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S: provocando nada/ ele queee se arrume-que see-que se anime depois se vire↓ é seu o pro-

No documento Olha e vê: caminhos que se entrecruzam (páginas 184-188)

blema/ não?/ (RISOS) / não, não por ver uma tia de biquini ↑

A: não↓ mas [nããão]

C: [mas] isso tem mais [que ver com a (( comodidade)) deee] A: [mas isso no verão]/ primeiro/ olha]

C: ao nadar/ se faz muito movimento‖

179 ―V: em resumo// quee hav-teria um assessor↑/ / um assesor // recebia também da prefeitura do A./ que é V. F. que é o secretário do***18 / / e esse tio↑ esse tio estava percebendo outras tantas/ outras tantas como o senhor prefeito↑/ do orçamento dos cofres municipais / o orçamen- to municipal/ / (en)tão acaba que esse tio/ pois também via que se fosse / e não nãão / agüenta

aguenta que ainda que apresentem a moção/ tal qual aguenta ↑ / / agora acaba que já não

está↑/ porqueee o L. lhe disse/ chh/ fosse daí/ / e o- e o safadoo/ por agüentar mais um mês↑ // a sentença do juiz pode ser dura, né? PODE SER muito dura S: ui! olha [J.82.A1, 702] (PONS BORDERÍA, 1998, p.223)‖.

(ii) rejeição a um aspecto do texto do interlocutor nos contex- tos em que inicia um turno. Por exemplo:

(53) C: ya// PERO BUENO- PERO/ PERO ES QUE ALGO TE DEBE PASAR ¿no? / algo te- ti- e- o

sea §

JM: §mira/ no lo sé es que / es TODO y no es nada/ [pero=]

C: [pero si es que]

JM: = se me juntan las cosas/ / llega un momento que vas aguantando y que las cosas se juntan y que dices/ pues no/ tengo que pararme/ y- y deci- dir [ML.84.Al, 108] (PONS BORDERÍA, 1998, p.224) 180.

(iii) insegurança por parte do F frente ao conteúdo da mensa- gem proferida. Por exemplo:

(54) S: iguels S: iguels

C: ¿esto es águila? S: es queee/ mira-§

J: § ¿qué grupo de música es? S: un grupo de música se llama↑ / / / a floc- / / a floc/ / of/ / / siguels/ / / eaguls/ / / (2.5») pero en- tonces no sé/E/ eaguls↑ / oo

J: igual éste es el plural de- de éste ¿sabes? (PONS BORDERÍA, 1998, p.224)181

180 ―C: já / / MAS BEM- MAS/ MAS É QUE ALGUMA COISA DEVE ACONTECER, não? / alguma coisa te- tem- ou seja §

JM: §olha/ não sei o que é / é TUDO e não é nada/ [mas=]

C: [mas sim é que]

JM: =se eu acumulo as coisas/ / chega um momento que vais aguentando e que as coisas se juntam e que dizes / chega/ tenho que parar/ e- e decidir [ML.84.A1, 108]‖ (PONS BORDERÍA, 1998, p.224).

181 ―S: iguels C: isto é águia? S: é queee/ olha-§

J: § que banda é?

S: uma banda se chama↑ / / / a floc- / / a floc/ / of/ / / siguels/ / / eaguls/ / / (2.5») mas então não sei/E/ eaguls↑/ oo

Cuenca e Marín (2000), por sua vez, expõem os usos de vamos a ver e a ver, formas de P4, e mira/mire, formas de P2. Conforme as autoras, essas formas, além de corresponder ao mesmo tipo semântico, compartilham características formais e funcionais. Vejamos a descrição desses itens que permite a análise como um grupo relativamente homo- gêneo, tanto do ponto de vista semântico, como morfossintático e dis- cursivo:

- Têm caráter parentético.

- São formas imperativas ou relacionadas com o imperativo.

- Como conseqüência, têm um valor conativo bá- sico, que as vincula ao receptor comunicativamen- te, e a segunda pessoa (tu ou usted), morfologica- mente.

- Manifestam um valor conversacional (fático) re- lacionado com a gerenciamento da conversação e são, portanto, formas típicas da língua oral (CUENCA; MARÍN, 2000, p. 216).

Constatam Cuenca e Marín (2000) que ver (espanhol) e veure (catalão) são verbos de percepção passiva, ao passo que mirar (espanhol e catalão) insere-se no conjunto de verbos de percepção ativa. Sugerem as autoras, por conta disso, diferenças interessantes acerca do funciona- mento dos verbos analisados: as formas de visão passiva quase sempre iniciam turnos de fala, ao passo que as formas de percepção ativa, por sua vez, alternam-se principiando ora turnos ora atos de fala espanhola. Vejamos um exemplo:

(55) R: Al millón. Hay revistas, eeh, también, ???

Ch: Mira, normalmente, semanalmente, las cuatro revistas del corazón, lãs que yo considero revistas del corazón, eeh, además bastante diferentes entre si, tienene unaa_una venta de 2.000.000 de ejem- plares, semanales. (MC1)182

As formas analisadas por Cuenca e Marín (2000) têm se conver- tido em conectores a partir de um processo de gramaticalização relacio-

182 ―Ch: Tiramos_ Pronto é a primeira, às vezes chega ao milhão de exemplares. R: Ao milhão. Há revistas, heein, também???

Ch: Olha, normalmente, semanalmente, as quatro revistas do coração, as que eu considero revistas do coração, eeh, além disso bastante diferentes entre si, tem umaa_uma venda de 2.000.000 de exemplares, semanais. (MC1)Ch: Tiramos_ Pronto es la primera, a veces llega al millón de ejemplares‖.

nado à subjetivização e uma pragmatização do significado é derivada da forma fonte (verbo de percepção visual). Dentre os valores dos itens descritos por Cuenca e Marín (2000, p. 232-233), destacam-se: (i) dis- tribuição do turno, sobretudo quando interrompe outro F, objetivando-se manter o turno ou se recuperando um turno anteriormente perdido; (ii) troca de interlocutor; (iii) oposição a um argumento que outro F está defendendo; (iv) troca de tópico ou introdução de um tópico novo ou um subtema. Nesses casos, o F abranda ou até mesmo interrompe o fluxo de conversação e solicita mudança, quer de emissor, de receptor, de orien- tação argumentativa ou de tópico.

Dominguez e Álvarez (2005) descrevem os usos de três grupos de marcadores da interação: ¿ves? é classificado como MD apelativo e interrogativo simultaneamente; os marcadores mira [tu]/ mire [usted] e mirá [vos] são tidos como orientadores da atenção do O sobre um as- pecto do texto; e, por fim, imaginate, figúrate são considerados marca- dores derivados de verbos de imaginação, que podem ser parafraseados por o sea, entre outros.

No primeiro grupo, ¿ves? serve para verificar a compreensão do O acerca do argumento proferido pelo F. Nesse contexto, conforme as autoras, o F expõe um tópico polêmico e, para reforçar sua tese, introduz o MD seguido de explicação, normalmente um exemplo, a exposição de um caso, ou a apresentação da causa ou conseqüência da tese apresenta- da pelo F. Observe um exemplo:

(56) inv.: ¿te hubiera gustado que te dieran... quizá más afecto?

hab.: Que me dieran más amor porque ¿tú sabes qué?... nosotras por lo general somos muy se- cas...¿ves?

inv.: Mjm.

hab.: ... este... cuando yo me fui con C. [su espo- so], a mí me daba pena con C. que... yo decirle papi a él, a mí me daba pena... (2:26) (DOMÍNGUEZ; ÁLVAREZ, 2005, p. 10)183

183 ―inv.: tu gostarias que te dessem... talvez mais afeto?

hab.: Que me dessem mais amor porque, tu sabes o quê?... nós geralmente somos muito se- cas...vês?

inv.: Mjm.

hab.: ... assim... quando eu fui com o C. [seu marido], me dava pena com o C. que... dizer papai para ele, me dava pena... (2:26)‖ (DOMÍNGUEZ; ÁLVAREZ, 2005, p. 10).

No segundo grupo, no qual se inclui mira, os marcadores cha- mam a atenção do O sobre um aspecto do texto, o ponto central que o F deseja ressaltar, normalmente de forma catafórica.

(57) inv.: Pero sí te gusta reclamar tus dere- chos.

hab.: Sí, mis derechos... mire... estos días que hu- bo una broma de... del ventiocho... de los sucesos del ven... del año pasado... (6:101) (DOMÍNGUEZ; ÁLVAREZ, 2005, p. 11).184

A partir dos exemplos, Domínguez e Álvarez (2005) mostram que os MDs funcionam como orientadores da atenção do interlocutor por meio do qual o F atribui importância ao segmento seguinte.

Galué (2002) apresenta a caracterização do uso dos MDs mi- ra/mire amplamente empregados na conversação. Conforme a autora, trata-se de formas gramaticalizadas que funcionam como MDs perdendo nesta função seu significado primário e atuam especialmente na interpe- lação do receptor e na chamada de sua atenção.

Dentre os valores do MD apelativo mira, que serve para chamar a atenção do O, descritos por Galué (2002), destacam-se: (i) atenua a for- ça ilocutória dos enunciados interrogativos; (ii) expressa afinidade e cortesia para introduzir um enunciado com tom ameaçador; (iii) anuncia enlace continuativo; e (iv) apresenta valor continuativo. Vejamos, na seqüência, alguns exemplos desses contextos e respectivos valores dos MDs.

Geralmente introduzem enunciados declarativos, diretivos e inter- rogativos. No exemplo ―Mira ¿y donde estás buscando trabajo ahorita?‖, o F interpela o O e reduz a força ilocutória que caracteriza esses enunci- ados, como estratégia de cortesia para mostrar certa proximidade, fami- liaridade e afinidade com o O.

Em outros contextos, pode introduzir enunciados não afetivos, que refletem uma posição de distanciamento, mesmo aborrecido, do F para o O. Vejamos um exemplo:

(58) D: y yo sin sentir/ ni moléstia /ni arreche- ra/ ni nada/ lê conteste: Mire↑/ señora Mariana/ y además sin miedo/ ¿okey?/ sin miedo a la figura de autoridad/ porque de verdad que yo no tenía

No documento Olha e vê: caminhos que se entrecruzam (páginas 184-188)