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Impactos da ACIEPE no aprimoramento profissional e nas práticas pedagógicas do professor e na aprendizagem dos alunos

ÁREA DO CONHECIMENTO / TEMÁTICA

4.3 O que dizem as professoras polivalentes entrevistadas sobre a ACIEPE “Tecnologia Informática na Formação e Atuação de Professores que Ensinam

4.3.3 Impactos da ACIEPE no aprimoramento profissional e nas práticas pedagógicas do professor e na aprendizagem dos alunos

A professora P1 considera a ACIEPE cursada por ela importante para o seu aprimoramento profissional e para a sua prática pedagógica: “Olha, me ajudou, assim, me ensinou um pouco mais, sabe, de como passar a matemática. Não é só aquele giz e lousa, né? Então, me deu ideias”.

Quando se perguntou sobre o que foi alterado em sua prática pedagógica, ela responde que foi o seu conhecimento: “O meu conhecimento, né? Por isso que eu gosto de fazer curso, porque eu gosto de estar sempre buscando alguma coisa... pra mim é um conhecimento que ficou.”

Quanto ao aprendizado dos seus alunos ela diz que a ACIEPE contribuiu. Na escola em que trabalhava anteriormente ela pode utilizar em sala de aula com seus alunos: “Então, lá tinha o computador, nós usamos, eles gostaram muito, é... é novidade, né?”. Contudo, na escola em que está atuando não tem acesso a computadores, apenas calculadoras: “então, eu não pude usar essa forma. [...] do curso que nós aprendemos eu usei as calculadoras”.

A professora P2 considera que a ACIEPE foi importante para o seu aprimoramento profissional. Diz ter adquirido confiança para trabalhar a matemática com seus alunos: “Confiança, né, e outras possibilidades de trabalhar o mesmo tema. Tinha jogos, era mais no computador mesmo, calculadora. Antes dessa ACIEPE eu não utilizava isso na aula de matemática e os alunos gostam muito”.

Quanto a sua prática pedagógica ela diz que: “deu pra aproveitar bastante. Os programas inclusive em sala de informática, deu pra aproveitar bastante”. Refere-se aos softwares utilizados na ACIEPE.

Com relação a seus alunos, a sua percepção é que o processo de ensino e de aprendizagem da matemática melhorou. A professora P2 conta com uma sala de informática, com vinte computadores, na escola em que atua.

Quando perguntado à professora P3 se a ACIEPE foi importante para o seu aprimoramento profissional ela responde em relação a sua evolução funcional: “Profissional? O duro é o Estado, o Estado não aceita, né”. A professora está referindo-se à certificação de atividades de extensão emitida pela UFSCar não ser reconhecida para progressão funcional do professor que atua na rede estadual de ensino. “[...] A gente precisa ter evolução. Mas você não pensa que é muito que a gente ganha com a evolução, é uma miséria. Mas já é alguma coisa”.

Quanto ao que foi importante da ACIEPE para a prática pedagógica dessa professora foi a possibilidade de utilizar uma ferramenta até então não utilizada por ela – a tecnologia informática: “Mexer no computador. Porque antes eu tinha medo. Eu não mexia. Então, eu perdi esse medo. Eu mexo, eu busco, eu fuço, né? Então, o que me ajudou foi isso, eu perder o medo. E poder utilizar em outras áreas também”.

A respeito do que foi alterado em sua prática pedagógica após ter cursado a ACIEPE ela diz que atualmente não há alterações: “Você vai pra uma escola que não tem o

computador, aí é uma barreira, né?”. Há três anos ela atua em uma escola em que não há sala de informática ou computadores para atividades com os alunos.

Os demais entrevistados também se posicionaram com relação aos impactos da ACIEPE cursada pelo professor polivalente.

A Secretaria Municipal de Educação não avalia o impacto no desenvolvimento profissional e na prática pedagógica do professor que cursa a ACIEPE. A GSME diz que não tem o levantamento de quais professores da rede de ensino realizam as ACIEPEs. E complementa:

[...] é importante a Prefeitura ter o levantamento das ACIEPEs. Você mandou recentemente pras escolas identificarem... você mandou uma lista e as escolas foram identificando, (a pesquisadora passou uma lista de nomes de prováveis

professores para identificar se eram professores da rede municipal – para a coleta dos dados primários deste trabalho) isso é importante, é importante o

Núcleo (NFP da UFSCar) me passar uma relação e aí eu vou além, porque de repente eu preciso fazer uma coisa pontual ou até mesmo aproveitar os professores, como a gente tem pessoas muito qualificadas na rede, às vezes a gente solicita de uma escola para outra para dar uma palestra num HTPC, eu valorizo o professor. Enfim, isso também acontece e a gente sabendo que o professor realizou, a gente pode solicitar uma contribuição.

O gestor da rede estadual de ensino, GDE, responde que

não existe uma... uma relação direta entre formação e mudança na prática. [...] as concepções de alfabetização que a Secretaria defende, elas começaram na rede por volta de 1984, 1985, portanto há trinta anos. Há trinta anos que nós estamos trabalhando com uma determinada concepção de alfabetização que procura respeitar o modo como a criança aprende. E até hoje essa concepção tem difícil penetração. [...] Então, você não pode falar que não houve um impacto. Com a formação, com os programas. Então, houve uma melhora, mas você, veja, foi uma melhora que veio com 30 anos, não é algo assim que você consegue medir. Então, na época quando começou não conseguiu uma transformação de imediato. Isso é muito gradativo. Então, a formação que você vai fazendo, ela vai compondo o repertório do professor, vai melhorando, enfim, agora o que não dá é pra ficar sem nenhuma formação, né. Alguma formação tem que existir.

Foi perguntado às Coordenadoras de ACIEPEs entrevistadas se elas realizaram avaliação quanto ao impacto no desenvolvimento profissional e na prática pedagógica do professor que cursou a(s) ACIEPE(s) da área de Educação Matemática, ofertada(s) sob a responsabilidade delas. A Coordenadora aqui denominada de C1 diz que “não foi feita uma avaliação pra ver: olha os alunos aprenderam mais. Não, porque a idéia não é fazer isso, ver quantos melhoraram não, mas se o professor tomou pra si essa responsabilidade, ser protagonista do seu próprio desenvolvimento profissional”.

Ela complementa que, referindo-se ao professor que cursou a ACIEPE, se “ele aprendeu, ele percebeu que é possível ele estar sempre ampliando o seu saber, aí ele

vem em busca de outras atividades. Não pode ser um encargo a mais pra ele, tem que ser uma coisa que de fato queira”.

Ela afirma que a sua expectativa é que a formação continuada com o professor tenha sucesso na escola, melhore a sua forma de ensinar e favoreça o aprendizado dos alunos, mas se ocorre de fato não há garantia.

A expectativa que a gente tem é que isso reverbere no ensino. Que os alunos aprendam mais, aprendam melhor, compreendam mais. Mas isso não é garantia. Acho que mesmo passando por uma formação, mesmo discutindo, você não tem garantia que aquilo vai se transformar na prática, a idéia é que ocorra, mas não é direto. A coisa não é direta. Então, ainda precisa de tempo pro professor se apropriar daquilo, daquilo que foi discutido de novo, da forma como foi feita. Então, às vezes você vê coisas interessantes acontecendo, [...] os estudantes vão acompanhar a prática do professor, fazer uma das propostas discutidas durante os encontros, aplicar, fazer como se fosse uma... vamos dizer, uma implementação de uma atividade discutida no grupo, tal. E às vezes ela ocorre de fato com sucesso. Mais, talvez um pouco porque a gente tá junto, conversando. E no ano que vem se o professor não estiver mais aqui, será que ele vai fazer? Ele vai continuar? Será que ele vai investir? Não dá pra saber. Não dá pra saber porque são sementes que vão sendo aí jogadas e de repente, se é melhor... A ideia é que isso tenha frutos lá na prática.

A Coordenadora de ACIEPE denominada de C2 afirma que “até gostaria de

ter uma coisa mais sistematizada, pra saber para onde eles foram, mas é difícil analisar impacto, né, é uma coisa muito pessoal”. Ela relata que às vezes tem pessoas que vem buscar material para trabalhar na área da matemática por ter feito uma ACIEPE há três anos atrás. “Um ex-aluno me escreveu, por ter se lembrado de uma das temáticas que estudamos, foi jogos e aí ele tinha começado a lecionar e ele achava que os jogos iam ajudar em sala de aula, aí lembrou e veio buscar o material”.

Em outro momento da entrevista ela declara:

[...] às vezes o pessoal quer fazer ACIEPE pra fazer uma mudança lá na escola. Eu falo: gente, as coisas não funcionam desse jeito, as mudanças na escola, elas envolvem muito mais do que a boa vontade do professor, que é o que a gente sabe – a estrutura, política, o material, tem uma série de coisas. Às vezes, o pessoal quer fazer uma relação direta: vou fazer uma ACIEPE porque a necessidade do professor é essa, então, os alunos dele vão aprender mais, eu falo: gente, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O fato do professor aprender mais sobre um conteúdo que ele quer, não quer dizer que os alunos dele vão aprender mais sobre aquele conteúdo. Porque é pessoal. Se a pessoa quer fazer um mestrado sobre o ensino de geometria, ela vai, lógico que ela vai atrás, mas não é uma relação direta que os alunos dela vão saber mais geometria. Às vezes, eu acho que tem uma certa ilusão.