• Nenhum resultado encontrado

Limites entre Riquezas

orria o ano de 1979. Só recentemente entrega- ra minha vida a Jesus Cristo. Apesar de muito alegre em meu novo relacionamento com o Senhor do Universo, atormentava-me a lem- brança dos anos perdidos - anos em que vivera segundo minha própria vontade. Desesperadamente eu queria com- pensar aquele tempo perdido.

Mais do que tudo, queria fazer m inha vida valer a pena aos olhos de Deus. Sentia que para compensar o tempo perdido precisava libertar-me da preocupação e dos des- gastes de natureza econômica. Assim, decidi me valer de alguns recursos financeiros que acumulara, transforman- do-os numa pequena fortuna.

O mercado de commodities na área da prata parecia ser o meio mais rápido para a segurança financeira. Pude observar sua rápida ascensão e ouvir de investidores acer- ca do seu potencial de crescimento. Minhas pesquisas pa- reciam indicar que a prata estava grotescamente desvalori- zada e que era apenas uma questão de tempo até que subisse a alturas inimagináveis. Parecia-me mesmo, dum ponto de vista bíblico, que a proporção correta entre o ouro e a prata deveria ser de dez para um.

Enquanto considerava o investimento na prata como o veículo para atingir segurança financeira, o mercado co- meçou a aquecer. Decidi esperar por uma correção de preço para que pudesse entrar no mercado num a posição de risco minimizado.

Nesse meio tempo, planejava tam bém visitar meus pais, que viviam na Holanda.

Mas. voltando à questão econômica, m inha intenção era m apear uma estratégia para alcançar segurança finan- ceira. Eu queria servir a Deus, como crente próspero, a

196 Cristianism o em Crise

partir duma base segura. Porém, conforme em breve des- cobri. Deus entretecia um plano radicalmente diferente para a minha vida.

Tendo viajado, e após alguns dias na Holanda, resolvi pegar algum a coisa para ler, a fim de passar o tempo. Visto que ler em holandês se me tornara enfadonho, fiquei feliz por encontrar um livro impresso em inglês, que achei sobre a mesa de café do gabinete usado por meus pais. Chamava-se Evangelism Explosion (“Explosão do Evan- gelism o” ). U m a vez que comecei a leitura, não pude mais parar. Dentro de poucas horas encontrei um inundo intei- ramente novo - um mundo de multiplicação espiritual. Enquanto lia, comecei a descobrir como poderia me tornar um crente bem equipado e como ajuntar tesouro nos céus.

Voltei aos Estados Unidos empolgado com a possibili- dade de multiplicação espiritual e imediatamente me arro- lei no program a evangelístico da minha igreja local. No entanto, meu desejo de segurança financeira ainda me afe- tava intensamente.

Os preços da prata, a essa altura, tinham começado a subir como em um foguete. Ansioso por “embarcar antes que o trem partisse sem m im ”, pulei no mercado com a cotação em torno de US$ 47,08 a onça (cerca de 28.5g). Freqüentemente eu olhava para trás e me recriminava por não ter agido antes. Calculava meticulosamente quanto é que havia perdido por não ter agido logo que comecei a ver os primeiros sinais da ascensão meteórica da prata. Animado, ficava torcendo para que a prata continuasse a subir. E assim sucedeu. Dentro de poucos dias, atingiu os 50 dólares e previa-se que não demoraria muito para atin- gir a cotação mais alta do século - 100 dólares a onça!

Eu esperava ansiosamente, acreditando plenamente que Deus em breve me tornaria auto-suficiente financeiramen- te. Mas no decurso de poucos dias recebi uma chamada telefônica que fez meu coração gelar. A voz, no outro lado da linha, disse: “Hank, desastre!” Antes que eu pudesse

responder, ela gaguejou-me as palavras fatais: “O mercado da prata caiu” . Disseram-me para voltar imediatamente a fim de cobrir a falta de fundos ou minha posição no mer- cado seria liquidada. Durante os poucos meses que se seguiram essa cena se tornou rotineira. A chamada telefô- nica chegava e eu me via obrigado a cobrir outro decrésci- mo no preço, sempre admirado sobre até onde eu teria de perseguir o coelho toca adentro. A cada semana eu perdia mais e mais do que me custara anos para acumular. Con- tudo. quando pedia conselho aos especialistas, aconselha- vam-me consistentemente a esperar firme. Estão apenas “sacudindo os am adores” para fora do mercado, diziam.

T o d a v ia , p a r a l e l o à d e c e p ç ã o f i n a n c e i r a , a lg o inexplicável acontecia. Enquanto financeiramente as per- das acumulavam-se, percebia que estava ganhando espiri- tualmente. Durante o treinamento que empreendíamos nas ruas na busca pela “Explosão do Evangelism o” , eu entrava nas ruas e vielas e via pessoas vindo e se rendendo à fé em Cristo. De um lado, eu estava perdendo minha segu- rança financeira, mas, por outro, estava prosperando espi- ritualmente a um grau nunca imaginado por mim.

Finalmente, perdi tudo em função do que trabalhara por tanto tempo e tão arduamente, visando a um investi- mento rentável no m undo das finanças. Espiritualmente, porém, eu estava ganhando uma perspectiva eterna. Estava aprendendo primeiramente a buscar o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6.33). Percebia que ele cuidaria de minhas necessidades diárias. A semelhança de Agur, no capítulo 30 do livro de Provérbios, eu estava aprendendo a orar: “Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, porventura, de farto, te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de D eus” .

Apesar da Escritura não condenar nem incentivar as riquezas materiais, o alvo espiritual que ela nos apresenta

1 9 8 Cristianism o em Crise

consiste em crescer de tal modo, em nosso relacionamento com Cristo, que possamos perceber (conforme diz um an- tigo hino) que “as coisas na terra crescem estranhamente turvas à luz de sua glória e graça” . O mais importante é desenvolver um a perspectiva eterna e não temporal — olhos que possam olhar para além do tempo e do espaço, para a eternidade.

Atualmente só consigo sorrir frouxamente, enquanto penso no que sucedeu e leio as palavras do apóstolo Paulo ao jo v em Timóteo: “Mas os que querem ficar ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências lou- cas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína” (1 T m 6.9).

Nos próximos quatro capítulos, veremos os resultados devastadores para quem desconsidera os urgentes avisos de Paulo.

17

Conformidade

Documentos relacionados