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2. CARACTERIZAÇÃO E DESEMPENHO RECENTE DA INDÚSTRIA DE

3.3 Identificação das empresas e características produtivas

3.3.1 Identificação das empresas, perfil dos sócios fundadores e da mão-de-obra e as relações de

A pesquisa de campo foi realizada a partir de uma amostra de 33 empresas, que abrangeram duas classes CNAE: fabricação de embalagens de plástico, com 5 empresas, e fabricação de produtos diversos de plástico, com 28 empresas, conforme Tabela 21. O sub- setor de embalagens plásticas corresponde por 15% das empresas selecionadas, no entanto, representa apenas 5% do emprego, em função da predominância das microempresas (60%) na sua composição e das grandes empresas selecionadas pertencerem a outra classe referenciada.

No que diz respeito a classe de artefatos diversos de plásticos, optou-se por dividi-lo em dois segmentos principais, devido sua intensa heterogeneidade em termos de produtos produzidos. Nesse sentido, tem-se o segmento de fabricação de artefatos para construção civil como o principal segmento desse sub-setor, representando 45% das empresas e 65% do emprego total da amostra, com as MPEs correspondendo por 60%, as médias por 27% e as grandes por 13% dos estabelecimentos. Segue-se o segmento de fabricação de artefatos diversos de plásticos para outros usos, com 39% das empresas e 30% dos empregados. Em termos de produtos produzidos, o segmento engloba uma empresa produtora de artefatos de acrílico e empresas que produzem peças técnicas para usos industriais (1 grande, 1 pequena e 2 micro) e produtos finais diversos (4 micro e 5 pequenas) sob encomenda.

Tabela 21: Número de empresas selecionadas e empregados do arranjo produtivo local de transformados plásticos da região Norte do estado de Santa Catarina por porte empresarial, 2006

Fabricação de

embalagens plásticas plásticos para construção civil Fabricação de artefatos de Fabricação de artefatos de plásticos para outros usos Total Porte empresarial

Empresas Emprego Empresas Emprego Empresas Emprego Empresas Emprego

3 46 5 45 6 62 14 153 Micro 60% 20% 33% 0% 46% 5% 42% 3% 1 70 4 251 6 237 11 558 Pequena 20% 30% 27% 9% 46% 19% 33% 13% 1 114 4 687 0 0 5 801 Média 20% 50% 27% 25% 0% 0% 15% 19% 0 0 2 1800 1 950 3 2750 Grande 0% 0% 13% 66% 8% 76% 9% 65% 5 230 15 2738 13 1249 33 4.217 Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Particip. APL 15% 5% 45% 65% 39% 30% 100% 100%

Fonte: Pesquisa de campo, 2006.

No que concerne a trajetória de formação do arranjo em estudo, esta pesquisa confirmou alguns aspectos anteriormente descritos. Em primeiro lugar, apontou que 40% das médias e todas as grandes empresas entrevistadas surgiram nas fases de expansão e consolidação do arranjo (1954-70), visto que o mesmo emergiu tendo como centro dinâmico as empresas pioneiras atuantes no segmento de construção civil57. Por outro lado, cabe

destacar que mais de 80% das empresas foram fundadas durante a fase de reestruturação do arranjo (após a década de 80), quando diversas empresas encerraram suas atividades produtivas. Segundo a Tabela 4A anexo, 83,4% das micro empresas foram fundadas entre 1990 e 2005, mostrando que o período também foi caracterizado por novas oportunidades de negócios, em decorrência, por um lado, das características da indústria, tais como baixas barreiras à entrada e expressiva participação de empresas de pequeno porte, que possuem alta taxa de mortalidade; e, por outro lado, devido ao próprio processo de desverticalização das empresas, que aumentou as oportunidades de relações comerciais para a MPEs.

Em segundo lugar, os resultados coincidiram com o aspecto destacado por Napoleão (2005) em relação à atividade exercida pelo sócio fundador antes da criação da empresa. De acordo com a Tabela 5A anexo, 64% das MPEs foram fundadas por ex-funcionários de outras empresas do arranjo, evidenciando a importância do transbordamento do conhecimento tácito (spillover) no local, uma vez que os trabalhadores tiveram oportunidade de acumular experiências a partir de processos informais de aprendizado (learning by doing) para, posteriormente, abrirem negócios próprios.

57 Mesmo a empresa de grande porte classificada como fundada entre 1991-2000 surgiu a partir da aquisição de

Além disso, o espírito empreendedor pode ser observado no fato de que a grande maioria das empresas surgiu a partir de iniciativa do próprio empresariado local. No que tange as fontes de capital das empresas selecionadas, em todos os portes empresariais predominam os recursos próprios, tanto no primeiro ano, como atualmente. Assim, devidos as dificuldades para se obter crédito junto às instituições financeiras quando não se possui bens para aval, as microempresas utilizaram principalmente recursos próprios ou, em menor proporção, empréstimos de parentes ou amigos para constituição do novo negócio, sendo que apenas as pequenas e médias obtiveram capital mediante instituições financeiras, conforme Tabela 6A anexo. Por sua vez, quanto à origem do capital, somente uma empresa de grande porte é controlada por capital internacional, porém, o investimento no instante da sua fundação foi de origem nacional e, posteriormente, a mesma foi adquirida por um grupo estrangeiro.

Tabela 22: Escolaridade do pessoal ocupado e do sócio fundador das empresas selecionadas do arranjo produtivo local de transformados plásticos da região Norte do estado de Santa Catarina, 2006

Pessoal ocupado Sócio fundador

Grau de Ensino

Micro Pequena Média Grande Micro Pequena Média

0 0 0 0 0 0 0

Analfabeto

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

13 7 36 161 0 0 0

Ensino Fundamental Incompleto

8,3% 1,2% 4,5% 5,9% 0,0% 0,0% 0,0%

29 117 169 389 0 0 0

Ensino Fundamental Completo

18,5% 20,7% 21,1% 14,1% 0,0% 0,0% 0,0%

18 54 73 224 0 1 0

Ensino Médio Incompleto

11,5% 9,6% 9,1% 8,1% 0,0% 9,1% 0,0%

81 296 405 960 4 2 0

Ensino Médio Completo

51,6% 52,4% 50,5% 34,9% 28,6% 18,2% 0,0% 3 9 44 373 1 1 1 Superior Incompleto 1,9% 1,6% 5,5% 13,6% 7,1% 9,1% 33,3% 10 66 60 525 9 6 1 Superior Completo 6,4% 11,7% 7,5% 19,1% 64,3% 54,5% 33,3% 3 16 15 118 0 1 1 Pós-Graduação 1,9% 2,8% 1,9% 4,3% 0,0% 9,1% 33,3% 157 565 802 2750 14 11 3 Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Fonte: Pesquisa de campo, 2006.

Nota: Não foram disponibilizados dados sobre nível de escolaridade do sócio fundador das grandes empresas. Por sua vez, o nível de educação formal dos empregados é uma característica do arranjo que diverge com o padrão da indústria nacional, fator relacionado com a infra- estrutura de ensino existente no local. A Tabela 22 demonstra que praticamente 50% dos empregados das MPEs possuem, pelo menos, o ensino médio completo. Por sua vez, as grandes empresas possuem um maior contingente proporcional de graduados e pós-graduados.

Cabe ressaltar que as entrevistas apontaram que, mais especificamente nas empresas de médio e grande porte, a presença de trabalhadores com nível de escolaridade abaixo do ensino médio deve-se, exclusivamente, ao caso de funcionários muito antigos na empresa, uma vez que atualmente este é o nível de escolaridade mínimo exigido para novas contratações. No que diz respeito aos sócios fundadores, observa-se que nas micro e pequenas empresas predominam sócios com ensino superior completo.

Em termos de relações de trabalho, o arranjo não possui o grau de informalidade esperado, uma vez que apenas uma microempresa declarou a participação de familiares sem contrato formal no seu pessoal ocupado (1,78%), conduta comum em setores com predominância de empresas de pequeno porte; enquanto os trabalhadores com contratos formais correspondem por 82,25% e os sócios por 15,98%. Por sua vez, nas empresas de outros portes também predominam os contratos formais, porém, com aparecimento de estagiários, serviços temporários e terceirizados, sendo que apenas nas grandes empresas os serviços temporários tem uma participação relativa mais significativa, igual de 7,77%, segundo Tabela 7A anexo.