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No início da década de 1990, o Estado brasileiro teve uma grande trans-formação. Ele se tornou um estado gerencial, isto é, houve uma mudança, que o transformou em responsável direto no que tange ao desenvolvimento econômi-co e social (CAMPOS et al., 2013).

A gestão pública governa e administra minuciosamente as ações de gover-nantes. Nessa realidade, seus atos são explicitamente impostos à população. O autor ainda retrata que a sociedade foi se consolidando com o passar dos anos. Primeiramente, o Estado se tornou um governo patrimonialista, depois se transformou em um modelo burocrático e agora é um modelo gerencial, sendo visto de nova forma, que agrega para todos (GOMES, 2014). O Patrimonialis-mo perdurou durante todo o período colonial, imperial e a Primeira República, abrangendo os anos de 1500 até 1930. (DRUMOND et al., 2014)

No entanto, Gomes (2006) rebate dizendo que a administração pública abrange os três modelos de forma que todas são utilizadas no mesmo instante, então podendo dizer que os modelos patrimonialista, burocrático e gerencial estão presentes ao mesmo tempo.

No entanto, Gomes (2006) rebate dizendo que a administração pública abrange os três modelos de forma que todas são utilizadas no mesmo instante, então podendo dizer que os modelos patrimonialista, burocrático e gerencial estão presentes ao mesmo tempo.

Kettl (2006) observa que o modelo gerencial têm objetivos a serem alcança-dos e está elencado na busca do melhor. Martins (2007) resume os três modelos: o patrimonialista com herança de cultura lusitana que se apossa dos bens públi-cos; o burocrático na maneira de modernizar a administração pública e construir uma nação melhor ao implantar formas democráticas; e o gerencial em ter um elo entre a política e a administração, mas visando modernizar o aparato estatal.

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Akutsu e Pinho (2002) observam que houve diversos casos na gestão pública em que a ausência da accountability acarretou em análise minucio-sa no Governo e nos seus gestores, realizada propriamente pela administra-ção pública, para averiguar os gastos. A sociedade também tem a opadministra-ção de auxiliar neste controle. Esses mecanismos vêm sendo visto de forma posi-tiva, pois há estudos que mostram melhorias no setor administrativo. Para quem o administra, a accountability é um recurso que auxilia os gestores e ajuda a sociedade a ter mais informação.

Embora esse termo ainda seja alvo de discussões por não ser traduzido para língua portuguesa, ele está relacionado com o processo de prestação de contas por parte do setor público. Ou como Abrucio e Loureiro (2004) afirmam, são mecanismos por meio dos quais os governantes são constran-gidos a responder por seus atos e omissões perante a seus governados.

A Lei de Acesso à Informação6 tem uma meta a ser atingida, que é divulgar para qualquer pessoa os procedimentos realizados pelos gestores públicos, com a ideia de favorecer a sociedade e ter benefícios na gestão pública (MAZZA, 2013). Antes mesmo da imposição da referida lei, a gestão pública já seguia algu-mas noralgu-mas. “O Portal Transparência Brasil, criado em 2004, serviu de referên-cia aos demais portais, funcionando como um instrumento de prestação de con-tas e, desse modo, incentivando o controle social” (CAMPOS et al., 2013, p.422). Contudo, a transparência na informação ainda deixa a desejar. Com me-lhoria contínua há de terem-se os dados e informações repassadas por completo. Neste sentido, o controle do cidadão é essencial para ampliação do sistema e melhorias. (CAMPOS et al., 2013).

Os autores que observam a transparência no âmbito público relatam que ela vem sendo deixada de lado pelos gestores, acarretando perda financeira e de

115 tempo, isto é, por mais que existam todas essas normas, não são praticadas e há

um desfalque no âmbito público. (CAMPOS et al., 2013).

Segundo Freitas e Luft (apud FREY, 2002; RUEDIGER, 2002; HOL-ZER; KIM, 2005; MELLO, 2009; MELLO; SLOMSKI, 2010; CUNHA, FREGA; LEMOS, 2011; JANOWSKI, PARDO; DAVIES, 2012; BEUREN, MOURA; KLOEPPEL, 2013), o governo eletrônico está voltado para um futuro em que a governabilidade tenha o intuito de prosperar, mostrando como se realizam as operações do trabalho da administração pública, em que a sociedade realiza seu papel de democracia, certificando-se de que tenha o acesso e a participação no que diz respeito à transparência da di-vulgação das contas públicas. No entanto, a governança eletrônica abran-ge mais áreas. Até então, o tema governo eletrônico também se encontra na esfera do assunto da governança eletrônica, tendo como objetivo os afazeres gerenciais e interação com a população. Assim, podemos dizer que a governança eletrônica abrange o setor do Governo (tanto a parte eletrônica, quanto a política).

Há uma distinção em relação à governança eletrônica e governo ele-trônico. Ambos estão interligados à gestão pública, porém cada um têm seu conceito diferenciado (FREITAS; LUFT, 2014).

No entanto, a tecnologia da informação e comunicação são utilizadas em ambas as esferas. Para Mello e Slomski (2010), se aplicam tanto na go-vernança eletrônica, quanto no governo eletrônico.

Na mesma linha de raciocínio, Mello (2009) analisa que os serviços disponibilizados pelo gestor público transmitem confiança aos cidadãos e mostram uma gestão pública mais completa e eficiente, mas o intuito da governança eletrônica não é só este. As tecnologias da informação e co-municação abrangem muito mais a esfera pública. Além de ter o apoio da população, os governantes têm credibilidade em função das informações

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repassadas com transparência e seus governados têm mais segurança e con-trole com o que se pode observar nos portais do governo.

Para Mello e Slomski (2010), governança eletrônica, governo eletrôni-co e a democracia eletrônica são assuntos interligados, ou melhor, governo eletrônico e a democracia eletrônica estão dentro do tema da governança eletrônica. O governo eletrônico é definido como a prestação de serviços que o Estado presta para a população; a democracia eletrônica nada mais é que a interação da população com o Governo. Assim, a governança eletrô-nica, para existir, necessita dos dois.

A tecnologia alavancou de tal forma que a internet está sendo uti-lizada de forma indispensável para acessar informações fornecidas pela administração pública, provocando assim uma nova administração e aproximando consumidor e prestador de contas, prestando serviços de maneira inovadora (MEDEIROS, 2004).

Arakaki (2008, p.11) define que “este movimento é chamado eletronic

government, que traduzido para o português é governo eletrônico, sendo

comum também à substituição da expressão pelo termo e-gov”.

Com a utilização das tecnologias, a gestão da administração alavancou e prosperou. Houve uma diferenciação do enquadramento do país, agregando ao Governo e auxiliando as empresas. Todo esse procedimento transformou a forma de conduzir o Estado, em que os cidadãos contribuem, as empresas auxiliam e o Governo melhora (AKUTSU; PINHO, 2002).

Nesse sentido, Santos et al. (2013) subtendem que governo eletrônico possui diversas definições, porém, seguindo a linha de raciocínio no fator evolução e mudanças, o modo de execução se estabelece em, sobretudo, aprimorar seus pro-cessos, garantir excelência no atendimento, além “de garantir os fundamentos de valores democráticos como participação, transparência, atenção à dignidade hu-mana, representatividade e controle dos agentes públicos pela sociedade” (p. 725).

117 Com esses portais, o contato ficou mais fácil e a publicidade das

contas públicas mais claras. A sociedade poderá observar tudo que o Governo realiza, divulga, até mesmo as normas para conhecimento ge-ral, os princípios a serem seguidos, além da avaliação e da participação coletiva. Assim, o Governo recebe o feedback e identifica as necessida-des da população (PINHO, 2008).

Contudo, a transparência nos sites do Governo tem como princípio a publicidade e clareza das informações, com o intuito de estabelecer contro-le entre Estado e cidadãos (PLATT NETO, 2005).

Torres e Agune (2009) afirmam que a democracia por parte dos cida-dãos, realizadas nos sites governamentais, não ocorre como o esperado. O Estado oferece meios para a análise das contas, mas as pessoas não têm a preocupação com que é feito pela administração pública. Ou seja, não há participação suficiente dos governados.

O Portal da Transparência Brasil, criado em 2004, serviu de referência aos demais portais, funcionando como um instrumento de prestação de contas da administração pública e, desse modo, incentivando o controle so-cial. “Seguindo os preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a ideia desse portal foi a de que os cidadãos pudessem acompanhar a execução dos programas e ações do Governo” (CAMPOS et al., 2013, p.11).

A pilastra que sustenta a democracia nos portais do Governo não vem de uma política deliberada de abertura de dados, mas por consolidações que interpõe para os gestores, e estão expressos em leis. Além disso, há de ter a legislação, custos e a arrecadação por meios eletrônicos (SANTOS, 2007).

A observação da população é tão fundamental quanto o ato de pres-tação de contas do Governo, pois um depende do outro. A participação da população é primordial para que haja transparência. Deve haver a interação dos cidadãos (RAUPP; PINHO, 2011).

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Resultados

Neste capítulo apresenta-se a tabulação dos dados, bem como a sua aná-lise. O tema referente ao conteúdo é classificado com os seguintes parâmetros: execução orçamentária, classificação orçamentária, análises do documento de empenho (NE) e do documento de pagamento (OB), beneficiários do paga-mento, procedimento licitatório, convênios ou contratos de repasse ou termos de parceria e dados referentes à receita, apresentando os seguintes resultados:

Quadro 3: Conteúdo do índice de transparência Índice de Transparência

Temas/Parâmetros Campinas Sumaré Hortolândia Americana Limeira

1 - Conteúdo 1230 890 955 1250 1250 1. 1 - Execução orçamentária (valores) 90 60 90 90 90 1.2 - Classificação orçamentária 390 340 340 390 390 1.3 - Documento de empenho (NE) 100 0 0 100 100 1.4 - Documento de pagamento (OB) 100 40 40 100 100 1.5 - Beneficiário do pagamento (Pessoa física

ou jurídica) 100 100 100 100 100 1.6 - Procedimento licitatório 270 210 240 270 270 1.7 - Convênios/Contratos de Repasses/Termos de Parceria 100 80 85 100 100 1.8 - Receita 80 60 60 100 100

119 Percebe-se que no parâmetro “beneficiário do pagamento”, a

pon-tuação total foi atingida pelos cinco municípios analisados. Porém, de-ve-se ressaltar que, nos municípios de Sumaré e Hortolândia, as análises foram realizadas por documentos anteriores aos demais municípios, de 2011 e 2012 respectivamente, por serem os últimos disponíveis quando realizada a pesquisa.

O parâmetro “documento de empenho (NE)”, só se pode verificar dos municípios paulistas de Campinas, Limeira e Americana. Os demais municípios (Sumaré e Hortolândia) não puderam ser contrastados por falta de objeto apresentado no site.

Compondo o parâmetro “documento de pagamento (OB)”, os mu-nicípios de Sumaré e Hortolândia mostram na transparência, somente 40% do esperado, lembrando que, ambos os municípios, somente tiveram as pontuações apresentadas por que detalharam os itens analisados com orçamentos de três e dois anos atrás, respectivamente para as cidades. Po-rém, os três municípios que tiveram as melhores pontuações computaram 100% do parâmetro.

Já o parâmetro “Convênios/Contratos de repasses/Termos de parce-ria”, foram bem apresentados por Campinas, Limeira e Americana, todas atendendo cada parâmetro, mas Sumaré e Hortolândia não relatavam a vigência e valor da contrapartida e somente o município de Sumaré não apresentou a justificativa no documento.

Campinas deixou a desejar no quesito da arrecadação do valor em “Re-ceita” em relação à Limeira e Americana. Sumaré e Hortolândia, além de não ter pontuação também neste item, deixaram de lançar a previsão de valor.

Em “Execução Orçamentária”, Sumaré atingiu 60% da pontuação e os demais, 90%. Também foi analisado o tema “série histórica” e a tabela 3 apresenta os resultados:

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Quadro 4: Série Histórica e Frequência de Atualização

Temas/Parâmetros Campinas Sumaré Hortolândia Americana Limeira

2 - Série Histórica e

Frequência de Atualização 560 300 400 500 500

2.1 - Série Histórica (capturar

informação com a data) 100 50 60 100 100

2. 2 - Atualização (despesa) 460 450 340 400 400

Fonte: Dados da pesquisa.

Neste aspecto, pode-se observar que Campinas obteve a melhor pontua-ção (560 pontos), em comparapontua-ção com os demais. Foi o único município que se atentou em deixar registrado em sites oficiais dados que os demais não alcança-ram por completo. Os três primeiros colocados (Campinas, Americana e Limei-ra) cumpriram a obrigação imposta do inc. II do art. 48 da Lei Complementar n°101/20007, ou seja, as atualizações e as informações devem ocorrer no prazo de 24 (vinte e quatro) horas e simultaneamente. Os resultados da análise de usabili-dade estão sintetizados no Quadro 5.

Quadro 5:Análise da "Usabilidade" do cidadão

Temas/Parâmetros Campinas Sumaré Hortolândia Americana Limeira

3 - Usabilidade 340 220 260 320 320 3.1 - Interação 100 30 80 80 80 3.2 - Possibilidade de download 40 0 0 40 40 3.3 - Delimitação temporal das consultas 100 90 80 100 100 3.4 - Facilidade de navegação 100 100 100 100 100

Fonte: Dados da pesquisa.

121 No parâmetro “interação” foram utilizados os seguintes itens: manual de

navegação do portal, perguntas frequentes e fale conosco (e-mail e telefone). Os municípios de Sumaré e Hortolândia não permitem downloads das contas públi-cas, somente as do próprio site. Ao contrário de Campinas, Americana e Limeira, que além de fornecerem no próprio site, oferecem arquivos para download.

No parâmetro “delimitação temporal das consultas”, Campinas, America-na e Limeira seguem de maneira eficiente, porém Sumaré e Hortolândia ficam apenas com 10 e 20 pontos respectivamente, por falta de consultas trimestrais em ambas e bimestrais em Hortolândia.

Contrastando as pontuações, e somando-as, obtém-se os valores consolida-dos do “índice de transparência”.

Os resultados apresentados no Quadro 5 integram o nível de transparência do município pela metodologia de Biderman e Puttomatti (2011):

Quadro 6: Índice de Transparência dos municípios

Temas/Parâmetros Campinas Sumaré Hortolândia Americana Limeira

1 - Conteúdo 1230 890 955 1250 1250

2 - Série Histórica e

Frequência de Atualização 200 50 60 200 200

3 - Usabilidade 340 220 260 320 320

Pontuação total 1770 1160 1275 1770 1770

Fonte: Dados da pesquisa.

Analisando os resultados verifica-se que os municípios de Campinas, Americana e Limeira, com 1770 pontos (de 2000 pontos possíveis), tiveram

um maior índice de transparência em suas gestões públicas de acordo com a metodologia utilizada. Os municípios de Sumaré e Hortolândia não dis-ponibilizaram no site todos os dados analisados no ano de 2015.

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