• Nenhum resultado encontrado

Historia de Yepâ-Sû'ria corn o sogro Waiiahori

No documento 1-1 i t órin do a t i { (páginas 193-200)

Yepd-SI7'ria, um Tukano, era0 genro de um Desana chamado Watiahori. Ele marava emillafJl'adali, "Ilha do SapoMawa", e seu sogro, na beira de um lago entre as cabeceiras de dois afluentes do rio Uaupés:0

Kepiriali ,m igarapé Uiramiri, e0Wiisuali, ou igarapé Estrela.

Yepd-Sü'ria fazia uma festa na sua maloca. Era a festa da iniciaçao masculina e ele ensinava aos meninos os cantos e as danças. Afesta durou varios dias. Cerro dia, sua mulher se aborreceu. De fato, os filhos menores estavam charando de tanta fome que eles tinham, e naD havia nada para corner. Par isso, ela foi se queixar a ele:

- Você esta fazendo festa todos os dias. Enquanto isso, os seus filhos menores estao passando fome.

Ouvindo isso, ele disse que havia deixado um matapi na beira do rio Uaupés e pediu para ela ir até la pegar os peixes. Recomendou-lhe, no entanto, que retirasse os peixes pela parte de tras do matapi. Isto é, para naD pegar os peixes pela boca. Ela foi corn os filhos menores até olugar onde ele havia colocado0matapi. No entanto, ao invés de tirar os peixes pela parte de tras do matapi, coma ele havia recomendado, ela quis tirar os peixes pela frente e, por isso, foi engolida. Esse matapi era feito de cipas verdadeiros. Antes dela sair,Yepd-Sü'ria havia dito que buscasse os peixes no matapi, voltasse para cozinhâ-los, desse de corner aos filhos e:

- Depois de dar de corner aos seus filhos, você vai tomar banho, trocar de roupa e dançar corn agente.

Mas ela naD voltou para a casa. Depois de algumas horas, ele foi perguntar para as outras mulheres da maloca se ela tinha voltado. Elas

1\JMiriyaemtukano.

192

responderam que nao. Ele pensou que e1a havia ficado na beira do rio para cozinhar os peixes e dar de corner aos filhos. Por isso, e1e nao se preocupou e prosseguiu corn a festa. Algumas horas mais tarde, ele per-guntou de nova para as mulheres se sua esposa havia voltado. Elas res-ponderam que nao. Ele pensou entao que e1a tinha sido engolida pelo matapi e, por isso, foi logo até0lugar onde0havia colocado.

Enquanto isso, sentindo que algo de ruim havia acontecido corn a sua filha,Wafiahori,0pai da esposa deYepâ-Sz7'ria, foi até0lugar onde0

genro havia colocado0matapi. Chegando la, encontrou afilha presa den-tra do matapi e seus filhos chorando na beira do rio. Ele pegou0seu brinco e, corn ele, cortou0matapi, de onde retirou a filha. Ela estava ainda viva. Depois disso, levou-a, assim coma seus filhos, até a maloca. 0 porto da maloca deWafiahori era um pouco abaixo do lugar onde0genro havia colocado0matapi. Na verdade, oKepiriali era0caminho que leva-va para a porta da [rente de sua maloca.

Yepâ-Sit'J7a chegou no lugar depois que0sogro havia retirado a filha do matapi. Nao vendo ninguém no matapi, nem na beira do rio, e1e pensou que a sua es posa tivesse ido para a maloca do pai corn os filhos. Ele voltou entao para a sua maloca e ficou dançando até0dia seguinte.

Enq uanto isso,Waiiahori estava levando a sua filha corn os seus netos para asua maloca. Pensando que0genro iria atras da mulher, de se transformou, no caminho, em um tipo de cesto feito corn cipa, chamado tuTÛm';em tukano, e ficou esperando achegada do genro. Ele queria saber se0genro iria mesmo atras da sua mulher. Mas este nao apareceu. Mais adiante,Wafiahori se transformou no sabao de pau e ficou esperando o genro. Mas este nao chegou. A sua filha e seus netos estavam na [rente dele. Mais adiante ainda, e1e se transformou em coati e ficou esperando0genro. Mas este nao chegou. Mais adiante, e1e chegou em lVesia-hipa,134 "Pedra-Cuia", onde ele tomou a cuia, pegou algumas bananas, amassou-as dentro da cuia, misturou corn agua para fazer um

H-IHaM-too-paemtukano.

Oslugares miticos desta

historia

emTariana em Porruguês

1. Mmmda/i liha do SapoMl11W

2. Kepiriali 19arapé Uiramm 3. Wiisuali 19arapé Esaela 4. IVesio-hipa Pedra-Cuia

5. Kepim-yamsimaka-lrifM Cachoeira do Ninhode Passarinho 6- Wado-iiapu Igarapé Uirapixuna

7. Haiku-sawa

-8. Bisu-koya

-9. Kaini-soloaphi Panela de Manicuera 10. Peeri-piwalikulla Pescoço da Âguia 11. Umdpi-karoyal/1 BuracodeMinhoca

12. Enisi-koya Jirau de Pesca de Pedra deQuanzo

13. Pipani-kuphe

-14. Haiktt-tlldopuku TocodePau 15. Umai-nerekutJ-pipako Bochecha de Piranha 16. Isieda-tudopttku Jirau do Jabuti 17. Nilmali-haiku Troncode Umari 18. Uilni-haiepali Curva de Espwna 19. Uuni-halepa-iiapu 19arapé de Espwna 20. UU11Î-pllmenio-inipu CaminhodeÂg}JaDoce

194

emTariana em Português

21. Dakoso-hipa Cachoeira do Poraquê 22. Sid()(J-mpa Cachoeirada Cana-de-açûcar 23. Helli-hipa Jandu-Cachoeira

24. Wayuli-hoilm Troncodo Urubu 25. Jfami-kelcm Itha de Inambu 26. Samialt-iiapu Igarapé Gafanhoto 27. IVamole-takapi

-28. Uliya-hipa PedradeBurio

?fJ. Enu-kelWl! Ilha do InsetoEnu

30. lin-maali 37. Pis/-faim Serra da Cutia

38. Numalinli

-39. Waduali-/Ïapli 19arapé Plrapucu 40. SerraNiiku-palllS/

-41. Yaosr-kalisana Lago do Tucano 42. Daapi-kalisaua IgapO do CipO 43. KfJf~)ffœili-kalisana 19apOdo Gaviào-tesoura 44. Taali-inipu Arncu-ponta

45. Kliisi-kffœlE IlhadoMurum

tipo de mingau, benzeu e0deu para a filha e os netos. Era para Ihes dar mais força.

Subindo mais adiante, de chegouemPûperi-taki,335

"Bacaba-Pon-" d ' d h ' v ' ' L h' 3>6

"c

ta , e, pouco epOIS, peno acac oelraAeptra-yaruStmaKa- tpa;' a-choeira do Ninho de Passarinho". La, ha um buraco corn agua quente onde a filha e os netos tomaram banho. Ao lado da cachoeira, ha dois pés de cuma. Enquanto a filha e os netos estavam tomando banho, de apa-nhou as frutas, preparou um suco que benzeu e deu para des. Era também para Ihes dar mais força.

,;35Yumûyôaem tukano,

ilI,lViro-s/J 'tiro-poêwaem tukano.

Ele subiu um poueo mais adiante e ehegou na boea do Wada-fiapu,137 ou igarapé Uirapixuna. La, ele se transformou na fruta uirapixuna e fieou esperando0genro. Mas este naD apareceu. Subindo mais adiante, ele ehegou num lugar eheio de ralzes pequenas que se ehama em tariana Haiku-sawa:138Al, ele adentrou na mata e ehegou até a sua maloea. A fil ha e os netos ja haviam ehegado.

Très dias depois,0genro foi atras da esposa. Ele foi pela mesmo carninho que eles haviam tomado. 0 Kepirioli era também um eaminho para ele. Enquanto estava indo para la, viu sinais de que0sogro0havia esperado. Isto é, em eada lugar ondeWm7ahori se transformou, fieou uma marea.Yepâ-Sû'ria ehegou na casa do sogro no mesmo dia em que ele resolveu ir atras da mulher. Assim que estava subindo para a maloea, ele viu os seus filhos menores brineando no patio. Reeonhecendo0pai, estes foram logo ao seu eneontro e0abraçaram. AI, ele foi até a maloea e entrou. Sua mulher veio eumprimenci-lo,0sogro também.

- Foi0senhor que trouxe a minha mulher até aqui?, perguntou.

- Fui eu mesmo! Vendo que ela estava passando fome, assim eomo os seus filhos menores, ja que voeè naD vai pesear, eu fui busca-los, ele respondeu.

- Ta bom, naD tem problema!, replieou0genro.

Ele fieou um boeado de tempo na maloea do sogro. Cerro dia, as mulheres da maloca prepararam eaxiri. No dia seguinte, eles fizeram uma festa. Apôs afesta, os cunhados foram ajeitar e seear os enfeites cerimoni-ais que tinham usado nas danças fora da maloea. Amulher deYepâ-Sû'ria lhe havia reeomendado para naD toear nas cordas de pelos de maeaeo, dizendo que elas eram perigosas. No entanto, depois de observar os eu-nhados durante um certo tempo, ele se aproximou das cordas, as quais aehava bonitas, e tentou pega-las. No mesmo instante, as cordas0 enrola-ram num dos esteios da maloea. Amulher estava na roça. T odavia, des-eonfiando que0marido iria toear as cordas de pelos, apesar de sua

adver-33;To 'âyaem tukano.

1\HNi'kôritereem rukano.

196

tência, ela voltou rapido para a maloca. Quando entrou, ela viu0seu marido preso pelas cordas num dos esteios da maloca.

Ela voou entaoatéPuipi-uuni-pumenipoa para buscar os caniços de folhas pequenas a fim de desmanchar as cordas. De volta à maloca, ela benzeu os caniços, transformando-os em dentes de piranha. Por isso, as-sim que ela bateu nas cordas corn os caniços, estes as rebentaram.

o

marido estava desmaiado, corn a saliva saindo pela boca. Ela desamarrou as cordas e0levou até0quintal da maloca, onde0deitou e0

cobriu corn capim. Colocou coma vigias abelhas de macaco sebo para que ninguém encostasse nele. Depois disso, ela voltou para a maloca, raspou mandioca e ralou.

Enquanto isso,0sogro e os cunhados estavam dormindo. Por essa razao, eles naD viram0que tinha acontecido cornYepâ-Su'ria.Qu~ndo acordaram, eles foram à sua procura. Nao achando-o, eles perguntaram para asua mulher

- Para onde foi0seu marido?

- Eu naD sei, pensei que ele tinha ficado corn vocês, mentiu ela.

Ela cozinhou manicuera, preparou farinha de tapioca, espremeu a massa no tipiti, misturou a farinha corn manicuera, benzeu0liquida e foi dar de beber ao marido para que ele recuperasse as forças. Depois disso, ela0levou até0Wiisuali. Ele estava ainda doente. Ele desceu0igarapé, chegando à foz. Entrou no rio Uaupés e desceu até Caruru-Cachoeira.

Chegando la, ele se deitou, braços e pernas aberros e ficou esperando. Ele estava apodrecendo.

Mandou entao0 uru buzinhopupu-wayuli avisar0sogro que ele estava morrendo e que este podia vir comê-Io. De fato, ele suspeitava que0sogro tivesse envenenado as cordas a fim de mata-lo.

- Jaque ele fez tudo para me matar, ele pode vir me corner, ele disse.

Assim que0sogro recebeu a noticia, ele mandou amoscadoro verificar se0genro estava mesmo mono. A mosca entrou pelo nariz, pelas orelhas, pela boca, para revistar0interior do corpo deYepâ-Su'ria, naD encontrando nenhum sinal de vida.Waiiahori mandou entào amosca

dupuesa que fez amesma coisa. Ela emrou no corpo do genro,

revistando-0,mas naD encontrou também nenhum sinal de vida.Waiiahori mandou emaowayuwe,0uirapajé, para verificar se0genro estava mesmo morto.

Este passou voando em cima do corpo dele, cantando no final da revista:

"titititP'. Isso quer dizer que0genro naD estava morto. De fato, se ele tivesse camado"tiwehê", isso significaria que0genro estava realmeme morto. No entamo, ao cantar"tititifP', ele assinalava que0genro ainda

. 0 d - , b.">39

estavaVIVO. sogro man ou entao0passarowana 'f revlstar0corpo deYepâ-SiJ'na. No final da revista, este camou: "seo seo", significando, com isso, que0genro estava vivo. 0 sogro mandoudepoiswaiwalYo,0

passaro-trovao. No final da revista, este camou:"katiriri katirid'. Isto é, também ele estava avisando0sogro que0genro estava vivo.

No entamo, acreditando na palavra das moscas, ja que elas tinham revistado0interior do corpo do genro, ao passo que os passaros somente haviam voado porcima,0sogro resolveu aproximar-se dele. Ele pegou0

seu escudo, colocou-o no cocovelo esquerdo, tomou também0murucu tuirina e se aproximou de Yepâ-Sù'ria para acabar com ele. Ele queria furar0seu peico com0murucu a fim de manda-Io paraoNuma/iali, isco é, para0rio subrerrâneo Umari. Ele se postou bem na frente do genro que, conforme vimos, estava deitado em cima da pedra com os braços e as pernas aberros. No momento em que ele colocou a ponta do murucu no peito dele,0murucu escorregou e0sogro cai u em cima do genro. De fato, este havia feito0seu peito de pedra de quartzo para se proteger.

Como0seu peico era muita liso,0murucu escorregou.

Quando0sogro caiu em cima deYepâ-SiJ'ria, este0agarrou e pas-sou uma corda ao redor do pescoço dele. Ele queria rebentar0pescoço do sogro. Os dois ficaram rolando em cima da pedra até a descida, no lugar chamado em tarianaBisu_kaya.340Costuma-se colocarjiraus de pesca nesse lugar. Os dois ficaram rolando em cima da pedraatéKaini-s%aphi,341

"Panela de Manicuera". Coloca-se também nesse lugar jiraus de pesca.

1NPassaronaDidentificado.

;.j{JBekOtÎfJl'aem tukano.

HIYoklitiemrukano.

198

Sempre rolando, os dois chegaramemPeeri-piwalikuna,342 "Pescoço da Âguia". Costuma-se colocar matapis nesse lugar.

Do Pescoço da Âguia,0genro puxou0sogro pela corda até Umdpi-kara.yata,343 "Buraco de Minhoca". Os dois entraram no buraco, de onde safram um pouco mais adiante, no lugar onde se puxa geralmente acanoa.

o

genro tirou de nova0sogro pela cordaatéEnisi-kaya,344 "Jirau de Pesca de Pedra de Quartzo", onde0sogro se transformou em pedra de quarrzo. Sempre puxando-o pela corda,0genro levou0sogro até Pipani-kuphe.·'A5Éum lugar onde se costuma pegar peixes. De hi,0genro puxou o sogro pela corda até0lugarchamadoHaiku-tudapuku/46"Toco de Pau", onde0sogro sentou. Costuma-se, hoje em dia, colocar cacuris nes-se lugar.

o

genro puxou de nova0 sogro pela corda até Umai-nerekud-pipaka,347 "Bochecha de Piranha", onde0sogro se transformou em pira-nha.Éum pouco abaixo do lugar "Toco de Pau". De cada lado do rio, um pouco abaixo deste lugar, haviam dois Baniwa,Yaimaka e Yuuri, esperan-do para tirar veneno de planta. Foi0que eles fizeram.

Depois deUmai-nerekud-pipaka, Yepâ-Sii.'ria puxou0 sogro pela corda atéIsieda-tudapuku,34S "Jirau do Jabuti", onde0sogro se transfor-mou em jabuti. Dai,0genro puxou0sogro pela cordaatéNumali-haiku,·'A9

"Tronco de Umari", onde0sogro se transformou em pé de umari. Esse lugar fica no remanso da Cachoeira de Caruru. Dai,0genro puxou0sogro pela corda atéUuni-halepali,350 "Curva de Espuma", onde0sogro se

fi N 1 TT • L_Iepa - 351 . ,

trans ormou em espuma. esse ugar, entra0Uum-ft{/.. -napu, 19arape

'11Aâ-wamîsamo em mkano.

WàSîk7peeemmkano.

344!tâ-bolw-ewoem mkano.

,,\ \Va'î-ohon-wth em mkano.

W>Umû-wairo em mkano.

147Bi'i-wa'sû-poroem mkano.

:I4llÛhun-walro em mkano.

"9\Vami-nu '/mro em mkano.

\~)Sa'pô-Iukûem mkano

35)Sa'pfiyaem mkano.

No documento 1-1 i t órin do a t i { (páginas 193-200)