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PARTE II – O ESTUDO EMPÍRICO

CAPÍTULO 6: CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS

2.10. Hábitos de estudo

Também interrogámos os alunos relativamente a alguns aspectos relacionados com os seus hábitos de estudo.

Assim, procurámos saber qual era o tempo que eles dedicavam por semana ao estudo das diversas áreas curriculares disciplinares, com particular relevo para a Língua Portuguesa e a História. Procurámos também determinar qual era o papel desempenhado pela leitura nesse estudo.

O Quadro 21 apresenta a síntese das respostas dadas pelos alunos relativamente ao tempo que dedicavam, por semana, ao estudo das diferentes áreas curriculares disciplinares.

Língua

Portuguesa História Restantes áreas curriculares disciplinares Tempo (minutos/horas)/Áreas

curriculares disciplinares

% % %

1 a 30 minutos (Até meia hora) 3 15,8% 6 31,6% 2 10,5%

31 a 60 minutos (Entre ½ e 1 hora) 2 10,5% 6 31,6% 0 0,0%

61 a 120 minutos (Entre 1 e 2 horas) 7 36,8% 2 10,5% 3 15,8%

121 a 180 minutos (Entre 2 e 3 horas) 5 26,3% 3 15,7% 4 21,1%

181 a 240 minutos (Entre 3 e 4 horas) 0 0,0% 0 0,0% 2 10,5%

241 a 300 minutos (Entre 4 e 5 horas) 0 0,0% 0 0,0% 3 15,8%

Mais de 300 minutos (Mais de 5 horas) 1 5,3% 1 5,3% 5 26,3%

Sem resposta 1 5,3% 1 5,3% 0 0,0% Total 19 100% 19 100% 19 100% Média 114 minutos (Entre 1 e 2 horas) 87 minutos (Entre 1 e 2 horas) 242 minutos (Mais de 4 horas)

Quadro 21: Tempo dedicado, por semana, ao estudo das diferentes áreas curriculares disciplinares

Comentando os resultados, verifica-se que, para estudar Língua Portuguesa, a maioria dos alunos disse que gastava entre uma hora e três horas por semana. A tendência era para apontar entre uma hora e meia e duas horas por semana, ou seja, em média, aproximadamente 15 minutos por dia.

Relativamente à História, a maioria dos alunos disse que lhe dedicava até uma hora por semana. Em média, os alunos desta turma afirmavam utilizar entre dez e quinze minutos por dia para estudar História.

Comparando as respostas relativas à Língua Portuguesa com as relativas à História, verifica-se que eles declararam utilizar mais tempo para estudar a primeira do que a segunda.

Para estudar as restantes áreas curriculares disciplinares, verifica-se que aproximadamente um quarto dos alunos afirmou despender até duas horas por semana. Este era o grupo que parecia dedicar menos tempo ao estudo.

No extremo inverso, surgem os alunos que pareciam dedicar ao estudo mais de cinco horas por semana: 26,3%, ou seja, mais de um quarto dos alunos.

Relativamente ao papel da leitura no estudo, perguntámos aos alunos quanto tempo por semana dedicavam à leitura para estudar para as diferentes áreas curriculares disciplinares.

O Quadro 22 apresenta os dados obtidos a partir das respostas dos alunos a esta questão, organizados em seis níveis, tendo em conta o tempo despendido a ler para estudar para as diferentes áreas curriculares disciplinares.

0 minutos Até 30 minutos 31 a 60 minutos 61 a 120 minutos 121 a 180 minutos >3 horas Sem resposta Total Áreas curricu- lares discipli- nares / Tempo % % % % % % % % LP 0 0,0 3 15,8 6 31,6 5 26,3 2 10,5 3 15,8 0 0,0 19 100 História 1 5,3 8 42,1 5 26,3 3 15,8 2 10,5 0 0,0 0 0,0 19 100 Geografia 2 10,4 6 31,6 6 31,6 1 5,3 3 15,8 1 5,3 0 0,0 19 100 Matemática 3 15,8 6 31,6 3 15,8 1 5,2 3 15,8 3 15,8 0 0,0 19 100 Francês 0 0,0 8 42,1 6 31,6 4 21,0 1 5,3 0 0,0 0 0,0 19 100 Inglês 1 5,3 7 36,8 5 26,3 3 15,8 1 5,3 2 10,5 0 0,0 19 100 CFQ 3 15,8 6 31,5 3 15,8 3 15,8 3 15,8 1 5,3 0 0,0 19 100 CN 0 0,0 7 36,8 3 15,8 3 15,8 4 21,1 2 10,5 0 0,0 19 100 TIC 3 15,8 8 42,0 3 15,8 4 21,1 1 5,3 0 0,0 0 0,0 19 100 EV-ET 14 73,7 3 15,8 2 10,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 19 100 EF 14 73,7 2 10,5 1 5,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 10,5 19 100 ERMC 13 68,4 1 5,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 5 26,3 19 100

Quadro 22: Tempo, por semana, dedicado à leitura para estudar para as diferentes áreas curriculares disciplinares

Relativamente à Língua Portuguesa (LP), a maioria dos alunos disse dedicar mais de uma hora, por semana, à leitura.

Relativamente às áreas curriculares disciplinares de História, Geografia, Matemática, Francês, Inglês, Ciências Físico-Químicas (CFQ) e Ciências Naturais (CN), a maioria dos alunos afirmou dedicar mais de meia hora à leitura, por semana.

No que diz respeito à Língua Portuguesa (LP) e à Matemática, 15,8% dos alunos afirmaram dedicar mais de três horas à leitura para o seu estudo, por semana. Em relação ao Inglês e às Ciências Naturais (CN), 10,5% dos alunos disseram dedicar à leitura mais de três horas por semana, no seu estudo.

O tempo dedicado à leitura é manifestamente insignificante para a disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): a maioria dos alunos afirmou dedicar à leitura para o seu estudo até meia hora por semana. Acontecia o mesmo para as áreas curriculares disciplinares de Educação Visual/Educação Tecnológica (EV/ET), Educação Física (EF) e Educação Religiosa e Moral Católica (ERMC): a maioria dos alunos afirmava não dedicar nenhum tempo à leitura para o seu estudo.

A partir da análise destes dados verifica-se que há uma correspondência entre as áreas curriculares disciplinares relativamente às quais a maior parte dos alunos disse que dedicava pouco ou nenhum tempo à leitura para o seu estudo (Tecnologias de Informação e Comunicação, Educação Física e Educação Religiosa e Moral Católica) e as áreas curriculares disciplinares que foram consideradas fáceis ou muito fáceis pela maior parte dos alunos (cf. Quadro 20).

Verifica-se ainda que algumas destas áreas curriculares disciplinares (Educação Religiosa e Moral Católica, Educação Visual/Educação Tecnológica e Educação Física) também eram consideradas pouco ou nada importantes por uma boa parte dos alunos (cf. Quadro 19).

Pode-se, assim, concluir que, de certa forma, o tempo que é dedicado à leitura para estudar as diversas áreas curriculares disciplinares pode ser determinado pela facilidade e pela importância que é atribuída às diferentes disciplinas. Áreas curriculares disciplinares consideradas fáceis e pouco importantes não levam os alunos a utilizar a leitura como forma de estudar. Por outro lado, a maior parte destes alunos referia que dedicava mais tempo à leitura para estudar as áreas curriculares disciplinares consideradas importantes e também difíceis, como é o caso de Língua Portuguesa e de Matemática.

Ora, estes dados permitem-nos supor que há alguma tendência para os alunos considerarem a leitura como meio de acesso ao conhecimento no âmbito do trabalho escolar e que, embora de forma pouco expressiva, procuram servir-se dela em algumas áreas curriculares disciplinares que consideram importantes e difíceis.

3. Observações finais

Como pudemos observar com base na análise dos dados obtidos a partir das respostas dadas pelos alunos a parte do primeiro questionário, a turma em que se realizou a experiência era equilibrada relativamente ao número de rapazes (dez

)

e de raparigas (nove) e a maioria dos alunos da turma tinha a idade esperada para o nível de ensino em que se encontrava (entre catorze e quinze anos).

Verificou-se também que a maioria dos alunos desta turma tinha residido sempre em Portugal e que, no momento em que foi inquirida, morava relativamente próximo da escola.

Os agregados familiares destes alunos eram maioritariamente constituídos por três ou quatro pessoas e tinham um estatuto sócio-económico que podemos considerar médio, tendo em conta a região em que se encontravam inseridos.

A maioria destes alunos privilegiava, como actividades de tempos livres, “ouvir música” e “ver televisão” e raramente desenvolvia actividades como “ler” e “ir ao teatro”, dando respostas equivalentes ao que outros estudos têm mostrado sobre actividades culturais desenvolvidas pelos alunos nos tempos livres.

A totalidade dos alunos da turma frequentava a escola há mais de três anos e, maioritariamente, estes alunos gostavam da escola e da turma a que pertenciam.

A maioria destes alunos via o seu desempenho escolar como razoável.

Em relação à classificação obtida na área curricular disciplinar de Língua Portuguesa, no último período do ano lectivo anterior, a maior parte dos alunos declarou situar-se no nível três (57,9%). Em relação ao nível quatro, houve 15,8% de respostas e, em relação ao nível cinco, apenas uma resposta (5,3%). Constatámos ainda que 21% dos alunos disse ter obtido uma classificação negativa (nível dois).

Estes alunos valorizavam sobretudo as áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa e de Matemática, independentemente do seu gosto pessoal por essas disciplinas ou do grau de facilidade que lhes atribuíam.

Relativamente à área curricular disciplinar de História, verificámos que a maioria destes alunos a considerava importante, apesar de se verificar também que a maioria declarava gostar pouco desta disciplina e considerá-la pouco fácil.

Relativamente aos hábitos de estudo destes alunos, verificámos, em primeiro lugar, que a maioria disse que utilizava entre uma hora e três horas por semana para estudar para a disciplina de Língua Portuguesa. Em relação à disciplina de História, a maioria dos alunos declarou que lhe dedicava até uma hora por semana.

Constatou-se assim que estes alunos afirmavam dedicar mais tempo ao estudo da área curricular disciplinar de Língua Portuguesa do que ao estudo da área curricular disciplinar de História.

De acordo com as respostas destes alunos, o papel da leitura no estudo evidenciava- se, para além da área curricular de Língua Portuguesa, sobretudo para as de Matemática e de Ciências Naturais, num primeiro plano, e, num segundo plano, para as de Geografia e de Ciências Físico-Químicas.

Pode-se, assim, supor que o tempo que é dedicado à leitura para estudar as diversas áreas curriculares disciplinares pode ser determinado em função da facilidade e da importância que é atribuída às diferentes disciplinas. Áreas curriculares disciplinares consideradas fáceis e pouco importantes não levam os alunos a considerar a utilização da leitura como forma de estudar e vice-versa. Neste último caso, encontram-se as áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa e Matemática.