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Os elementos essenciais do financiamento da educação no Brasil são “interdependentes”: a atividade econômica nacional e a arrecadação dos tributos incidentes sobre essas atividades. O crescimento da economia pressupõe maior volume de tributos recolhidos aos cofres públicos, o inverso também é verdadeiro. Como o gasto público com a área da educação é determinado constitucionalmente, é fundamental conhecer esses elementos estruturantes do financiamento educacional público.

A frequente relação entre Gasto Público e o Produto Interno Bruto de um país é um indicador que tenta demonstrar quanto que o estado hierarquiza suas políticas governamentais. Este indicador é utilizado enquanto não se apresente outro que melhor represente a realidade sócio-econômica do país.

O Produto Interno Bruto - PIB de um país é expressivo indicador do potencial gerador de riquezas, mas não necessariamente representa o nível de bem-estar da sua população. O sistema de governo, o grau de participação democrática das instituições influenciam a distribuição dos benefícios com a população, que nem sempre são proporcionais ao tamanho do PIB. Sobre o PIB incide uma determinada carga tributária, que será a fonte dos recursos financeiros do governo. Os estados e os municípios detêm algumas margens de manobras fiscais, fato que influencia a receita total tributária.

Segundo dados divulgados pela Associação Comercial de São Paulo, a arrecadação total pelos governos federal, estaduais e municipais no ano de 2010 foi de R$1,27 trilhões8, o equivalente a US$724 bilhões (US$1,00 = R$1,75), e representando mais de 30% do PIB brasileiro. A Receita Total do Governo Federal, arrecadada em 2010, segundo fonte oficial do Ministério do Planejamento, foi de R$921 bilhões, tendo sido transferido aos entes subnacionais R$133 bilhões, resultando numa Receita Líquida de R$788 bilhões.

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A partir destes dados apresentados, temos que a União arrecadou R$ 788 bilhões e os Estados e os Municípios arrecadaram R$ 482 bilhões. Uma análise mais detalhada da composição dos tributos que originaram esta arrecadação se faria necessária caso fosse o objetivo deste trabalho, mas é satisfatória a ordem de grandeza dos valores que orbitam os gastos com a área de educação nacional.

Outros países, especialmente da América do Sul, dispõem suas informações de gastos com a área de educação. É oportuno verificar os dados referentes a Produto Interno Bruto, Renda Per-capita e Gasto Educacional desses países, apenas como indicativo da política educacional do bloco sulamericano. Isto porque o valor gasto geralmente é derivado dos tributos arrecadados pelo estado e nem sempre o sistema tributário dos paises são facilmente comparáveis. A carga tributária incidente sobre as atividades econômicas de cada país e até internamente pelas relações intraregionais são heterogêneas. Mesmo buscando-se equalizar os diversos sistemas econômicos, tributários e monetários dos paises através da dolarização das contas e transações, para fins de avaliações dos Produtos Internos Brutos das nações, há de se considerar a existência de disparidades, mas por enquanto é o mecanismo que se dispõe para análises.

Uma análise preliminar da Tabela 1 permite destacar que o PIB brasileiro de US$ 1,57 trilhões é maior que a soma dos PIBs de outros países que é de US$ 824 bilhões. O mesmo ocorre com o valor dos Gastos com Educação, sendo o do Brasil de US$ 79,9 bilhões e a soma dos demais US$ 36,5 bilhões, já que o Equador e a Venezuela não disponibilizaram os dados referentes aos gastos com educação. Observa-se que Bolívia (6,3%) faz esforços maiores do que o Brasil no gasto público com a educação nacional, tomando o PIB por referência. Embora a “Taxa Bruta de Matrícula seja a razão entre o número total de pessoas de todas as faixas etárias que frequentam o fundamental, o ensino médio e o nível superior e a população de 7 a 22 anos”9

, utilizamos como indicativo potencial, esclarecendo que o valor médio (Item F) do gasto por habitante pode variar em função da distribuição etária da população do país.

No item F da Tabela 1, o Chile aparece com o maior gasto educacional per- capita de US$ 427,40, logo a seguir o Brasil com US$ 387,50 e a Argentina com US$ 299,90. Estes três países também participam da lista dos que apresentam

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pujança regional. O que se percebe é que ocorrendo uma alteração para mais, como se deseja no Brasil, do valor global destinado à educação, elevará o país à condição de primeiro lugar no ranking de gasto educacional sul-americano, mas permanece uma dúvida em relação ao fator eficácia.

Projetando o crescimento do PIB Brasil, com base numa taxa de 3,5% aa, para os próximos anos, até 2020 (Tabela 2), observa-se um crescimento elevado, atingindo U$$ 2,294 trilhões, o equivalente hoje a R$3,670 trilhões (US$1,00 = R$ 1,60).

Naquele ano os recursos destinados à área da educação pública brasileira poderão ser de US$ 114 bilhões, com base em 5,0% do PIB Brasil; de US$ 160 bilhões, com base em 7% do PIB, e a surpreendente quantia de US$ 229 bilhões caso o quantum orçamentário alcance 10% do PIB. Seja qual for o valor, qualquer dos três montantes representará uma quantia enorme, que exige rigor no gasto. Não só o rigor quantitativo, mas o qualitativo que implica saber onde aplicar bem os recursos. É premente a adoção de normas orientadas para melhor eficiência do gasto público, particularmente com a educação. Continuar com a atual estrutura de planejamento e controle dos gastos ou despesas com a educação escolar brasileira, torna-se prejudicial a toda sociedade. Essa escolha fundamentada passa a ser de fundamental relevância para a sociedade brasileira.

A projeção do crescimento médio anual de 3,5% do PIB Brasil ser considerado conservador, portanto, muito provável que de fato aconteça, tem o propósito de demonstrar como se comportará o valor total alocado nos orçamentos públicos brasileiros, destinados ao financiamento da educação. Observe-se que no ano de 2009 o gasto total foi de US$ 78,6 bilhões, tomando por base o equivalente a 5% do PIB; com base em 7% do PIB teria sido US$ 109,9 bilhões e de US$ 157,1 bilhões numa eventual hipótese de 10% do PIB. Mantido os atuais 5%, atingiremos o valor total de US$ 115 bilhões por volta do ano de 2020. Caso seja aprovado o quantum de 7% do PIB, os gastos totais com a educação brasileira atingirão US$ 160 bilhões. O cálculo do valor total acumulado entre 2009 e 2020 atinge, em qualquer das alternativas apresentadas, montantes superiores a um trilhão de dólares.

Sejam US$ 115 bilhões ou US$ 160 bilhões, qualquer um dos dois valores mencionados representa uma quantia muito grande, e que não deve ser gerida ao sabor das consequências, ou de providências ocasionais. É necessário agir com

base num planejamento estratégico bem elaborado, baseado nos custos operacionais do sistema educacional, conhecendo as necessidades concretas de aporte de recursos.

TABELA 1 – Dados Econômicos dos Países da América do Sul - 2009

Fonte: www.ibge.gov.br/paisesat - Adaptado. Acesso em 05.05.11.

Visualizando a Tabela 1 que mostra os gastos com a educação em relação ao PIB de cada país elencado, percebe-se que a Bolívia, em termos relativos (US$/PIB), desprende maior atenção dentre os países relacionados, mas é importante destacar que o PIB desse país é um dos menores do continente sul americano. Mesmo assim, demonstra que os bolivianos consideram a relevância da educação.

Mantido o atual quantitativo na ordem de 5% do PIB, os recursos orçamentários destinados à educação pública brasileira registrará um crescimento em dólar de 46%, registrando um valor acumulado dos próximos 11 anos de US$1,054 trilhão. Baseado numa possível alteração para gastos equivalentes a 7% do PIB nacional, o acumulado alcança o valor de US$ 1,605 trilhões e num eventual aprovação de 10% do PIB para gastos com a educação, o acumulado alcançaria a

PAÍS PIB US$-