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2.3 Iluminação pública no Brasil

2.3.1 Histórico

. Em 1794, por solicitação do Vice-Rei Conde de Resende, são instalados 100 lampa- dários a óleo de baleia na área central do Rio de Janeiro;

. Em 1850, pela primeira vez no continente sul-americano, o gás iluminou os primeiros combustores de lampiões instalados na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro;

. Em 1879, foi inaugurada a iluminação elétrica na Estação Central do Rio de Janeiro; . Em 1887, foi inaugurado em Juiz de Fora a primeira usina hidrelétrica de grande

porte do Brasil;

. Em 1921, foi inaugurada a primeira fábrica de lâmpadas do Brasil, no Rio de Janeiro; . Em 1936, praticamente todos os logradouros da cidade de São Paulo já possuíam

lâmpadas incandescentes (Guia Técnico PROCEL/RELUZ, 2004);

. Em 1940, foi realizada a aplicação de lâmpadas uorescentes na iluminação pública no Rio de Janeiro e em 1958 foi realizada em Brasília;

. Em 1965, foi feita a aplicação de lâmpadas a Vapor de Mercúrio no aterro do Fla- mengo;

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. Em 1969 a Constituição denia que a iluminação pública passaria a ser controlada pelo governo federal;

. Em 1977, foi realizada a aplicação da tecnologia a Vapor de Sódio - VSAP na via Anchieta em São Paulo;

. Em 1985, foi criado o Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (PROCEL);

. Em 1989, foi feita a aplicação da tecnologia Multivapor Metálico - MVM em Minas Gerais;

. E em 1999 foi realizada a aplicação dos leds na sinalização de vias e em semáforo em São Paulo.

A primeira cidade no mundo a ter um sistema de iluminação pública foi Paris e no Brasil a primeira cidade foi Campos (Guia Técnico PROCEL/RELUZ, 2004).

A iluminação pública é uma classe de consumo caracterizada pelo fornecimento de energia elétrica para iluminação de ruas, praças, avenidas, túneis, passagens subterrâneas, jardins, vias, estradas, passarelas, abrigos de usuários de transportes coletivos e outros logradouros de domínio público, de uso comum e livre acesso, de responsabilidade de pessoa jurídica de direito público ou por esta delegada, mediante concessão ou autorização. Inclui-se também o fornecimento destinado à iluminação de monumentos, fachadas, fontes luminosas e obras de arte de valor histórico, cultural ou ambiental, localizadas em áreas públicas e denidas por meio de legislação especíca, exceto o fornecimento de energia elétrica que tenha por objetivo qualquer forma de propaganda ou publicidade (Resolução da ANEEL n.◦ 456/2000).

Em 2003, o segmento de iluminação pública em todo Brasil consumia 10.274 GWh e representava o percentual de 3,56% das vendas totais de energia elétrica, correspondendo a cerca de 13 milhões de pontos de iluminação. Desse total de pontos, 47% estavam cons- tituídos de lâmpadas Vapor de Mercúrio (6,1 milhões) e 46% de lâmpadas Vapor de Sódio. Dos projetos de eciência energética, realizados nos últimos cinco anos, foram gastos R$ 199.654.958,51, correspondendo a 21% do total investido nos Programas de Eciência Energética (PEE). Com este valor foram ecientizados 1.505.711 pontos, obtendo-se uma economia de energia de 510.498 MWh/ano, ou seja, 130.641 kW retirados do sistema. O preço médio por ponto girou em torno de R$ 132,60 com leve tendência de crescimento no último ano (ABRADEE - I Seminário de Iluminação Pública, 2004).

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2.3.2 Regulamentação

A Constituição Federal do Brasil, no seu artigo 30, inciso V, estabelece que compete aos municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local. Portanto, o município é responsável pela gestão, projeto, implantação, expansão, operação e manutenção. Esta atividade pode ser prestada por órgão/empresa pública municipal ou contratada. O município também é responsável pela scalização e controle para assegurar a qualidade dos serviços, denição de políticas de iluminação pública e pela instituição de contribuição cobrada aos usuários, para o custeio dos serviços de iluminação pública.

O órgão regulador e scalizador dos serviços de energia elétrica no Brasil é a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), constituída em 06 de outubro de 1997 através do decreto n◦ 2.335. Através da lei 9.427, a ANEEL destinou 25% dos recursos da Reserva

Global de Reversão (RGR) para aplicação em programas de eletricação rural, conserva- ção e uso racional de energia e atendimento à comunidade de baixa renda, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

A ANEEL vem exigindo, através dos contratos assinados com as concessionárias, a obrigatoriedade de aplicação de recursos de no mínimo 1% da receita anual líquida da concessionária em pesquisas e desenvolvimento, sendo que pelo menos 1

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deverá estar vinculado ao uso nal de energia elétrica.

A regulamentação referente ao fornecimento de energia elétrica para iluminação pú- blica, entre outras, era feita através das portarias (n◦ 158/89 e n466/97) do Departa-

mento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE). A partir de 29 de novembro de 2000, estas portarias foram revogadas pela resolução da ANEEL n◦ 456/2000, que hoje

constitui o instrumento normativo que regula as condições gerais de fornecimento de ener- gia elétrica e o relacionamento entre concessionárias e permissionárias de serviço público de energia elétrica e seus consumidores.

Para custear os serviços de operação, manutenção, implantação e expansão dos siste- mas de iluminação pública até o nal de 2002, várias prefeituras cobravam, nas contas de consumo de energia elétrica, a Taxa de Iluminação Pública (TIP). No entanto, esta taxa caracterizou-se como um tributo polêmico, do ponto de vista legal, e teve sua cobrança suspensa judicialmente em vários municípios.

Em 19 de dezembro de 2002, com a promulgação da Emenda Constitucional n◦ 39,

foi acrescentado o artigo 149-A à Constituição Federal, instituindo a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP ou CIP) nos municípios e no distrito federal, cando facultada a cobrança na fatura do consumidor (anteriormente necessitava

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da autorização de cada consumidor). Nos casos dos terrenos sem ligação de energia, as prefeituras geralmente adotam a cobrança da COSIP no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Atualmente, ainda existem muitas prefeituras que ainda não implantaram esta contribuição e das que implantaram os recursos arrecadados ou são insucientes ou em excesso para o objetivo a que se propõe.

A responsabilidade pelos serviços de manutenção e operação da iluminação pública das cidades e seus respectivos custos é das prefeituras municipais, conforme a Constituição Federal, ou das concessionárias quando esta possui a concessão. Quando o acervo pertence à prefeitura, o ponto de entrega é a conexão da rede de distribuição da concessionária, com as instalações elétricas de iluminação pública. Quando as instalações de iluminação pública pertencerem à concessionária, o ponto de entrega é no bulbo da lâmpada. As duas situações descritas poderão ocorrer simultaneamente num mesmo município.

Isto pode ser observado na Figura 2 que mostra os pontos de entrega da iluminação pública.

Figura 2: Ponto de entrega para IP

Fonte: Guia Técnico  PROCEL/RELUZ  ELETROBRÁS, 2004

O valor do consumo mensal de energia elétrica é estimado, uma vez que a concessioná- ria não é obrigada a instalar equipamentos de medição a não ser para circuitos exclusivos, quando solicitado pela prefeitura. Para efeito de faturamento, a resolução da ANEEL n◦

456/2000 dene tarifas diferenciadas para os consumidores. A IP faz parte do grupo de tarifas denidas como subgrupo B4. Quando o acervo é da prefeitura a tarifa aplicável denida na resolução é a de menor valor, conhecida como a B4a, uma vez que a prefeitura é responsável pela manutenção. Quando o acervo for de propriedade da concessionária a tarifa denida é de maior valor, conhecida como B4b, neste caso a concessionária é a responsável pela manutenção da rede.

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Para efetuar esta estimativa, soma-se a potência das lâmpadas instaladas, previamente acordadas no contrato de fornecimento entre as partes, e as respectivas perdas nos reatores (quando houver) e multiplica-se pelo número de horas nas quais a iluminação pública ca ligada no mês. O número de horas a ser considerado como tempo de consumo mensal é de 360, ressalvado o caso de logradouros públicos que necessitam de iluminação permanente, em que o tempo é de 24 horas por dia. O resultado obtido é dividido por 1.000 totalizando o consumo de energia elétrica em kWh.

O cálculo da energia consumida pelos equipamentos auxiliares de iluminação pública é xado, com base em critérios das normas da Associação Brasileira de Normas Técni- cas (ABNT), conforme dados do fabricante dos equipamentos ou ensaios realizados em laboratórios credenciados e apresentados pelo PROCEL (Manual de Instruções do RE- LUZ), devendo as condições pactuadas constarem do contrato de fornecimento entre a concessionária de energia local e o município.

Com relação aos contratos de fornecimento de energia elétrica, rmados entre as prefeituras e as concessionárias, a resolução da ANEEL n◦ 456/200 prevê renegociação

dos mesmos para as prefeituras que implantarem medidas de conservação, de incremento à eciência e ao uso racional da energia elétrica, comprováveis pela concessionária, que resultem em redução de demanda de potência e/ou de consumo de energia elétrica ativa, observada a regulamentação especíca.

Estima-se que existam hoje no país 14,5 milhões de pontos de iluminação pública, correspondendo a uma potência instalada de 2.910 MW, equivalente a um consumo de 12.746 GWh/ano, que representa, aproximadamente, 4,3% do consumo total de energia elétrica nacional (Guia Técnico - PROCEL/RELUZ, 2004).

Considerando o potencial de melhoria da eciência energética nos sistemas de ilumi- nação pública e, ainda, a necessidade de ampliar os benefícios deste programa à toda população urbana, o governo federal decidiu criar um programa especíco, em junho de 2000, no âmbito do Avança Brasil e do Plano Nacional de Segurança - o Programa Nacional de Iluminação Pública Eciente (RELUZ). Este é coordenado pelo Ministério das Minas e Energia e desenvolvido pela ELETROBRÁS, através do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Os projetos incluídos no RELUZ deverão, sempre que possível, ser compatíveis com os objetivos do Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios (PRO- DEEM) do governo federal.

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