• Nenhum resultado encontrado

3. METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

4.1 Aplicação da Análise por Envoltória de Dados (DEA) às Empresas

4.1.3. Seleção dos Insumos e Produtos Relevantes

A seleção de variáveis é um dos pontos mais discutidos na DEA. Bowlin (1998: 19) identifica-a como “consideração-chave na utilização da DEA. Escolher inputs e outputs corretos é importante para a efetividade da interpretação, utilização e aceitação dos resultados da Análise DEA pelos gestores e outras partes afetadas”.

O processo iniciou-se com o levantamento das informações, que variaram desde valores financeiros (Investimento, Patrimônio, receitas, custos, despesas, entre outra), a número não financeiros (número de funcionários, numero de clientes, potencia) e quocientes, como índice de liquidez, endividamento entre outros. Diversos autores apontam a vantagem dos quocientes por serem normalizados e não sofrerem influência do porte. Há a possibilidade ainda de considerar variações percentuais entre valores e média de períodos. É importante ressaltar que os modelos DEA são invariantes à escala, podendo incluir indicadores de diferentes medidas de mensuração.

Os dados utilizados foram extraídos do Catálogo “Empresas Congêneres do Setor Elétrico" (2006), que contempla um estudo com dados levantados a partir das Demonstrações Econômico-Financeiras de uma amostra de Empresas de Infra-estrutura do Setor Elétrico Brasileiro, publicado pela COPEL, com dados do período de 2001- 2005. A homogeneidade no trato das informações está garantida pelo Manual de Contabilidade, elaborado pela ANEEL, que define as regras de como os fatos devem ser registrados por todas as empresas do setor, flexibilizado apenas para o detalhamento inerente em todas as empresas. Os grupos de contas contábeis do setor elétrico é único para todas as empresas, o que garante certa segurança nos dados selecionados como variáveis para esta pesquisa.

Outro fato, que qualifica o uso de informações das Demonstrações Econômico- Financeiras, além da padronização exigida pela ANEEL, advém de serem informações divulgadas ao publico e a órgãos competentes, assinadas pelos diretores da empresa e pelo contador, que tiveram suas responsabilidades aumentadas desde o escândalo da gigante americana do setor - a Enron, buscando garantir que as variáveis relativas às DMUs sejam confiáveis e que eventuais variações extremas sejam de fato situações concretas (representações genuínas de uma tecnologia possível) e não erros de medida.

A principio, foram selecionadas, diversas variáveis extraídas dos balanços das empresas componentes da amostra para a seleção.

Posteriormente, é qualificada a eficiência que se deseja avaliar, quais as variáveis selecionar para o tal estudo e sua classificação em insumos ou produtos. Uma regra prática e elementar para executar essa classificação é verificar como varia a eficiência escolhida com acréscimo na quantidade da variável a ser classificada. Quando a ineficiência aumenta, a variável é classificada como insumo. Quando diminui, como produto. Não havendo alteração na ineficiência, a variável pode ser descartada.

Como a análise DEA é afetada pelo número de variáveis do modelo, é extremamente relevante para a qualidade dos resultados que os indicadores sejam em número suficiente. Ficou comprovado em diversos estudos que quanto maior o número de variáveis do modelo, maior a possibilidade de uma unidade alcançar a fronteira de eficiência relativa. Analisando trabalhos anteriores se observa uma maior freqüência no uso de algumas variáveis.

Variáveis Utilizadas

Entradas Freqüência Saídas Freqüência

Vendas 2 Vendas 12

Nº Consumidores 1 Vendas Residenciais 6

Tamanho da Rede 11 Vendas não-resid. 6

Capac.de Transf. 11 Nº Consumidores 11

Área Suprida 2 Tamanho da Rede 4

Energia Revenda 2 Capac.de Transf. 1

Perdas 4 Área Suprida 6

Empregados 15 Disponibilidade 1

Despesas 7 Fator de Carga 1

Despesa + Deprec 2 Margem Líquida 1

Invest (CAPEX) 5 Receitas 1

Quadro 6 – Freqüência do uso de variáveis nos trabalhos com DEA no setor elétrico Fonte: Tarciso Bacelar (2005) e Jamasb (2001)

Jamasb (2001), citado no trabalho “O fator redutor da tarifa de distribuição de energia elétrica: um enfoque utilizando a análise por envoltória de dados – DEA”, de

Bacelar et al 2005, chegou a conclusão que as variáveis mais utilizadas pelos estudos com DEA no setor elétrico foram os inputs: tamanho da rede (11 vezes), capacidade de transformação (11 vezes), número de empregados (15 vezes), despesas (7 vezes) e investimento (5 vezes), os outputs as variáveis mais utilizados foram Vendas (12 vezes), número de consumidores (11 vezes) e área suprida (6 vezes).

Das variáveis extraídas dos balanços das empresas, algumas variáveis foram pré- selecionadas, com base numa análise critérial de cada conta, sua importância diante do que se desejava estudar e de estudos anteriores, e classificadas em insumos e produtos conforme anexo 2.

Posteriormente foi utilizada a análise de correlação de Pearson com o objetivo de investigar a relação entre as variáveis. O uso de análise de correlação tem como principal objetivo estudar a relação das variáveis, que podem ter dois significados:

 causalidade: quando o comportamento de uma variável influencia no comportamento de outra, no mesmo sentido (correlação linear positiva) ou sentidos opostos (correlação negativa);

 redundância: quando as variáveis têm comportamento próximo, e assim, explicam o mesmo fenômeno.

As correlações entre os inputs pré-selecionados não devem ser altas, uma vez que neste caso, uma forte correlação pode significar redundância de informação, devendo, ser escolhida uma das variáveis.

Para esta pesquisa foram analisadas, as variáveis: número de empregados, investimento em curso, despesa operacional e PL (Patrimônio Líquido). As variáveis selecionadas foram despesa operacional e imobilizado em curso, por apresentarem baixa correlação entre si, dentro do conjunto analisado. E também, pelo impacto da despesa operacional para o resultado operacional e a premissa do novo modelo, que pretende atrair novos investimentos, necessários a melhoria da eficiência do setor.

Tabela 4.2 – Correlação entre Inputs

Fonte: Elaboração própria.

Distribuidoras 2001 Número Empregados Imobilizado em Curso Despesa Operacional PL Número Empregados 1 Imobilizado em Curso 0,635435823 1 Despesa Operacional 0,652243148 0,63008543 1 PL 0,829427800 0,42238478 0,641662848 1

A opção pelo investimento em curso, foi devido a capacidade desta variável em refletir o aporte de capital no ativo operacional das empresas, enquanto o PL incorpora valores de reservas e lucros acumulados, que poderiam deturpar o resultado da pesquisa. Do mesmo modo que nos inputs, as correlações entre os outputs pré-selecionados não devem ser altas, foram analisadas receita operacional líquida, resultado operacional, mercado total em MWh e número de empregados. Os resultados indicaram uma alta correlação entre as três primeiras, e pela análise das demonstrações financeiras observa- se que quando a receita operacional líquida cresce, o resultada e o mercado total em MWh (o quanto foi vendido em MWh) cresce também. O número de consumidores foi a variável com menor correlação com as demais. Deste modo, as variáveis selecionadas para a pesquisa foram: receita operacional líquida e número de consumidores.

Tabela 4.3– Correlações entre Outputs

Fonte: Elaboração própria.

Na análise entre os inputs e os outputs, buscou-se as correlações altas, por possível indicação da influência do comportamento de uma variável na outra, para este caso, considerou-se as correlações superiores a 0,6000 entre pelo menos uma das variáveis.

Tabela 4.4 – Correlação entre Inputs e Outputs

Fonte: Elaboração própria.

Os resultados das correlações de todos os anos analisados encontram-se no anexo 3. Distribuidoras 2001 Receita Operacional Líquida Resultado Operacional Mercado Total MWh Número de Consumidores

Receita Operacional Líquida 1

Resultado Operacional 0,89443443 1 Mercado Total MWh 0,94168151 0,8773742 1 Número de Consumidores 0,70194748 0,63656122 0,610786 1 Distribuidoras 2001 Número Empregados Imobilizado em Curso Despesa Operacional PL

Receita Operacional Líquida 0,66431868 0,6487564 0,99368504 0,6704584 Resultado Operacional 0,62598876 0,6387788 0,83865398 0,6972236 Mercado Total MWh 0,79801010 0,6648050 0,92693015 0,8091312 Número de Consumidores 0,23204274 0,4344615 0,69539073 0,3510471

Com base no exposto, as variáveis selecionadas para compor o modelo da pesquisa foram:

 Inputs: Custos e Despesas Operacionais e Imobilizado em Curso (Aplicação no Imobilizado);

 Outputs: Receita Operacional Líquida e Número de Consumidores.

A pesquisa analisará dentre as combinações de inputs consumidos por outputs produzidos utilizadas, as empresas que maximizaram os outputs com o mínimo de inputs, conforme descrito na figura 4.1.

Figura 4.1: Fluxo do Modelo da Pesquisa. Fonte: Elaboração própria.

O custo e despesa operacional representam o valor agregado do custo operacional com a energia elétrica comprada junto ao sistema interligado, a depreciação, as despesas com royalties (encargos com a transmissão de energia elétrica), outros encargos (provisão para devedores duvidosos) e outras despesas (PIS/PASEP/COFINS, MAE, ONS, ANEEL, etc.), com pessoal, com material e com serviços de terceiros, em R$.

O Imobilizado em curso representa o valor agregado com bens e instalações em fase de construção, elaboração e formação que, quando concluídas, serão destinadas à operação na prestação do serviço público de energia elétrica, R$.

A receita operacional líquida representa o valor agregado da energia elétrica vendida aos consumidores finais e ao sistema interligado, líquida de ICMS, em R$/MWh;

O número de consumidores é o quantitativo de consumidores abrangidos pelas distribuidoras, até onde ela consegue entregar energia em unidade.

O2 Nº de Consumido O1 Receita Operacional Líquida DISTRIBUIDORAS (DMU’s) I2 Despesas Operacionais i n p u t s o u t p u t s I1 Imobilizado em Curso