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2.8 A teoria Lexical Priming (LP)

2.8.2 Hipóteses e principais características da Lexical Priming (LP)

A teoria LP, segundo Hoey (2005), se desenvolveu a partir de uma crescente consciência de que as visões tradicionais do ensino de vocabulário na língua inglesa estavam fora dos eixos com os fatos sobre itens lexicais que estavam sendo levantadas pelas investigações baseadas em corpus. Dessa forma, a LP faz uma ligação entre a Linguística de

Corpus, no que tange ao aspecto lexical, com a psicolinguística, no que se refere ao aspecto priming para propor uma teoria lexical voltada para o ensino de língua estrangeira (PACE- SIGGE, 2013).

A linguística de corpus, segundo Pace-Sigge (2013) está fundamentada em cima de três pilares - colocação, coligação e associação semântica. Esse três elementos podem indicar, ao serem observados, que certas palavras podem atrair ou evitar a companhia umas das outras, certas classes gramaticais e também certas associações semânticas. Para Pace-Sigge (2013), a linguística de corpus desempenha uma grande contribuição ao mostrar que as relações entre as palavras podem refletir padrões de ocorrência da língua, porém ela não explica o porquê isso ocorre. Nesse ponto, a LP oferece uma explicação para essas relações estabelecidas pelas palavras. Pace-Sigge (2013, p. 151) argumenta que

(…) enquanto a Linguística de Corpus tem sido capaz de nos mostrar que essas relações entre as palavras irão fornecer mais do que uma representação do que pode ser observado: elas simplesmente refletem padrões de ocorrência da língua investigados. A linguística de corpus, no entanto, não explica porque isso ocorre, em primeiro lugar. Deve haver uma razão (ou razões) do porquê as palavras (ou grupos de palavras) se colocam, se agrupam em certas construções, mas evitam outras, e têm certas associações semânticas. Neste ponto, a Lexical Priming nos dá uma idéia de porque é provável (ou improvável) que certas palavras estão em tais relações umas com as outras.(PACE-SIGGE, 2013, p. 151, grifo nosso) 20

Além de tentar buscar explicações para as relações estabelecidas entre as palavras, a LP mostra que existe uma forte ligação entre os sistemas lexicais e gramaticais e, desta forma, rejeita a visão das versões mais extremas da teoria clássica sobre as palavras que estabelece uma relação muito fraca entre léxico/palavra e outros sistemas (HOEY, 2005). Segundo Hoey (2005), a teoria clássica sobre as palavras é um reflexo dos estudos linguísticos do século XVIII e XIV, no qual prevalecia uma visão tradicional que estabelecia uma integração muito fraca entre as palavras e os outros sistemas. O pesquisador mencionado cita dois argumentos que podem ser relacionados a essa fraca interação entre a palavra e outros sistemas. O

Tradução nossa de: “Yet, while Corpus Linguistics has been able to show us that these relations

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between words will provide no more than a representation of what can be observed: They simply reflect occurrence patterns of the language investigated. It does not, however, explain why it occurs in the first place. There must be a reason (or reasons) why words (or clusters of words) collocate, group into certain constructions but avoid others, and have certain semantic associations. At this point, Lexical Priming gives us an idea why it is likely (or unlikely) that certain words stand in such relations to each other” (PACE-SIGGE, 2013, p.151).

primeiro argumento está relacionado ao fato de que a gramática é gerada primeiro, enquanto que as palavras tiveram a oportunidade de serem criadas durante o processo gramatical (CHOMSKY, 1957, 1965 apud HOEY, 2005). O segundo argumento mostra que a semântica também é gerada primeiro e o léxico é apenas a concretização desse sistema semântico (PINKER, 1994 apud HOEY, 2005).

Nas palavras de HOEY (2005, p. 1), é possível entender que

nas versões mais extremas da teoria, a conexão entre a palavra e os outros sistemas tem sido tão fraca que é possível argumentar que a gramática é gerada em primeiro lugar e as palavras tiveram oportunidades gramaticais e assim foram criadas (e.g. Chomsky, 1957, 1965) ou que a semântica é gerada primeiro e o léxico apenas concretiza a semântica (e.g. Pinker 1994) (HOEY, 2005, p. 1). 21

Outras teorias mais sofisticadas também fazem uma representação da relação entre léxico/ gramática e léxico/semântica como sendo sistemas que estabelecem uma relação, porém uma relação distante. Na teoria sistêmico-funcional, por exemplo, o léxico está subordinado ao sistema gramatical, na medida em que ele passa pelo filtro gramatical que tem a função de organizá-lo e discipliná-lo (HOEY, 2005). Dessa mesma forma, a teoria Tagmêmica, desenvolvida por Pike (1954), trata o léxico como tendo o mesmo nível de importância teórica que a gramática, porém propõe uma divisão - hierarquia gramatical, hierarquia fonológica e hierarquia lexical, que deixa evidente que léxico e gramática estão, na verdade, em níveis separados (HOEY, 2005). Podemos perceber pelas duas teorias lexicais descritas que o léxico está sempre subordinado a outros sistemas e ainda é visto como sendo o resultado ou a concretização desses sistemas.

Nesse ponto, a teoria LP vai de encontro às teoria que colocam o léxico em um nível separado e distante de outros sistemas. Além disso, a LP contrapõe a visão de subordinação do léxico que passa a assumir uma posição central no sistema linguístico.

Tradução nossa de: “in the most extreme versions of the theory, the connection between the word

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and the other systems has been so weak that it has been possible to argue that grammar is generated first and the words dropped into the grammatical opportunities thereby created (e.g Chomsky, 1957, 1965) or that the semantics is generated first and the lexis merely actualises the semantics (e.g. Pinker 1994)”(HOEY, 2005, p.1).

A LP propõe uma inversão nos papéis do léxico e da gramática, colocando o léxico no centro do sistema linguístico. Nessa teoria, o léxico passa a desenvolver o papel central pelo fato de ele ter uma estrutura complexa e sistemática ao ponto de a gramática ser o resultado dessa estrutura lexical (Hoey, 2005). Nas palavras de Hoey (2005, p. 1), “a teoria inverte os papéis do léxico e da gramática, argumentando que o léxico é complexo e sistematicamente estruturado e que a gramática é o resultado dessa estrutura lexical” . Ao tratar da 22 complexidade e do fato do léxico ser sistematicamente estruturado, Hoey (2005) destaca a colocação como sendo o ponto central de sua teoria.

A definição de colocação defendida por Sinclair (1991) sugere que um usuário da língua tem em sua disposição um grande número de sintagmas pré-construídos que, na verdade, funcionam como escolhas individualizadas, mesmo que esse sintagma possa parecer analisável em segmentos. Por exemplo, a estrutura “of course”, embora constituída por dois seguimentos, opera efetivamente como uma unidade simples. Para Sinclair (1991), o espaço entre os seguimentos de estruturas como ‘of course’, com o tempo, irá desaparecer, assim como em ‘maybe’, ‘anyway’ e ‘another’.

Ademais, Sinclair (1991) salienta que ‘of course’ poderia ser colocado na mesma lista dos compostos, como “cupboard”, cujos elementos foram esvaziados de sentidos. Para o referido pesquisador, o mesmo tratamento pode ser dado a outras centenas de sintagmas similares - ou em qualquer ocasião em que uma escolha leva a de uma palavra no texto. Sendo assim, estruturas como expressões idiomáticas, provérbios, clichês, termos técnicos, jargão, expressões, verbos frasais são estruturas que compartilham características similares dentro da língua.

Para Hoey (2005), a colocação é definida como uma propriedade da língua, mais especificamente uma propriedade do léxico mental, na qual duas ou mais palavras frequentemente aparecem em companhia uma da outra, gerando estruturas do tipo ‘inevitável + consequência’. Sobre a definição de colocação, Hoey (2005, p.5) acrescenta que

nossa definição de colocação é que ela é uma associação psicológica entre palavras (em vez de lemas) - até quatro palavras de intervalo - e é evidenciada mais

Tradução nossa de: “the theory reverses the roles of lexis and grammar, arguing that lexis is

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complexly and systematically structured and that grammar is an outcome of this lexical structure” (HOEY, 2005, p.1)

frequentemente por sua ocorrência conjunta em corpora do que é explicável em termos de distribuição aleatória (HOEY, 2005, p. 5). 23

Ademais, o referido pesquisador afirma que as colocações são ao mesmo tempo pervasivas e subversivas (HOEY, 200). Segundo Hoey (2005), o fato de a colocação ser considerada pervasiva é amplamente reconhecido pela Linguística de Corpus e está ligado à naturalidade colocacional de todos os itens lexicais, ou seja, o fato de que, provavelmente, todo item lexical possuir uma colocação. A noção de que a colocação é uma propriedade natural da língua também é defendida por Sinclair (1991), que salienta que o princípio idiomático, representado pela colocação, é muito mais pervasivo do que se possa imaginar, embora a importância dessa naturalidade seja negligenciada.

Corroborando o fato de a colocação ser uma propriedade natural, Partington (1998, p. 16) argumenta que a colocação “faz parte da competência comunicativa de um falante nativo, que sabe quais são as colocações normais ou incomuns em uma dada circunstância” . Hoey 24 (2005) salienta que um texto escrito por um nativo é composto de colocações usuais (comuns, naturais), ao passo que um texto escrito por um falante não nativo é composto por colocações incomuns. Dessa forma, na visão do referido pesquisador, para consolidar o argumento de que colocação é uma propriedade natural da língua, o que difere um texto produzido por um falante nativo de um texto escrito por um falante não nativo são as colocações usuais presentes no primeiro tipo de texto.

Contudo, além de serem pervasivas, Hoey (2005) também atribui às colocações o conceito de subversão. Para Hoey (2005), no entanto, qualquer explicação do caráter subversivo das colocações deve ser psicológica, uma vez que a colocação tem um conceito fundamentalmente psicológico. Desta forma, Hoey (2005) afirma que o conceito mais apropriado para explicar o caráter subversivo das colocações parece ser o conceito de priming, já que ele é essencialmente psicológico.

Tradução nossa de: ”Our definition of colocation is that it is a psychological association between

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words (rather than lemmas) up to four words apart and is evidenced by their occurrence together in a corpora more often that is explicable in terms of random distribution”. (HOEY, 2005, p. 5)

Tradução nossa de: “ It is part of a native speaker’s communicative competence to know what are

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Para Hoey (2005), a colocação só pode ser explicada, se assumirmos o fato de cada palavra ser mentalmente preparada (primed) para o uso colocacional, ou seja, para ocorrer com outras palavras. A ativação dessa colocação na mente depende dos “encontros” que um falante teve com essa palavra em determinados contextos. Sobre o conhecer uma palavra, Hoey (2005, p. 8) argumenta que

“como uma palavra é adquirida através de encontros com ela, na fala e na escrita, ela é cumulativamente carregada com os contextos e co-textos em que é encontrada, e nosso conhecimento sobre a palavra inclui o fato de que ela co-ocorrer com determinadas outras palavras em certos tipos de contexto” . 25

Corroborando essa noção de priming, Pace-Sigge (2013, p.151) salienta que o caráter subversivo das colocações pode ser encontrado em um

(…) conceito psicológico subconsciente e subliminar: a “repetição-uso” reforça uma ideia de um padrão de ocorrência que parece natural. Esta ‘ocorrência de repetição’ age na mente para ativa-lá para que ela possa fazer conexões automáticas. "Priming" pode proporcionar para conjuntos de ações, ou, no campo lexical, conjuntos de palavras. Assim, por exemplo, um falante, ouvindo a palavra ‘pão’ vai reconhecer palavras como ‘padeiro’ e ‘manteiga’ mais rapidamente do que palavras não relacionadas, como ‘médico’ e ‘radiador’ (PACE-SIGGE, 2013, p. 151) . 26

Desta forma, podemos entender que a colocação - entendida aqui como uma propriedade da língua - é caracterizada como pervasiva pelo fato de ela ser uma propriedade natural da língua, porém ela também é subversiva, pois a ativação da colocação na mente é proporcionada a partir da experiência prévia de um falante com as palavras em textos orais ou escrito. Segundo Hoey (2005), tudo que sabemos sobre uma palavra é um produto de nosso encontro com essa palavra ao longo de nossa vida como falante.

Tradução nossa de: “As a word is acquired through encounters with it in speech and writing, it

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becomes cumulatively loaded with the contexts and co-texts in which it is encountered, and our knowledge of it includes the fact that it co-occurs with certain other words in certain kinds of context.” (HOEY, 2005, p. 8)

Tradução nossa de: “in a subliminal, sub-conscious psychological concept: namely that repeat-use

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reinforces an idea of an occurrence pattern that seems natural. This ‘repeat occurrence’ acts to prime one’s mind to make automatic connections. Priming can provide for sets of actions, or, in the lexical field, sets of words. So, for example, a listener, hearing the word bread will recognize words like baker, butter, knife more quickly than unrelated words like doctor, mortar, radiator” (PACE-SIGGE, 2013, p. 151).

O mesmo se aplica para as sequências de palavras, que também são carregadas juntamente com o contexto e cotexto em que elas aparecem. Hoey (2005) refere-se à sequência de palavras como “nesting” (assentamento) para se referir ao produto do priming que se torna “primed” (preparado) para se colocar como outras palavras de uma maneira que não se aplica às palavras individuais que formam a combinação. Por exemplo, no corpus analisado pelo referido pesquisador, foi constatado que a palavra ‘winter’ (inverno) se coloca com a proposição ‘in’ (no), formando a sequência de palavras ‘in winter’. A sequência ‘in winter’, por sua vez, se coloca com as diferentes formas do verbo ‘is/was’ e ‘are/were’, que não são colocadas com as palavras que compõem a sequência em questão quando essas aparecem isoladas. Portanto, podemos concluir que a colocação de uma sequência pode ser diferente da colocação das palavras que compõem a sequência, quando estas ocorrem isoladas.

Para Hoey (2005), necessariamente, o priming das sequências de palavras é normalmente uma segunda fase no priming. No entanto, acontece de, ocasionalmente, uma criança adquirir o ‘priming’ de uma sequência primeiro e o ‘priming’ das palavras individuais posteriores, como é o caso da sequência de palavras do inglês all gone (utilizada para se referir a algo que tenha acabado). Nesse caso, a criança adquire primeiro o ‘priming’ da sequência como um todo, e, posteriormente, adquire o priming das palavras individuais ‘all’ e ‘gone’, o que inclui o conhecimento sobre a capacidade de colocação dessas palavras para formar outras sequências (HOEY, 2005). O referido pesquisador acrescenta que, sobre o processo de reconhecimento de uma palavra ou sequência de palavras e sua capacidade colocacional,

não há diferença no princípio entre adquirir a palavra (ou sequência de palavras) e adquirir o conhecimento de suas colocações, embora, pressupõem-se que o reconhecimento da palavra deve preceder, pelo mesmo em tese, o reconhecimento das características recorrentes, e a palavra tem que ter ocorrido duas vezes (pelo menos) para o último processo começar (HOEY, 2005, p. 8) . 27

Tradução nossa de: “There is no difference in principle between acquiring the word (or word

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sequence) and acquiring the knowledge of its collocations, though presumably recognition of the word must notionally precede recognition of recurrent features, in that the word has to have occurred twice (at least) for the latter process to begin” (HOEY, 2005, p. 8).

A noção de priming, na teoria Lexical Priming, pode ser vista como a inversão da relação tradicional entre gramática enquanto sistemática e o léxico como fracamente organizado e introduz argumento do léxico como sistemático e a gramática como um sistema vagamente organizado. No entanto, Hoey (2005) sinaliza que priming não é uma característica permanente da palavra ou sequência de palavra. Toda vez que usamos uma palavra e toda vez que a encontramos novamente, essa experiência pode tanto reforçar o priming, confirmando uma associação existente entre a palavra com o contexto e o cotexto, quanto pode enfraquecer o priming, se esse encontro introduz a palavra em um contexto ou cotexto desconhecido, ou se optamos em nosso próprio uso substituir o condicionamento atual da palavra.

Existe também a possibilidade de quebra de priming e Hoey (2005) aponta a educação como a causa para essa quebra. Por exemplo, se o pronome ‘you’ foi ativado como colocação da forma do verbo ‘was’ por um aluno, mas o professor informa a esse aluno que a sequência foi ativada de forma inapropriada, há uma quebra potencial de priming. Nesse caso, essa quebra de priming pode ser recuperada se o priming original ‘you was’ for atribuído a um contexto específico como, por exemplo ‘famíliar’ e o priming posterior ‘you were’ ser atribuído a outro contexto, como “sala de aula’ (Hoey, 2005).

É importante mencionar a relevância do contexto quando tratamos de priming e a capacidade de colocação das palavras. Hoey (2005, p 10) salienta que o “priming colocacional é sensível aos contextos (textuais, genérico, social) em que o item lexical é encontrado, e é parte de nosso conhecimento de um item lexical saber que ele é usado em certas combinações em certos tipos de texto” . Além disso, Hoey (2005) acrescenta que sem 28 o contexto a palavra não pode ser ativada apropriadamente. Isso não quer dizer que o priming ocorre somente em certos domínios, ou gêneros, mas indica a necessidade de se ter cuidado com o excesso de generalizações sobre priming (HOEY, 2005).

Corroborando a importância do contexto, Firth (1957 [1951], p.151), citado por Hoey (2005, p. 10), sinaliza que

Tradução nossa de: “collocational priming is sensitive to the contexts (textual, generic, social) in

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which the lexical item is encountered, and it is part of our knowledge of a lexical item that it is used in certain combinations in certain kinds of text” (HOEY, 2005, p.10)

o estudo das colocações habituais de uma forma literária particular, gênero, ou de um determinado autor possibilita uma contribuição claramente definida e precisamente fundamentada para o que eu tenho chamado de espectro da linguística descritiva, que processa e indica o significado, dispersando-o em uma gama de técnicas de trabalho a uma série de níveis (FIRTH [1951] 1957, p. 195 apud HOEY, 2005, p.10 ) . 29

A noção de priming, delineada na LP, pressupõe que a nossa mente possui uma concordância mental para cada palavra que ela já encontrou, e essa concordância tem sido ricamente incorporada pela mente para os diversos contextos tais como o social, físico, discursivo, genérico e interpessoal. Hoey (2005, p. 11) acrescenta que

essa concordância mental é acessível e pode ser processada da mesma forma que uma concordância de computador, de modo que todos os tipos de padrões, incluindo padrões de colocação, estão disponíveis para uso. Ela serve simultaneamente como parte, pelo menos, de nossa base de conhecimento . 30

De acordo com Hoey (2005), existem dois tipos de priming, o produtivo e o receptivo. Por um lado, o priming produtivo ocorre quando uma palavra ou sequência de palavras é encontrada repetidamente em discursos e gêneros nos quais há possibilidades de participação ativa e também quando os falantes ou escritores envolvidos são aqueles os quais manifestamos uma preferência ou desejo de emulação (HOEY, 2005). Por outro lado, o priming receptivo ocorre quando uma palavra ou sequência de palavras é encontrada em contextos nos quais não existe possibilidade ou probabilidade de participação ativa, tais como discurso político partidário ou entrevista com estrelas de filme, ou o escritor é alguém que não gostamos ou não temos empatia. Hoey (2005) sinaliza que, embora o priming receptivo seja importante, o priming produtivo, entendido aqui como o encontro com palavras em textos ou

Tradução nossa de: “The study of the usual collocations of a particular literary form or genre or of a

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particular author makes possible a clearly defined and precisely stated contribution to what I have termed the spectrum of descriptive linguistics, which handles and states the meaning by dispersing it in a range of techniques working at a series of levels”.

(Firth [1951]1957: 195)

Tradução nossa de: “his mental concordance is accessible and can be processed in much the same

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way that a computer concordance is, so that all kinds of patterns, including collocational patterns, are available for use. It simultaneously serves as a part, at least, of our knowledge base” (HOEY, 2005, p. 11).

fala em ambientes valorizados pelos envolvidos, é mais interessante e pode obter um impacto maior no priming do que em ambientes em que os envolvidos demonstram pouco interesse. Para Hoey (2005, p. 12) uma conversa com pessoas próximas representa uma probabilidade maior de afetar o nosso priming do que uma conversa com alguém que somos indiferentes.

A noção de priming na LP é utilizada para explicar as colocações e também outras características da língua. Na verdade, a LP pressupõe que a colocação somente pode ser explicada utilizando-se do conceito de priming, porém esse conceito também explica muitas outras questões referente à linguagem. Hoey (2005, p. 12) explica que “priming é a força motriz por trás do uso da linguagem, estrutura da linguagem e mudança da linguagem” . 31 Assim, a noção de priming pode explicar questões que envolvem a maneira como a língua é