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CAPÍTULO I – O ESTUDO: SEUS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO 2 GESTÃO EDUCACIONAL

2.1 A GESTÃO EDUCACIONAL

2.1.1 Teoria Geral da Administração

A sociedade atual é composta de organizações constituídas de pessoas e de recursos tangíveis e intangíveis, em que um depende do outro, para a fluidez na condução racional das atividades da organização, da administração enfim. Pela heterogeneidade e diversificação tamanhas, características, estrutura e objetivos diferentes das organizações vêm corroborar para o estudo do conhecimento humano, que se ocupa das Organizações que têm na Administração a condução racional das suas atividades. Essas atividades envolvem planejamento, estruturação, direção e controle, com o objetivo de garantir o atendimento às necessidades e expectativas do ambiente, levando-se em conta os aspectos de suficiência, oportunidade e maior qualidade na sobrevivência e no crescimento das organizações.

A Teoria Geral da Administração se ocupa do estudo da administração nas organizações em geral, e das empresas de modo especial, quer sejam organizações com ou sem fins lucrativos, públicas ou privadas, por isso é uma área impregnada de complexidades e desafios. Ela teve sua gênese no fim do século XIX e início do século XX, e, ao longo de sua

trajetória histórica, tem apresentado diferentes fases, cuja ênfase está voltada para determinados focos específicos, que marcam épocas. Portanto, a Teoria Geral da Administração constitui o conjunto orgânico e integrado de conhecimentos, teorias e conceitos a respeito das organizações e dos processos de administrá-las.

Deduz-se, então, que a administração é imprescindível para a existência, sobrevivência, sucesso e crescimento das organizações. A administração é uma ciência social que abrange o campo do saber e dos seus códigos estruturados, preocupando-se, sistematicamente, em investigar e explicitar aspectos da relação entre o indivíduo e a sociedade da qual é parte integrante. Para Drucker (1997), a prova acabada da administração é seu desempenho na realização e prestação de serviços à sociedade.

Na Educação, aplicam-se também os princípios da Teoria Geral da Administração, uma vez que, segundo o mesmo autor, noventa por cento dos objetos de preocupação das instituições e empresas são genéricos. Somente dez por cento dizem respeito à missão específica na organização, à sua cultura e história. Portanto, o conhecimento tecnológico da Administração, aliado ao modo de ser, às atitudes e filosofia de trabalho do Administrador, traduz o sucesso e a eficácia de uma instituição. Dada a importância, a Teoria Geral da Administração compreende o desenvolvimento das habilidades conceitual, humanas e técnicas, isto é, o desenvolvimento da capacidade de pensar, definir situações organizacionais e propor soluções.

Para o aspecto educacional, esses princípios são inerentes a toda organização do trabalho escolar e, quando aliados ao que lhe é específico, permitem avançar na busca de inovações que respondam às exigências do mundo atual. Sabe-se que princípios e métodos da organização escolar originam-se de experiência administrativa em geral, muito embora seus objetivos dirigem-se para a educação e a formação das pessoas cujo processo de trabalho tem uma natureza interativa, com forte presença das relações interpessoais e com o desempenho de práticas educativas e ações conjuntas de profissionais.

Segundo Costa (1997), as organizações não são coisas, mas são ideias, conjunto de crenças contidas na mente humana, artefatos culturais que os indivíduos vão assumindo, no seu relacionamento uns com os outros. Em destaque, duas grandes Teorias da Administração: a Teoria Científica de Frederick Winslow Taylor, com ênfase na pessoa, e a Teoria Clássica de Henry Fayol, com ênfase na estrutura.

A Teoria Geral da Administração iniciou com “ênfase nas tarefas”, embasada na Administração Científica de Frededrick W. Taylor, no chão da fábrica e, voltando-se para as aptidões, capacidades e produção dos operários, ao tentar reduzir o desperdício e a

improvisação nas indústrias americanas. No planejamento, preparação, controle e execução das tarefas, Taylor substitui regras rudimentares (empíricas) pela ciência (conhecimento organizado). Taylor foi o primeiro a entender a Administração como sendo uma prática científica e campo de conhecimento, constituindo-se, desse modo, uma nova ciência, ou seja, a Teoria Científica (1903).

Na seqüência, passou-se para a “ênfase na estrutura”, com a Teoria Clássica de Administração de Jales Henri Fayol (1910), desenvolvida na França, tendo função administrativa como um todo, em decorrência da necessidade de encontrar formas de administrar organizações mais complexas, como as fábricas. É uma Teoria que se preocupa com a eficiência das organizações, sob a visão anatômica, ou seja, do ponto de vista da estrutura da organização e, sob a visão fisiológica, isto é, do seu funcionamento.

Para Fayol, a administração é um todo do qual a organização é uma parte, em que se estabelecem a estrutura e a forma, assim como os seus inter-relacionamentos, por ser uma função que se reparte entre a cabeça e os membros do corpo social. Durante boa parte de sua vida, Fayol foi diretor de grandes minas e usina siderúrgica, fato que muito contribuiu para a sua visão de administração (CHIAVENATO, 2000). Fayol identificou cinco funções da administração: planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Além disso, estabeleceu também quatorze princípios gerais da administração9, que deveriam reger o trabalho do administrador.

O maior problema da administração antes de Fayol concentrava-se na preocupação da produtividade das indústrias e usinas. É com Fayol que a administração vai para a oficina e para a direção geral da empresa, na sua totalidade. Por isso, “a principal contribuição de

Fayol ao pensamento administrativo foi mostrar como um processo administrativo complexo pode ser separado em áreas interdependentes de responsabilidades ou funções” (SILVA,

2002, p. 153).

Assim, a Administração é, num certo sentido, a busca do equilíbrio entre estrutura e pessoa, em que tudo tem a ver com o momento e o movimento das instituições, no seu processo de geri-las sabiamente. Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: planejar, organizar, controlar e “comandar”, sendo que esta última, hoje, foi substituída por liderança.

9 Os 14 Princípios da Administração: Divisão do Trabalho; Autoridade; Disciplina; Unidade de Comando;

Unidade de Direção; Subordinação de Interesses Pessoais ao Interesse Geral; Remuneração; Centralização; Hierarquia; Ordem; Igualdade; Estabilidade Pessoal; Iniciativa e Espírito de Corpo.

É também dessa época a Teoria da Burocracia de Weber que não era administrador, mas filósofo e sociólogo e pensava a sociedade e as relações nas organizações, tipificando sua teoria, sobretudo, nas organizações públicas. Há ainda a Teoria Estruturalista, com foco na estrutura, nas pessoas e no ambiente, surgida na década de 50, como resultado do desdobramento dos autores voltados para a Teoria da Burocracia, numa conciliação da Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas (1932). Já Herbert Simon (1945) concebe a organização como um sistema de decisões, daí a Teoria da Decisão, que envolve o comportamento humano, enquanto que Ludwig Von Bertalanffy, em sua Teoria Geral dos Sistemas, aborda a organização como um sistema aberto e com visão holística.

A gestão com enfoque sistêmico nasceu da percepção de cientistas de que certos princípios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes ramos da Ciência. Imbuído deste princípio, o biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy lançou em 1937, as bases da Teoria Geral dos Sistemas. Bertalanffy defendia a ideia de que não somente os aspectos gerais das diferentes ciências são iguais, como as próprias leis específicas de cada uma delas podem ser utilizadas de forma sinérgica pelas outras (PESSOA, [200-?]).

Mayo (1947) é expoente, num terceiro momento, com a “ênfase nas pessoas”, concentrando suas pesquisas no estudo do relacionamento dos trabalhadores entre si, com atenção ao impacto da satisfação não-econômica na produtividade. Segundo esse teórico, o desempenho das pessoas dependerá muito mais dos fatores emocionais, ou comportamentais, do que a visão da administração científica.

Como reação à desumanização do trabalho, surge a Escola das Relações Humanas e a Teoria Comportamental (1957) desenvolvida por Abraham Maslow, psicólogo humanista de Harward, isto é, a evolução da Teoria das Relações Humanas que enfatiza a importância da satisfação humana para a produtividade. O indivíduo passa a ser considerado como um ser humano. A organização é vista como um sistema de trocas e distribuições em meio à complexidade de decisões. Há flexibilidade e adaptação às mudanças ambientais, assim como nos comportamentos dos participantes e suas relações interpessoais. Essa teoria trouxe novos conceitos sobre motivação, liderança, comunicação, dinâmica de grupo, processo decisório, comportamento organizacional, estilos administrativos, que alteram os rumos da teoria administrativa tornando-a mais humana e amigável (CHIAVENATTO, 1999).

A origem da Teoria das Relações Humanas, nos Estados Unidos, resultou das experiências de Hawthorne10 (1927), das quais a organização passa a ser considerada como

um conjunto de seres humanos que carecem de motivação, incentivos e estímulos para produzirem. É o que mostra essa experiência de Hawthorne numa empresa de equipamentos e componentes telefônicos chamada Western Eletric Company. O objetivo é detectar de que modo fatores ambientais influenciavam a produtividade dos trabalhadores. Tal experiência conclui que o nível de produção é determinado pela expectativa do grupo e pelos benefícios cedidos pela organização, pois o indivíduo é membro de um grupo social. Os elementos emocionais e mesmo irracionais merecem maior atenção, uma vez que as pessoas são motivadas pelo conhecimento e participação nas atividades dos grupos sociais.

A Administração torna-se mais humana por conta das ciências que influenciaram as organizações. A partir de então, surgem novas terminologias na linguagem da Administração, como fatores intangíveis e subjetivos. As empresas de ponta começam a investir no patrimônio intangível, sobretudo na área do conhecimento que agrega valor (MURAD, 2007, p. 49).

A experiência de Hawthorne suscitou à organização industrial a considerar suas duas funções básicas, a saber: a função econômica e a função social. É dessa época também que a Administração passa a utilizar novas palavras, tais como, motivação, lideranças, organização informal e dinâmica de grupo. A Teoria das Relações Humanas é também alvo de críticas, por ser considerada com uma concepção ingênua e romântica do indivíduo/operário, com inadequada visualização dos problemas das relações industriais, além de enfoque manipulativo das relações humanas, entre outras.

Pensando em instituições de ensino em que as relações humanas devem e podem fluir, de modo a permitir que o todo compreenda ações motivadoras e participativas, torna-se imprescindível que, subjacente ao planejamento global, encontrem-se delineadas diferentes teorias que conduzam o desenvolvimento da organização/instituição. Destaca-se aqui que as idéias da filosofia pragmática de John Dewey (1859) e Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin (1890) foram capitais para o humanismo na Administração. Para Lewin, o comportamento, as atitudes, as crenças e os valores do indivíduo baseiam-se nos grupos aos quais pertencem. Tanto assim que, a partir de então, todo o acervo das teorias psicológicas acerca da motivação humana passou a ser aplicado na empresa.

10 O Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research Council) iniciou uma experiência

em uma fábrica situada em Chicago no Bairro de Hawthorne, daí a experiência de Hawthorne. A experiência foi coordenada por Elton Mayo, e estendeu-se, posteriormente, à fadiga, acidentes de trabalho, rotatividade de pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal.

Já a abordagem Contingencial (1972) traz como característica principal tecnologia e ambiente aliados e, além de lidar com pessoas, destaca a natureza multivariada das organizações que atuam em circunstâncias específicas. A abordagem contingencial explica que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos de uma organização. Contingência significa uma eventualidade, uma possibilidade de algo acontecer, ou não. O destaque da Gestão de Pessoas dessa teoria defende que a melhor forma de gerenciar uma empresa depende de uma série de variáveis conjunturais, provenientes das pessoas e do ambiente.

Na esteira da abordagem Contingencial, outras abordagens têm se sucedido, tais como: Aprendizagem Organizacional, Capital Intelectual, Gestão do Conhecimento, Gestão de Equipe de Alta Perfomance, Coaching, Empreendedorismo, Balanced Scorecard, Reengenharia, Terceirização, Tecnologia da Informação (TI), Benchmarking, Empowerment, Gestão pela Qualidade Total, Gestão de Projetos, etc. Observa-se que cada Teoria avança incorporando elementos das Teorias anteriores.

Uma Administração eficaz constitui um meio de fazer com que as coisas sejam realizadas da melhor forma e, com a maior eficiência e eficácia. Daí a urgência e importância de constante atualização, aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional, sobretudo, dos gestores, num mundo globalizado e competitivo. O que caracteriza a competência é a integração e a administração de um conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes que, na sua manifestação, produzem uma atuação diferenciada e está difundida de forma ampla em toda a organização. As organizações humanas (MORENO, 1999) crescem em complexidade e em desafios e cabe aos seus atores corresponder às exigências.

Aos gestores cabe compreender também a dimensão política de sua ação administrativa, respaldada na ação participativa. O principal instrumento da administração participativa é o planejamento construído participativamente. Por outro lado, a grande riqueza da gestão participativa é o envolvimento dos grupos ou, pessoa, que trazem as suas percepções sobre a realidade que os cerca. Assim, para que o processo de gestão seja saudável, os gestores educacionais precisam ficar atentos ao que a Instituição de Ensino realiza, ou não, para favorecer o clima organizacional, de modo a torná-lo leve e transparente e para que as medidas e decisões tomadas sejam bem pensadas, discutidas, humanizadas e divulgadas.