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5 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E A GESTÃO NOS IF’S

5.2 GESTÃO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA

Segundo a LDB/96, a elaboração de uma proposta pedagógica – mais especificamente de um projeto pedagógico – é uma das principais atribuições de uma instituição de ensino, pois da sua definição dependem muitas outras. Neste sentido, o projeto pedagógico constitui o norte da instituição, definindo, no contexto de uma gestão democrática, caminhos e rumos que uma determinada comunidade busca para si e para aqueles que se agregam em seu entorno (VIEIRA, 2007). Este projeto pedagógico manifesta de forma explícita a concepção de ensino e de educação, registrando o processo de construção da identidade institucional e dando suporte para a avaliação das ações educacionais planejadas e desenvolvidas pela instituição (IFFAR, 2013).

A Lei n° 11.892/08, que criou os Institutos Federais, colocou-os como instituições de ensino superior. Neste sentido, e em acordo com o estabelece o Art. 16 do Decreto n° 5.773/06, os Institutos Federais necessitam elaborar Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDI) que devem conter os seus respectivos Projetos Pedagógicos Institucionais (PPI). No caso do Instituto Federal Farroupilha a proposta pedagógica está explicitada através do PPI constante no vigente Plano de Desenvolvimento Institucional 2014 – 2018 (PDI 2014 – 2018). Este projeto contextualiza e fundamenta os princípios, políticas, prioridades e planejamento de ações no que diz respeito ao Ensino, Pesquisa e Extensão, realizados no âmbito da instituição bem como explicita a estrutura organizacional e a forma de gestão adotada no Instituto Federal Farroupilha (IFFAR, 2013).

Neste sentido, inicialmente destaca-se que o IFFAR se caracteriza, segundo seu PDI, como uma instituição de educação superior, básica e profissional, pluricurricular e de estrutura multicampi que goza de autonomia administrativa,

patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar. A autonomia garantida por lei pressupõe liberdade de agir e possibilidade de uma autogestão pautada no ideal da gestão democrática, compreendendo que os interesses e anseios da comunidade institucional devem delimitar as normas de organização dos processos de forma coletiva (IFFAR, 2013). Esta participação coletiva da comunidade institucional está explicitamente declarada na indicação de “gestão democrática” como um dos sete valores da instituição.

Esta nova realidade organizacional em ambientes educacionais trazida pela criação dos institutos federais, tanto no que se refere a sua estrutura física que, pautada em uma distribuição multicampi, tem uma abrangência geográfica expandida, quanto na esfera pedagógica como ofertante de vários níveis de ensino, requer uma dinâmica também nova no que se refere a sua gestão. Segundo destaca Fernandes,

O modelo diferenciado e único dos Institutos Federais com relação às outras instituições educacionais do país, em virtude da atuação nos diversos níveis da educação nacional e da articulação do ensino com a pesquisa e extensão, além da organização estrutural multicampi e pluricurricular, conduz a uma nova institucionalidade e, consequentemente, exige novos procedimentos de gestão. (FERNANDES, 2009, p. 6)

Nesta estrutura multicampi, tem-se como responsabilidade da Reitoria do IFFAR a definição de políticas, a supervisão e o controle das ações desenvolvidas no âmbito institucional. Porém, como cada campus atua em uma realidade específica, sendo necessário que lhes seja permitida a liberdade para a tomada de decisões afim de atender às características e necessidades do contexto no qual está inserido, é necessário que a gestão institucional trabalhe a elaboração de políticas e diretrizes institucionais claras em termos pedagógicos, administrativos e financeiros que garantam a autonomia necessária dos campi para a sua efetiva atuação junto à comunidade da qual fazem parte (IFFAR, 2013).

Em termos de estrutura organizacional o Instituto Federal Farroupilha tem os seus campi diretamente ligados à Reitoria e conta ainda com dois Órgãos Superiores de Administração. O Conselho Superior (CONSUP) que consiste no órgão máximo da instituição, possuindo caráter consultivo e deliberativo e sendo formado por membros da gestão, docentes, técnicos administrativos e discentes dos campi, membros da sociedade civil, membros do Ministério Público, alunos egressos

da instituição e os seus ex-Reitores. Já o Colégio de Dirigentes (CODIR) é um órgão de caráter apenas consultivo e que atua no apoio à instituição referente a matérias no âmbito administrativo, econômico, orçamentário, financeiro e das políticas educacionais. É formado exclusivamente por gestores: Reitor, Pró-Reitores e Diretores de campus.

De forma clara pode-se apresentar a estrutura organizacional do Instituto Federal Farroupilha através da figura 4 mostrada abaixo.

Figura 5 - Estrutura organizacional do IFFAR.

Fonte: IFFAR, 2013, p. 214.

As Reitorias dos Institutos Federais são compostas por um Reitor que é assessorado diretamente por cinco Pró-Reitores. No caso do IFFAR tem-se a Pró- Reitoria de Ensino, a Pró-Reitoria de Administração, a Pró-Reitoria de Extensão, a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação e a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional. A estrutura organizacional da reitoria se reflete de forma bastante semelhante nos campi.

No caso dos campi do IFFAR, tem-se a autoridade máxima na figura do Diretor Geral do campus. Este está assessorado de forma direta por quatro diretores responsáveis pelas Diretorias de Ensino (DE), de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (DPDI), de Administração (DAD) e de Pesquisa, Extensão e Produção

(DPEP). Estes campi ainda contam com um setor de Auditoria Interna e um Colegiado de Campus. Este último é um órgão de caráter consultivo que também possui a tarefa de assessorar a Direção Geral no intuito de aperfeiçoar o processo educativo desenvolvido no campus e zelar pela correta execução das políticas do IFFAR (IFFAR, 2013). Para tornar mais clara a observação desta estrutura organizacional apresenta-se o organograma básico dos campi do IFFAR através da figura 6.

Figura 6 - Estrutura organizacional básica dos campi do IFFAR.

Fonte: IFFAR, 2013, p. 215.

Ainda, cada uma das diretorias indicadas no organograma acima é responsável por pelo menos uma coordenação ligada diretamente a ela.

5.3 CURSOS DE LICENCIATURA DO IFFAR – CAMPUS SÃO VICENTE DO SUL A Lei n° 11.892/08 estabeleceu um marco na Educação Profissional e Tecnológica brasileira através da criação de Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica composta basicamente pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia8. Segundo Pacheco (2011) a Rede Federal constitui um modelo

institucional completamente inovador em termos de proposta político-pedagógica para a educação no país.

Porém, além de apenas promover uma educação mais ampla, alicerçada tanto em conhecimentos técnicos quanto científicos, compondo uma visão mais

8 Atualmente a Rede Federal é composta por 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia, Universidade Tecnológica do Paraná (UFTPR), Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET-RJ e de Minas Gerais, Escolas Técnicas vinculadas ‘as Universidades e o Colégio Pedro II.

humanística e unificada da educação, os Institutos Federais também têm a missão de formar professores para a Educação Profissional e Tecnológica e para a Educação Básica principalmente nas áreas das Ciências e da Matemática. Esta missão aparece de forma explícita na lei de criação dos Institutos Federais ao considerar que entre os objetivos destas instituições está o de ministrar:

[...] cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional (BRASIL, 2008);

E no intuito de garantir que os Institutos Federais atuem como formadores de professores foi ancorada ao objetivo acima a obrigação legal de serem ofertadas pelo menos 20% das vagas anuais para os cursos de licenciatura ou para os cursos especiais de formação de professores.

Esta obrigação foi traduzida no IFFAR – Campus São Vicente do Sul através da abertura de dois cursos de formação de professores: o curso superior de Licenciatura em Ciências Biológicas com ingresso de turmas a partir do início de 2009 e o curso superior de Licenciatura em Química com turmas ingressando no início de 2011. Atualmente estes cursos contam com 181 alunos matriculados (64 no curso de Licenciatura em Química e 117 no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas).

Os documentos que norteiam a oferta e a manutenção destes cursos são os seus respectivos Projetos Pedagógicos do Curso (PPC). No que se refere a oferta destes dois cursos, os PPC’s indicam a abertura anual de 30 vagas para o curso de Licenciatura em Química e 35 para o de Licenciatura em Ciências Biológicas. Os dois cursos ocorrem de forma presencial, possuem duração de 4 anos (e máxima de 7 anos) e são atualmente ofertados no período noturno com regime letivo semestral (IFFAR, 2014a; 2014b).

Segundo os PPC’s destes dois cursos de formação de professores, as justificativas para a sua implantação são primeiro justificadas com base na obrigação da oferta de 20% das vagas em cursos de licenciatura ou de formação de professores. Mais especificamente ao curso superior de Licenciatura em Ciências Biológicas, foi realizado um levantamento em relação a formação dos professores que atuavam na educação básica nas escolas da cidade de São Vicente do Sul e

percebeu-se uma carência de professores com formação na área das Ciências Biológicas (IFFAR, 20014a). No que se refere ao curso superior de Licenciatura em Química, foram realizadas audiências públicas, quando da elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional no ano de 2009 (PDI 2010-2014), que através da participação da comunidade local e da região apontaram para a necessidade da abertura deste curso no contexto do município de São Vicente do Sul (IFFAR, 2014b). Ademais, os dois cursos se justificam também através do fortalecimento de parcerias e vínculos entre o IFFAR e os sistemas de ensino municipal e estadual da região de abrangência do IFFAR – São Vicente do Sul, prevendo a possibilidade de oferta de cursos de formação continuada para os professores destes sistemas de ensino (IFFAR, 2014a; 2014b).

Ambos os cursos têm por objetivo formar professores com amplos conhecimentos teóricos e práticos através da integração das dimensões específicas e pedagógicas, com vistas a futura atuação destes profissionais na educação básica ou profissional técnica de nível médio em suas respectivas áreas de formação. Para esta formação seja efetivada são consideradas uma série de políticas institucionais voltadas aos cursos de licenciatura. Inicialmente é admitida a indissociabilidade da tríade ensino-pesquisa-extensão e para tanto são ofertadas várias oportunidades para que os estudantes participem de projetos de ensino, de pesquisa e de extensão. Como exemplos podem ser citados o Programa Institucional de Projetos de Ensino, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), Processo Seletivo de Cadastro e Aprovação de Projetos de Pesquisa – Boas Ideais, Jovens Cientistas e o Programa de Incentivo a Extensão. Também são estabelecidas políticas assistenciais aos discentes através da assistência estudantil (bolsas e auxílios, moradia estudantil, nutrição e alimentação e centro de saúde), do atendimento pedagógico, psicológico e social, das atividades de nivelamento, da mobilidade acadêmica, da educação inclusiva, do programa permanência e êxito e do acompanhamento de egressos (IFFAR, 2014a; 2014b).

De forma alinhada com a proposta da presente pesquisa destaca-se que ambos os PPC’s elencam o Programa Permanência e Êxito como uma das políticas a serem desenvolvida pelo IFFAR – Campus São Vicente do Sul no intuito de atingir o objetivo dos cursos: a formação de qualidade de seus discentes. A análise detalhada desta política e das ações que estão sendo adotadas no contexto dos cursos de licenciatura é tema do próximo capítulo deste projeto.