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Recriação sobre a Cruz

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11 ן י ו m ! : 1 í . ! I I 1 ׳j do M ovimento da Fé na sua descida

para o reino das seitas, enquanto foge ao cristianismo bíblico, envolve a alegada transformação de Cristo — de ser divino a dem oníaco.1 Uma hoste de celebridades influ- entes ou ensina esse conceito ou se mostra disposta a defendê-lo. Tomemos, por exemplo, a seguinte declaração de Benny Hinn. pretensamente dita a ele pelo Espírito Santo:

Senhoras e senhores, a serpente é um símbolo de Satanás. Jesus Cristo sabia que a única ma- neira de parar Satanás era tornar-se uno em na- tureza com ele. Talvez você diga: “Que foi que ele disse? Que blasfêmia é essa?” Não. Ouça isto! Ele não tomou meu pecado; ele tornou-se

meu pecado. O pecado é próprio do inferno. Foi o pecado que gerou Satanás... O pecado é que fez Satanás. Jesus disse: "Eu serei pecado! Irei ao mais profundo lugar! Alcançá-lo-ei na ori- gem!" Quando Jesus tornou-se pecado, senho- res. tomou-o de A a Z e disse: “Nunca mais!” Pense nisso: Ele tornou-se carne, para que a

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carne se tornasse como ele. Ele tornou-se mor- te, para que hom ens m oribundos pudessem vi- ver. Ele tornou-se pecado, para que pecadores possam ser justos nEle. Ele assumiu a natureza de Satanás, para que todos quantos tinham a natureza de Satanás pudessem participar da na- tureza de D eus.2

Em bora Hinn reivindique ter mudado seus pontos de vista sobre certos ensinos da Fé (veja o com plemento da nota n° 2), dezenas de declarações similares podem ser prontamente atribuídas tanto a ele quanto a outros. Kenneth Hagin, por exemplo, afirma igualmente que Jesus Cristo assumiu a natureza de Satanás. A semelhança de Hinn, não mede esforços para nos tomar conscientes da sua crença de que

a morte espiritual envolve mais do que ser se- parado de Deus. Ela significa também rece-

ber a natureza de Satanás... Jesus provou a

morte — a morte espiritual — em favor de cada hom em .3

Particularmente perturbador, no caso de Hagin, é que quando o confrontei com essa blasfêmia, negou tê-la algu- m a vez ensinado. Num a resposta escrita que me foi dirigida por seu filho, Kenneth Hagin Jr. (atual vice-presidente executivo dos Ministérios Kenneth Hagin), foi-me dito o seguinte:

N ão concordam os com grande parte da dou- trina atualm ente ensinada nos círculos da Pa- lavra da Fé e nem tem os ja m a is ensinado m uitas doutrinas que estão circulando por aí... É m uito co n stran g ed o r para nós ser citados na m esm a página com alguns desses m inisté- rios e ligados a eles com o se acreditássem os nas m esm as coisas que ensinam ... Em m u itís­

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sim os casos isso sim p lesm en te não é a verda- de, conform e penso seja indicado pelas per- guntas e respostas anexas.4

No referido anexo, Hagin acusa pessoas como eu de saltar “às suas próprias conclusões”, ao m esm o tempo em que nega o ensino de que “Jesus assumiu a natureza de Satanás ou submeteu-se ao seu senhorio” .5

Quando alguém nega o que afirmou, o resultado é a confusão. Embora eu gostasse de dar a Hagin o benefício da dúvida, a investigação revela que ele não somente

distorceu a doutrina, mas igualmente distorceu o registro que fo ra feito, no esforço de evitar as críticas geradas face

a suas declarações em tudo blasfemas.

Porventura Hagin acredita mesmo que Jesus assumiu a natureza de Satanás? A despeito dos esforços impetrados por seu ministério de fugir à controvérsia, as evidências falam por si mesmas.

Frederick K. C. Price, um dos principais discípulos de Hagin, passa do blasfemo ao bizarro, chegando a alegar que Jesus Cristo foi recriado espiritualmente — não sobre a cruz, mas antes, no jardim do Getsêmani. É assim que Price coloca a questão:

Num determinado mom ento entre a hora em que foi pregado na cruz e o período que passou no jardim do Getsêmani — nalgum ponto entre esses dois extremos - Ele [Jesus] morreu espiri- tualmente. Pessoalmente, acredito que foi quan- do estava no jardim .6

As implicações desse ensino são horrorosas.7 Irônica- mente, Price, apesar de ter sido “criado num ambiente de Testemunhas de Jeová”,8 acabou reproduzindo uma página tirada da novela dos mórmons! Com o você sabe, James E. Talmage, que servia como apóstolo da igreja mórmon, ensinou precisamente isso em seu livro Jesus the Christ (“Jesus, o Cristo”).9

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Kenneth Copeland acrescentou sua própria distorção ao tema, recorrendo a um pretenso diálogo com Deus. Ele diz que Jesus se tornou um sinal de Satanás quando estava pendurado na cruz:

A retidão de Deus veio a se tornar pecado. Ele assumiu a natureza pecaminosa de Satanás em seu próprio espírito. E no momento em que assim fez. clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Vocês nem imaginam o que aconteceu na cruz! Por que acham que Moisés, por instrução de Deus, levantou uma serpente sobre um mastro, em vez dum cordei- ro? Isso costumava me perturbar. Eu dizia: '־Por que, afinal, tu porias uma serpente ali - o sinal de Satanás? Por que não foi posto um cordeiro naquele mastro?” E o Senhor respondeu: "'Por- que era um sinal de Satanás que foi pendurado na cruz". Ele me disse: "Aceitei, em meu pró- prio espírito, a morte espiritual; e a luz se ap ag o u ” .10

Apesar de Copeland reivindicar ter tido uma audiência privada com Deus. a principal pergunta é quanto dessa conversação se harmoniza com as Escrituras.

Nos dias do Antigo Testamento, sempre que alguém cometia alguma ofensa ou pecado, um sacrifício chamado “oferta pelo pecado” era requerido a fim de “cobrir” aque- la transgressão. Aprendemos que a oferenda precisava ser “sem defeito” (Lv 4.3.28; 9.3). Outrossim, animais que tinham qualquer tipo de falha séria eram considerados impróprios para o sacrifício (Dt 15.21).

Visto que tais sacrifícios prenunciavam o sacrifício fi- nal sobre a cruz. sabemos que Cristo foi oferecido sem mancha e sem defeito, e isso de maneira alguma poderia ser dito se ele estivesse unido, quanto à natureza, com Satanás. De fato. tanto Hebreus 9.14 quanto 1 Pedro 1.19

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deixam explícito que Jesus, na cruz, foi oferecido sem mácula e sem pecado.

Não somente isso. mas também, de acordo com Levíti- co 6.25-29. a oferta pelo pecado era “santíssima” a Deus, tanto antes quanto depois da morte. Da mesma maneira, Jesus, como oferta pelo pecado, permaneceu santo mesmo depois da morte na cruz. Ele foi o exato cumprimento do tipo vetero-testamentário das ofertas pelo pecado.

A pergunta perturbadora é: Como os mestres da Fé impõem seus pontos de vista à Bíblia? A resposta é que, como as seitas, eles tiram do seu contexto os textos, pala- vras e expressões bíblicas. Abaixo você encontrará alguns dos exemplos mais comuns de distorção escriturística.

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