que houve desperdício de dez unidades ou dez por cento do total esperado. Este mesmo raciocínio pode ser utilizado na análise do custo operacional de uma escola, pois será muito oneroso19 manter uma equipe especializada para atender tantos alunos em salas de aulas repetindo a mesma série sem que evoluam no aprendizado, rumo a uma conclusão satisfatória para a gestão escolar, para as famílias e consequentemente para a sociedade.

O desenvolvimento do processo educacional escolar exige planejamento detalhado das suas atividades, programas e ações, geralmente visando às demandas da comunidade que atende. O respectivo cumprimento do planejamento posto exigirá estratégias e dependerá, em parte, do volume de recursos financeiros destacado no orçamento da unidade escolar. Como recomendam as boas normas administrativa e contábil, o controle dos gastos orçamentários é uma atividade indispensável, não só de cunho fiscalista, mas como indicadores que servirão para subsidiar futuros planos e ações estratégicas.

O cálculo do custo médio unitário por aluno matriculado e por aluno formado é um desses indicadores. Para obtenção do custo de qualquer uma atividade produtiva é necessário que se estabeleça qual o produto será objeto de atenção. No caso da educação escolar, o produto estabelecido é a conclusão dos alunos nos respectivos níveis de aprendizado. Essa análise é importante para a compreensão do custo médio por aluno formado. Entretanto, definir o custo ideal, é uma tarefa que foge ao objetivo deste trabalho, além do que esse quantum ideal depende da cultura e das expectativas que a sociedade lhe atribui e poderá atribuir no curso da ampla discussão em torno da qualidade da educação pretendida, mediante aspectos políticos, históricos e filosóficos.

19

4

A ESTRUTURAÇÃO E ORDENAMENTO LEGAL DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL