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3.3 Identificação da Comparabilidade

3.3.1 Hipóteses da Pesquisa – Parte I

Para Zeff (2007), é manifesto que houve um aumento na comparabilidade das demonstrações financeiras das entidades dos diversos países que adotaram as IFRS, pois antes da adoção obrigatória, cada país utilizava o seu próprio padrão contábil, que se diferenciava consideravelmente de uma nação para outra. Confirmando esse argumento, Stergios e Laskaridou (2008), ao analisarem 270 empresas gregas listadas na Bolsa de Valores de Athenas, constataram que a comparabilidade evoluiu positiva e significativamente, com a adoção das IFRS.

Barth et al. (2012), no mesmo sentido, observaram uma amostra de 3.400 empresas de 27 países que adotaram as IFRS entre 1995 e 2006 e constataram que a comparabilidade das demonstrações financeiras aumentou depois da adoção obrigatória das IFRS. Yip e Young (2012), ao analisarem 2.562 companhias abertas pertencentes a 17 países da União Europeia, identificaram que a comparabilidade das demonstrações financeiras é significativamente maior no período pós-IFRS (2005-2007) do que no período pré-IFRS (2002-2004).

Corroborando os achados dos estudos anteriores e partindo-se do pressuposto de que um dos objetivos da adoção das IFRS é aumentar a comparabilidade das demonstrações financeiras nacionais e entre países (CAIRNS et al., 2011), foram construídas as hipóteses H1

e H2 testadas nesta pesquisa.

H

1

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A comparabilidade nacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de ativos

imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru aumentou após a adoção obrigatória das IFRS.

H

2

:

A comparabilidade internacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de

ativos imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru aumentou após a adoção obrigatória das IFRS.

Para Haller e Wehrfritz (2013), a adoção das IFRS não necessariamente leva a demonstrações financeiras comparáveis, quando as normas fornecem flexibilidade (escolhas contábeis) na sua aplicação. Isso porque, de acordo com Cairns et al. (2011), diferenças no

ambiente institucional, como os sistemas jurídicos e fiscais, as fontes de financiamento de recursos e as regulamentações do mercado podem afetar a forma como as normas são utilizadas na prática.

Cole, Branson e Breesch (2009) argumentam que as diferentes interpretações resultantes de especificidades culturais, podem causar divergências na aplicação das IFRS, o que refletiria de maneira negativa na comparabilidade das demonstrações financeiras. Em virtude disso, Haller e Wehrfritz (2013) defendem que a abolição ou a redução das escolhas contábeis claras contidas nas IFRS seria uma opção política para aumentar a comparabilidade das demonstrações financeiras.

Posto que a existência de escolhas contábeis nas IFRS pode gerar baixos níveis de comparabilidade entre as demonstrações financeiras dos países que a adotaram (ALI; AHMED; HENRY, 2006), foi construída a terceira hipótese testada neste estudo.

H

3

:

A comparabilidade internacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de

ativos imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru é baixa.

Por outro lado e em decorrência dos mesmos argumentos apresentados para a hipótese H3, quando se busca verificar o ambiente interno de cada nação (as empresas de um mesmo

país no mesmo período e ao longo do tempo), a tendência é que as demonstrações financeiras dessas entidades sejam comparáveis. Isso ocorre em virtude de que, apesar da existência de escolhas contábeis, todas as empresas estão sob a influência do mesmo ambiente institucional, da mesma cultura.

Jaafar e Mcleay (2007) afirmam que quando existem escolhas contábeis disponíveis, é de se esperar que os tratamentos contábeis não variem significativamente em ambientes com estruturas econômicas semelhantes. Assim, a quarta hipótese testada nessa pesquisa diz respeito à comparabilidade nacional.

H

4

:

A comparabilidade nacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de ativos

imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru é alta.

Segundo Jaafar e Mcleay (2007, p. 158, tradução livre) “a contabilidade será totalmente comparável quando todas as empresas que operam em circunstâncias semelhantes, adotem o mesmo tratamento contábil para transações semelhantes, independentemente do seu domicílio”. Para eles, portanto, a comparabilidade de qualquer item das demonstrações financeiras dependerá da utilização do método contábil que seja apropriado às circunstâncias de funcionamento da empresa, e não da utilização do mesmo método para todas as empresas. Ademais, Barth et al. (2012) constataram que a comparabilidade aumenta quando se analisa empresas de um mesmo setor.

Nesse contexto, a quinta hipótese testada nesta pesquisa parte da ideia de que as empresas devem optar pelo método contábil mais apropriado às circunstâncias em que operam, ou seja, empresas que operam em circunstâncias semelhantes tendem a escolher métodos contábeis semelhantes.

H

5

:

A comparabilidade internacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de

ativos imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru pertencentes a um mesmo setor de atuação é alta.

Partindo-se da mesma ideia da hipótese H5, entende-se que dentro de um mesmo país a

comparabilidade também não vai ser significativamente diferente, quando se compara as demonstrações financeiras de entidades pertencentes a um mesmo setor. Portanto, a sexta hipótese testada neste estudo refere-se à comparabilidade das demonstrações financeiras de empresas de um mesmo setor, dentro de um mesmo país.

H

6

:

A comparabilidade nacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de ativos

imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru pertencentes a um mesmo setor de atuação é alta.

De acordo com Murphy (2000), o cálculo isolado do índice de comparabilidade não tem o poder de indicar se há convergência entre as práticas contábeis. Segundo ele, a análise da evolução dos índices é que fornece as provas da ocorrência (ou não) de tal convergência. No mesmo sentido, Haverty (2006) traz que as mudanças na comparabilidade das demonstrações financeiras ao longo do tempo representam a existência (ou não) da convergência das práticas contábeis entre os países e Lemes e Carvalho (2009) comentam que

a comparação dos números obtidos por determinado índice, ao longo do tempo, permite a quantificação da convergência.

Para Taplin (2011), as mudanças nos valores dos índices de comparabilidade ao longo do tempo podem indicar áreas em que a comparabilidade está aumentando ou diminuindo. Barth et al. (2012), ao examinarem a convergência das práticas contábeis por um período de cinco anos (de 2005 a 2009), constataram que a utilização das IFRS, ao longo do tempo, provoca um aumento na comparabilidade das demonstrações financeiras.

Em consequência, por meio das duas próximas hipóteses testadas nesta pesquisa buscou-se examinar as variações no grau de comparabilidade das demonstrações financeiras ao longo do tempo, ou seja, buscou-se examinar se está havendo uma convergência contábil de fato, das práticas contábeis dentro de um país e entre países.

H

7

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A comparabilidade nacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de ativos

imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru aumenta ao longo do tempo.

H

8

:

A comparabilidade internacional das escolhas contábeis na mensuração subsequente de

ativos imobilizados, de ativos intangíveis e de PPI de companhias abertas do Brasil, do Chile e do Peru aumenta ao longo do tempo.

A fim de testar as oito hipóteses supramencionadas, mediu-se a comparabilidade das demonstrações financeiras das empresas de cada país e de cada setor que compuseram a amostra, isoladamente e entre eles, em relação à mensuração subsequente de ativos não financeiros (ativos imobilizados, ativos intangíveis e PPI), nos períodos de 2009 a 2013. Para tanto, utilizou-se do cálculo do índice T, cujas particularidades foram tratadas com mais detalhes na seção 3.3.2.