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3. METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

4.1 Aplicação da Análise por Envoltória de Dados (DEA) às Empresas

4.1.4. Histórico de Estudos Anteriores

A Análise por Envoltória de Dados está totalmente consolidada como instrumento de avaliação da eficiência produtiva. Atualmente estão sendo estudadas várias linhas de pesquisa para ampliar sua utilização aos problemas reais.

Segundo Seiford (1999) os enfoques e interesses em DEA são diversificados. Os estatísticos consideram esta técnica como um exercício em análise exploratória de dados. Os econometristas como uma técnica que estima uma função de produção empírica. Os matemáticos como uma metodologia para determinar soluções não dominadas em um problema multicritério. Os engenheiros industriais encontram em DEA uma ferramenta para melhoria de produtividade.

Na literatura encontra-se uma variedade de aplicações práticas como, por exemplo: em economia (Lovell, 1995), educação (Moita, 1995; Sarrico, 1997; entre outros), eleições (Green et al, 1996), entre outras.

Atualmente existe uma extensa bibliografia sobre essa técnica disponíveis na Internet para consulta, Seiford (1997) elaborou uma ampla compilação de trabalhos disponíveis no site www.deazone.com/bibliography, e há ainda várias universidades, dentre as quais destaca-se a Universidade de Warwick (Warwick, 1998), que mantém a disposição uma ampla base teórica e bibliografia atualizada.

Apenas recentemente a Análise por Envoltória de Dados tem sido utilizada em estudos no Brasil, com uma concentração de trabalhos na Universidade Federal de Santa Catarina. Essa percepção é confirmada por Belloni (2000: 44), que afirma: “no Brasil, os primeiros trabalhos utilizando a técnica DEA na construção de medidas de avaliação de IES têm origem em grupos de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)”.

Outro núcleo de pesquisas sobre o tema foi identificado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo COPPE/UFRJ, sob orientação de Marcos Pereira Estellita Lins.

Atualmente, existem inúmeros trabalhos da aplicação do DEA na avaliação de desempenho técnico nas mais diversas áreas, como por exemplo:

 a avaliação da eficiência técnica das empresas de saneamento brasileiras utilizando a metodologia DEA, de Carmo e Távora Jr. em 2003;

 a avaliação da eficiência do processo de manufatura celular: um modelo aplicado a uma empresa de produção de pilhas, de Oliveira em 2000;

 o uso do DEA em agricultura : o caso Holambra, de Gomes e Mangabeira em 2004;

 a análise da eficiência da produção de camarão marinho em cativeiro no estado de Ceara, de Sousa Junior em 2002;

 a análise do mercado de seguros no Brasil: uma visão do desempenho organizacional das seguradoras em 2003, de Macedo, Silva e Santos;

 a aplicação da análise envoltória de dados (DEA) no estudo da eficiência econômica da indústria têxtil brasileira nos anos 90, de Anjos em 2005;

 o estudo da aplicação de data envelopment analysis – DEA para obtenção de mapas de exclusão e inclusão social, de Souza em 2007, entre outros. Recentemente, alguns estudos propuseram a conjugação entre Análise por Envoltória de Dados e a análise de demonstrações financeiras. O precursor foi P. Smith (1990) com o trabalho “Data envelopment analysis applied to financial statements” e posteriormente P. Smith e A. Fernandez-Castro (1990) com “Towards a general non- parametric model of corporate performance”, que aplicaram o modelo de Análise por Envoltória de Dados (DEA) utilizando indicadores contábeis como insumo ao modelo. Em 1997, Paul C. Simak apresentadou à University of Toronto um estudou sobre a possibilidade de utilizar DEA como ferramenta para prever a insolvência corporativa futura - DEA based analysis of corporate failure e comparou este modelo com o modelo Z Score de Altman et al. (1977).

O mesmo autor, em 2000 apresentou uma metodologia utilizando DEA para fornecer uma medida exata de avaliação de risco de crédito das empresas - Inverse and negative DEA and their application to credit risk evaluation. Finalmente, em 1998, Zhu publicou um modelo de análise de desempenho de empresas utilizando o ranking da Fortune 500. Neste caso, o modelo DEA foi utilizado para obter o desempenho geral das empresas utilizando oito fatores financeiros obtidos na Fortune 500.

No Brasil o estudo pioneiro relacionando DEA e análise de eficiência com base em demonstrações financeiras foi apresentado por Ceretta em 1999. O estudo aplicava DEA às empresas do setor de alimentos brasileiro com base em dados da revista Exame – Melhores e Maiores. Em 2001, Ceretta e Niederauer utilizaram o método de análise por envoltória de dados na análise da rentabilidade e eficiência de 144 instituições bancárias no país.

Entre os trabalhos mais recentes, encontramos o estudo do desempenho de empresas de telecomunicações no Brasil apresentado por Macedo, Benac e Santos no Congresso

Anual de Tecnologia da Informação – CATI em 2004; no qual calcula-se um indicador, denominado Índice de Performance Relativa (IPR), que mensura a eficiência relativa das empresas participantes da análise, alcançada pela empresa que obtiver melhores resultados (lucro ajustado) com a menor utilização de recursos (financeiros e humanos).

No setor elétrico, Bonilha e Goulart apresentaram o estudo “Uma avaliação do desempenho de empresas do setor de distribuição de energia elétrica”, analisando o impacto das políticas de reestruturação e de regulamentação da indústria de energia elétrica, no setor de distribuição, através da avaliação do desempenho de empresas deste setor, no período 1998-2000. Neste artigo as empresa foram avaliadas segundo o critério de eficiência econômica relacionando as que obtiveram as melhores receitas operacionais com a utilização dos menores custos.

Desde 2002, Kassai vem apresentando diversos artigos e dissertação desenvolvendo diversos estudos com a combinação de utilização do DEA e análise de eficiência com base em demonstrações financeiras, buscando aliar a técnica DEA a análise de balanços e mensuração de insolvência das empresas, entre os quais destacam- se os estudos: utilização da análise por envoltória de dados (DEA) na análise de demonstrações contábeis (tese de doutorado em 2002); comparação dos resultados de utilização de análise por envoltória de dados e regressão logística em modelos de insolvência: um estudo aplicado a empresas brasileiras (2004) e proposta de um modelo estruturado de análise de demonstrações Contábeis (2005).

Os estudiosos continuam pesquisando novas técnicas, buscando melhorar a performance dos modelos na análise de eficiência. Destacam-se trabalhos na área de seleção de variáveis (Estellita et al, 1999), o método da super-eficiência (Andersen et al, 1993), as restrições aos pesos das variáveis (Roll et al, 1991), bem como trabalhos de modelos de estrutura com preferência (Zhu et al, 1996) e até mesmo de Neuro-DEA (Biondi et al, 2002).