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4 INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE

4.1 HOSPITAIS ONCOLÓGICOS NO PARANÁ E EM CURITIBA

Com o intuito de definir o hospital cujos pacientes seriam atendidos pela Casa de Apoio a ser projetada, em Curitiba-PR, levou-se em consideração alguns quesitos, como: ser um Hospital de referência oncológica para a região, atraindo pacientes de outras localidades; atender principalmente pacientes do SUS e oferecer tratamento para pacientes com câncer infantojuvenil. Na Figura 59, estão apontadas as Unidades de Assistência de Alta Complexidade (UNACON) e Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) distribuídas no estado do Paraná, de acordo com dados disponibilizados no site Ministério da Saúde.

Figura 59 - Relação CACONS e UNACONS Paraná. Fonte: SESA/PR, edição autoral.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (2018), as UNACON, são unidades hospitalares que possuem condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento dos

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cânceres mais prevalentes. Estas unidades hospitalares podem ter em sua estrutura física a assistência radioterápica ou então, referenciar formalmente os pacientes que necessitarem desta modalidade terapêutica. Enquanto as CACON, são unidades hospitalares que possuem condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência especializada de Alta Complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento de todos os tipos de câncer. Estes hospitais devem, obrigatoriamente, contar com assistência radioterápica em sua estrutura física.

A partir da Figura 59, os hospitais que poderiam ser escolhidos para o seguinte estudo são 5 UNACON e 1 CACON, expostos na Figura 60 e, listados na Tabela 5.

Tabela 5 - Hospitais Oncológicos Públicos em Curitiba-PR.

BAIRRO E MUNICÍPIO ESTABELECIMENTO HABILITAÇÃO

Alto da Glória, Curitiba. Hospital de Clínicas - UFPR UNACON Jardim das Américas, Curitiba. Hospital Erasto Gaertner CACON

Água Verde, Curitiba. Hospital Infantil Pequeno Príncipe

UNACON

Centro, Curitiba. Hospital Santa Casa UNACON

Bigorrilho, Curitiba. Hospital Universitário Evangélico de Curitiba

UNACON

Centro, Curitiba. Hospital São Vicente UNACON

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Figura 60 - Os CACON e UNACON em Curitiba-PR.

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Dentre os Hospitais citados, três deles se destacam no tratamento de câncer infantojuvenil, o Hospital de Clínicas, o Hospital Pequeno Príncipe e o Hospital Erasto Gaertner (INCA, 2018). Ao analisar a origem dos pacientes atendidos pelo Hospital Erasto Gaertner, que realizaram quimioterapia e radioterapia, obteve-se os mapas da Figura 61 e Figura 62, onde fica notável a influência do hospital em grande parte do estado, atraindo pacientes de diversos locais. Fato que corrobora para comprovar a necessidade de casas de apoio que acolham e amparem os pacientes que durante essa etapa difícil de suas vidas estão longe de suas moradias.

Figura 61 - Origem de pacientes atendidos no Hospital Erasto Gaertner em 2012 - Procedimentos Quimioterapia.

Fonte: TABWIN, modificado pelo autor.

Figura 62 - Origem de pacientes atendidos no Hospital Erasto Gaertner em 2012 - Procedimentos Radioterapia.

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Além disso, a partir do Relatório do Registro Hospitalar de Câncer 2010 a 2014 (2017, p. 32), foi possível analisar através da Tabela 6, que apenas 283 (2,6%) dos pacientes admitidos no HEG, de 2010 a 2014, tinham menos de 20 anos de idade.

Tabela 6 - Distribuição dos casos segundo faixa etária e sexo.

Faixa Etária

Sexo

Total

Masculino Feminino

Csos % Casos % Casos %

00-04 33 0.8 37 0.6 70 0.6 05-09 26 0.6 18 0.3 44 0.4 10-14 43 1.0 23 0.3 66 0.6 15-19 53 1.3 88 1.3 141 1.3 20-24 44 1.1 284 4.2 328 3.0 25-29 68 1.6 514 7.7 582 5.4 30-34 88 2.1 608 9.1 696 6.4 35-39 125 3.0 591 8.8 716 6.6 40-44 179 4.3 614 9.2 793 7.3 45-49 296 7.1 607 9.1 903 8.3 50-54 402 9.6 661 9.9 1,063 9.8 55-59 572 13.7 607 9.1 1,179 10.8 60-64 635 15.2 592 8.9 1,227 11.3 65-69 620 14.8 471 7.0 1,091 10.0 70-74 467 11.2 408 6.1 875 8.1 75-79 324 7.7 286 4.3 610 5.6 Mais de 80 207 4.9 277 4.1 484 4.5 Total 4.182 100% 6.686 100% 10.868 100%

Fonte: (RHC, 2017, pg. 34), modificado pela autora.

Um total de 11.383 tumores foram admitidos pelo RHC-HEG no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014. Destes, 180 foram de tumores em pacientes menores de 15 anos (pediátricos), representando 1,6% do total. Já em pacientes

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adolescentes (15 a 18 anos) foram identificados 104 casos de tumores, representando 0,9%. Ao todo, foram 284 casos, categorizados de acordo com a Classificação para Tumores da Infância e da Adolescência (ICCC- International Classification of Childhoor Cancer) (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Distribuição dos casos segundo faixa etária e sexo.

Fonte: (RHC, 2017, pg. 34), edição autoral

No Gráfico 3, foi demonstrada a distribuição percentual quanto ao grupo etário dos casos analisados. Dos 180 pacientes pediátricos, 56,7% eram do sexo masculino e 43,3% do sexo feminino e nos pacientes adolescentes (104), 53,8% eram do sexo feminino e 46,2% do masculino. O RHC (2017, pg. 34) destaca também os grupos neoplásicos mais frequentes nas crianças até 14 anos, que foram as leucemias (35,6%), os linfomas (12,2%), e sistema nervoso central, tumores renais e retinoblastoma (com 7,8% cada). Nos adolescentes, predominam os linfomas (19,2%), seguidos pelas leucemias (18,3%), tumores ósseos e tumores de células germinativas (9,6% cada).

A partir do exposto acima, escolheu-se o Hospital Erasto Gaertner, pois apesar de já atender aos pacientes com câncer infantojuvenil, há um projeto para a construção do primeiro hospital Oncopediátrico do Paraná, o Erastinho, cujo projeto arquitetônico já está pronto, sendo que atualmente o Hospital está arrecadando fundos, para a sua construção. O projeto do Erastinho através da nova estrutura proporcionará um espaço agradável e exclusivo para crianças, humanizando ainda mais o tratamento. Serão 4.800 m², com 39 leitos de internamento privativos e semi-privativos, consultórios e espaço recreativo com brinquedoteca, tudo voltado para o melhor tratamento de crianças e adolescentes.

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Outro motivo para escolher o Hospital foi o fato de que com a construção do Erastinho, mais pacientes oncopediátricos sejam direcionados ao hospital para tratamento, logo haverá maior fluxo de crianças e adolescentes com câncer de outras regiões, para realizar o tratamento na Capital. Com o objetivo de suprir a essa nova demanda, é que se propõe a implantação da Casa de Apoio, em área próxima ao Hospital.

Com a escolha do HEG, como objeto de estudo, na sequência estudamos a história do surgimento do Hospital e acontecimentos que são importantes para a atual dinâmica do HEG, com o intuito de compreender como ele tornou-se referência no tratamento de câncer e contribuiu para o tratamento de muitas crianças e adolescentes de todo o Estado do Paraná.