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Mami-yapirikuli inali kalisi Historia de Inambu e de Mucura

No documento 1-1 i t órin do a t i { (páginas 106-113)

Depois da festa de entrega da mala da noite em Bela Vista,Mami-yapirikuli,0Inambu, voltou para a sua malocaemfnali-walikuna,2t3 isto é,Urânia. Antes de irembora, ele convidou as duas filhas deUuni-yumdwali para uma festa. Ele pediu para elas chegarem no dia em que as mulheres iriam preparar caxiri, istoé,um dia antes da festa.

Antes de irembora, Inambu avisou às duas moças:

- No porto da minha maloca, que fica mais para cima, havera uma pena de arara vermelha. No pono da maloca do meuprimofna/i,havera uma pena de arara azuI.

Mas/nali,a Mucura, ouviu tudo. Ele morava um pouco abaixo de Mami.No dia em que as moças estavam subindo para la, ele inverteu as penas: istoé,pegou a pena vermelha no pono de Inambu e a trocou pela suaazuI.

Quando as duas irmas chegaram no pono defnali,a menor falou:

- 0 portoéaqui! Ele falou que haveria uma pena vermelha.

Mas a maior disse que0ponodeMamiera aquele de cima. Amenor ficou insistindo que0pono onde havia uma pena vermelha era aquele de Inambu. Amaior estava escutando0tambor da festa. Estava zoando na casadeMami-yapirikuli.

As duas encostaram e subiram para a casadefnali.Este, enquanto isso, tinha ido buscar maniuaras. Por isso, quando as moças chegaram na casa dele, somente viram uma velha. Era aavôdefnali.Antes de sair para procurar maniuaras,fna/ihavia avisado a velha que ele havia convidado duas moças. Por isso, quando ela as viu, perguntou:

- Vocês naD seriam aquelas que0meu neto convidou para a festa?

- Somos nôs mesmas!, responderam.

Avelha indicou uma rede onde elas podiam esperar a voltadefnali.

,13Od-petâemtukano.~:no alto nollaupés, naColômbia,abaixode Mitu.

- Fiquem aqui esperando! 0 meu neto ja vai voltar, ela disse.

As duas se aproximaram da rede. Quando se deitaram, as moscas começaram a voar, zoando:"0000."

- Bem que eu te avisei!, disse a maior para a menor.

Mas mesmo assim, ficaram deitadas na rede. Na hora em que elas estavam discutindo,chegoufllali. Ele deixou as maniuaras que havia catado fora da maloca e, enquanto estava entrando, perguntou para a avo:

- Minha avo, sera que as moças que eu convidei chegaram?

- Aquelas que você convidou ja chegaram, ela respondeu.

Ele foi entào até a sua rede e deitou entre as duas.

- 5ào elas mesmas, disse.

Enquanto isso,0tambor na casadeAfami continuava zoando. Ou-vindo0som./naii falou:

- 0 meu primofna!i esta batendo no tambor dele. Vou responder.

Ele foi entào até0tambor que estava perto da entrada da sua casa e começou a bater. Começou a zoar:"oatt oatt oatt". 0 tambor estava chamandofna!i, aMucura. Nesse momento, as duas moças entenderam tudo. Elas foram entào para0porto. Mas nào havia nenhum meio de transporte para chegar até acasa de Inambu. Por isso, elas ficaram espe-rando. Pouco depois, chegouyaa!i,0martim-pescador. Ele estava des-cendo0rioàprocura do cipo caapi para afesta deMami. Vendo-o, as duas moças0chamaram, mas ele nào quis parar porque elas estavam fedendo.

Pouco depois,chegoutllmi-kutniida,0marreco pequeno. Ele estava procurando aplantakapf-pu!ii14para misturar corn0cipo caapi. Vendo as moças, ele disse para elas:

- 0 portodeMami esta acima! Nào é aqui, aqui é0portodefna/i!

Aquele que as convidou esta esperando por vocês.

- Na subida, você leva agente, disseram entào as duas moças.

o

marreco pequeno havia falado para0martim-pescador para levar as moças no casa dele voltar primeiro para a malocadeMam;. Mas este, ao se aproximar, sentiu0cheiro ruim das mulheres e, por isso, passou sem

Zl<Kapf-molrseemtukano. planta nao idennficada.

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encostar. Ele pegou0cipo caapi e voltou direto para a malocadeMami.

Quando chegou, avisou este ultimo que as duas mulheres estavam no porto do seu primoÎnali e que elas estavam fedendo muito. Ouvindo isso,Mami mandou entaokurnd,0urueyawiri-suïte,0inambu pequeno, buscar sabao de pau e de cipo para dar um banho nas duas mulheres.

Enquanto isso,0marreco pequeno estava voltando para a maloca de Mami. Ele encostou no porto de rvlucura e pediu para as duas moças em-barcarem. Todavia, acanoa nao deu: ela era muito pequena. Por isso, ele pediu que as duas moças0esperassem: ele ia·voltar na madrugada corn uma canoa maior. Dito isso, foi embora.

As duas moças regressaram para a maloca de Mucura que lhes entre-gou um balaio cheio de maniuaras, mandando-as lavar no porto. Ele lhes deu também um pedaço de beiju para corner corn as maniuaras. As duas moças foram de nova no porto onde lavaram as maniuaras. Mas elas nao as comeram, por causa do cheiro forte. Mais tarde, elas voltaram para a maloca de t\Iucura e deitaram na rede dele. Pela madrugada, elas se levantaram e foram esperar0marreco pequeno no porto. Quando chegou, este pediu para elas sentarem arras dele. No caminho de volta para a maloca de Inambu, ele perguntou para as duas:

- Porque0martim-pescador nao levou vocês?

- Agente esta fedendo muito, responderam.

- Vocês estao mesmo cheirando muito ruim, ele disse.

Épor isso que ele as mandou sentar na popa da canoa, para nao ter que cheirar as duas. Ele as levou até0porto de Inambu. Quando chega-ram, varias mulheres da maloca deram um banho nelas. Enquanto isso, os outras prepararam um banco no meio da maloca para elas. Havia todo tipo de aves na casa. Naquela época, todas tinham forma de gente. Todas eram gente naquele tempo. 0 Inambu ja tinha quarro mulheres. Corn as duas moças, teria seis. As mulheres enfeitaram primeiro as duas moças.

Depois, todos se enfeitaram. Eles estavam festejando achegada delas.

Înali chegou pelas cinco horas da tarde na maloca deMami. Ele queria pedir a Inambu uma das duas mulheres. Antes de sair, ele havia avisadoà velha avo:

- Eu vou pedir para mim uma das antigas mulheres dde ou entao uma das duas que acabaram de chegar. Se de nao aceitar, eu vou insistir.

Se eu insistir muito, de é capaz de se aborrecer e de me matar. Neste caso, havera um sinal de arco-fris e chovera, assim que0dia estiver c1are-ando. Se isso acontecer, leve0seu atura corn as acangataras para fora da casa. Se ele me matar,0meu atura de enfeites enchera de sangue. Assim, minha ava, vocè ja sabera que0seu neto foi morto. Se acontecer isso, va logo se queixar juntoàaguia real.

A avo ficou vigiando. Enquanto isso,fnali foi até a casa do seu primo, Inambu. Quando chegou, ele foi logo pedir uma das duas moças, mas Inambu nao quis Ihe dar nenhuma.

- Eu nao vou Ihe dar nenhuma. Eu as convidei a vir na minha casa, mas elas erraram0caminho e pararam na sua casa. Fique quieto se vocè quer passar bem!

Masinali nao escutou as recomendaç6es de Inambu e continuou a insistir para que ele Ihe deixasse ao menos uma das moças. Frenteà negativa dele, ele pediu uma das velhas, mas Inambu também nao quis Ihe dar. Ele estava cada vez mais irritado corn Mucura. Este0avisou entào que, no casa dele0matar, as agui as reais viriam logo vingar a sua morre e mara-Io. Mesmo assim, quando0dia estava c1areando, nao agüen-tando mais acaceteaçao deMucura,Mami0matou corn uma cacetada.

Começou entâ.o achoyer, apesar do sol brilhar. Vendo achuva, aava da Mucura levou0atura de acangataras para fora da casa. Este logo se encheu de sangue. Avdha entendeu entao que0seu neto estava morro.

Por isso, da foi logo atras das aguias reais que estavam morando em Puipi-uuni-pumenipoa. Conforme havia explicadofllali, da foi se quei-xar junto aelas que Inambu havia matado0seu neto.

- Vocès devem vinga-Io, ela disse.

No dia seguinte, Inambu estava sentado no quintal da maloca corn as novas esposas. Elas0mandaram cantar. Foi0que de fez:

- Woo yuroro woo yuroro...

Mas logo, ele parou de cantar. As duas moças pediram para ele can-tar de novo. Como Inambu sabia que duas aguias estavam chegando para

lOS

mati-lo, ele nao queria mais cantar. Mas as duas moças ficaram insistindo.

Por isso, ele explicou para elas:

- Se eu cantar mais, as aguias vao ouvir0meu canto e virao para me matar. Se isso acontecer, procurem logo oslriyumakena para vingar a mi-nhamone.

Apesar da advenência, as moças ficaram insistindo para que cantas-se de novo. Foi0que ele fez. Enquanto ele estava cantando pela segunda vez, as aguias chegaram, agarraram-no e0levaram pela ar. Vendo isso, as duas moças foram logo se queixar juntoaosIriyumakena na Casa de Tro-vao. Ouvindo sua queixa, cada um fabricou um puça. Assim que os puças ficaram promos, eles os enrolaram, amarraram e colocaram na cintura. A pontinha do puça ficou do lado direito, coma um rolinho. Eles desceram entao perto da casadeMami. Vieram descendo pela rio, procurando0

lugar onde as aguias moravam.

A avo das aguias sabia que os1riyumakena estavam atras dos seus netos. Por isso, ela incentivou os homens a preparar cacetes de âmago para bater em cima deles, enquanto as mulheres cozinhavam breu. Em cada maloca que encontravam, oslriyumakena perguntavam:

- 0 que você vai fazer corn isso?

- Nos vamos cacetear oslriyumakena, respondiam os homens.

- Bate para a gente ver coma vocês vao fazer, diziam entao os lriyumakena.

Os homens experimentavam enrao cacetear0proprio corpo e mor-riam. Ai, oslriyumakena se aproximavam das mulheres que estavam cozi-nhando breu.

- 0 que vocês vao fazer corn esse breu fervendo?, perguntaram.

- Quando as aguias pegaremosIriyumakena, nos vamos derramar esse breu em cima deles!, responderam.

Depois de dizer isso, elas pergumaram:

- Vocês nao viram oslriyumakena, por acaso?

Elas pensavam queosIriyumakenaeram homens formados. Na rea-lidade, eles eram dois meninos. Eles nao tinham nada. Istoé,eles anda-vam nus e someme tinham um puça amarrado no lado direito da cintura.

- Nao, nos naD sabemos, eles responderam.

Assim, eles foram descendo0rio, pracurando as aguias de maloca em maloca até chegaremPuipi-lIuni-pllmenipoa. As aguias haviam fabri-cado uma flauta corn0osso de Inambu e ficaram tocando em cima de uma arvore, na beira de um campo. Cada aguia tinha a sua propria flauta.

- Wiiiin..

Os!ri)'lImakena estavam na porta da maloca das aguias reais, olhan-do para as mulheres que estavam cozinhanolhan-do breu.

-0que a senhora vai fazercom esse breu?, eles perguntaram.

Amulher quis pegar uma cuia de breu para mostrar0que ela ia fazer corn ele. Mas assim que ela tentou tirar0breu corn acuia, este ficou dura, igual pedra. Enquanto isso, as aguias estavam se aproximando da maloca tocando.

- Quem SaD aqueles que estao fazendo essa wada?, perguntaram os

!riy"maketla.

- Sao as aguias que estào tocando0osso de Inambu, responderam as mulheres.

- Sera que elas naD vao pegar agente?, perguntaramos!riy"makena.

- Tomem muito cuidado! Vocês SaD crianças e elas naD respeitam as crianças!, responderam as mulheres.

Enquanto elas estavam dizendo isso, as duas aguias entraram na maloca. Uma pousou em cima do travessao do meio, a outra num outra travessao, na frente do primeiro. Depois, elas começaram ase apraximar dos!ri)'lImakena. Vendo-as, estes se puseram a gritar:

- Ah ah! Aaguia esta me comendo!

Dizendo isso, eles começaram a desamarrar os seus puças. Os ho-mens quiseram entào cacetear os!riy"makena, mas naD conseguiram. Eles bateram em si mesmo e morreram. Enquanto isso, as mulheres tentaram derramar0breu que estava fervendo em cima deles, mas foi em vao. 0 breu estava muito dura.Os!riyumakena desamarraram entao0puça do cinto, abriram-no e enrolaram dentra as aguias. Depois, amarraram de nova0puça no cinto, pularam para fora da maloca e voaram pelo caminho do venta. Eles chegaram em Manaus, onde mataram um veado que

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ram de corner para as aguias. Depois, eles subiram de novo0rio e pararam emAwa_hipa,215 "Pedra da Âguia Real", atual Uirawassu, entre Santa Isabel e Barcelos, no rio Negro. Foi laque eles mataram as aguias. Eles as depenaram e jogaram as penas fora. Depois disso, eles foram embora e subiram pelo rio até acasadeMami, onde contaram0que havia aconteci-do para as duas mulheres:

- Nos vingamos a morte do seu esposo! Nos ja sabemos matar, mas naD sabemos0que vai acontecer depois, disseram.

Isto é, eles naD sabiam se os outros iam tentar se vingar outra vez.

Eles subiram endo para aCasa de Trovao, no céu, onde ficaram perto do seu avô. Eles SaDosIriyumakeri-wadakena, isto é, os netos delriyumakeri-yanapere.

Aqui termina essa historia.

'II

'liAâ-paki-'Ii!1'iemrukano.

Kuwai-yapirikuli kalisi

No documento 1-1 i t órin do a t i { (páginas 106-113)