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Questões e hipóteses

No documento Olha e vê: caminhos que se entrecruzam (páginas 37-46)

S UMÁRIO 1INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

ATENÇÃO DO OUVINTE

1.2 Questões e hipóteses

Com base na literatura acerca do uso dos MDs derivados de ver- bo de percepção, notadamente nas pesquisas que investigaram diferentes amostras em PB e nos postulados do Funcionalismo Lingüístico, especi- almente no que concerne à gramaticalização, e da Teoria da Variação e

Mudança, traçamos as seguintes questões e hipóteses de pesquisa, bre- vemente justificadas. Lembramos que o aprofundamento teórico de cada uma das hipóteses será feito nos capítulos respectivos.

a) É possível descrever e explicar o funcionamento de MDs de base verbal sob a ótica da gramaticalização?

De acordo com a perspectiva de gramaticalização assumida nesta tese (cf. TRAUGOTT, 1982, 1989, 1995, 1999, 2002; TRAUGOTT; KÖNIG, 1991; HOPPER; TRAUGOTT, 1993; BYBEE; PERKINS; PAGLIUCA, 1994; BYBEE, 2003, entre outros), a mudança ocorre na negociação interacional, na qual o falante/escrevente e o ouvinte/leitor têm papel fundamental, sendo impulsionada pela necessidade de se (re)interpretar itens no contexto. A mudança é, pois, ―motivada por prá- ticas discursivas e sociais‖ (TRAUGOTT, 2002). Nesse processo de (re)interpretação, ganham espaço as inferências pragmáticas associadas a mecanismos metonímicos, podendo resultar em convencionalização de implicaturas conversacionais. Assim, a recorrência de certos padrões em determinados contextos, vale dizer, a freqüência de uso, é determinante na gramaticalização de itens ou de construções.

Heine, Claudi e Hünnemeyer (1991) destacam o potencial de ver- bos de percepção para sofrer gramaticalização. Os autores ainda argu- mentam que as situações mais nítidas de interação com o O envolvem atos de fala manipulativos com enunciados de perguntas e de comandos; nesse último caso, formas imperativas podem se gramaticalizar. Tam- bém Martelotta (1998) ressalta a tendência associada a verbos de per- cepção de ter seu uso estendido para propósitos metalingüísticos. Essa extensão de sentido reflete perda maior ou menor de valor lexical e ga- nho de função pragmático-discursiva, o que caracteriza a progressão no sentido de usos mais abstratos e mais (inter)subjetivos.

Conforme Travaglia (2002, 2003)14, verbos como olhar e ver e- xercem, em determinados contextos, funções textuais-discursivas diver- sas, como, por exemplo, a de marcadores conversacionais. São usados na interação entre interlocutores para marcar relações interpessoais e, por isso, compõem o rol de verbos gramaticalizados ou em processo de gramaticalização.

14 Travaglia (2002, 2003) investigou uma amostra com cerca de cem verbos, entre eles olhar e

Muitos pesquisadores15 vêm se dedicando ao estudo de MDs de base verbal. Assumindo a concepção de gramática ―como estruturante de aspectos comunicativos da linguagem, englobando, além da fonolo- gia, morfossintaxe e semântica, também aspectos pragmáticos inferenci- ais‖ (GÖRSKI, 2006, p.6), como sugere Traugott (1995), nossa proposta é de que a mudança semântica e categorial dos verbos de percepção que passam a atuar como MDs pode ser adequadamente descrita e explicada com base na definição de gramaticalização postulada por Hopper e Traugott, (1993, p. xv): ―processo pelo qual itens lexicais e construções vêm, em certos contextos, a desempenhar funções gramaticais e, uma vez gramaticalizados, continuam a desenvolver uma nova função grama- tical‖; e especificada por Traugott (1995, p. 1, grifo nosso): ―processo pelo qual um item lexical [ou uma construção], impulsionado por certo

contexto pragmático e morfossintático, torna-se gramatical‖. Portanto,

nossa hipótese é de que os MDs de base verbal podem ser tratados sob o paradigma da gramaticalização.

b) É possível tratar os itens olha e vê como camadas/variantes dentro de um domínio funcional?

Considerando o princípio da estratificação, proposto por Hopper (1991)16, acreditamos na convergência entre os objetos de estudo varia- cionista e funcionalista, visto que o autor considera, dentro de um domí- nio funcional, a emergência contínua de novas camadas para marcar funções que, em geral, já são marcadas por outras formas, mais antigas de um certo domínio. Porém, Labov (1978) estabelece como condição necessária para a variabilidade entre duas ou mais formas sua equivalên- cia em significado e seu uso no mesmo contexto. A fim de convergir numa linguagem teórica comum, Naro e Braga (2000) e Görski e Tava- res (a ser publicado) propõem o afrouxamento da noção de ―mesmo significado referencial‖, considerando a função/significação17 para que seja possível o tratamento variável de formas que compartilhem funções

15 Martelotta e Alcântara (1996) estudaram a partícula né?; Martelotta e Leitão (1996) pesqui- saram Sabe?; Dal Mago (2001) investigou quer dizer; Valle (2001) pesquisou os Requisitos de Apoio Discursivo (RADs) sabe?, não tem? e entende?; Rost (2002) investigou olha e veja; e Waltereit (2002) estudou o italiano guarda.

16 Esse princípio é apresentado e discutido no capítulo 3. 17

A noção de função/significado (cf. NICHOLS, 1984) remete ao papel discursivo dos elemen- tos lingüísticos, no sentido de que não são propriamente os itens em estudo que portam signifi- cado referencial, mas as funções são depreendidas a partir do contexto de ocorrência dos itens.

discursivas, o que resulta na proposta sociofuncionalista18. Espera-se, portanto, ser possível tratar os itens olha e vê como variantes de uma variável lingüística, alternantes num mesmo contexto discursivo. Em outras palavras: podem ser tratadas como formas que competem entre si num mesmo domínio funcional – no caso, o domínio da chamada da atenção do ouvinte (cf. capítulo seguinte).

Observe-se, no entanto, que é provável que existam contextos es- pecíficos de uso de uma ou de outra forma – caso de especialização de certos usos –, o que não invalida o tratamento variacionista para as ocor- rências que se mostram intercambiáveis. Nesse sentido, esperamos en- contrar tanto contextos de uso categórico de uma das formas como con- textos variáveis. É nesse último caso que os MDs serão tomados como variantes.

c) Que variáveis lingüísticas/discursivas e sociais19 condicio- nam o uso dos itens olha e vê?

De modo geral, acreditamos que as variáveis lingüísti- cas/discursivas que podem condicionar a atuação dos MDs olha e vê podem ser: a) contexto de atuação discursiva20 (cf. CASTILHO, 1989; SILVA; MACEDO, 1989; RISSO, 1999; URBANO, 1999; ROST, 2002, TRAVAGLIA, 2003; GUERRA, 2007, entre outros); b) seqüên- cia discursiva (tipo textual) (cf. PAREDES SILVA, 1999; BACK et al., 2004; TRAVAGLIA, 2001, [2003]/2007); c) presença/ausência de pro- nome/vocativo junto ao item (cf. FARACO, 1986; SCHERRE et al., 2000; MENON, 2000; MENON; LOREGIAN-PENKAL, 2002; LOREGIAN-PENKAL, 2004; ROST, 2002); d) relação sintática com a estrutura oracional (cf. MARCUSCHI, 1989; RISSO; SILVA; URBANO, 1996; RISSO, 1999; URBANO, 1999; ROST, 2002; GUERRA, 2007); e) posição (cf. MARCUSCHI, 1989; URBANO, 1999; ROST, 2002); e f) traço prosódico (pausa) (cf. RISSO; SILVA;

18 A abordagem sociofuncionalista será apresentada na seção 3.3 do capítulo teórico.

19 As hipóteses específicas sobre as variáveis lingüísticas/discursivas e extralingüísticas serão detalhadas no capítulo 7. A seleção dessas variáveis se baseou principalmente no rastreamento de dados bibliográficos em PB disponíveis sobre MDs.

20 Denominamos contextos de atuação discursiva aquelas porções de texto nas quais se eviden- cia a atuação de olha e vê auxiliando na veiculação de diferentes significados semântico- pragmáticos, manifestando graus de (inter)subjetividade dos participantes do diálogo, nos termos de Traugott (1999). Nos capítulos 6 e 7, detalhamos esses contextos.

URBANO, 1996; RISSO, 1999; URBANO, 1999; ROST, 2002; GUERRA, 2007).

Quanto às variáveis sociais que, a nosso ver, tendem a condicio- nar o uso dos MDs sob análise, destacamos: a) gênero/sexo; b) idade; e c) escolaridade. É importante mencionar que pesquisas sobre fenômenos discursivos realizadas com dados do Projeto VARSUL (DAL MAGO, 2001; VALLE, 2001) constataram a pouca influência de fatores sociais na escolha desses elementos, ao passo que, em outros trabalhos, como de Tavares (1999, 2003), as variáveis extralingüísticas indicaram pistas da ocorrência de um processo de mudança lingüística em andamento no uso de itens discursivos.

d) Que correlações se pode estabelecer entre o funcionamento dos MDs olha e vê e os sistemas pronominal e modo-temporal do PB em relação à P2?

Conforme Basílio (apud URBANO, 1999), uma das característi- cas do item ao assumir funções discursivas é não estar sujeito à flexão número-pessoal e/ou modo-temporal. Quanto à correlação entre os sis- temas pronominal e modo-temporal em relação à P2, acreditamos que existe dependência, ao menos parcial, com o funcionamento dos MDs sob análise, tendo em vista as pesquisas de Menon (2000), Menon e Loregian-Penkal (2002), Loregian-Penkal (2004). Quanto ao sistema modo-temporal, baseando-nos nos resultados de Rost (2002) e Scherre (2005, 2008) e Scherre et al. (2007), cremos que as formas dos MDs derivadas do indicativo (doravante IND) sejam mais recorrentes, consi- derando-se que este modo esteja tomando, na fala, o lugar do subjuntivo (de agora em diante SUBJ).

e) O uso dos MDs olha e vê é sensível a fatores de natureza geográfica?

Conforme os resultados das pesquisas de Menon (2000), Menon e Loregian-Penkal (2002), Loregian-Penkal (2004), esperamos que as formas que ainda retêm vestígios verbais de imperativo (como olhe e veja) estejam mais presentes em Curitiba, dadas certas particularidades que constituem o modo imperativo padrão: pronome você associado à forma verbal subjuntiva. Em oposição, a expectativa é de que as formas derivadas do IND (olha, vê e respectivas alterações fonéticas) sejam

mais predominantes em Florianópolis, Chapecó, Blumenau e Lages, nessa ordem, uma vez que, das cidades catarinenses contempladas no banco de dados VARSUL, Lages é a que apresenta o maior número de ocorrências do pronome você e Florianópolis, o menor.

f) Os MDs olha e vê se apresentam num quadro de variação estável ou é possível caracterizá-los como mudança em tempo apa- rente e/ou tempo real?

Na trajetória de mudança semântico-pragmática e categorial dos itens olha e vê, ambos competem para representar um mesmo domínio. Acreditamos que, por meio de evidências sincrônicas, possamos atestar que se trata (ou não) de mudança, em que uma das formas ―perde a bata- lha‖ para codificar determinada função.

Na ótica funcionalista, a distribuição em tempo aparente pode in- dicar ―gramaticalização em andamento‖ (cf. ANDROUSTOPOULOS, 1999, apud GÖRSKI; TAVARES, a ser publicado), notadamente ao se considerar a fala dos jovens, faixa etária que pode apresentar um pico de mudança (cf. LABOV, 2001). Dessa maneira, o fato de um item lingüís- tico não ser freqüente em faixas etárias mais velhas, mas passar a sê-lo entre as faixas etárias mais jovens pode significar que o processo de gramaticalização está avançando (cf. GÖRSKI; FREITAG, 2006).

Entretanto, ressalve-se que as diferenças de efeito associadas às faixas etárias não podem ser tomadas como indicadores indiscutíveis e conclusivos de mudança em curso. Pode ocorrer (i) gradação etária – mudança no comportamento lingüístico do indivíduo, sendo que a co- munidade permanece estável; ou (ii) mudança geracional – quando certa variante passa a ser valorizada por alguns indivíduos e, gradativa- mente, passa a exercer efeito sobre toda a comunidade. (cf. LABOV, 2001). Assim, é importante perceber se estamos diante de uma mudança que acontece caracteristicamente numa dada faixa etária, ou se estamos frente a uma mudança em progresso que perpassa as diferentes faixas etárias e se estabelece na gramática da língua.

***

Em suma: estamos prevendo que haja ―motivações em competi- ção‖ (cf. DU BOIS, 1985; FURTADO DA CUNHA, 2001) atuando sobre os usos de olha e vê: (i) de um lado, pressões estilísticas e discur- sivas, fortemente atreladas à mudança semântico-pragmática dos itens;

(ii) de outro, pressões de natureza morfossintática, associadas a diferen- ças geográficas, com reflexos na mudança categorial dos itens; e (iii) por fim, pressões sociais, correlacionadas tanto à mudança por gramaticali- zação como à mudança em tempo aparente/real.

Na seqüência, os demais capítulo desta tese está assim organiza- dos: no segundo capítulo, contextualizamos o fenômeno investigado com base no rastreamento da bibliografia disponível, descrevemos hipo- tética e sincronicamente a origem e potencialidade semântico- pragmática de cada elemento, desde sua base verbal como item lexical pleno, realizado via ato de fala manipulativo, até seu comportamento como MD, quando apresenta um enfraquecimento da força imperativa prototípica, estando mais associado a sentidos abstratos e pragmáticos.

No terceiro, evidenciamos o enquadre teórico-metodológico no qual esta tese se insere, baseado na aproximação do Funcionalismo Lin- güístico, postulado especialmente por Givón (1993, 1995, 2001, 2002, 2005), Traugott (1982, 1989, 1995, 1999, 2001, 2002), Heine, Claudi e Hünnemeyer (1991), Traugott e Heine (1991), Traugott e König (1991), Hopper e Traugott (1993) e Vincent e outros (1993), Bybee e Hopper (2001), Heine (2002, 2003), Bybee (2003), Heine e Kuteva (2007), e da Teoria Variacionista, conforme formulada por Weinreich, Labov e Her- zog ([1968] 2006) e Labov ([1972] 2008, 1978, 1994, 2001).

No quarto capítulo, realizamos ampla revisão bibliográfica acerca do conceito e da caracterização formal e funcional dos MDs em geral. Na seqüência, restringimos nossa pesquisa à investigação dos MDs de- rivados de verbo de percepção visual em cinco línguas românicas a fim de explicitar similaridades e diferenças morfossintáticas e semântico- pragmáticas entre as abordagens. Por fim, com base nessas informações e nas investigações em PB, põe-se em evidência especialmente os con- textos e as condições de ocorrência dos itens olha e vê com o intuito de verificar seu aspecto formal e suas respectivas funções.

No quinto capítulo, descrevemos as etapas metodológicas adota- das nesta pesquisa: a primeira, caracterizada como abordagem basica- mente funcionalista, contempla o mapeamento da multifuncionalidade dos itens olha e vê, envolvendo ainda a identificação do(s) domínio(s) funcional(is) em que as formas convivem como camadas de um mesmo domínio; e na segunda, de cunho variacionista, dispensamos um trata- mento estatístico aos dados com vistas a descrever os contextos de uso de cada uma das formas supostamente em competição. Após a descrição das etapas metodológicas, caracterizamos o corpus sincrônico e o dia- crônico do qual extraímos os dados para análise, definimos os instru- mentos de coleta de dados e o Programa estatístico empregado para

tratamento dos dados. Por fim, elencamos os grupos de condicionadores lingüísticos e extralingüísticos controlados para a amostra sincrônica e diacrônica.

No sexto capítulo, efetuamos o cumprimento da etapa funciona- lista da análise do comportamento dos MDs olha e vê. Primeiramente, procedemos à descrição da multifuncionalidade dos MDs, iniciando pela análise diacrônica e, posteriormente, focando na análise sincrônica. As subseções de cada análise empreendida, por sua vez, contemplam, pri- meiramente, os aspectos formais dos MDs e, depois, os aspectos funcio- nais.

No sétimo, executamos a etapa variacionista da análise. Para le- var a cabo essa tarefa, codificamos as ocorrências e identificamos os prováveis fatores condicionadores do uso variável dos itens. Na seqüên- cia, dispensamos um tratamento quantitativo aos dados submetendo-os ao pacote estatístico VARBRUL 2S (PINTZUK, 1988) com vistas a identificar os contextos de uso preferencial e variável das formas supos- tamente em competição.

No oitavo e último capítulo, apresentamos a síntese das principais contribuições desta tese e apontamos sugestões para trabalhos futuros.

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CONTEXTUALIZANDO O FENÔMENO INVESTIGADO

Neste capítulo procuramos contextualizar o objeto de estudo des- ta tese – os MDs de base verbal olha e vê – e seus diferentes usos em dados do português falado e escrito.

Dividimos este capítulo em cinco seções. Nas duas primeiras, partimos de estudos anteriores21 em que se investigou a mudança se- mântico-pragmática dos verbos de percepção olhar e ver e descrevemos hipoteticamente a potencialidade semântico-pragmática de cada elemen- to, desde sua base verbal como item lexical pleno, realizado via ato de fala manipulativo, até seu comportamento como MD, quando apresenta um enfraquecimento da força imperativa prototípica, estando mais asso- ciado a sentidos abstratos e pragmáticos. Na terceira, procuramos identi- ficar o domínio funcional em que as formas podem estar atuando como camadas em competição. Na quarta seção, para contextualização ampla do fenômeno em estudo, tecemos algumas considerações sobre as for- mas e funções (valores interacionais) desempenhadas pelo imperativo, bem como apresentamos a síntese do levantamento feito em pesquisas que tratam sobre o uso variável do imperativo em PB. Por fim, a quinta e última seção é dedicada às conclusões principais deste capítulo.

Os itens olha e vê podem ser distribuídos, a depender do contex- to, em dois níveis distintos: no primeiro, de caráter dêitico espacial, são verbos plenos, de percepção, visto que há um comando explícito do F para o O direcionando o olhar/visão deste último, ou, num plano um pouco mais abstrato, expressando advertência (cf. exemplos (2) e (3) a seguir); no segundo nível, são MDs que ampliam seu significado de base e, conforme Risso (1999, p.270), a referência à percepção visual aparece remanejada para a expressão de outra espécie de envolvimento sensório-cognitivo, isto é, altera-se o ponto de referência do campo vi- sual (situações objetivas) para o da ação mental (situações (in- ter)subjetivas) (cf. exemplos (4) a (10) a seguir). Nesse sentido, em seu percurso de mudança funcional, elementos designativos de espaço [+concreto] passariam a ser usados como organizadores do universo

21 A reconstrução do percurso dos itens baseia-se, principalmente, nos trabalhos de Marcuschi (1989), Castilho (1997), Rost (2002) e Votre (2004).

discursivo [-concreto] (cf. HEINE; CLAUDI; HÜNNEMEYER, 1991). Vale ressaltar que entre esses níveis, delimitados de forma discreta co- mo domínios metafóricos distintos, há um continuum de pequenas mu- danças que se dão metonimicamente, por contigüidade contextual, em que um uso dá origem a outro (cf. explorado adiante).

No documento Olha e vê: caminhos que se entrecruzam (páginas 37-46)