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CAPÍTULO I – O ESTUDO: SEUS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO 2 GESTÃO EDUCACIONAL

2.1 A GESTÃO EDUCACIONAL

2.1.2 Gestão ou Administração em Educação

Não é a ferramenta que é importante na organização humana,

mas a energia que a move, a inteligência que a orienta”. (LÜCK, 2006, p.21)

Administração ou Gestão são vocábulos que se incorporaram à língua portuguesa e parecem possuir a mesma medida, muito embora autores como Paro (1986) e Lück (2006) costumem fazer distinção entre os dois conceitos. Para ambos, o conceito gestão resulta de um novo entendimento a respeito da condução e encaminhamentos feitos nas organizações, isto é, existe uma dinâmica interativa entre ambas no modo de ser e de fazer as ações educativas. Para os autores, bons processos de gestão dependem e se baseiam em processos e cuidados de administração inspirados na cooperação recíproca em direção aos objetivos da escola. No entanto, essa ótica da gestão educacional não prescindiu nem elimina a ótica clássica da administração, apenas a ultrapassa, dando-lhe um novo significado e passando a ser uma dimensão da gestão.

O termo gestão ganhou evidência no contexto educacional nos anos 90 e hoje é mais utilizado, passando também a ser usado nessa dissertação. Expressões como gerir, administrar, coordenar, planejar, avaliar, dirigir e controlar constitui os vetores dos processos vinculados às instituições. É pela gestão que se estabelece unidade, consistência e coerência à ação educacional numa perspectiva abrangente e proativa de superação das dificuldades cotidianas no âmbito escolar.

As pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que desejam. Senge (1990), afirma, ainda, que se deve desistir da ilusão de que o mundo é feito de forças separadas para a construção de “organizações que aprendem”. Padrões de pensamentos novos e abrangentes, são estimulados, de acordo com a aspiração coletiva, ganham liberdade e as pessoas aprendem a aprenderem juntas. Para esse autor, cinco novas tecnologias estão gradualmente convergindo para inovar as organizações que aprendem: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada; aprendizagem em equipe e pensamento sistêmico.

O domínio pessoal é uma série de práticas que ajuda as pessoas a esclarecer e aprofundar sua visão pessoal, concentrando suas energias, desenvolvendo paciência para manter seus sonhos, enquanto cultivam uma consciência da realidade que as rodeia.

Modelos mentais são pressupostos profundamente arraigados, generalizações ou imagens que influenciam a forma de se ver o mundo. Nem sempre passíveis de teste e exame limitam a capacidade de mudança nas pessoas. Daí a importância de se desenvolver as habilidades de reflexão e investigação e descortinar o vidro metafórico, permitindo o olhar inovador.

Visão compartilhada é o conjunto de instrumentos e técnicas para alinhar as aspirações desencontradas da organização em torno de algo em comum. Envolve as habilidades de descobrir “imagens do futuro” compartilhadas que estimulem o compromisso e o envolvimento de todos que fazem parte do processo.

Aprendizagem organizacional requer práticas que levem as pessoas da organização a pensarem e agirem juntas. Esta disciplina começa pelo diálogo, uma investigação coletiva constante sobre a experiência cotidiana e sobre o que se considera evidente, ou seja, os pensamentos, as emoções e as ações resultantes não pertencem a apenas um indivíduo, mas a todos eles juntos.

O pensamento sistêmico constitui um elo que liga a teoria e a prática como forma de auxílio à compreensão das políticas e estratégias utilizadas pelas organizações.

Essas abordagens se aplicam também às instituições de ensino e permitem afirmar que a gestão estratégica para instituições de ensino é uma ferramenta da gestão educacional apropriada para se criar e garantir o desempenho do futuro. Percebe-se que a Teoria Geral da Administração, com as características que lhe são próprias, serve de parâmetro para a prática educacional, considerando-se também os fatores endógenos e exógenos que afetam a gestão nos seus mais variados vieses (MORENO, 1999).

O contexto da gestão é formado por pessoas e organização. Nas organizações pessoas passam grande parte de suas vidas trabalhando e delas dependem para poderem crescer e alcançar sucesso. Crescer na vida e ser bem sucedido, na maioria das vezes, significa crescer dentro das organizações. É uma relação de duradoura simbiose para atingir objetivos, cumprir missões e disseminar sinergia e esforços pessoais.

Situando a gestão educacional no contexto da sociedade e compreendendo a escola como um espaço de formação e de responsabilidade social, cabe ao gestor inspirar iniciativas destemidas de inovação e de criatividade nos processos de melhoria no seio da organização/instituição, com a participação das pessoas, no atendimento às suas necessidades e expectativas. O crescimento das pessoas depende das oportunidades de aprendizado, do desenvolvimento de habilidades e da capacitação constantes em um ambiente que as valorize como protagonistas do processo e das mudanças educacionais.

A organização e a gestão escolar são os meios com os quais a escola busca atingir um dos seus principais objetivos que é o processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Paro (1986), a gestão é a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados, recursos esses adequados aos fins visados. Em uma organização escolar arriscam-se múltiplas interpretações e distintos tipos de respostas que abrangem perspectivas e dimensões de um contexto educacional. Os desafios são inúmeros, porém inúmeras também são as oportunidades para que a escola modernize seu processo de gestão, aperfeiçoe suas ações, imprimindo maior agilidade nas decisões, com criatividade, sem perder de vista as peculiaridades do processo pedagógico com foco na excelência acadêmica e organizacional.

No entanto, sabe-se que para a gestão educacional aplicam-se, no campo específico da educação, os princípios gerais da gestão cuja prática é influenciada pelo discurso da política educativa ao envolver-se com fundamentos teóricos da área da gestão e da área da educação, segundo Casassus (2002). Lück (2006) afirma que o que faz uma boa escola é uma comunidade de pais, professores, funcionários e gestores que, frente aos desafios e percalços, executa um trabalho que responda à busca de crescimento próprio e dos que estão sob sua responsabilidade. Cabe, então, aos gestores adequarem-se ao contexto educacional projetando ações e resultados, permitindo que os insights se tornem realidade na instituição. Compreende-se, então, que o gestor escolar é um articulador da diversidade e da dinâmica social para dar-lhe unidade e consistência na construção do ambiente educacional.

Neste sentido, Sacristan (1983, p. 15), aponta para desafios e modos de entender a gestão escolar:

[...] a gestão escolar constitui uma dimensão da educação cuja prática põe em evidência o cruzamento de intenções reguladoras e o exercício do controle por parte da administração educacional, as necessidades sentidas pelos professores de enfrentar seu próprio desenvolvimento profissional no âmbito mais imediato de seu desempenho e as legítimas demandas dos cidadãos de terem interlocutor próximo que lhes dê razão e garantia de qualidade na prestação coletiva do serviço educativo. A gestão da escola deve ter suas raízes na especificidade do ato pedagógico, essencialmente dialético e dialógico, na construção de novas práticas, novas concepções e nova forma de pensar e fazer as coisas. A tarefa é desafiante. Exige estabelecimento de relações circulares, tendo como eixos a interação, a cooperação e a construção coletiva.

Sob esta perspectiva traça-se um perfil tentativo do educador- diretor- gestor (MOTTA, 2001): (1) ser pessoa aberta ao novo, “inquieta” na busca incessante de novos conhecimentos; (2) alguém voltado para a implementação de ações em direção à autonomia escolar; (3) pessoa que descentraliza o poder, aderindo ao método do trabalho coletivo; (4)

pessoa que procura articular a inclusão de todos os segmentos da comunidade escolar; (5) é alguém que abre os espaços escolares para a implantação de experiências inovadoras; (6) pessoa que prioriza o investimento na formação continuada dos docentes e o clima das relações existentes na escola; (7) pessoa que tem compromisso com a democracia, com a defesa dos direitos humanos, com a não discriminação e com a preservação do meio- ambiente; (8) alguém que sabe conviver com os conflitos, administrá-los, mediando dialeticamente, sem anular a diversidade; (9) alguém que coloca o aluno na centralidade do processo educativo; (10) pessoa que tem habilidades para desenvolver projetos, mobilizar e facilitar processos de equipe.

Assim, para que uma instituição de ensino se mantenha na vanguarda, precisa gerar ideias originais e incorporá-las a seus processos e a seus produtos de educação, em um ambiente de aprendizado contínuo. Uma gestão pela excelência desenvolve uma liderança ativa, estabelecendo estratégias desafiadoras, impulsionando a força de trabalho e gerando satisfação e fidelidade em relação aos consumidores dos produtos e serviços educacionais. Neste intuito, busca-se aprofundar no capítulo seguinte com o tema da Gestão de Instituições de Ensino.