• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO VI Metodologia de Análise

6.2. GRANDES OPÇÕES METODOLÓGICAS

Depois de apresentada a instuição alvo desta análise - a Bolsa de Derivados do Porto - e de descrita a sua estratégia de marketing, tornava-se necessário ver quais os efeitos no mercado desta actuação. Na escolha da metodologia de análise a utilizar, dois factores foram determinantes: os objectivos subjacentes à pesquisa e o seu conteúdo.

A análise efectuada tinha como objectivo determinar qual o efeito da estratégia de marketing da BDP no mercado. Isto é;

• por um lado procurava-se determinar qual o entendimento que o mercado (tido como um conjunto de potenciais clientes, necessariamente restrito, dado o carácter altamente especializado dos derivados) fazia da mensagem transmitida e qual a imagem que detinham da instituição;

• por outro lado, qual a aceitação que essa mensagem tinha em termos de efectiva utilização dos produtos e serviços comercializados pela Bolsa.

Face às variadas opções metodológicas possíveis para tratar este tipo de questões - nomeadamente, se o tratamento seria de natureza quantitativa ou qualitativa - adoptou-se uma abordagem de natureza mais exploratória do que descritiva. Isto é, mais do que conhecer os indicadores de mercado e analisar o seu valor (por exemplo, quotas de mercado), optou-se por procurar perceber as razões por detrás dos números, isto é, mais do que a frequência de ocorrência dos fenómenos, procurou-se entender qual a teia de relações subjacente.

Uma vez que o conteúdo da análise seria sobretudo de natureza técnica, a alternativa mais acertada pareceu ser a auscultação dos intervenientes directos no processo, ou seja, do mercado de clientes potenciais, enveredando, pois, por um estudo de natureza sobretudo qualitativa. Essa auscultação foi realizada segundo uma filosofia de case- study, isto é, envolveu a análise de um pequeno número de questões, em relação às quais se reuniram dados provenientes de diversas fontes de forma a obter um resultado final multidimensional.

A primeira fonte de dados escolhida foi a realização de entrevistas individuais, onde os intervenientes discutiram as suas percepções sobre as questões a estudar. As razões que determinaram a escolha deste método foram duas: o carácter exploratório do estudo (descobrir os porquês associados a um assunto de natureza técnica e ainda pouco desenvolvido - os derivados) e a adopção de uma posição construtivista, segundo a qual são as experiências individuais e colectivas dos intervenientes no sistema que constroem ou permitem compreender de forma estruturada o próprio sistema (Brito, 1999). A opção exploratória teve, claramente, implicações em termos

de amostragem, isto é, na definição do mercado a inquirir. Assim, a representatividade estatística foi preterida em favor da representatividade conceptual, de forma a que cada interveniente deveria representar um contributo adicional para as questões tratadas, de forma a "saturar" todos os pontos de vista, numa óptica de "quem" disse "o quê". Assim, no que se refere às entrevistas individuais, procurou-se interrogar os diversos quadrantes do mercado, desde profissionais do sector (bancos, corretores, gestoras de património, gestoras de fundos de investimento) até àqueles especializados noutras áreas (jornalistas, relações públicas) os quais, apesar de aparentemente ocuparem um lugar periférico ao sistema, poderiam contribuir com visões inovadoras. O material referente a estas entrevistas é analisado no capítulo 7, secção 2.

Esta informação foi posteriormente complementada por uma segunda fonte de dados, resultantes da distribuição de um inquérito a uma base mais alargada de intervenientes. Novamente, as razões que justificam esta escolha são duas. Primeiro, o facto de as entrevistas terem permitido detectar a emergência de uma série de questões mais específicas, aplicáveis a sectores a que não pertenciam os entrevistados: Uma vez que parecia um pouco despropositado a realização de entrevistas a agentes não especializados e, logo, pouco conhecedores dos aspectos técnicos do tema, a resposta a um inquérito pareceu constituir um formato mais adequado para a auscultação de um leque mais alargado de agentes. Em segundo lugar, o inquérito permitia entender melhor e de forma mais sistemática a teia de relações existente, dado permitir a realização de estudos estatísticos de correlação necessários a uma análise de carácter exploratório. Em termos de amostragem, aqui foi privilegiada a representatividade estatística, procurando abranger todos os agentes económicos, utilizadores efectivos ou não, potencialmente interessados na transacção de derivados.

Assim, a base de dados original pretendia englobar não só empresas do sector financeiro, mas também industrial, comercial e mesmo académico, cujos contributo não tinha sido captado nas entrevistas. O número de respostas recebido ficou acima das expectativas, embora se tivesse demonstrado difícil controlar a sua

representatividade, pela natureza facultativa das respostas . Os resultados deste inquérito são discutidos no capítulo 7, secção 3.

Finalmente, foi utilizada uma terceira fonte, que passou por uma "mesa redonda" constituída por vários investidores particulares. Apesar da natureza da informação resultante ser semelhante ao obtido com entrevistas individuais, este formato foi considerado preferível, uma vez que este sector tem motivações bastante díspares e seria difícil "preencher" esta categoria através de apenas um ou dois contactos. A amostra utilizada prendeu-se mais com questões de disponibilidade dos intervenientes e foi extraída da base de clientes de uma das empresas com maior experiência no mercado na área dos derivados. A grelha de questões utilizada foi semelhante à utilizada nas entrevistas, com a diferença que não foram gravadas (pela própria natureza da discussão), sendo apresentado apenas um resumo das conclusões no capítulo 7, secção 4.