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CAPÍTULO I – O ESTUDO: SEUS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO 5 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS

5.1 TEMA 1: PROCESSOS E PROGRAMAS NA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO

Os dados coletados a partir das questões que permitem vislumbrar quais programas estão direcionados à capacitação dos gestores nas Instituições dão a entender que estes estão mais voltados para a área Pedagógica e a Docência, uma vez que a variável sim aparece com frequência consideravelmente expressiva nessas duas áreas (tabela e gráfico 35). No que tange aos programas referentes à área Técnico-Administrativa, os dados coletados indicam que as Instituições não lhe conferem a mesma atenção, podendo até significar certa desconsideração ao importante papel desempenhado por esta, no contexto organizacional.

Importante aqui destacar que à medida que se acumulam e consolidam-se as transformações técnicas, organizacionais e econômicas, acontecem também alterações na forma de produzir, de administrar, de gerir etc. Essas alterações criam novas relações entre as instituições e os profissionais de educação, exigindo trabalhos de cooperação e criatividade como forma de sobrevivência organizacional. Atualmente, uma das maiores lideranças da Escola Católica no Brasil (ALVES, 2007) corrobora ao afirmar que nas últimas décadas, o setor educacional, de um modo geral, tem se defrontado com uma série de problemas tanto no setor Administrativo e Financeiro quanto no Pedagógico e no âmbito das Relações.

Analisando os dados referentes aos processos e aos programas que efetivam um relacionamento saudável e harmônico, assim como maior integração entre os Gestores Administrativos e Pedagógicos das Escolas pesquisadas, percebe-se que todas as seis Instituições oportunizam, de uma forma ou de outra, programas voltados para a inter-relação destas duas áreas.

Neste sentido, o gestor da Escola A se pronuncia: “[...] então a grande, a grande sacada da gestão quer queira, quer não é trabalhar com pessoas, [...] é a questão humana, lidar com as fraquezas é lidar com o humano. Para mim [...] o que concentra o processo de gestão tanto no administrativo quanto no pedagógico é saber lidar com as pessoas; é saber extrair delas o que elas têm de melhor”.

Sob diferentes enfoques e com diferentes ações, as Instituições pesquisadas, desempenham atividades e ou estudos voltados para a busca de integração na Gestão Administrativa e na Gestão Pedagógica. Dentre os dados coletados, destacam-se na entrevista com um dos gestores, denominado Diretor Geral da Escola B, seu depoimento sobre a ênfase ser na importância da convicção, por parte do administrador, assim como na formação do

corpo de professores que, além de serem profissionais, precisam “vestir a camisa” e ter um ideal, isto é, “esse algo mais que é a própria doação de professor”.

Periodicamente, em todas as seis Escolas pesquisadas acontecem reuniões em que a vida da Escola é colocada na mesa de discussões, envolvendo os grupos gestores. A partir daí são envidados novos encaminhamentos, faz-se avaliação, realiza-se troca de experiências pedagógicas, tomada de decisões e planejamento. Acrescenta-se a estes dados, ênfase dada ao trabalho conjunto, à consciência e importância de se trabalhar em equipe, o poder somar com pessoas que estejam abertas e que entrem no espírito de colaboração com o todo da Instituição.

Corroborando a esta ideia, um gestor pedagógico da Escola B complementa ao dizer que, “continuamente, deve-se investir nas pessoas, porque acima de tudo, [...] precisa-se trabalhar também a questão do relacionamento com as pessoas. Muitas vezes são boas pessoas, porém esse lado do trabalho em equipe necessita de uma atenção especial para que as ações fluam a contento. Trabalhar em equipe não consiste apenas em juntar pessoas”. Sabe-se que este investimento demanda um processo de construção constante e persistente. E, ao atingir as pessoas que são pontos chave na Instituição, consequentemente, vão sendo alcançados também os docentes e a comunidade educativa.

Na opinião de outro gestor administrativo, também da Escola B, um programa que é realizado em sua Escola, muito tem contribuído para a integração destas duas áreas. Aponta para os encontros promovidos, mensalmente, com a comunidade educativa nos quais se prevêem espaços e momentos para reflexão, estudo e lazer. Afirma que, a partir destes encontros, “cresce o espírito de equipe e se acentua o sentido de família”. Acrescenta ainda que “[...] o administrativo deva estar a serviço do pedagógico e, por conseguinte, [...] oportuno é trabalhar juntos, priorizando-se investimentos que favoreçam a formação do ser humano”.

Já o diretor geral da Escola C assim se expressa: “nós temos aqui, penso eu, uma estrutura bastante completa e bastante organizada que se divide, no administrativo, entre departamento de pessoal, secretaria etc, setores necessários para a infra-estrutura; e no pedagógico é feita uma distribuição em diferentes coordenações” que abrangem as diversas áreas das ciências humanas e exatas, com uma coordenadora geral que alia esta função à vice- direção. Há preocupação em compartilhar as informações que devem perpassar o todo da escola para que se realize um bom trabalho entre os dois setores, o do administrativo e o do pedagógico.

No entanto, os dados deixam transparecer que uma maior comunicação entre ambos poderia esclarecer algumas questões um tanto conflituosas, o que se percebe no teor da fala de um dos gestores “[...] o administrativo se ocupa bastante com o financeiro, dá pra, pra [...] o suprimento da escola; então às vezes é [...] questiona o pedagógico se tudo o que é encaminhado é necessário, útil, analisa por essa vertente, então temos ali o questionamento”. Entende-se que se houvesse um trânsito mais aberto, tanto o administrativo quanto o pedagógico apresentaria reflexos de maior entrosamento. Isto se evidencia ainda por meio de uma fala de outro gestor administrativo o qual expressa que uma das dificuldades existentes se encontra nos relacionamentos “[...] relacionamento, vamos dizer que funciona 60% de 100%. Fica 40% para depois todo mundo querer se lascar onde, que nem a gente diz, passar a perna em todo mundo. Hum [..] deixa eu ver aqui [...] agora enrolou [...] (risada); eu costumo dizer que a falta de informação é o grande pecado nosso, entendeu”. Complementa-se este pensamento com a fala da gestora pedagógica:

[...] eu acho que o que é mais conflitivo entre as duas áreas é a questão da comunicação [...] são esses conflitos, são pequenos porque os grandes a gente não esquece. Todas as grandes coisas você mantém, mas as pequenas, às vezes, a gente peca por falta de comunicação. Por causa de coisa pequena que acaba se desentendendo.

Na Escola D a organização da escola parte da estrutura religiosa em que a direção geral e a diretora pedagógica, ambas são nomeadas pelo governo provincial. Aí existe um Conselho Diretor formado por membros da diretoria administrativa e da direção pedagógica que, semanalmente, se reúne para avaliar o andamento da escola e proporcionar ações conjuntas para favorecer a integração. Isto se confirma ao programar a gestão estratégica unida ao planejamento estratégico para que haja uma centralidade de serviços. A melhoria desses serviços acontece na medida em que se percebe demanda e se constata a necessidade de se investir para que se efetive essa melhoria na Instituição.

Os programas que integram o administrativo e o pedagógico na Escola E, diz respeito ao modo de como a escola se organiza na aplicação de sua filosofia. A fala da gestora administrativa o confirma:

[...] então a gente organizou junto com todos os professores uma assessoria que eu chamo de humanização das outras disciplinas que é a filosofia do Ensino Religioso. Então, o que faz o Ensino Religioso? Ele segura a filosofia e assessora os professores dentro da filosofia humanitária, trabalhando de forma interdisciplinar, [...] porque salvando a filosofia, você está salvando a formação integral do ser humano; então, você precisa revitalizar isso o tempo todo, periodicamente estar estudando, retomar todos os nossos teóricos que embasaram [...] é preciso estudar tudo para revigorar.

Deduz-se que, implicitamente a este arcabouço, encontram-se também as políticas que contribuem para que as atividades desta escola se desenvolvam de modo integrado o que se confirma pelo pronunciamento de um dos gestores administrativos “[...] então nós nos reunimos regularmente para discutir o todo da escola [...] para se ter uma visão do todo e em todos os aspectos”.

Já no início da entrevista semi-estruturada, a gestora da Escola F comenta que o administrativo e o pedagógico devem trabalhar juntos porque um não vive sem o outro e o trabalho conjunto lhe imprime sentido. Esta política inclui todas as atividades que são desenvolvidas nesta instituição que recebe as orientações da mantenedora. Reuniões periódicas marcam os trabalhos desta escola que a partir da mantenedora possui um órgão chamado Conselho Administrativo Educacional da Província (CAEP) que monitora o administrativo e o pedagógico. Assim pode-se constatar “[...] as decisões são tomadas em conjunto e tudo é feito em termos de cursos e Gts aos funcionários e professores, etc.; procura-se dialogar e a gente ouve muito o grupo dos professores e dos funcionários”, diz a gestora administrativa.

Todos os gestores acreditam na importância da formação humana e cristã e entendem que a mesma corrobora para o desenvolvimento de todos os profissionais que atuam nas Escolas pesquisadas. Dentre colocações feitas pelos respondentes, percebe-se que é dado muito apoio às iniciativas das coordenações e também aos professores o que tem proporcionado, nas Instituições, a realização de momentos significativos para a busca de integração por meio do trabalho conjunto e da partilha.

Outro dado é que as estruturas administrativas e pedagógicas das referidas Escolas estão organizadas dentro de necessidades sentidas como urgências de avanços e cada qual com caracterização própria e segundo os Carismas das Congregações a que pertencem. Pode- se afirmar que estes avanços assumem peculiaridades específicas, em cada Escola e de um modo gradativo para aquilo que é considerado prioridade do momento.

Ainda, sob diferentes denominações, o grupo de gestores administrativos e pedagógicos tenta desenvolver na Instituição os processos de mudanças e de inovação. O Gestor Educacional, denominado in loco e em todas as seis Escolas, Diretor Geral, segue orientações administrativas e pedagógicas de suas Mantenedoras ou do Conselho Provincial que para todas as Escolas pesquisadas, sob diferentes denominações, é também o Conselho Administrativo.

5.2 TEMA 2: OS CONFLITOS DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO ADMINISTRATIVA E