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A D iferença que Faz

Algumas pessoas podem questionar a im portância de pôr em ordem nossas doutrinas acerca de Deus e do ho- mem. Isso é mesmo importante? U m erro neste sentido traria conseqüências assim tão sérias?

A resposta a ambas as perguntas é sim! N ossa compre- ensão sobre Deus e sobre nós m esmos é crucial às nossas relações mútuas e, mais importante, às nossas relações com Deus.

O cristianismo é, antes e acima de tudo, um relaciona- mento. Todo relacionamento requer que duas ou mais pes- soas cultivem sua com unhão mútua, passem tempo juntas e estabeleçam um laço pessoal. Suponhamos que alguém se aproxime de você e diga: “Tenho um relacionamento com Deus. Ele apareceu no meu quarto esta noite e disse que já se reencarnou muitas vezes, entrando em contato com indivíduos espalhados pelo m undo inteiro, de m odo a lhes com partilhar a chave para a vida. Disse-me ainda que sua sabedoria tem sido escrita de modo que todos a perce- bam, podendo ser encontrada em livros como os Vedas, a Bíblia e o Alcorão, só para nomear alguns. Disse que fora um homem, evoluindo agora para níveis mais elevados de existência. E me assegurou que eu tam bém posso atingir esse nível se seguir suas instruções” .

Espero que você concorde comigo que esse deus, em- bora pessoal, não é o mesmo Deus da Bíblia.

Deus define-se por suas qualidades de caráter. Ele in- corpora certos atributos que o separam do resto da criação, incluindo outros chamados deuses (cf. 1 Co 8.5). Podemos afirmar definitivamente que essa pessoa por nós descrita não pode ter tido um relacionamento com o único Deus verdadeiro. Por quê? Porque o dito deus não se enquadra na descrição que Deus, o verdadeiro, faz de si m esm o nas Escrituras.

Outro tanto é verdade sobre o deus do movim ento da Fé. A deidade descrita pelos mestres da Fé não se ajusta à

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revelação bíblica sobre o Deus Todo-poderoso. Por conse- guinte, o deus e o evangelho que apregoam são igualmen- te falsos (cf. 2 Co 11.4,13).

As apostas são elevadas! Aliás, chega-se a perder a conta das almas que estão sendo levadas a depositar sua confiança numa falsa deidade. Quando descobrirem isso talvez seja tarde demais, pois, a menos que cultivem um relacionamento autêntico com o Deus da Bíblia, seu bem- estar eterno oscila na corda bamba.

PARTE IV

Atrocidades

sobre a Expiação

unca me esquecerei da primeira vez em que o ouvi contando a história. O impacto que me causou vai perm anecer com igo indefinidamen- te. Posso ver tudo agora, nos olhos da mente, como se fosse ontem. O Dr. D. James Kennedy acabara de m ontar o magnífico púlpito da Coral Didge Church, em Ford Lauderdale, na Flórida, para pouco depois com eçar a contar a história dum jovem cham ado John Griffith.

A época do acontecimento, disse, foram os ruidosos anos 20, no Estado de Oklahoma. John Griffth tinha pou- co mais de 20 anos - recém -casado e cheio de otimismo. Ao lado de sua jovem e bela esposa, tinham sido abençoa- dos por um lindo bebê de olhos azuis. Com deleite e excitação, John estava vivendo o sonho americano.

Ele queria ser um viajante. Im aginava como seria visi- tar lugares distantes com nomes difíceis de pronunciar. Decidiu ler e pesquisar sobre tais lugares. Suas esperanças e sonhos eram tão vividos que, nalgumas ocasiões, pareci- am mais reais do que a própria realidade. Mas então veio

1929 e a grande quebra da bolsa de valores.

Com o despedaçamento da econom ia norte-americana veio a devastação dos sonhos de John. Os ventos que silvavam por toda a extensão do Estado de Oklahoma denunciavam estranhamente a força da tempestade que varria suas esperanças. Oklahom a estava sendo sistemati- camente assediado pela depressão e pelo desespero.

Assim, de coração partido, John empacotou suas pou- cas possessões, pegou a esposa e o filhinho, Greg, e diri- giu-se para o Leste, num carro antigo da Ford. Rum aram para o Estado de Missouri, margeando o rio de mesmo nome. Lá chegando, ele conseguiu um emprego cuja prin- cipal incumbência era cuidar dum a grande ponte ferroviá- ria que se elevava sobre o volumoso rio.

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D ia após dia, John se sentava na sala do controle e dirigia as enormes engrenagens que m ovim entavam e sus- tentavam a im ensa ponte. Ele ficava olhando, pensativo, quando barcaças enormes e navios esplêndidos deslizavam graciosamente por baixo de sua ponte levadiça. Então, m ecanicamente, baixava a m aciça estrutura e ficava olhan- do com expectativa para os imensos trens passando es- trondosamente, até se tornarem pouco mais que fagulhas no horizonte. A cada dia seu olhar denunciava um a triste- za. Parecia que esses veículos levavam consigo seus so- nhos esmagados e as visões não realizadas de lugares e destinos exóticos.

Apenas em 1937 é que um novo sonho começou a brotar-lhe do coração. Seu garoto estava agora com oito anos de idade, e John com eçava a acalentar a visão duma nova vida na qual Greg trabalharia ombro a ombro com ele, um a vida de íntima com unhão e amizade. Quando o primeiro dia dessa nova vida raiou, trouxe consigo espe- rança e propósito novos. Excitados, pegaram seus lanches e de braços dados encaminharam -se na direção da ponte gigantesca.

Greg olhava para as coisas de olho vivo e admirado, enquanto seu pai pressionava a alavanca que elevava ou baixava a ponte. Enquanto olhava, deve ter pensado que seu pai deveria ser, com certeza, o maior hom em vivo. Admirava-se que ele pudesse controlar, sozinho, os movi- mentos de tão estupenda estrutura.

Sem que percebessem, deu meio-dia. John tinha acaba- do de elevar a ponte, perm itindo que alguns navios ali esperando passassem. Depois, tomando o filho pela mão, saíram para o lanche. De mãos dadas, subiram devagar por uma escada estreita e elevada e dali chegaram ao mirante que se projetava uns quinze metros à frente, sobre o majestoso rio Mississipi. Sentaram-se, espiando boquia- bertos os navios que passavam lá embaixo.

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Enquanto comiam, John contava ao filho, com vividos detalhes, histórias sobre os maravilhosos destinos dos na- vios que passavam solenes, lá embaixo. Envolvido num m undo de pensamentos, relatava história após história, en- quanto seu filho se pendurava em cada palavra que dizia...

Então, de súbito, enquanto falava do tempo em que o rio inundara as suas margens, ele e seu filho foram trazi- dos de volta à realidade pelo apito esganiçado dum trem distante. Olhando o relógio, sem poder acreditar, John viu que já era 13h07 Im ediatamente se lembrou que a ponte ainda estava levantada e que o M em phis Express passaria dentro de poucos minutos.

Não querendo alarmar o filho, disfarçou o pânico. No tom mais calmo de que pôde se valer, disse ao filho para ficar tranqüilo. Saltando rapidamente sobre os pés, desceu a escadaria. Enquanto os preciosos segundos passavam voando, ele correu como um louco para a escada de mão que conduzia à sala de controle.

Um a vez lá dentro, pesquisou o rio para ter a certeza de que não havia quaisquer navios à vista. E então, como fora treinado a fazer, olhou diretamente para baixo da ponte, a fim de certificar-se que nada havia lá embaixo. Mas quando seus olhos moveram -se para baixo, John viu algo tão horrível que seu coração gelou no peito. Pois ali, abaixo dele, na m aciça caixa metálica que abrigava as colossais engrenagens da gigantesca ponte levadiça, estava seu filhinho querido.

Ao que tudo indica, Greg tentara seguir o pai, mas acabou caindo da escada estreita. E agora mesmo estava metido entre os dentes de duas das principais engrenagens da caixa controladora. Em bora o menino parecesse estar consciente, John podia ver que um a de suas pernas já começara a derramar sangue copiosamente. Imediatamente um pensamento ainda mais horroroso traspassou-lhe a men- te, pois naquele instante ele sabia que baixar a ponte signi- ficaria matar seu filho Greg.

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Em pânico, sua mente investigou todas as possibilida- des, buscando freneticamente uma solução. De repente, um plano lhe veio à mente. Viu-se apanhando um a corda, descendo a escada, tão estreita, segurando a corda, fazen- do-a escorregar na direção de seu filho e puxando-o de volta a um lugar seguro. No instante seguinte voltaria à sala de controle e faria a ponte baixar para o trem que se aproxim ava veloz.

M as logo que tais pensam entos surgiram, percebeu- lhes a futilidade. No ato ele soube que não havia tempo suficiente. A transpiração começou a crescer-lhe na testa, o terror escrito em cada centímetro do rosto. Sua mente titubeou dum lado para outro, buscando inutilmente algu- ma outra solução. O que faria? O que poderia fazer?

Seus pensam entos voltaram, angustiados, para o trem que se avizinhava. E m estado de pânico, sua m ente agoniada considerou as quatrocentas pessoas que estavam se aproximando veloz e inexoravelmente para a ponte. Logo surgiria o trem rugindo, dentre as árvores, numa trem enda velocidade. M as aquele - aquele era seu filho, seu filho único, seu orgulho, sua alegria.

A m ãe dele - podia ver o rosto dela, coberto de lágri- mas. Aquele era o filho deles, seu filho amado. Ele era o pai, e aquele era seu menino.

Ele compreendeu, num momento, que só havia um a coisa a ser feita agora. Soube que tinha de fazê-lo. E, assim, escondendo o rosto debaixo do braço esquerdo, ele empurrou a alavanca. Os gritos de seu filho foram imedia- tamente abafados pelo som incansável da ponte, a qual se ajustava lentamente à nova posição. Em poucos segundos, o M em phis Express rugiu, passando pelas árvores, e enca- m inhou-se em direção à imensa ponte.

John Griffith levantou o rosto coberto de lágrimas e olhou para as janelas do trem que passava. U m negociante lia o jornal matutino. Um condutor uniformizado olhava, indiferente, para seu grande relógio de bolso. Damas sor­

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viam seu chá vespertino no vagão-restaurante. Um peque- no menino, parecendo-se estranhamente com seu próprio filho, metia uma colher de cabo comprido numa grande taça de sorvete. Muitos dos passageiros pareciam ocupa- dos em conversa inútil ou riam-se, descuidados.

Mas ninguém olhou para onde John estava. Ninguém sequer moveu os olhos para a gigantesca caixa de engre- nagens que agora abrigava os restos despedaçados das esperanças e sonhos de John Griffith.

Angustiado, esmurrou a vidraça da sala de controle e clamou: “Que há com vocês, gente? Não se importam? Não sabem que sacrifiquei meu filho por vocês? Que há de errado com vocês?”

Mas ninguém respondeu; ninguém o ouvira. Ninguém ao menos olhara para ele. Ninguém pareceu importar-se. E tão repentinamente como começou, tudo terminou. O trem desapareceu, passando rapidamente pela ponte e sumindo no horizonte.

Agora mesmo, quando narro essa história, meu rosto está molhado de lágrimas. Essa ilustração é apenas um breve vislumbre do que Deus Pai fez, ao sacrificar seu Filho. Jesus, em expiação pelos pecados do mundo (Jo 3.16). Entretanto, diferente do M emphis Express, que apa- nhou John Griffith de surpresa, Deus - em seu grande amor e conforme sua soberana vontade e propósito — quis sacrificar seu Filho, a fim de que pudéssemos viver (1 Pe 1.19.20). E não somente isso, o am or consumado de Cris- to é demonstrado pelo fato de Ele não ter sido acidental- mente ־־apanhado”, como fora o filho de John. Antes, sa- crificou voluntariamente sua vida pelos pecados da huma- nidade (Jo 10.18; cf. Mt 26.53).

A luz desse preciosíssimo dom da salvação é quase inconcebível que alguém - particularmente que diga fazer parte da Igreja cristã - brinque com a expiação, a verdade central da fé cristã histórica. Assusta-me que aqueles que se apresentam como "ungidos de Deus” estejam trazendo

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confusão a respeito da expiação. Mas é precisamente isso que estão fazendo os mestres da Fé. Indiferentes, trocam a maravilha do sacrifício redentor de Deus por doutrinas demoníacas.

Antes de exam inar os erros potencialmente destrutivos das doutrinas da Fé no tocante à expiação, dediquemos alguns m om entos para elaborar um a definição funcional da expiação. Assim poderemos observar quão seriamente essa doutrina tem sido comprometida.

Sucintamente, a expiação significa que Cristo, em sua morte sacrifical sobre a cruz, resolveu completamente o problem a do pecado humano. E m seu corpo, sobre a cruz, ele “nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (G1 3.13). Cristo, o modelo de virtudes, tornou-se o Cordeiro sacrifical sobre quem os pecados do mundo foram postos. Apesar de, na prática, Jesus Cristo ter sido perfeito e impecável, quanto à posição, foi feito pecami- noso - todo o nosso pecado foi a Ele creditado. Por outro lado, enquanto na prática não passam os de pecadores, toda retidão de Cristo é a nós creditada pela fé. Assim, mediante seu sacrifício expiatório, somos contados como

posicionalm ente justos aos olhos de Deus.

N enhum termo é forte demais para enfatizar que a expiação é crucial à história da fé cristã. E interessante notar que a palavra “crucial” se deriva da palavra latina

crux (cruz). Portanto, quando digo que a expiação é a crux

do cristianismo, estou dizendo que assim como a cruz está posicionada no centro de sua história, nossa com preensão sobre a expiação constitui o âmago da fé bíblica. Falsificar a doutrina da expiação é o caminho mais direto do cristia- nismo às seitas e, para alguns, ao ocultismo.

O fato é que o ensino sectário do movim ento da Fé, dum a ou outra maneira, nega a doutrina da salvação ex- clusivamente pela graça, mediante o sacrifício imaculado de Cristo na cruz. A Bíblia declara abertamente que nossa eterna salvação repousa sobre o que cremos quanto à expi-

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ação pelo sangue de Jesus Cristo. É na cruz — e não no inferno - que a salvação é conquistada ou perdida. Este é precisamente o problem a com os ensinamentos e doutrinas mais expressivos dentro do movim ento da Fé. Tais ensi- nos têm transferido a operação salvífica de C risto para as m asm orras m ais profundas do inferno, afastando-a da cruz.

Para que você não abrigue a ilusão de que esse ponto de vista não é central para a teologia da Fé, ouça o que Kenneth Copeland tem a dizer, num a de suas mensagens gravadas em fita, sobre a expiação:

O que é necessário para a vida dum crente é o conhecimento do que aconteceu entre a cruz e o trono... E a coisa mais fascinante da Bíblia in- teira. Trata-se de algo sobre o que pouco se fala, quase não existe no ensino tradicional da Igreja e nunca entenderei por quê. Penso que tem estado encoberto e oculto pelas tradições.1 Aí você tem a questão - não “um a”, mas “a” coisa mais fascinante da B íblia inteira. E, de acordo com Copeland, isso é assim porque “tem estado encoberto e oculto pelas tradições” ! Mas o que é que tem sido tão espertamente ocultado no “ensino tradicional da Igreja” , que coube a Kenneth Copeland e seus correligionários descobrirem?

Primeiro, muitos mestres da Fé defendem que Cristo foi recriado sobre a cruz, do divino para o demoníaco. No vernáculo da Fé, isso quer dizer que Jesus tomou a própria natureza de Satanás.

Segundo, de acordo com a teologia da Fé, sua redenção não ficou garantida na cruz, mas no inferno. De fato, muitos mestres da Fé afirmam que a tortura de Cristo, por todos os demônios do inferno, foi um “resgate” que Deus pagou a Satanás, para que pudesse voltar a um universo do qual fora expulso.2

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Em terceiro lugar, muitos dos mestres da Fé afirmam que Cristo foi recriado (ou nascido de novo) nas profunde- zas do inferno.

Por últim o, a teologia da Fé assevera que Cristo reencarnou por ocasião de seu renascimento no inferno e que aqueles que (à semelhança de Cristo) nascem de novo. são também ־‘encarnados'". Dessa maneira, os mestres da Fé deturpam Cristo, o Cordeiro sem pecado, defendendo a tese dum sacrifício pecaminoso sobre a cruz.

Mas se é verdade - se a teologia da Fé está certa ao dizer que temos recebido mentiras da igreja tradicional - então nós, pelos próprios padrões bíblicos, permanecere- mos para sempre em nossos pecados, estando sujeitos aos tormentos eternos do inferno. Nunca se esqueça que so- mente Jesus sendo puro e santo, sem mácula ou pecado, poderia ter cumprido os tipos e figuras do Antigo Testa- mento representados nas ofertas pelo pecado. Sua oferta remiu o homem da maldição da Lei, sendo considerada santíssima mesmo depois da morte.

O que está em jo g o aqui é im enso - não m enos que a própria salvação. Por conseguinte, passem os a um a p esquisa mais pro fu n d a da teologia da Fé, no tocante à expiação.

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Recriação

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