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III O ENSINO NA IGREJA NO PRIMEIRO SÉCULO

1. A O R D E M D E JE S U S

O Mestre, antes de sua ascensão aos céus, em sua despedida dos discípulos, determinou-lhe de modo solene que deveriam ensinar  “to das as nações”; “ensinando-as a guardar todas as coisas” que lhes tinha mandado (c£ Mr 28.19, 20). Os Atos dos Apóstolos registram a obe diência dos primeiros apóstolos e discípulos, no cuidado em cumprir a determinação de Jesus. Após a descida do Espírito Santo (At 2.1 -6), o discurso de Pedro foi um verdadeiro ensino de pneumatolosiia (At 2.14-40).

2. A D O U T R I N A D O S A P Ó S T O L O S

O ensino do evangelho de Cristo aos novos convertidos era tão sé rio e profundo, que os primeiros crentes eram batizados em águas, “E perseveravam na doutrina dos apóstolos,  e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.42 , 43 — grifo nosso). A “dou trina dos apóstolos” era o conjunto de ensinos, m inistrados por eles aos novos crentes, de form a eficaz, produzindo mudanças e transformações na vida dos que se convertiam, com sinais e maravilhas. Essa doutrina apostólica ainda está em vigor em nossos dias. O s mestres ou doutores, com humildade e amor, devem fundamentar seus estudos nos ensinos preciosos do evangelho de Cristo.

3. O E N S IN O C O N S T A N T E

Os primeiros mestres ou ensinadores foram os integrantes do Colégio Apostólico. Como pioneiros na propagação do evangelho, foram

perseguidos, presos e alguns m ortos. M as cu mpriram a ordem de Jesus de pregar e ensinar a sua Palavra. Diz o texto bíblico: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus

D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

caráter do seu ensino como verdadeiro mestre cristão: “servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.19-21 — grifo nosso).

4. DOUTORES NA IGREJA

As conversões ao cristianismo se multiplicaram grandemente, após a dispersão dos discípulos provocada pela perseguição dos judeus (At 11.19-24). Dentre as cidades que mais acolheram a mensagem do evangelho, destacou-se Antioquia. Para lá, foi enviado Barnabé, mas ele percebeu que, com tantas pessoas convertidas, necessitava de mais al guém para ajudar no ensino da Palavra. Com muita sabedoria e humil dade, foi até Tarso, para buscar Saulo a fim de ajudá-lo no discipulado e ensino dos novos crentes.

Antioquia tornou-se um centro de irradiação do evangelho de Cristo. Não só pela evangelização, mas pelo cuidado com o ensino, através de pessoas preparadas para a ministração da Palavra. “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Hero- des, o tetrarca, e Saulo” (At 13.1 — grifo nosso).

5. A NE CESSIDA DE DO EN SINO

Nos primórdios da Igreja de Cristo, o desafio da formação de novos decididos, oriundos do judaísmo e de religiões heréticas foi além das expectativas dos primeiros apóstolos, evangelistas ou líderes da comu nidade cristã. De um lado, havia os judaístas ou judaizantes, que insis tiam que, mesmo após a conversão, o homem precisa tornar-se judeu, obedecendo os ritos e preceitos da Lei. Paulo foi um exemplo marcante desse grupo, a ponto de perseguir a Igreja de Jesus, sendo “extremamen te zeloso quanto as tradições” recebidas de seus pais (G1 1.13,14).

O D O U T O R O U M E S T R E

foi usado por Deus para doutrinar acerca do combate aos legalistas e escreveu contra as misturas doutrinárias (G1 5.10-12).

Assim como Paulo, Pedro, Tiago, João e outros apóstolos e dis cípulos foram usados por Deus para ministrar o ensino correto, nos primeiros séculos da Igreja Cristã. E, hoje, Deus continua a usar ho mens e também mulheres, que se dedicam à tarefa de ensinar aos crentes em Jesus.

C

o n c l u s ã o

O dom ministerial de mestre ou doutor é de fundamental impor tância para a edificação dos crentes, em todas as igrejas. Ao lado dos ou tros dons ministeriais contribui para o fortalecimento da íé cristã, pro piciando conhecimentos bíblicos e teológicos, que preparam os que são discípulos de Jesus. Ser mestre ou doutor não é sinal de superioridade diante dos que não possuem tais dons. Significa mais responsabilidade diante de Deus. Tiago exorta: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1).

O Pr e s b í t e r o, Bi s p o o u An c i ã o

A Igreja deixou de ser localizada apenas em Jerusalém, passando pela Judeia e Samaria, e começou a se deslocar para “os confins da terra” (At 1.8). As “igrejas de Deus” sofriam a perseguição e se espalhavam por vários lugares (1 Ts 2.14). A conversão do fariseu Saulo, no caminho de Damasco, fez dele um dos maiores evangelistas de todos os tempos. Em suas viagens missionárias, muitas igrejas foram abertas, inclusive na Europa. Em consequência, as igrejas necessitavam de líderes, que orientassem os crentes acerca do evangelho, da organização, do desenvolvimento e da maneira de viver dos novos grupos de cristãos.

Os apóstolos, como verdadeiros evangelistas e missionários, não podiam ficar radicados num só lugar. Uns tinham que se dedicar “à oração e à palavra” (At 6.4). Outros precisavam sair evangelizando, mas o crescimento da obra exigia mais pessoas para ajudá-los. Assim, com o passar dos anos, foram surgindo crentes de mais idade, que demonstravam condição para cuidar dos mais novos convertidos. A boa semente do evangelho frutificava em vários lugares, e os líderes da Igreja (pertencentes ao Colégio Apostólico) tomaram providências para que, em cada cidade, fossem estabelecidos líderes locais para cui darem do rebanho.

Barnabé e Saulo foram encarregados de levar socorro aos irmãos da Judeia, os quais o fizeram, entregando a ajuda “aos anciãos” (At 11.30). Havia uma grande fome naquela região e os líderes, com sabedoria, não mandaram a ajuda de qualquer forma. Enviaram aos líderes da comunidade cristã. Em sua primeira viagem missionária, Paulo e Bar nabé chegaram a Icônio, foram perseguidos e saíram para listra, Derbe, Antioquia, Pisídia e por muitas outras cidades. Eles fizeram excelente trabalho missionário, fundando muitas igrejas por onde passavam. E as multidões de crentes precisavam ser discipuladas.

Aquela altura da expansão da Igreja, não havia ainda um minis tério organizado como conhecemos hoje, com pastores, evangelistas, mestres, presbíteros e diáconos, de forma bem definida e até impro priamente hierarquizada. Por isso, os discípulos mais antigos, e de mais idade, eram designados para cuidar de cada igreja. Eram os anciãos, que iam sendo escolhidos para serem superintendentes, supervisores, ou bis   pos.  Exortando os irmãos de Efeso, Paulo falou para os líderes daquela

DONS ESPIRITUAIS & MINISTERIAIS

Em sua carta a Tito, Paulo mostra que é um verdadeiro pastor e líder, chamado por Deus (1 Co 1.1; G1 1.1), e tem cuidado das igrejas que fundou em suas viagens missionárias. E diz para seu discípulo: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei” (Tt 1.5). D e acordo com o entendimento da época, a igreja local deveria ter à frente um obreiro experiente e de mais idade. Que fosse um ancião. Um jovem obreiro pode ter muito conhecimento bíblico e até muita unção de Deus. Mas a experiência só se consegue com o tempo, com o passar dos anos (Jó 32.7).

Ao longo dos séculos, a atividade do presbítero caracterizou-se pelo ministério de administrar as igrejas, bem como do ensino da Palavra. Sua função não é inferior à do pastor ou do evangelista. É atividade necessária para o bom ordenamento das atividades das igrejas locais. O presbítero é obreiro que colabora com o pastor da igreja, ajudando-o no cuidado do rebanho do Senhor Jesus Cristo.