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III DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS (1 CO 12.10)

Mais adiante, na epístola em apreço, encontramos o “dom de discernir os espíritos” (1 Co 12.10b). Refere-se à capacidade sobrenatural, concedida por Deus, com a finalidade de identificarem-se as origens e natureza das manifestações espirituais. Tais manifestações podem ter basicamente, três

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e ser uma mistificação diabólica, ou arti manha de origem humana. Pelo entendimento e pela lógica humana, nem sempre é possível avaliar a origem das manifestações espirituais. Mas, com o dom de discernir os espíritos o servo de Deus ou a igreja não será enganada.

Segundo Boyd, “a palavra ‘discernir’ (grego “diakrisis”) úgri&ca julgado  através de, distinguir , e tem o sentido de penetrar por baixo da superfície,

desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da anima ção”.3 Através desse dom, em suas diversas manifestações, a igreja pode detectar a presença de demônios, no meio da comunidade ou congrega ção, a fim de expulsá-los, no nome de Jesus. Na ilha de Pafos, Paulo de frontou-se com uma ação diabólica declarada com o objetivo de impedir a pregação do evangelho ali, e a conversão de uma autoridade pública. Mas o apóstolo, cheio do Espírito Santo, percebeu as artimanhas do Adversário, e, na autoridade de Deus, declarou que o opositor do evan gelho ficaria cego por algum tempo, o que de pronto aconteceu. Diante de tamanho sinal, “Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor” (At 13.12).

Myer Pearlman diz que se pode saber a diferença entre uma ma nifestação espiritual legítima e uma falsa manifestação, através desse dom. “Pelo dom de discernimento que dá capacidade ao possuidor para determinar se um profeta está falando, ou não, pelo Espírito de Deus. Esse dom capacita o possuidor para ‘enxergar’ todas as aparências exte riores e conhecer a verdadeira natureza duma inspiração.”4 A manifes tação espiritual precisa passar por duas provas de sua legitimidade: A prova doutrinária e a prova prática.

A prova doutrinária pode basear-se no ensino do apóstolo João, que diz:

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo. Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o

DONS DE REVELAÇÃO

que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus náo nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da ver dade e o espírito do erro.” (1 Jo 4.1-6)

A prova prática tem base no ensino de Jesus, quando advertiu acerca dos falsos profetas, que podem ser conhecidos pelos “seus frutos”, ou seja, pelo seu caráter, demonstrado em seu testemunho, na vida prática:

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abro lhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.15-20).

Jesus tinha esse dom. Quando seus adversários queriam apanhá-lo em alguma palavra ou alguma falta, Ele já sabia o que se passava no interior das pessoas. “Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2.24, 25). O após tolo Pedro teve a percepção de que Ananias estava mentindo, quando sonegou parte da oferta que prometera a Deus, por esse dom especial de discernir os espíritos (At 5.3).

No ministério de Paulo, temos o exemplo notável do uso desse dom (At 16.12-18). Ao lado de seu companheiro, Silas, chegou à cidade de Filipos, na Macedônia, para onde se dirigiram por orientação do Espírito Santo. Após um período de oração e evangelização pessoal, foi acolhido por Lídia, a vendedora de púrpura, que aceitou a Cristo e foi batizada com toda a sua família. Era patente o sucesso da missão dos apóstolos naquele lugar. O Adversário não ficaria satisfeito de forma alguma e resolveu atacar de uma forma muito sutil, usando uma jovem para tecer um dos mais ele vados elogios que um pregador poderia receber publicamente.

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que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (At 16.17). E fez essa declaração elogiosa, durante vários dias. Pregadores são seres humanos, sujeitos às falhas próprias de sua natureza. Elogios em geral sempre fazem bem ao ego, à parte emocional, ainda mais, quando o elogio é verdadeiro, como era o que a moça propagava acerca dos dois servos de Deus. Jamais alguém poderia imaginar que aquele elogio não seria de origem legítima. Podemos entender até, que, a princípio, os apósto los devem ter ficado pensativos com aquela declaração. De fato, eles eram servos do Deus Altíssimo! O que haveria de errado ou repreensí vel ouvir tal elogio? Não teria a jovem percebido que eles eram cristãos autênticos? Acontece que Paulo e Silas eram homens de oração, tinham comunhão com o Espírito Santo. Depois de alguns dias, ouvindo aque la declaração, Paulo discerniu a sua origem.

Não era nada da parte de Deus. A afirmação era verdadeira, mas a origem e a intenção eram malignas. O Diabo queria iludir os apóstolos, com bajulação e lisonja, para que o demônio continuasse livre para agir, após a saída dos servos do Senhor. Assim, “Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu” (At 16.18).

C

o n c l u s ã o

No mundo atual, a Igreja de Jesus necessita, mais do que nunca, da revelação profunda das coisas divinas, para discernir entre o certo e o errado; entre o legítimo e o falso, no que respeita às manifestações espirituais. Em determinados programas de TV, de responsabilidade de igrejas ou de determinados pregadores, existem heresias absurdas, como a chamada teologia da prosperidade; o “cair no espírito”; “maldição hereditária” para o salvo em Cristo; “teísmo aberto” e outras manifes tações heréticas, que, a princípio, têm aparência de serem genuínas, e levam muitas pessoas incautas, que não leem a Bíblia, a interessarem-se por tais ensinamentos espúrios. Que o Senhor conceda à sua igreja os