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Impacto da descida dos preços do petróleo no excedente da balança

No documento Boletim Económico. Número 2 / ,5E 7,5E (páginas 55-58)

corrente da área do euro

A presente caixa descreve o impacto da recente queda dos preços do petróleo nas balanças correntes da área do euro e dos diversos países da área do euro1. A descida dos preços do petróleo começou gradualmente em 2012, tendo acelerado acentuadamente no segundo semestre de 2014. Entre meados de 2014 e o final de 2015, os preços do petróleo diminuíram cerca de 55% em termos de dólares dos Estados Unidos e 45% em termos de euros. Visto que a área do euro é importadora líquida de petróleo, uma queda dos preços do petróleo traduz ‑se numa melhoria dos termos de troca. Além disso, dado que a procura de petróleo é relativamente inelástica face aos preços, uma descida dos preços do petróleo está tipicamente associada a melhorias da balança comercial petrolífera e da balança corrente da área do euro. O mesmo é aplicável aos vários países da área do euro, os quais são todos importadores líquidos de petróleo2. O efeito direto da queda

dos preços do petróleo na balança corrente é, por norma, apenas parcialmente compensado por efeitos indiretos, como uma procura mais elevada de importações não petrolíferas, em resultado de uma atividade económica interna mais forte e de uma menor exportação de bens e serviços da área do euro para países exportadores de petróleo.

A balança comercial petrolífera da área do euro registou uma melhoria de quase 1% do PIB desde meados de 2014, o que explica o aumento do excedente da balança corrente, de cerca de 2% para um valor ligeiramente superior a 3% do PIB (ver Gráfico A). A menor fatura petrolífera está, de um modo geral, em linha com o efeito mecânico de uma queda dos preços do petróleo da magnitude observada com volumes inalterados de importações líquidas. Entre as outras componentes da balança corrente, a balança de rendimentos combinada melhorou apenas ligeiramente durante o período, ao passo que a balança comercial excluindo o petróleo 1 Para informação sobre o impacto da descida dos preços do petróleo na inflação e na atividade

económica, ver a caixa intitulada “The recent oil price decline and the euro area economic outlook”, Boletim Económico, Número 1, BCE, 2015.

2 Na presente caixa, a balança comercial petrolífera corresponde ao comércio líquido sob a Categoria 33 da Classificação ‑Tipo para o Comércio Internacional (CTCI), ou seja, “petróleo, produtos petrolíferos e materiais relacionados”. Alguns países com indústrias de refinaria de petróleo, como a Grécia e os Países Baixos, registaram simultaneamente volumes substanciais de importações e exportações brutas nesta categoria.

Gráfico A

Desagregação da balança corrente da área do euro

(percentagens do PIB, médias de quatro trimestres, sem correção de sazonalidade)

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 2007 2009 2011 2013 2015

balança comercial petrolífera

balança comercial não petrolífera rendimentosbalança corrente

Fontes: Eurostat e BCE.

Notas: A decomposição das importações e exportações em componentes petrolíferas e não petrolíferas baseia ‑se nas estatísticas do comércio externo do Eurostat. O comércio não petrolífero inclui os serviços. A última observação refere ‑se ao quarto trimestre de 2015.

se apresentou relativamente estável3. Em contraste,

as melhorias da balança corrente registadas em anos anteriores, refletiram sobretudo melhorias na balança de comércio não petrolífero decorrentes do reequilíbrio externo na área do euro. De facto, numa perspetiva a mais longo prazo, a maior parte do ajustamento da balança corrente, de cerca de 4.5% do PIB desde 2008, é explicada pelos aumentos das exportações da área do euro, em resultado de uma procura mundial mais forte e ganhos de competitividade, assim como – nas fases iniciais – de uma redução das importações.

Ao longo do último ano, as importações não petrolíferas aumentaram e registaram um crescimento um pouco mais rápido do que as exportações não petrolíferas (ver Gráfico B). O valor das importações de bens e serviços da área do euro excluindo o petróleo foi impulsionado pela recuperação em curso da procura interna na área do euro.

A recente queda dos preços do petróleo também resultou em melhorias significativas da balança corrente em muitos dos países da área do euro (ver Gráfico C). Entre 2014 e 2015, os défices do comércio petrolífero diminuíram em todos os países da área do euro, num intervalo entre 1.4% do PIB (o caso de Chipre) e 0.1% do PIB (o caso da Lituânia). Para muitos países da área do euro,

3 A balança de rendimentos combinada inclui o rendimento primário (principalmente rendimentos líquidos do investimento) e o rendimento secundário (transferências líquidas).

Gráfico B

Desagregação das importações e exportações da área do euro

(percentagens do PIB, médias de quatro trimestres, sem correção de sazonalidade)

0 1 2 3 4 15 20 25 30 2007 2009 2011 2013 2015

exportações não petrolíferas

exportações petrolíferas (escala da direita) importações não petrolíferas

importações petrolíferas (escala da direita)

Fontes: Eurostat e BCE.

Notas: A decomposição das importações e exportações em componentes petrolíferas e não petrolíferas baseia ‑se nas estatísticas do comércio externo do Eurostat. O comércio não petrolífero inclui os serviços. A última observação refere ‑se ao quarto trimestre de 2015. Gráfico B 0 1 2 3 4 15 20 25 30 2007 2009 2011 2013 2015 non‑oil exports

oil exports (right‑hand scale) non‑oil imports

oil imports (right‑hand scale)

Gráfico C

Desagregação das variações na balança comercial de bens e na balança corrente entre 2014 e 2015

(em percentagens do PIB)

-3 -2 -1 0 1 2 3 CY IE GR BE EE SI DE FI LV FR EA PT AT IT LU ES NL SK LT balança comercial petrolífera

balança comercial de bens total balança comercial de bens excluindo petróleobalança corrente

Fontes: Eurostat e BCE.

Notas: A balança comercial de bens é extraída das estatísticas do comércio externo do Eurostat. Para os países da área do euro, a variação medida é entre a média de quatro trimestres até ao terceiro trimestre de 2015 e o valor anual para 2014. A última observação refere ‑se ao terceiro trimestre de 2015 para os países da área do euro e ao último trimestre de 2015 no que respeita à área do euro.

a melhoria da balança comercial petrolífera líquida foi o fator mais importante subjacente à evolução da balança corrente em 2015. Designadamente, o aumento do excedente da balança corrente da Alemanha, ao longo deste período, é também predominantemente explicado pela diminuição do défice comercial petrolífero.

Resumindo, a recente descida dos preços do petróleo resultou num aumento, de quase 1% do PIB, do excedente da balança corrente da área do euro.

A trajetória implícita nos mercados de futuros aponta atualmente para uma subida gradual dos preços do petróleo nos próximos anos4. Caso tal se concretize, as

melhorias da balança corrente da área do euro associadas ao petróleo poderão ser parcialmente revertidas no médio prazo (ver Caixa 2).

4 Consultar as “Projeções macroeconómicas de março de 2016 para a área do euro elaboradas por especialistas do BCE” (disponíveis em: http://www.ecb.europa.eu/pub/projections/html/index.pt.html).

Caixa 6

No documento Boletim Económico. Número 2 / ,5E 7,5E (páginas 55-58)