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However, I do have an obligation to be there 123

No documento Olha e vê: caminhos que se entrecruzam (páginas 142-144)

96 Tradução para o português de Marcos Bagno.

A: However, I do have an obligation to be there 123

Membros dessa classe normalmente têm, segundo o autor, as se- guintes propriedades: ―Eles são morfemas livres, são iniciais em um segmento discursivo, veiculam mensagem específica, e são classificados não sintaticamente mas em termos de suas funcções semânti- cas/pragmáticas.‖124

Fraser (1999) identificou duas classes principais de MDs: os que relacionam mensagens – ou seja, aqueles que interligam algum aspecto das mensagens veiculadas pelos segmentos que seguem e precedem o MD (a. Contrastive markers; b. Collateral markers; c. Inferential mar- kers; d. ...). Nesse caso, a relação discursiva envolvida abarca o domínio do conteúdo (proposicional), (36a), em outros envolve o domínio epis- têmico (as crenças do F), (36b), e ainda em outros abrange o domínio dos atos de fala, (36c). Vejamos, a título de exemplificação, os contex- tos a seguir:

(36) a. Since John wasn't there, we decided to leave a note for him.

b. Since John isn't here, he has (evidently) gone home.

c. Since we're on the subject, when was George Washington born?125

A outra classe diz respeito aos MDs que relacionam tópicos, ou seja, aqueles que envolvem algum aspecto do intercâmbio discursivo – tal como a exchange structure, de Schiffrin (1987). Considere os exem- plos:

(37) a. This dinner looks delicious. Incidentally where do you shop?

123 ―A: Eu não quero muito ir. B: John disse que ele estaria lá. A: Contudo, eu tenho a obriga- ção de estar lá‖.

124 ―they are free morphemes, are discourse-segment initial, signal an especific message, and are classified not syntactically but in terms of their semantic/pragmatic functions.‖

125

―a. Já que John não estava lá, nós decidimos deixar um recado para ele. b. Já que John não está aqui, ele (evidentemente) foi para casa. c. Já que estamos nesse assunto, quando que George Washington nasceu?‖

b. I am glad that is finished. To return to my point, I'd like to discuss your paper.126

Conforme o autor, em (37a), incidentally sinaliza que S2 deve ser interpretada como uma digressão a partir do tópico de S1, enquanto (37b) to return to my point sinaliza a reintrodução do tópico anterior no discurso. É para o tópico que S1 está contribuindo, em vez da mensa- gem a qual está relacionada com o tópico apresentado em S2.

Sintaticamente, os MDs investigados por Fraser (2006, p.196- 201) pertencem a cinco categorias: a) conjunção coordenativa; b) con- junção subordinativa; c) advérbio; d) preposição; e) locução prepositiva. É a categoria sintática do MD que determinará a posição em que pode ocorrer em S2. Todavia, devido a restrições sintáticas, conjunções coor- denativas e subordinativas sempre se encontram em posição S2 inicial, ao passo que as demais categorias (preposições, locuções prepositivas e advérbios) transitam mais livremente nas demais posições.

A fim de se proceder à análise do significado individual de um MD, sugere o autor o emprego da abordagem polissêmica. ―Eu sustento que cada MD tenha um significado central de natureza geral (por exem- plo, para but, o significado é ‗contraste simples‘), com várias nuances de sentido ativadas como uma função de (i) o significado central do MD específico, (ii) as interpretações de S2 e S1, e (iii) o contexto, linguístico ou outro‖(tradução nossa)127

. Observe que but, na seqüência a seguir, veicula o mesmo core meaning:

(38) a) Water boils at 2112 degrees but mer- cury boils at a much higher temperature.

b) Mary is thin. But she still weighs more than me.

c) A: John is right here. B: But I just saw him on TV.

d) John died. But he was ill.

e) A: The flowers are beautiful. B: But they‘re plastic.

f) A: We had a very nice meal. B: But did you ask him about the money he owes us?128

126 ―a) Esse jantar parece delicioso. Por acaso, onde você faz compras?; b) Estou contente que isso acabou. Voltando ao assunto, eu gostaria de discutir o seu texto‖.

127 ―I take each DM to have a core meaning of a general nature (for example, for but, the meaning is ‗simple contrast‘), with various meaning nuances triggered as a function of (i) core meaning of the specific DM, (ii) the interpretations of S2 and S1, and (iii) the context, linguis- tic and otherwise‖.

128 ―a) A água ferve a 2112 graus mas o mercúrio ferve a uma temperatura muito mais alta. b) Mary é magra. Mas ela ainda pesa mais que eu. c) A: John está bem aqui. B: Mas eu acabei de

Em síntese, colhe-se da definição de Fraser (1999, 2006) o prin- cípio da conectividade dos MDs. Como vimos, propõe o autor que con- junções, advérbios, preposições e locuções prepositivas apresentam as seguintes propriedades gerais: (i) possuem um significado central, que, entretanto, pode ser enriquecido pelas circunstâncias contextuais; e (ii) sinalizam a relação que o F busca entre a unidade introduzida pelo MD e a anterior. Portanto, para o autor, somente serão considerados MDs os elementos que intermedeiam dois segmentos discursivos com conteúdos proposicionais claramente definidos. Por isso, diferente de Schiffrin (1986), Fraser (1999) exclui as partículas modais, os vocativos, as ex- pressões iniciais, os sons não-lexicalizados e as interjeições do grupo dos MDs, pois eles próprios acrescentam uma mensagem ao conteúdo proposicional da sentença em que se situam e não necessariamente sina- lizam para uma relação entre dois segmentos discursivos diferentes. As interjeições configurariam outro tipo de expressão pragmática.

Nesse sentido, como se observa, a concepção de MD do autor re- vela-se bastante restrita, uma vez que não recobre categorias derivadas de verbo de percepção, como olha e vê, objeto de estudo desta tese.

4.1.3 A perspectiva textual-interativa

Pesquisadores (RISSO, SILVA, URBANO, 1996, 2006; RISSO, 1999, entre outros) que adotam a abordagem da Gramática Textual- Interativa (doravante GTI) assumem

uma concepção de texto firmada na perspectiva sócio-comunicativa, que aponta não só para os as- pectos cognitivo-informativos contidos no produto lingüístico e nas partes de sua estrutura, mas tam- bém para a compreensão desse produto como algo que congrega e sinaliza os interlocutores, o pro- cesso de produção e interação (KOCH et al., 1993).

No documento Olha e vê: caminhos que se entrecruzam (páginas 142-144)